Preparo do enfermeiro-líder para a qualidade da assistência de enfermagem: revisão da literatura
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- Adelina Farias Gorjão
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1 Preparo do enfermeirolíder para a qualidade da assistência de enfermagem: revisão da literatura Débora Cristina Fioretti Aluna do Curso de Graduação em Enfermagem. Maria Cristina Sanna Docente do Curso de Graduação em Enfermagem. Orientadora. RESUMO O presente estudo tem o objetivo de verificar, na literatura científica, as propostas de preparo do enfermeirolider para o desenvolvimento do gerenciamento na Enfermagem, feitas pelos estudiosos do tema, e descrevê las. Para tanto foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o tema liderança no período de 994 a 00. O total de publicações encontradas foi 9 artigos. Os resultados evidenciaram que a maior parte dos artigos publicados afirmam que, na prática da enfermagem brasileira, existe falta de liderança dos enfermeiros. Concluíu se que o preparo em liderança do enfermeiro é essencial para sua prática profissional, portanto, a formação desse profissional deve ter início na graduação e prosseguir de forma contínua na vida profissional. Descritores: Liderança; Educação; Enfermagem. Fioretti DC, Sanna MC. Preparo do enfermeirolíder para a aqualidade da assistência de enfermagem: revisão da literatura. Rev Enferm UNISA 00; : 7. INTRODUÇÃO Liderança é uma expressão de difícil e variada definição, é retratada na literatura sob os mais diferentes pontos de vista, cujos enfoques variam conforme a visão de mundo e a formação do estudioso. Pode ser entendido como processo de influenciar as atividades de um indivíduo ou grupo para a correção de um objetivo numa dada situação. Segundo TREVIZAN et al. (998), existe a falta de liderança na prática profissional da Enfermagem no Brasil, entretanto, escolas de enfermagem, associações de classe e instituições de saúde estão promovendo discussões e investindo no preparo de enfermeirolíder. O preparo do enfermeiro líder é uma condição básica para esse profissional tentar mudanças na sua prática diária, com vistas à melhoria da qualidade da assistência prestada ao paciente, conciliando os objetivos organizacionais com as necessidades do pessoal de enfermagem, pois a autora citada entende que o embasamento teórico dado na prática é essencial para a capacitação desse profissional. Para GALVÃO et al. (998), o preparo em liderança dos profissionais da área da saúde, sobretudo daqueles que se ocupam de funções gerenciais, é muito importante para a prática. Assim, acreditam que, para essa capacitação, a busca de estratégias seja fundamental e que o embasamento teórico seja um eixo norteador deste processo. Segundo LOURENÇO; TREVIZAN (00), as pessoas aprendem a liderar lentamente ao longo do tempo, por tentativa e erro, com o encorajamento de outras pessoas com grande capacidade de liderança. O grupo pesquisado pelos autores no estudo citado aponta que a Enfermagem precisa de mais líderes para modificar sua situação no contexto da sociedade e questiona a formação dada na graduação em Enfermagem, que não tem propiciado a formação de líderes. Para SIMÕES; FÁVERO (000), para que o enfermeiro possa exercer efetivarnente a liderança, deverá submeter se a uma transformação pessoal e profissional, aprimorando suas habilidades técnicas, científicas e interpessoais. Considerando o enfermeiro um agente de transformação, reforça se a necessidade de que ele aprenda e desenvolva habilidades de liderança tais como: buscar o auto conhecimento, reconhecendo suas potencialidades e limitações, manter bom relacionamento interpessoal, comunicar se com simplicidade e clareza, delegar poderes a fim de conseguir o melhor de cada um, incentivar a equipe, Rev Enferm UNISA 00; : 7. 7
