CLIPAGEM 06 a 08/08/2011

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3 OS PORTOS E A COPA DO MUNDO Com investimentos de R$ 740 milhões, sete portos correm contra o tempo para receber navios de turistas em Futebol, sol e praia. Estas três palavras estarão na ponta da língua dos milhares de turistas que desembarcarão no Brasil entre 2014 e A expectativa do Ministério do Turismo é de que o número de estrangeiros que visitem o Brasil aumente 30%. Atualmente, o país recebe, por ano, cerca de cinco milhões de turistas. A primeira copa realizada no Brasil e na América Latina já começa a exigir das autoridades e da própria iniciativa privada infraestrutura portuária e aeroportuária mínima, adequada para receber tanta gente. O governo federal, desde o anúncio da escolha do país para sediar o evento, se debruça em projetos e começa a desembolsar recursos para tentar fazer com que todos eles saiam do papel e fiquem prontos a tempo. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os projetos dos aeroportos precisariam muito mais

4 que apenas três anos para ficarem prontos. Seriam necessários, ao menos, sete anos, sem contar com imprevistos, para que eles fossem concluídos. Segundo a instituição, dez aeroportos não ficarão prontos, entre eles Manaus, Fortaleza, Salvador, Cuiabá e Curitiba. Mesmo que as reformas terminem, as ampliações não atenderão às demandas já que, mesmo sem a Copa, o número de passageiros do país dobrou nos últimos oito anos. A situação é preocupante visto que o avião seria o meio de transporte mais utilizado pelos turistas para deslocamento dentro do país, entre as cidades-sede. Outro tipo de transporte também será bastante utilizado pelos turistas: o marítimo. De acordo com especialistas do setor, dentre os quais a Associação Brasileira de Representantes de Empresas Marítimas (ABREMAR), o país entrou definitivamente no circuito dos cruzeiros e, por conta disso, o crescimento da atividade no Brasil está apenas começando. Além do turismo internacional, a própria população brasileira passou a explorar mais viagens nacionais a bordo dessas embarcações. A previsão é de que, este ano, a movimentação do turismo marítimo seja 22% maior que no ano anterior. Por conta disso, nos portos, a situação não é menos preocupante que nos aeroportos. Com prazos apertados para conclusão das obras, apenas um dos sete portos da Copa está em obras, o do Recife. Os investimentos vêm do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, que aplicará R$ 740 milhões em todos eles. Segundo a Agência Nacional de Transporte Aquaviário, a Antaq, esse valor pode chegar a R$ 1 bilhão diante da possibilidade de alterações nos projetos de engenharia. Os recursos estão sendo empregados, basicamente, na construção e adaptação de instalações portuárias destinadas a atender à movimentação de passageiros, tripulantes e bagagens. Em alguns portos, serão realizadas obras de construção e ampliação de píeres de atracação de navios de passageiros, explica o diretor da Antaq, Tiago Lima. A seleção dos sete portos seguiu o critério da proximidade com cidades-sede e a inclusão dos mesmos no Programa Nacional de Dragagem - PND/PAC, com exceção de Manaus, completa. Segundo dados da Secretaria Especial de Portos (SEP), o porto com maior destino de verba é o do Rio de Janeiro. A implantação de um píer em formato de Y (350x30m; 400x30m e 400x30m) exigirá a aplicação de R$ 314 milhões e, quando finalizado, o terminal oferecerá seis berços exclusivos para navios de passageiros. As obras deverão ser iniciadas ainda em junho com previsão de conclusão para março de Um prazo bem apertado. O segundo porto a receber mais recursos é o de Santos em São Paulo. Serão cerca de R$ 120 milhões aplicados no realinhamento de 132 metros do cais Outeirinhos para atracação de cruzeiros e para implantação de uma via interna de acesso ao terminal. O projeto já recebeu as licenças ambientais, mas ainda passará por audiências públicas e seu início está previsto para dezembro deste ano, com expectativa da obra ficar pronta em abril de O terceiro no ranking dos investimentos federais é o porto de Mucuripe, no Ceará. O local receberá um terminal de passageiros, um cais de múltiplos usos (CMU) e a pavimentação e urbanização da via interna de acesso e do estacionamento. Um total de R$ 106 milhões deverá ser aplicado e a previsão é de que as obras comecem em janeiro do próximo ano e sejam finalizadas em novembro de O critério utilizado na distribuição dos investimentos foi norteado pela necessidade de restabelecimento e aperfeiçoamento da capacidade de cada porto para receber navios de cruzeiro marítimo, movimentar passageiros e resguardá-los em eventual necessidade de hospedagem complementar durante a realização dos jogos da Copa. O píer Mauá, localizado no porto do Rio de Janeiro, está recebendo a maior parcela dos recursos em razão da necessidade de construção de três novos píeres de atracação de navios de passageiros. Atrás apenas do porto de Santos, o terminal do porto do Rio tem recebido o maior número de escalas de navios de cruzeiro marítimo nas últimas temporadas, complementa o diretor da Antaq. Entre os portos que receberão menos investimentos, estão Manaus, Salvador, Natal e Recife. Este último já começou os trabalhos. Em obras, encontram-se um terminal marítimo de passageiros (TMP), a adaptação do Armazém 7, a construção do anexo sala Pernambuco, a implantação de um estacionamento na área portuária e a pavimentação/urbanização do entorno do TMP. O porto de Manaus deverá ser o último a iniciar as obras em suas instalações, em março de 2014, e o que deverá acabar as obras mais atrasado é o porto de Salvador, em maio de Estamos bem nos nossos prazos. Uma parte das obras já foi executada e no início de 2013 já estará tudo

5 pronto. Além dos recursos federais, também temos garantidos recursos estaduais da ordem de R$ 120 milhões. O processo de urbanização da retroárea do porto do Recife será finalizado ainda este ano e a ocupação de galpões do porto está sendo feita de maneira terceirizada, o que agiliza o processo, explica o secretário extraordinário da Copa em exercício, de Pernambuco, Sílvio Bompastor. Atualmente, os sete portos atracam 34 navios diariamente e têm capacidade para 70,7 mil leitos por dia. A previsão da Antaq é de que, com esses investimentos, os portos dobrem a capacidade de leitos por dia. Ainda segundo a Antaq, toda essa movimentação de navios de passageiros não interferirá nas operações de navios de carga, já que irão operar em áreas previamente estabelecidas nos planos de desenvolvimento e zoneamento (PDZ) de cada porto. BUROCRACIA No início do mês de maio, o Ministério Público federal qualificou como institucional a Medida Provisória 531, projeto do governo que pretende diminuir a força da Lei de Licitações para obras vinculadas aos eventos esportivos que o Brasil vai sediar até O regime proposto visa a uma forma de contratação pública diferenciada, em uma tentativa de dar celeridade aos projetos. A medida ainda será votada e chama a atenção de todos já que implica gastos de cerca de R$ 23 bilhões, sendo que 98,5% advirão do erário, nas obras de portos, aeroportos, estádios e estradas. Apesar do clima de otimismo gerado pela boa fase da economia e pela expectativa de dois eventos, o brasileiro está apreensivo diante de um cronograma esticado ao máximo para a solução de problemas como a falta de mão de obra qualificada, a burocracia e o planejamento tardio para obras cuja execução já deveria ter se iniciado.

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