DIREITO DO TRABALHO: CONCEITO E FONTES
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- Maria do Pilar Lacerda Bastos
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1 DIREITO DO TRABALHO: CONCEITO E FONTES Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY 10/08/2017 Direito do Trabalho Conceito e Fontes PROF. MsC ROSENIURA SANTOS
2 Sumário 1. DIREITO DO TRABALHO: CONCEITO RELAÇÕES COM OUTROS RAMOS FUNÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO FONTES DO DIREITO DO TRABALHO Conceito Classificação Fontes materiais: Fontes formais Hierarquia das fontes: impactos da reforma trabalhista Aplicação da lei trabalhista no tempo e no espaço... 9 REFERÊNCIAS Página 1
3 Direito do Trabalho: Conceito e Fontes P R O F. M S C R O S E N I U R A S A N T O S ATENÇÃO O ÍCONE IDENTIFICA AS ALTERAÇÕES DA LEI Nº / DIREITO DO TRABALHO: CONCEITO Na doutrina, são adotados três perspectivas conceituais que podem ser classificiadas em: a) Subjetivista que enfoca os sujeitos alcançados pelas normas trabalhistas; b) Objetivista que destaca o objeto da regulado pela legislação laboral, concentrando a definição da disciplina nas relações de trabalho reguladas pelo Direito do Trabalho; e c) Mista que conjuga os dois critérios anteriores. Segundo GODINHO, as concepções mistas, desse modo, têm melhor aptidão para o atendimento da meta científica estabelecida para uma definição apreender e desvelar os elementos componentes de determinado fenômeno, com o nexo lógico que os mantém integrados (2017, p. 47). O referido autor define o Direito do Trabalho como: O Direito Material do Trabalho, compreendendo o Direito Individual e o Direito Coletivo e que tende a ser chamado, simplesmente, de Direito do Trabalho, no sentido lato, pode, finalmente, ser definido como: complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam a relação empregatícia de trabalho e outras relações normativamente especificadas, englobando, também, os institutos, regras e princípios jurídicos concernentes às relações coletivas entre trabalhadores e tomadores de serviços, em especial através de suas associações coletivas. (GODINHO, 2017, p. 47) Não há divergência quanto a autonomia do direito do trabalho que é ramo do direito privado. Todavia parte da doutrina, subdivide em Direito Individual do Trabalho e Direito Coletivo do Trabalho. O Direito Individual trata das relações entre empregado e empregador, no plano individual, enquanto que o Direito Coletivo refere-se às relações de certos grupos, classes ou categorias profissionais ou econômicas, regulando fundamentalmente as relações sindicais. 2. RELAÇÕES COM OUTROS RAMOS O ordenamento jurídico é composto por princípios e normas que integram um todo unitário que é dotado de uma lógica. Assim as normas jurídicas não podem ser interpretadas de modo isolado, devese ter em conta o conjunto. Assim, não podemos buscar o significado de um artigo, de uma lei ou de um código isolando-o do sistema jurídico. Cabe, pois interpretar aplicar as normas trabalhistas em harmonia com a Constituição e as demais ramos jurídicos. O direito do trabalho, pois interage com os demais ramos, destacadamente com o direito constitucional. Página 2
4 Direito Constitucional: a Constituição é a "base" de todos os ramos do Direito, no caso do Direito do Trabalho há um vários artigos constitucionais que revelam o relevo da função deste ramo dentre a da ordem constitucional em especial o art. 1º, IV e 7º a 11 que asseguram os direitos fundamentais dos trabalhadores. Direito Internacional: a relação é evidenciada pela criação da OIT (Organização Internacional do Trabalho) que é responsável pela articulação entre os países para aprovar Convenções Internacionais do Trabalho. O Brasil é membro da OIT, tendo ratificado a maior parte das convenções internacionais do trabalho. Além disso, não se pode olvidar que o trabalho é um direito humano reconhecido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos - DUDH Declaração Universal dos Direitos Humanos - Artigo Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego. 2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual. 3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de proteção social. 4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses. Direito Civil: O Direito do Trabalho, por expressa determinação legal do art. 8º, 1º da CLT, tem o Direito Civil como fonte subsidiária. O Contrato de trabalho na falta de normas expressas na CLT deve ser regido por normas e princípios do direito comum Direito Previdenciário: apresenta relação com o direito do Trabalho, sobretudo quanto proteção do trabalhador em situação de afastamento temporário ou definitivo do trabalho em situações de acidente de trabalho, afastamento por doença, seguro-desemprego e aposentadoria. Assim como cabe destacar a garantia de proteção da maternidade, o salário família. Direito Empresarial: em regra, o empregador exerce atividade econômica empresarial, sendo indispensável a interação das legislações trabalhista e empresarial, em especial, em temas como responsabilidade jurídica da pessoa