2 valorizando e recompensando comportamentos, ser facilitador e inspirador mais que controlador, ter clareza da filosofia, das crenças e dos valores essenciais da profissão. Concordo com os autores mencionados quando falam que, para exercer uma liderança efetiva, a formação do enfermeiro líder precisa ter início na graduação e prosseguir com a Educação Continuada na vida profissional, buscando a melhoria da qualidade da assistência prestada ao paciente. Porém, em algumas publicações que li, constatei que os autores que em todos os trabalhos falam da importância do preparo do enfermeiro líder, não explicam como deveria ser esse preparo. Por isso resolvi estudar liderança sob esse prisma pretendendo, dessa forma, contribuir para o preparo do enfermeiro líder visando, em última instância, a qualidade da assistência prestada ao paciente. OBJETIVO O presente estudo teve o objetivo de verificar, na literatura científica, as propostas de preparo do enfermeiro líder para o desenvolvimento do gerenciamento na Enfermagem feitas pelos estudiosos do tema e descrevê las. MÉTODO Para atingir os objetivos propostos, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o tema liderança no período de 994 a 00. Foram identificadas as fontes bibliográficas através da base de dados DEDALUS na Biblioteca da Escola de Enfermagem da USP, empregando as palavras chaves de acesso liderança e enfermagem. Nessa pesquisa realizada no inicio de ano letivo de 00, foram encontrados 8 trabalhos. Também foram utilizadas as fontes bibliográficas do Setor de Pesquisa da Biblioteca Regional de Medicina BIREME SP com endereço na Internet Nela foram pesquisadas quatro bases de dados, com as mesmas palavras chaves de acesso no LILACS, encontrados 4 trabalhos; na BDENF foram encontrados nove trabalhos na AI)SAúDE foram encontrados três trabalhos, e no MEDLINE foram encontrados 7 trabalhos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela podese observar os tipos e o total de publicações nas cinco bases de dados e por ano. Nas cinco bases de dados foram encontradas 0 publicações, a partir das palavras chaves liderança e enfermagem, mas destes foram selecionados 9 trabalhos no total, sendo excluídos os repetidos e anteriores a 994, devido a este ser o ano da promulgação da legislação que definiu o Currículo Mínimo de Enfermagem (BRASIL, 994), no qual se destinou 5% de carga horária total do curso para Administração em Enfermagem. A Tabela mostra os estudos publicados segundo o veículo e o ano de publicação. A Revista Latino Americana de Enfermagem ficou com 4,% (8 publicações) e, com,% (4 publicações) ficou a Revista da Escola de Enfermagem da USP. A Revista Brasileira de Enfermagem teve 5,7% ( publicações), a Revista Gaúcha de Enfermagem 0,5% ( publicações) e por último a Revista Nursing 0,5% ( publicações). 000 foi o ano em que houve mais publicações, com 6,8% (7 publicações). 0 ano de 998 ficou com,% (4 publicações), o ano de 997 com 5,7% ( publicações), o ano 999 com 0,5% ( publicações) e, por último, os anos de 994, 996 e 00, com 5,% ( publicação cada). Em 995 não houve publicação sobre o tema pesquisado. Assim, cheguei à conclusão que os pesquisadores começaram a ter maior interesse pelo tema Liderança a partir de 998, já no fim do século XX, considerando a natural demora entre a elaboração do artigo e sua publicação, já que, houve escassez de trabalhos sobre liderança nos anos anteriores. Como resultado do levantamento realizado, encontrei 9 artigos que tratam de Liderança, enfocando a qualidade da assistência prestada ao paciente. Dos trabalhos pesquisados, 5 deles (78,9%) afirmam que, na prática da enfermagem brasileira, existe falta de liderança dos enfermeiros e que ocorre uma escassez de estudos sobre liderança. Destes 78,9% de artigos pesquisados que afirmam que existe falta de liderança, só 5,% um único artigo, indica como deveria ser o preparo do enfermeiro líder: fazendo educação continuada, apontando detalhadamente as etapas do programa. Já os autores de 78,9% dos artigos publicados apenas recomendam que, para ser um bom líder, é preciso um bom Embasamento Teórico (CASTRO; GALVÃO; SAWADA, 999; SIMÕES; FÁVERO, 000; GALVÃO et al, 997, GALVÃO et al, 998, GALVÃO et al, 000; ANTUNES, 999; VALE et al, 000; BECCARIA FÁVERO, 000; NETO, 000; TREVIZAN et ai, 998; KURCGANT; PERES; CIAMPONE, 996; ROZENDO; GOMES, 998; LOURENÇO; TREVIZAN, 00), Comunicação (GALVÃO et al, 998, GALVÃO et al, 000; CASTRO; GALVÃO; SAWADA, 999, SIMÕES; FÁVERO, 000; TREVIZAN et al, 998; CORNIANI; GALVÃO; SAWADA, 000), Educação Continuada (CASTRO; GALVÃO; SAWADA, 999; GALVÃO et al, 997, GALVÃO et al 000; ANTUNES 999; BECCARIA; FÁVERO, 