AULA III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo;
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- Samuel Pinhal Meneses
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1 Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Direito Tributário / Aula 23 Professor: Mauro Luís Rocha Lopes Monitora: Mariana Simas de Oliveira AULA 23 1 CONTEÚDO DA AULA: Suspensão da exigibilidade do CT (cont.). Moratória. Parcelamento. Depósito. Recurso administrativo. Liminares. Causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário (cont.) Dispõe o art.151 do CTN: Art Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) VI o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes. 1 Aula ministrada em 03\07\2014.
2 Moratória (art.151, I, CTN) A moratória consiste em um alargamento excepcional para o pagamento da prestação tributária. Seria uma dilação temporária da exigibilidade do crédito. A justificativa para a moratória pode ser de várias ordens: calamidade pública, conjuntura econômica desfavorável, guerra, etc. Em função da circunstância que autoriza, a moratória pode ser restrita a determinada região da entidade tributante. A moratória somente alcança os créditos constituídos ou em processo de constituição, como regra, e não aproveita os casos de má-fé: Art Salvo disposição de lei em contrário, a moratória somente abrange os créditos definitivamente constituídos à data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lançamento já tenha sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito passivo. Parágrafo único. A moratória não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo ou do terceiro em benefício daquele. Como qualquer benefício fiscal que será causa de extinção, suspensão ou exclusão do crédito a moratória depende de lei, segundo o art.97, VI, do CTN: Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. A lei pode conceder o benefício em caráter geral ou individual (também chamado de caráter específico). Quando a lei concede o benefício em caráter geral ele é absorvido pelos destinatários independentemente de qualquer ato administrativo. Por outro lado, se a lei concede o benefício em caráter individual ou específico (situação mais comum), não basta que a lei o preveja, devendo o interessado apresentar um requerimento à administração, demonstrando que preenche as condições para ser beneficiado. A jurisprudência tem entendido que o ato da administração que reconhece o benefício ao interessado é declaratório, ou seja, o despacho administrativo tem efeitos retroativos para alcançar situações albergadas pela norma que concede o benefício. O referido despacho não gera direito adquirido porque os requisitos, em muitos casos, são de preenchimento continuado no tempo. Uma vez que a administração conceda o benefício, o interessado não faz jus a recebê-lo eternamente, podendo a administração cancelá-lo e, inclusive, cobrar o tributo atrasado:
3 Art A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado anulado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora: A doutrina em peso reclama da expressão revogada, pois a revogação é o desfazimento do ato com juízo de discricionariedade. Há equívoco crasso, possibilitando a utilização da técnica de interpretação da correção, que é uma interpretação jurídica negativa, contra legem, riscando-se a palavra do texto que cria contradição, substituindo-a, no caso, por anulação. I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele; II - sem imposição de penalidade, nos demais casos. Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação não se computa para efeito da prescrição do direito à cobrança do crédito; no caso do inciso II deste artigo, a revogação só pode ocorrer antes de prescrito o referido direito. a multa? Cassado o benefício, cobra-se o tributo com juros e correção. Cobra-se também R.: Depende da configuração da má-fé do interessado. Se ficar comprovado que o interessado simulou o preenchimento dos requisitos para obter o benefício, será cobrada a multa. Por outro lado, se ele não agiu com má-fé, cobra-se o tributo com juros e correção, apenas. Resposta à pergunta de sala de aula: a suspensão da exigibilidade do crédito vale tanto para o contribuinte quanto para o responsável, pois o crédito identifica apenas uma relação jurídica. O crédito é um só. De maneira geral, benefícios fiscais aproveitam a todos, salvo quando concedidos em caráter pessoal (ex.: benefício em favor de deficiente físico). Prosseguindo, a lei deve ser instituída pela entidade que tem competência tributária. A Constituição, embora só fale em isenção (art.151, III), veda implicitamente a concessão de benefício heterônomo (uma entidade não pode conceder benefícios fiscais que haverão de ser suportados por outra, estando-se diante de agressão ao pacto federativo se isso ocorrer). Acontece que a moratória nos revela uma situação excepcional que, para alguns seria inconstitucional, autorizando que a União conceda moratória de tributos alheios, quando simultaneamente ela também conceda moratória aos seus próprios tributos e também com relação às obrigações de direito privado, interferindo, portanto, na autonomia de vontade das partes. Essa moratória é parte de uma modificação da conjuntura econômica do país.
4 Exemplo: imagine que a União resolva alterar a moeda e decrete feriado bancário de três dias. Nesse caso, ela irá conceder moratória, que não alcança apenas os tributos municipais e estaduais, mas os seus tributos e as obrigações de direito privado. Há quem entenda que qualquer exceção ao poder federativo deve estar previsto na Constituição pelo poder constituinte originário. Não havendo exceção expressa, serão incompatíveis com a Constituição todas as normas que prevejam esse tipo de invasão. Assim, existem autores que sustentam a inconstitucionalidade da concessão da moratória pela União com relação aos tributos de outras entidades federativas. Por outro lado, outros entendem que há competência para a União conceder moratória de tributos alheios quando simultaneamente conceda com relação aos seus próprios tributos e às relações de direito privado, implicitamente reconhecida pela competência que a Constituição dá à União para ditar a política monetária do país e definir o rumo da economia nacional. Seguindo, observe-se o art.153 do CTN: Art A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua concessão em caráter individual especificará, sem prejuízo de outros requisitos: I - o prazo de duração do favor; II - as condições da concessão do favor em caráter individual; III - sendo caso: a) os tributos a que se aplica; b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a que se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de concessão em caráter individual; O parcelamento não deixa de ser uma moratória, pois se alarga o prazo do pagamento, mas desde que seja divido o valor do crédito tributário. Antes da LC 104/2001 o parcelamento sempre foi visto como uma espécie de moratória, pois não havia o inciso VI do art.151 do CTN. Ocorre que, o parcelamento passou a figurar como causa autônoma de causa de suspensão de exigibilidade do crédito. Logo, não existe mais a moratória com parcelamento. c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de concessão em caráter individual.