jurídica e dos sócios, efeitos sobre os contrato de trabalho em caso de venda, fusão, cisão ou incorporação. Direito Processual do Trabalho: em que pese as regras processuais estejam na CLT, o direito processual tem autonomia, porém a relação entre estes ramos é muito próxima uma vez que o processo é um instrumento para efetivação das normas do Direito Material do Trabalho, quando lesados ou ameaçados direitos do trabalhador bem como do empregador. Direito Administrativo: desde de sua origem, a legislação de proteção ao trabalho foi dotada de mecanismos para garantir a efetividade das normas, principalmente por meio de agentes de fiscalização. O Ministério do Trabalho e suas Superintendências Regionais do trabalho são órgãos do Poder Executivo destinado a fiscalizar o cumprimento da legislação trabalhistas e punir as infrações praticadas pelos empregadores. As normas de segurança, medicina e fiscalização do trabalho são de natureza administrativa e integram as fontes do direito do trabalho. Direito Tributário: no capo trabalhista muitos conceitos e regras tributárias guardam conexão como conceito de renda para fins de Imposto de renda pessoa física (IRPF), possibilidade de desconto salarial para retenção do IRPF, questões de cobrança de multas trabalhistas aplicadas pela fiscalização do trabalho. Direito Penal: A prática de um delito pode ter relação direta com o direito do trabalho, inclusive determinado a demissão do empregado por justa causa ou extinção por culpa do empregador. O próprio Código Penal tipifica diversos crimes resultantes da relação do Página 3
5 trabalho, tais como os crimes contra a organização do trabalho, sonegação previdenciária. Também na CLT há normas de caráter penal, como se verifica no art.. Art Para os efeitos da emissão, substituição ou anotação de Carteiras de Trabalho e Previdência Social, considerar-se-á, crime de falsidade, com as penalidades previstas no art. 299 do Código Penal: I - Fazer, no todo ou em parte, qualquer documento falso ou alterar o verdadeiro; II - Afirmar falsamente a sua própria identidade, filiação, lugar de nascimento, residência, profissão ou estado civil e beneficiários, ou atestar os de outra pessoa; III - Servir-se de documentos, por qualquer forma falsificados IV - falsificar, fabricando ou alterando, ou vender, usar ou possuir Carteira de Trabalho e Previdência Social assim alteradas; V - Anotar dolosamente em Carteira de Trabalho e Previdência Social ou registro de empregado, ou confessar ou declarar em juízo ou fora dêle, data de admissão em emprêgo diversa da verdadeira. Observa-se que para especializar-se em um determinado ramos do direito é necessário que o jurista tenha domínio dos conceitos e princípios fundamentais de outros ramos de modo a interpretar e aplicar as normas de modo sistemático. 3. FUNÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO A função fundamental do direito justrabalhista é desmercantilização da força de trabalho no sistema de produção capitalista e consiste em assegurar a dignidade da pessoa humana do trabalhador em face dos interesses econômicos pela promoção da melhoria das condições sociais dos trabalhadores. Todavia essa função não pode ser compreendida apenas no plano individualista, enfocando o trabalhador isolado, mas sim num plano coletivo, englobando os interesses de toda sociedade. Neste sentido, dispõe a CLT: Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Essa função civilizatória de proteção do trabalhador está presente na nossa Constituição Federal, especialmente, nos arts. 1º, 2º e 7º: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...] O objetivo fundamental do direito do trabalho é proporcionar um equilíbrio na relação entre os sujeitos envolvidos no contrato de trabalho (empregado e empregador, prestador do serviço e tomador da mão de obra), tendo em vista a desigualdade econômico social existente entre as partes, que, Página 4
6 naturalmente, coloca a empresa em posição mais vantajosa que o trabalhador que depende da remuneração para manter a si e sua família. Com a globalização das economias e o crescente desenvolvimento tecnológico que que ampliam competitividade empresarial e redução de postos de trabalho pela substituição do trabalho humano pelos novos equipamentos e sistemas informatizados. Contudo este objetivo geral sofreu impacto pela denominada reforma trabalhista consolidada pela LEI Nº , DE 13 DE JULHO DE 2017 publicada em que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. A reforma se orientou pelo objetivo de promover a flexibilização da legislação laboral brasileira. Conforme destaca Godinho: Por flexibilização trabalhista entende-se a possibilidade jurídica, estipulada por norma estatal ou por norma coletiva negociada, de atenuação da força imperativa das normas componentes do Direito do Trabalho, de modo a mitigar a amplitude de seus comandos e/ou os parâmetros próprios para a sua incidência. Ou seja, trata-se da diminuição da imperatividade das normas justrabalhistas ou da amplitude de seus efeitos, em conformidade com autorização fixada por norma heterônoma estatal ou por norma coletiva negociada. (2017, p. 68) A reforma trabalhista tem grande impacto sobre os princípios gerais do direito do trabalho, especialmente no que se refere à proteção do trabalhador e ás garantias de direitos historicamente conquistados. As recentes alterações têm sido objeto de inúmeros debates com posicionamentos de entidades representativas da auditoria-fiscal do trabalho da magistratura trabalhista, do ministério público do trabalho e da OAB no sentido de que a Lei n /2017 possui inúmeras inconsistências e inconstitucionalidades. Assim caberá à doutrina e à jurisprudência promover a interpretação das novas normas à luz da Magna Carta de modo a assegurar a promoção da justiça social. 