000), Bom Relacionamento (SIMÕES; FÁVERO, 000; GALVÃO et al, 997, GALVÃO et al, 998; MIENDES et al, 000), Tomada de decisão (MENDES et ai, 000; GALVÃO et al, 000), Auto conhecimento (SIMÕES; FÁVERO, 000; ANTUNES, 999; GALVÃO et al 997, GALVÃO et al, 998; MENDES, et al 000), Incentivador (BECCARIA; FÁVERO, 000; SIMÕES; FÁVERO, 000), Facilitador (MENDES et al, 000), Inspirador (MENDES et al, 000) e Competência (ANTUNES, 999; MENDES et al, 000; LOURENÇO; TREVIZAN, 00). Nos artigos pesquisados só foi identificado um trabalho (5,%) relacionado ao preparo de enfermeiros líderes nos tópicos Liderança e Comunicação, demonstrando que há escassez de estudos sobre o preparo de enfermeiros líderes. Os artigos analisados foram divididos em quatro grupos, em razão das características de cada estudo, determinadas por seus objetivos. São eles: I ) Avaliar os conceitos chave, os modelos de liderança e 8 Rev Enferm UNISA 00; : 7.
3 Tabela. Total de publicações encontradas nas bases de dados pesquisadas com as palavras chaves de acesso liderança e enfermag em no período de 994 a 00. Bases de Dados Livros Teses Trabalhos Artigos Total DEDALUS LILAC S BDENF ADSAÚDE MED LINE Totais Tabela.Artigos segundo o veiculo e o ano de publicação, de 994 a 00. Periódico/Ano Total Rev. Latam Enf Rev. EEUSP Rev. B ras. Enf Rev. Gaúcha Enf Rev. Nursing 8 4 Totais Tabela. Artigos publicados segundo autores e o local da publicação, de 994 a 00. AUTORES/ São Paulo Ribeirão Porto Manaus Uberlândia Total LOC AL Preto Alegre Antunes Beccaria Caetano Carneiro Castro Ciampone Coleta Corniani Fávero 4 4 Ferraz Galvão 8 Gomes Hayashida Kurcgant Lourenço Melo Mendes 4 Munhoz Neto Peres Rozendo Sampaio Sawada 8 Simões Trevizan 4 8 Vale Yamarchi Totais os estilos de liderança exercida pelos enfermeiros; II ) Identificar os aspectos da liderança na prática profissional do enfermeiro, enfatizando a importância desta para a profissionalização do trabalho na Enfermagem; III ) Conhecer a opinião dos enfermeiros e dos alunos do 40. ano de Graduação em enfermagem sobre o preparo e a necessidade do aprendizado em liderança; IV ) Identificar o papel do enfermeiro líder sobre o tema liderança e comunicação. Análise do material I ) Estudos relacionados à avaliação dos conceitos chaves de modelos e estilos de Liderança exercida pelos enfermeiros Os estudos analisados apontaram que a Liderança Rev Enferm UNISA 00; : 7. 9
4 Situacional pode fornecer contribuição fundamental para o desempenho do enfermeiro líder e, de modo especial, no que tange à articulação entre a maturidade do liderado e o estilo de liderança. Cabe ao enfermeirolíder buscar mecanismos que proporcionem ao paciente uma assistência individualizada e com qualidade e, ao pessoal de enfermagem, o desenvolvimento do seu potencial. GALVÃO et al. (997) entendem que a liderança do enfermeiro seja de suma importância e que o embasamento teórico é um eixo norteador do processo de preparo para o desempenho do papel do líder. O enfermeiro, além de compreender o processo de liderança relativo a uma determinada situação, precisa também conhecer e conciliar o nível de maturidade do liderado com o estilo de liderança. O desenvolvimento da habilidade de liderar pelo enfermeiro abrange as estratégias que este profissional poderá empregar na sua prática diária com o intuito de promover mudanças, as quais possibilitem a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem prestada ao paciente. As teorias sobre Liderança podem ser classificadas em grupos: a ) teorias de traços de personalidade b ) teorias sobre estilos de liderança e c ) teorias situacionais da liderança. As teorias de traços de personalidade são as mais antigas e preconizam que o líder apresenta traços específicos de personalidade por meio dos quais pode influenciar o comportamento das demais pessoas. As teorias sobre estilos de liderança estudam os tipos de comportamento do líder em relação aos seus liderados evidenciados em três estilos diferentes: o autocrático, o democrático e o liberal (laissez faire). Já as teorias situacionais apontam para as circunstâncias que influem no fenômeno Liderança. Há quatro estilos de liderança propostos pelos autores GALVÃO et al (997): o Estilo de liderança determinar é apropriado