COMARCA DE PORTO ALEGRE 6ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA 1º JUIZADO PROCESSO Nº 001/ NATUREZA: IMPETRANTE: IMPETRADO:

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1 COMARCA DE PORTO ALEGRE 6ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA 1º JUIZADO PROCESSO Nº 001/ NATUREZA: IMPETRANTE: IMPETRADO: MANDADO DE SEGURANÇA NOVA PACK EMBALAGENS LTDA. DIRETOR DO DEPARTAMENTO DA RECEITA PÚBLICA ESTADUAL JUÍZA PROLATORA: GISELE ANNE VIEIRA DE AZAMBUJA DATA: Vistos, etc. NOVA PACK EMBALAGENS LTDA., qualificada na inicial, impetrou Mandado de Segurança contra o DIRETOR DO DEPARTAMENTO DA RECEITA PÚBLICA ESTADUAL. Narrou ser contribuinte de ICMS, estando pendente de análise pedido administrativo de compensação do débito referente a março de 2010 com crédito de precatório que alega possuir. Disse que apesar da oferta na via administrativa a autoridade fazendária não lhe concede os devidos efeitos legais, na forma do art. 206 do CTN. Citou legislação, a fim de comprovar que a consulta pendente suspende a exigibilidade do crédito tributário, autorizando a expedição de certidão positiva com efeitos de negativa. Referiu que se a exigibilidade do crédito tributário está suspensa, não pode ser incluída na lista de devedores. Requereu, liminarmente, a suspensão da exigibilidade do seu crédito tributário em função do oferecimento de precatório na via administrativa, até o julgamento definitivo do processo número /10-0, com a expedição de CEPEN relativamente a este débito. Ao final, a concessão da segurança. Acostou documentos na fl. 29 e seguintes. A liminar foi deferida na fl. 64 e verso.

2 O impetrado prestou as informações na fl. 71 e seguintes. Disse que a impetrante possui débitos junto ao fisco estadual, perfazendo o total de R$ , 45, os quais se encontram em fase de cobrança administrativa. Referiu que a matéria não diz respeito às hipóteses de recurso voluntário. Afirmou que há carência de ação e dissertou sobre a impossibilidade de compensação com precatórios. O Ministério Público ofereceu parecer nas fls. 89/91 opinando pela concessão da segurança. Relatado. Decido. Trata-se de mandado de segurança no qual a impetrante pretende a suspensão da exigibilidade do crédito tributário que está sendo discutido em processo administrativo ainda não julgado. Concede-se Mandado de Segurança se líquido e certo for o direito do impetrante (art. 1º da Lei nº /09), e essas liquidez e certeza supõe uma preterição, pela autoridade, de um dever que lhe tenha sido imposto por uma prescrição normativa. Consoante ensinamento de Castro Nunes, "o ato contra o qual se requer mandado de segurança terá de ser manifestamente inconstitucional ou ilegal para que se autorize a concessão da medida. Se a ilegalidade ou inconstitucionalidade não se apresente aos olhos do juiz em termos inequívocos, patente não será a violação e, portanto, certo e incontestável não será o direito." (in Do Mandado de Segurança, 3a. ed., nº 83, p. 166). De ressaltar que a impetrante pleiteou compensação de créditos, administrativamente, matéria ainda não decidida definitivamente na via administrativa. Não se trata, pois, de pedido de compensação judicial e, porquanto, seus requisitos não serão analisados. Com efeito há suspensão da exigibilidade do crédito tributário que está sendo discutido em processo administrativo. Esta é a exegese do art. 151, III, do CTN e possui direito à certidão

3 positiva com efeitos de negativa, como dispõe o art. 206 do mesmo diploma legal. Por fim, na forma da Legislação Estadual lei 6.537/73 art. 65, e no art. 151, III, do CTN, há suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Nesse sentido: AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO SE SEGURANÇA. LIMINAR. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSULTA FORMULADA Á FISCALIZAÇÃO. Estando demonstrado não ter sido apreciada Consulta formulada à Fiscalização de Tributos Estaduais quanto à possibilidade de compensação do tributo devido pela impetrante, impõe-se a concessão de liminar, de modo a suspender a exigibilidade de pagamento do imposto. Exegese dos arts. 75 e 77 da Lei nº 6.537/73, Presença, na espécie, de direito líquido e certo a amparar a concessão da liminar. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº , Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Henrique Osvaldo Poeta Roenick, Julgado em 26/03/2008. Ainda: AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO TRIBUTÁRIO E FISCAL. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO TRIBUTO. CASSAÇÃO DO PARCELAMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA. O pedido de compensação junto ao fisco equipara-se à consulta e, por isso, suspende a exigibilidade do crédito tributário. Precedentes. No caso dos autos, todavia, não há prova de qual o motivo que ensejou a cassação do parcelamento.

4 Ademais, o pedido de compensação foi feito com créditos oriundos de precatórios do IPERGS, não sendo, pois, do mesmo ente tributante, o que retira a liquidez e a certeza dos créditos e torna inviável a compensação. AGRAVO DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº , Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Adão Sérgio do Nascimento Cassiano, Julgado em 07/06/2006). Os documentos acostados comprovam a existência de processo administrativo sem julgamento definitivo. Deste modo, é devida a suspensão da exigibilidade do crédito tributário enquanto ausente análise transitada em julgado da consulta apresentada. Ainda, a impetrante merece ser excluída da lista de devedores do fisco caso a sua inclusão tenha se dado em face ao imposto que aqui teve a sua exigibilidade suspensa. Nesse sentido, é a jurisprudência: "APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO TRIBUTÁRIO E FISCAL. MANDADO DE SEGURANÇA. LISTA DE DEVEDORES QUE TENHAM CRÉDITO TRIBUTÁRIO INSCRITO COMO DÍVIDA ATIVA. DIVULGAÇÃO. ART. 13, DA LEI ESTADUAL Nº 6.537/73, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI N /04. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. ILEGALIDADE DA MEDIDA. É ilegal a anotação do nome de contribuinte em lista de devedores do fisco estadual no caso de o crédito tributário estar com sua exigibilidade suspensa. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação e Reexame Necessário Nº , Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Arno Werlang, Julgado em 06/08/2008)". Do exposto, CONCEDO A SEGURANÇA, para suspender a exigibilidade do crédito tributário e autorizar a concessão de

5 certidão positiva com efeito de negativa até que seja julgado em definitivo o pedido administrativo existente e devidamente comprovado nos autos /10-0. Determino, ainda, que se oficie à SEFAZ determinando a exclusão da impetrante da lista de devedores do fisco caso a inclusão tenha se dado com fundamento no débito de competência do mês de março de Custas pelo Estado. Sem condenação em honorários na forma da Súmula 105 do STJ e 515 do STF. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Porto Alegre, 19 de julho de GISELE ANNE VIEIRA DE AZAMBUJA, Juíza de Direito.