4. FONTES DO DIREITO DO TRABALHO 4.1 Conceito Expressão vem do latim fons / fontis ou nascente que significa tudo aquilo que origina, que produz algo. Fonte jurídica é o que produz as normas jurídicas. A expressão é uma metáfora, pois remonta: [...] à fonte de um rio é buscar o lugar de onde as suas águas saem da terra; do mesmo modo, inquirir sobre a fonte de uma regra jurídica é buscar o ponto pelo qual sai das profundidades da vida social para aparecer na superfície do Direito. Para Miguel Reale: Por "fonte do direito" designamos os processos ou meios em virtude dos quais as regras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no contexto de uma estrutura normativa Quanto ao tema dispõe a CLT Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. 1 o O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho. 2 o Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei. Página 5
7 3 o No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 da Lei n o , de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva. O Direito do Trabalho possui peculiaridades que distingue no sistema jurídico brasileiro por possuir como fonte jurídica a negociação coletiva firmada pelos sindicatos com força de lei. 4.2 Classificação Fontes materiais: São um complexo de fatores sociais, psicológicos, econômicos, históricos, etc., que influenciam na criação da norma jurídica e que o Direito procura recepcionar. A GREVE é uma fonte material trabalhista, todavia com a peculiar característica de ser qualificada como um direito legítimo dos trabalhadores para defesa de seus direitos adquiridos e como instrumento de conquista de novos direitos e vantagens não necessariamente previstos em lei. A Constituição Federal estabelece: Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. A greve possui regulação própria através da LEI Nº 7.783, DE 28 DE JUNHO DE 1989 que dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades essenciais e regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade Fontes formais São os meios pelos quais se estabelece a norma jurídica. Referem-se ao modo ou forma como se expressam as regras aos seus destinatários que pode ser de escritas ou não escritas. As fontes formais se subdividem em fontes formais HETERONÔMAS e AUTÔNOMAS. Esta classificação é relevante para o Direito do Trabalho. Página 6
8 a) Fontes formais heterônomas são aquelas produzidas e impostas por terceiro, o Estado ou outros entes no exercício de funções estatais. Exemplos: Constituição Federal; Leis (complementar, delegada, ordinária, Medida Provisória); Decreto regulamentador; Portarias, instruções, resoluções de órgãos do Executivo. Sentença normativa (decisão dos tribunais trabalhistas em questões coletivas) b) Fontes formais autônomas são fontes oriundas da vontade dos próprios destinatários das regras jurídicas. Decorrem da participação direta dos sujeitos destinatários sem interferência de um agente externo. São fontes autônomas trabalhistas: Acordo e convenção coletiva de trabalho firmados entre SINDICATOS COM FORÇA DE LEI, conforme previsto pela CF art. 7º, XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; Usos e costumes para a maior parte da doutrina a partir do texto do art. 8º da CLT, considera como fontes formais autônomas do Direito do Trabalho. (Atenção são fontes formais AUTÔNOMAS NÃO ESCRITAS). No campo trabalhista pode ocupar papel principal e não apenas SUPLETIVO como previsto na Lei n. 5889/1973 Lei do Trabalhador Rural: Art. 5º Em qualquer trabalho contínuo de duração superior a seis horas, será obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação observados os usos e costumes da região, não se computando este intervalo na duração do trabalho. Entre duas jornadas de trabalho haverá um período mínimo de onze horas consecutivas para descanso. Observe que não há lacuna, não sendo assim uma fonte subsidiária, mas sim uma fonte principal geradora de uma regra jurídica. Página 7