para pessoas com nível de maturidade baixo. Geralmente essas pessoas não possuem capacidade e nem disposição para assumirem a responsabilidade de fazer algo. O líder assume um estilo diretivo, em que a orientação é clara, específica e a supervisão rigorosa; define as atividades que as pessoas devem fazer, como, quando e onde devem executá las. Este estilo envolve um comportamento alto de tarefa e baixo de relacionamento. Para pessoas que não têm capacidade mas sentem disposição em assumir a responsabilidade de uma determinada tarefa, ou seja, com nível de maturidade entre baixo e moderado, o estilo de liderança correspondente é o persuadir. O estilo compartilhar é o mais apropriado, pois este estilo envolve um comportamento alto de relacionamento e baixo de tarefa. É um estilo participativo, de apoio e não diretivo, ou seja, líder e liderado participam juntos do processo de tomada de decisão. Para o liderado que tem capacidade e disposição para assumir responsabilidade, ou seja, nível de maturidade alto, o estilo de Liderança delegar é o mais eficaz. A Liderança Situacional pode ser utilizada como estrutura teórica para fundamentar a habilidade de liderar do enfermeiro, com vistas ao aprimoramento da qualidade da assistência de enfermagem e o desenvolvimento do potencial do pessoal de enfermagem. GALVÃO et al. (998) também acreditam que cabe ao enfermeiro a busca de estratégias para tentar modificações na sua prática diária. Ficou em evidência, pelos resultados do estudo de BECCARIA; FÁVERO (000), que os enfermeiros esperam que o diretor executivo relacione se com os subordinados de forma a manter um vínculo inseparável entre as necessidades de produção e as das pessoas, com participação ativa de todos, envolvimento e comprometimento com padrões de excelência, com forte espírito de trabalho em equipe. Nas organizações modernas, o estilo de liderança tem tido muita ênfase por se constituir um processo fundamental na consecução dos objetivos da empresa, pois é através dela que a pessoa desenvolve a habilidade de influenciar o comportamento de outras, facilitando lhes a realização de atividades desejadas. O estudo de VALE et al. (000) revelou que enfermeiras em cargos de chefia, apresentam estilo de liderança centrado no serviço e nas pessoas. As teorias contemporâneas da liderança surgiram no final dos anos 970, após longos anos de supremacia das teorias situacionais e contingências no mundo organizacional das instituições. Considerada uma teoria interacional, a liderança transformacional é mais que um novo marco conceitual da administração pós moderna, é um estilo de liderança voltado para a qualidade da assistência prestada pelo enfermeiro (NETO, 000). Outro aspecto importante na liderança da enfermeira, na perspectiva da ética pósmoderna, são as implicações no entendimento do que é ética: antes de tudo, o limite que a própria pessoa impõe a si mesma, e exige como base autonomia e responsabilidade (MENDES et al., 000). Nos estudos pesquisados, podese observar que há vários estilos e modelos de liderança mas, apesar de sua variedade, eles tem o mesmo objetivo, que é a melhoria da assistência prestada ao paciente. II) Identificar os aspectos da liderança na prática profissional do enfermeiro, enfatizando a importância da liderança para a profissionalização do trabalho na enfermagem Para ROZENDO; GOMES (998), a liderança na Enfermagem é vista segundo a perspectiva de que não é um fim em si mesma, ao invés, atende a determinadas necessidades e finalidades, presentes na atividade gerencial desenvolvida pelos enfermeiros, cuja finalidade é organizar o trabalho para possibilitar a prática do trabalho coletivo em saúde. O enfermeiro deverá desempenhar uma gerência voltada a transformações, para obter a melhora da qualidade da assistência de enfermagem, possibilitando maior satisfação para a equipe de enfermagem no seu dia a dia. O enfermeirolíder do futuro precisa visualizar cada membro da equipe de enfermagem como um ser único, dotado de capacidades e dificuldades. Conhecer as necessidades e expectativas pessoais e profissionais do pessoal de enfermagem é um aspecto fundamental para eficiência e a eficácia do processo de liderar (GALVÃO et al., 998). 0 Rev Enferm UNISA 00; : 7.