5 Parcelamento (art.151, VI, CTN) No parcelamento, o contribuinte está diante de uma dilação temporária da exigibilidade do crédito com uma exigência cumulativa de recolhimento em parcelas. Ao parcelamento aplicam-se todas as normas pertinentes à moratória, subsidiariamente. Dispõe o art.115-a do CTN: Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Ao contrário do que ocorre na moratória, não pode haver parcelamento em caráter individual. 1º. Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Normalmente, os benefícios são inacumuláveis entre si. 2º. Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à moratória. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) 3º. Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 4º. A inexistência da lei específica a que se refere o 3º deste artigo importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) Para o professor há evidente inconstitucionalidade na segunda parte do 4º: imagine que a União preveja, em lei específica, o parcelamento em até 400 meses para o devedor em recuperação judicial, submetendo o Município e o Estado a prazos que eles não têm como suportar. Há agressão do pacto federativo por violação da autonomia da entidade tributante. Depósito no montante integral (art.151, II, CTN) No CTN não há regramento sobre o depósito. Acerca do depósito, a súmula 112 do STJ: O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro.
6 A garantia prévia ao executivo fiscal (fiança bancária, arrolamento de bens, etc.) pode autorizar a concessão de certidão positiva com efeito de negativa, pois a jurisprudência entende que se a execução com penhora efetivada autoriza a expedição da certidão, não pode o contribuinte que ainda não foi executado ser prejudicado em detrimento daquele que foi executado. Cuidado, pois a antecipação da garantia não é causa de suspensão de exigibilidade. O depósito pode ser prévio ou posterior à constituição definitiva do crédito. Quando ele é feito previamente, na via administrativa, não há suspensão do crédito. Isso porque, o crédito estará suspenso por força do art.151, III, do CTN. Então, por que o contribuinte faz o depósito? R.: para transferir à instituição depositária a obrigação de remunerar o capital com juros e correção monetária. E em juízo? Por que ele faz o depósito? R.: para suspender a exigibilidade do crédito e transferir à instituição a obrigação de remunerar o capital. O depósito é faculdade do sujeito passivo. Nenhuma lei será constitucional se impor ao contribuinte a realização de depósito, havendo, inclusive, as súmulas vinculantes n.28 e 21 sobre esse ponto: 28. É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. 21. É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. Feito o depósito, ele fica retido até o trânsito em julgado. A Justiça só vai liberar o dinheiro para quem for vendedor da lide: se for o Fisco ocorre a chamada conversão em renda; se for o contribuinte haverá o levantamento do depósito. Todavia, se o processo for extinto sem resolução de mérito, quem fica com o dinheiro? R.: A jurisprudência do STJ é no sentido que a extinção do processo sem resolução de mérito tem como consequência a conversão em renda em favor do Fisco. Existe apenas um caso de extinção sem exame do mérito em que o dinheiro volta para o contribuinte: o reconhecimento da legitimidade passiva, por não ser o réu sujeito ativo da tributação. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação (art.150, CTN), o Fisco tem cinco anos para aferir se o depósito corresponde está correto. Se nada disser, presume-se que o valor está correto. Para o STJ, o depósito feito pelo contribuinte com relação a tributo sujeito a lançamento por homologação equivale à declaração de débito, ou seja, constitui o crédito naquele valor até que o Fisco diga o contrário. Assim, nesses casos, o depósito é integral enquanto a Fazenda Pública não o impugne.
7 Reclamações e Recursos administrativos (art.151, III, CTN) As reclamações e recursos, no âmbito federal, são regulados pelo Decreto 70232/78 hoje com status de lei. Existe um projeto de LC para criar um Código de Processo Tributário Administrativo. Atualmente, cada Estado e Município têm o seu próprio regulamento sobre a impugnação. Quando oferecida a impugnação, diz-se que se instaura a fase litigiosa do lançamento e, nesse momento, o crédito fica com a exigibilidade suspensa. Concessão de liminar (art.151, IV e V, CTN) Todas as decisões judiciais em qualquer tipo de ação que suspenda a exigibilidade de crédito tributário terão natureza de tutela antecipada. Os fundamentos que autorizam o juiz a conceder cautelar ou a tutela antecipada são diferentes: o perigo na demora é idêntico em ambos; na cautelar se exige apenas o fumus boni iuris, sendo ele suficiente porque a cautelar não antecipa efeitos da decisão final, mas apenas cria um ambiente favorável para que a decisão final possa produzir os seus efeitos (exemplo: arresto de bens). Agora, imagine-se que o credor seja um aposentado da previdência que teve o seu benefício cassado deve ser antecipado o provimento final determinando-se o retorno do pagamento do benefício. Na antecipação não se fala somente em fumus boni iuris, mas é necessário prova inequívoca e verossimilhança das alegações. Marinoni explica isso da seguinte forma: toda vez que eu entrar com uma ação para anular o ato e quero liminarmente sustar os seus efeitos, eu peço é antecipação de tutela. Logo, na esfera tributária se há suspensão de exigibilidade de um crédito e no final do processo o que se pretende é a sua extinção, o que se busca é, antecipadamente, parte dos efeitos da provisão final, sendo caso típico de antecipação de tutela.
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