9 4.3 Hierarquia das fontes: impactos da reforma trabalhista Hierarquia normativa é estruturação do sistema jurídico fundada numa ordem de prevalência ou supremacia entre as fontes jurídicas que mantem entre si uma relação de subordinação, com graus sucessivos de imperatividade. É inegável que no Direito do Trabalho EXISTE UMA HIERARQUIA de fontes de normas, contudo a pirâmide normativa constrói-se de modo plástico e variável, devido ao PRINCIPIO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL. A CF assegura um conjunto mínimo de direitos, podendo este ser ampliado por outras normas ainda que de hierarquia formal inferior. Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: Assim, em regra, elege-se para vértice dominante da pirâmide a norma que mais se aproxime do caráter teleológico do ramo justrabalhista, buscando aplicar a norma mais favorável ao trabalhador. Como observa NASCIMENTO: De um modo geral é possível dizer que, ao contrário do direito comum, em nosso direito, a pirâmide que entre as normas se forma terá como vértice não a Constituição Federal ou a lei federal ou as convenções coletivas de modo imutável. O vértice da pirâmide da hierarquia das normas trabalhistas será ocupado pela norma vantajosa ao trabalhador, dentre as diferentes em vigor (1998, p ). A Lei n /2017 traz regras que afetam sensivelmente o princípio da norma mais favorável ao prevê a possibilidade de livre negociação entre empregado e empregador, bem como através dos sindicatos de regras que prevalecerão sobre a lei ainda que prejudique diretos regulados em lei. Art Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hipóteses previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. Página 8
10 Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: I - pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais; II - banco de horas anual; III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas; IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei no , de 19 de novembro de 2015; V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança; VI - regulamento empresarial; VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho; VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente; IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho individual; X - modalidade de registro de jornada de trabalho; XI - troca do dia de feriado; XII - enquadramento do grau de Insalubridade; XIII - prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades competentes do Ministério do Trabalho; XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas de incentivo; XV - participação nos lucros ou resultados da empresa. Diante dos debates doutrinários acerca da nova lei, caso sejam considerados constitucionais suas disposições as regras transcritas passam a constituir exceções à hierarquia formal das fontes trabalhistas, criando a inversão da hierarquia não mais pelo princípio da norma mais favorável até então assentado na doutrina e jurisprudência laboral. A partir da reforma a hierarquia na área trabalhista passa ter também como fator de flexibilização da hierarquia normativa a prevalência da autonomia privada individual e coletiva. Assim as fontes formais AUTÔNOMAS terão preponderância elevando ao topo da hierarquia as regras negociadas entre empregado e empregador, bem como entre seus sindicatos. 4.4 Aplicação da lei trabalhista no tempo e no espaço a) Eficácia das leis trabalhistas no tempo Segundo o princípio da irretroatividade, a lei nova não se aplica aos contratos de trabalho já terminados; acrescente-se que nem mesmo os atos jurídicos já praticados nos contratos de trabalho em curso no dia do início da sua vigência, pois conforme dispõe o art. 5º, XXXVI a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Efeito imediato: de acordo com o princípio do efeito imediato, quando um ato jurídico, num contrato em curso, não tiver ainda sido praticado, o será segundo as regras da lei nova; quer dizer que entrando em vigor, a lei se aplica, imediatamente, desde logo, às relações de emprego que se acham em desenvolvimento. b) Eficácia das leis trabalhistas no espaço No Direito do Trabalho também tem como regra geral de aplicabilidade de suas fontes o princípio da territorialidade. Deve-se aplicar a Lei do local da prestação dos serviços (LEX LOCI EXECUTIONES) Página 9
11 Atualmente o TST admite exceções ao princípio da territorialidade como quando alguém é contratado no Brasil e transferido para outro país por aplicação analógica da Lei 7064/1982 que trata da situação de trabalhadores contratados ou transferidos para prestar serviços no exterior. Em caso de Serviços prestados em diversos países a Lei 7064/1982 estabelece: Art.3º - II - a aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas e em relação a cada matéria. Assim se o trabalhador for contratado no Brasil, por empresa que tenha sede no país, para prestar serviços no exterior, é-lhe assegurado a aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, sempre que esta for mais favorável que a lei do local onde o contrato está sendo executado. REFERÊNCIAS GALLO, Hübner (1966). Introducción al Derecho. Santiago de Chile: Editorial Jurídica de Chile, 3ª Ed. pp. p.180. DELGADO. Maurício Godinho Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Teoria Geral do Direito do Trabalho. S.P.: LTr, RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho esquematizado. 5 ed. São Paulo: Método, Página 10
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