5 O grupo pesquisado no trabalho de LOURENÇ0; TREVIZAN (00), apontou que a Enfermagem precisa de mais líderes para modificar sua situação no contexto da sociedade e questionou a formação oferecida na graduação em Enfermagem, que não tem propiciado a formação de líderes. Segundo ANTUNES (999), a liderança é um fator fundamental ao bom gerenciamento do serviço de enfermagem e, conseqüentemente, importante para a qualidade da assistência prestada ao paciente. Por isso, é indispensável que o enfermeiro, que a todo momento atua como líder no desempenho de sua atividades, esteja capacitado para atuar como um líder competente nas diferentes situações profissionais. Para YAMARCHI; MUNHOZ (994), a filosofia da gerência da qualidade total na área hospitalar não é tarefa fácil de ser realizada, pois requer mudanças no comportamento e modo de pensar das pessoas. Concordo com os textos quando afirmam que a liderança é de suma importância para a Enfermagem a fim da obtenção de melhoria da qualidade da assistência prestada ao paciente, e que o enfermeiro líder tem que conhecer sua equipe de trabalho e ter um bom conhecimento teórico. III) Conhecer a opinião dos enfermeiros e dos alunos do 4o. ano de graduação sobre o preparo e a necessidade do aprendizado em liderança Partindo das considerações apresentadas nos trabalhos lidos, entendi que a capacitação do enfermeiro para o exercício da liderança e comunicação é fundamental para a sua prática profissional, uma vez que possibilitará um trabalho compartilhado com a equipe de enfermagem, buscando atender às reais necessidades do paciente/cliente. 0 preparo em liderança do enfermeiro é essencial para a sua prática profissional. Este deve ter início na graduação, através de disciplinas que possibilitem não só embasamento teórico mas principalmente o aprendizado a partir de experiências vividas no cotidiano do enfermeiro, como afirmam CASTRO; GALVÃO; SAWADA (999). A liderança é um processo coletivo para o qual é necessária a integração de esforços individuais, buscando alcançar objetivos definidos e compartilhados pelo grupo. Sendo assim, é imprescindível ao enfermeiro, reconhecer a importância e o valor de cada elemento da equipe, bem como as demandas situacionais. Para que o enfermeiro possa exercer efetivamente a liderança, deverá submeter se a uma transformação pessoal e profissional, aprimorando suas habilidades técnicas, científicas e interpessoais. Considerando o enfermeiro um agente de transformações, reforça se a necessidade de que ele aprenda e desenvolva habilidades de liderança tais como: buscar auto conhecimento, reconhecendo suas potencialidades e limitações, manter bom relacionamento interpessoal, comunicar se com simplicidade e clareza, delegar poderes, a fim de conseguir o melhor de cada um, incentivar a equipe, valorizando e recompensando comportamentos, ser facilitador e inspirador mais que controlador, ter clareza da filosofia, das crenças e dos valores essenciais da profissão (SIMÕES ; FÁVERO, 000). IV ) Identificar o papel do enfermeiro líder sobre o tema liderança e comunicação A liderança é a expressão de apoio e confiança, é o desenvolvimento de um real sentido de interdependência entre os integrantes, com respeito às individualidades, como afirmam TREVIZAN et al. (998). A comunicação é fundamental para o exercício da influência para a coordenação das atividades grupais e para a efetivação do processo de liderança. 0 objetivo do comunicador é transmitir uma mensagem para alguma pessoa, de modo que essa mensagem seja recebida de forma pretendida. 