: AÇÃO ORDINÁRIA/TRIBUTÁRIA DO BRASIL - ANABB : UNIÃO (FAZENDA NACIONAL)
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- Diogo Campos de Sequeira
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1 DECISÃO : Nº - A/2010 CLASSE : AÇÃO ORDINÁRIA/TRIBUTÁRIA PROCESSO : Nº AUTORA : ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL - ANABB RÉ JUÍZO: : UNIÃO (FAZENDA NACIONAL) : 6ª VARA - DF Trata-se de pedido de antecipação dos efeitos da tutela em ação ordinária ajuizada pela ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL - ANABB em face da UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL), objetivando que seja suspensa a exigibilidade do crédito tributário referente ao imposto de renda incidente sobre complementação de aposentadoria feita pela PREVI, na proporção cujo ônus seja de seus associados (1/3 do montante recolhido), conforme determina o art. 33 da Lei 9.250/1995, bem como determinado o depósito judicial das quantias retidas a este título. A Autora afirma que a incidência do referido imposto sobre parte Pág. 1/6
2 do benefício recebido por seus associados caracteriza bitributação ou pagamento indevido, ensejando-lhes a restituição daqueles valores pagos indevidamente. Acrescenta, ainda, que a fruição do benefício de complementação de aposentadoria por seus associados não representa acréscimo patrimonial por ser poupança constituída ao longo do tempo. Instruem a inicial os documentos de fls Custas recolhidas (fls. 93 e 99). É o breve relatório. Decido. A lei exige, para a concessão da pretendida medida antecipatória, a presença simultânea de dois requisitos, a saber: a) prova inequívoca aliada à verossimilhança da alegação (fumus boni juris) e b) fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (periculum in mora) (CPC, art. 273, caput, I). Tais requisitos são, pois, cumulativos e concomitantes, de modo que ante a ausência de qualquer deles não se legitima a concessão da medida vindicada. Neste exame de cognição sumária, verifico a presença desses dois requisitos, uma vez que não há falar em aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de provento de qualquer natureza no resgate de contribuições efetuadas à entidade de previdência privada quando o imposto já foi recolhido no momento da contribuição. Com efeito, admitida tal situação, estaria configurado o chamado bis in idem, ou seja, o contribuinte estaria sujeito ao pagamento do imposto tanto no ato da contribuição como no seu respectivo resgate. Pág. 2/6
3 Ocorre que, na sistemática da legislação tributária anterior, os participantes de planos de previdência privada estavam sujeitos à retenção do imposto de renda quando contribuíam para o fundo privado de aposentadoria ou pensão, já que o valor respectivo era considerado como renda auferida, sendo que, no momento de seu resgate, beneficiavam-se com a isenção correspondente. Mudando as regras então vigentes, foi editada a Lei 9.250/1995, tendo a norma constante de seu art. 33 invertido a situação anterior, ou seja, desconsiderado como renda para fins do imposto devido, o valor das contribuições passou a estar isento do recolhimento na fonte. Porém, ao resgatá-las, o aposentado ou pensionista se sujeita à imposição tributária, devendo pagar o imposto correspondente à renda percebida da instituição de previdência privada. Assim, com o fim de se evitar dupla tributação, em relação às contribuições vertidas ao plano de previdência durante o período de 1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1995, não há falar em nova incidência no momento de seu resgate, seja em razão do desligamento do referido plano, seja em razão do recebimento de benefício. Nesse sentido, tem se posicionado a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, como entremostra ementa que segue: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. ISENÇÃO. LEI Nº 7.713/88. VIGÊNCIA. LIMITE. LEI Nº 9.250/95. MATÉRIA PACIFICADA. SÚMULA Nº 168/STJ. 1. Tratando-se de resgate ou recebimento de benefício da Previdência Privada, observa-se o momento em que foi recolhida a contribuição: se durante a vigência da Lei nº 7.713/88, não incide o Imposto de Renda por ocasião do resgate ou do recebimento do benefício (porque já recolhido na fonte pelo Pág. 3/6
4 participante); se após o advento da Lei nº 9.250/95, é devida a exigência (porque não recolhido na fonte). 2. A Primeira Seção, ao fundamento de que a complementação de aposentadoria paga pelas entidades de previdência privada é constituída, em parte, pelas contribuições efetuadas pelo beneficiário, afastou a tributação pelo IRPF até o limite do imposto recolhido sobre as contribuições por ele custeadas no período em que vigorou a Lei nº 7.713/88. EREsp DF, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, j Questão pacificada. 3. Embargos de divergência improvidos. (S1, ERESP nº , Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ ). A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, inclusive, por unanimidade, seguindo os trâmites da Lei /2008, que estabelece o procedimento para o julgamento dos recursos repetitivos, decidiu, nos autos do Resp /RJ, ser indevida a cobrança de imposto de renda sobre valores de complementação de aposentadoria e de resgate de contribuição correspondente para entidade de previdência privada. Assim, é de se deferir o depósito judicial, nos termos do art. 151, II, do CTN, como, aliás, vem se posicionando a jurisprudência, da qual destaco o seguinte julgado: IMPOSTO DE RENDA. APOSENTADORIA COMPLEMENTAR. BENEFÍCIOS PAGOS POR ENTIDADE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA DO IR. DEPÓSITO. POSSILIDADE. O inciso II do art. 151 do CTN garante ao sujeito passivo da obrigação tributária o direito de suspender sua exigibilidade Pág. 4/6
5 através do depósito do respectivo montante. Essa garantia não pode ser frustrada pelo legislador ordinário por meio de mero mecanismo de arrecadação, como é o desconto do tributo na fonte. Dessarte, é cabível o depósito judicial do valor do imposto de renda incidente sobre a verba de complementação de proventos, pois se apresenta como a medida menos gravosa às partes, evitando a sujeição do contribuinte à sistemática dos precatórios no caso do tributo ser considerado inexigível ou possibilitando a imediata conversão das quantias depositadas em renda da União caso esta seja vencedora na demanda.(trf 4ª Região, Relatora Juíza Luciane Amaral Corrêa Münch, D. E. de ) Diante do exposto, DEFIRO O PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA suspender a exigibilidade do imposto de renda incidente sobre a complementação de aposentadoria, referente às contribuições realizadas pelos associados da Autora (um terço do montante recolhido), no período de 1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1995, determinando à PREVI que efetue o depósito judicial dos respectivos valores. Recebo a petição de fls. 98 como emenda à petição inicial. Cite-se. P.I. Brasília/DF, de maio de IVANI SILVA DA LUZ Juíza Federal Titular da 6ª Vara/SJDF Pág. 5/6
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