0 enfermeiro líder como fonte central de comunicação, tem o propósito de abordar o processo comunicativo como um instrumento essencial para o exercício da liderança nos sistemas de organização da assistência de enfermagem. A liderança e a comunicação consistem em estratégias essenciais para a prática profissional do enfermeiro. CORNIANI; GALVÃO ; SAWADA(000) definem comunicação como sendo um processo que possibilita o entendimento da informação que está sendo passada. Um enfermeiro refere dificuldade em desenvolver a habilidade de liderar por não saber como agir em determinadas situações. Acreditam que, se tivesse preparo melhor, saberia como agir. As dificuldades de comunicação ocorrem pela falta de clareza por parte de quem está transmitindo a mensagem e a falta de interesse do receptor. O líder deve emitir suas mensagens de tal forma que promova, nos liderados, o entendimento correto, acarretando satisfação e melhor desenvolvimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS Frente aos resultados evidenciados nos artigos publicados, podese verificar que existem falhas no processo ensino aprendizagem da liderança na Enfermagem. A análise dos dados levantados demonstrou que os artigos publicados só indicam o que é preciso para ser um bom líder, mas não explicam como deveria ser o seu preparo. Afirmam que, para ser um bom líder, tem que ter bom embasamento teórico, tem que ter uma boa comunicação, fazer Educação Continuada nas instituições, ter um bom relacionamento, Tomada de decisão, Auto conhecimento, ser Incentivador, Facilitador, Inspirador e ter Competência. A forma como se deve conquistar o desenvolvimento desses conhecimentos, habilidades e atitudes, no entanto, é pouco debatida nos artigos. Acreditase que o preparo em liderança do enfermeiro é essencial para a sua prática profissional, devendo ter início na graduação, através de disciplinas que não ofereçam só o embasamento teórico mas, principalmente, o aprendizado a partir de experiências vívidas no cotidiano da Enfermagem. Por fim, penso que compete aos serviços de saúde promover os programas de educação continuada e, ao enfermeiro, buscar outras estratégias (leitura, cursos de especialização e de pós graduação), possibilitando o desenvolvimento da habilidade de liderar. A liderança é de suma importância para o desenvolvimento do gerenciamento em enfermagem, com vistas à Rev Enferm UNISA 00; : 7.
6 melhoria da qualidade da assistência de enfermagem prestada ao paciente/ cliente, proporcionando maior satisfação para a equipe de enfermagem. Portanto, o enfermeiro deve saber liderar sua equipe com coerência,isto é, saber ouvir seus liderados e harmonizar as idéias e opiniões de cada um, para o melhor desenvolvimento do trabalho, buscando a melhoria da qualidade da assistência. Para finalizar, acredito que cabe aos enfermeiros líderes pesquisarem sobre o preparo do enfermeiro líder. Devido à escassez de estudos sobre o tema e, sendo esta uma questão relevante para a melhoria da qualidade da assistência prestada ao paciente, penso que as pesquisas na área de atuação de Gerenciamento em Enfermagem devam priorizar este aspecto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, A.V. Liderança para a Qualidade na Enfermagem. Rev. Nursing. v., n. 5, p, 6, ago BECCARIA, L.M; FÁVERO, N. Expectativas de Gerentes e Assessores de Enfermagem quanto ao Estilo Gerencial do Diretor Executivo de um Hospital de Ensino. Rev. latino am. Enfermagem. v. 8, n., p. 890, abr, 000. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Portaria 7, de 5 de Dezembro de 994. Fixa os mínimos de conteúdo e duração do Curso de Graduação em Enfermagem. Diário Oficial da União. Brasília, 6 de Dezembro de 994, seção, p CASTRO, A.P.; GALVÃO, C.M.; SAWADA, N.O. Liderança e Comunicação: Construção de Instrumento de Medida para alunos de graduação em Enfermagem. Rev. Gaúcha de Enferm. v. 0, n., p. 7789, jul, 999. CORNIANI, F.; GALVÃO, C.M.; SAWADA, N.O. Liderança e comunicação: opinião dos enfermeiros responsáveis pelos serviços de enfermagem de um hospital governamental. Rev. Esc. Enf. USP. v. 4, n. 4, p. 475, dez, 000. GALVÃO, C.M.; SAWADA, N.O.; CASTRO, A.P.C; CORNIANI, F. Liderança e Comunicação: Estratégias essenciais para o gerenciamento da assistência de enfermagem no contexto hospitalar. Rev. lat am. Enfermagem. v. 8, n. 5, p. 44, out, 000,. GALVÃO, C.M.; TREVIZAN, M.A.; SAWADA, N.O.; COLETA, J.A.D. Liderança Situacional: Estrutura de Referência para o trabalho do Enfermeiro Líder no contexto Hospitalar. Rev. latam. Enfermagem. v. 6, n., p. 890, jan, 998. GALVÃO, C.M.; TREVIZAN, M.A.; SAWADA, N.O.; MENDES, I.A.C. Liderança Situacional: um modelo para aplicação na Enfermagem Brasileira. Rev. Esc. Enf. USP. v., n., p.76, ago, 997. GALVÃO, C.M.; TREVIZAN, M.A., SAWADA, N.O., FÁVERO, N. O estilo de Liderança exercido pelo Enfermeiro de Unidade de Internação Cirúrgica sob o enfoque da Liderança Situacional. Rev. lat am. Enf v. 5, n., p. 947, abr, 997. GALVÃO, C.M., TREVIZAN, M.A., SAWADA, N.O. Liderança do Enfermeiro no Século XXI: Algumas Considerações. Rev. Esc. Enf. USP, v., n. 4, p. 06, dez, 998. GALVÃO, C.M.; TREVIZAN, M.A.; SAWADA, N.O.; MENDES, I.A.C. Enfermeiro Cirúrgico: Seu Estilo de Liderança com o Pessoal Auxiliar de Enfermagem. Rev. Gaúcha Enferm. v. 8, n., p. 4, jan, 997. KURCGANT, P.; PERES, H.H.Q.; CIAMPONE, M.I.T. A liderança na administração do pessoal de enfermagem segundo a percepção de enfermeiras, auxiliares e atendentes de enfermagem. Rev. Esc. Enf. USP. v, 0, n., p. 468, dez, 996. LOURENÇO, M.R.; TREVIZAN, M.A. Líderes da Enfermagem Brasileira sua visão sobre a temática da liderança e sua percepção a respeito da relação liderança & liderança. Rev. latam. Enf. v., p. 49, mai, 00. MENDES, I.A.C.; TREVIZAN, M.A.; FERRAZ, C.A.; HAYASHIDiN, M. Liderança da Enfermeira na perspectiva da Ética Pós Moderna. Rev. Bras. Enferm. v. 5, n., p. 404, jul/set, 000,. NETO,DL. Liderança Transformacional: a Arte de Administrar com Inteligência Emocional. Rev. Nursing. v., n., p. 6 9, fev, 000. ROZENDO, C.A.; GOMES, E.L.R. Liderança na Enfermagem Brasileira: Aproximando se de sua desmistificação. Rev. lat am. enf. v. 6, n. 5, p.6776, dez, 998. SIMOES, A.L.A.; FAVERO, N. Aprendizagem da Liderança: Opinião de Enfermeiros sobre a formação acadêmica. Rev. lat am enf. v. 8, n., p. 96, jul, 000. TREVIZAN, M.A.; MENDES, I.A.C.; FÁVERO, N.; MELO, M.R.A.C.M. Liderança e Comunicação no Cenário da gestão em Enfermagem. Rev. lat am.enf v. 6, n. 5, p. 778, dez, 998. VALE, E.G.; CAETANO, F.I.; CARNEIRO, M.M.G.; SAMPAIO, M.G.C. Estilos de Liderança da Enfermeira numa instituição pública de fortaleza. Rev. Bras. Enferm. v. 5, n. 4, p.56, out./dez, 000. YAMARCHI, N.I.; MUNHOZ, C.H.F. Conceitos Básicos para um Gerenciamento de Enfermagem baseado na filosofia da qualidade total. Rev. Bras. Enferm. v. 47, n., p. 506, jan./ mar, 994. Rev Enferm UNISA 00; : 7.
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