Documento assinado digitalmente, conforme MP n /2001, Lei n /2006 e Resolução n. 09/2008, do TJPR/OE. Página 1 de 6

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1 Certificado digitalmente por: JOSE JOAQUIM GUIMARAES DA COSTA REEXAME NECESSÁRIO N.º DA COMARCA DE PALOTINA VARA CÍVEL, DA FAZENDA PÚBLICA, ACIDENTES DO TRABALHO, REGISTROS PÚBLICOS E CORREGEDORIA DO FORO EXTRAJUDICIAL, JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA REMETENTE: JUIZ DE DIREITO IMPETRANTE: JEFFERSON LUIZ CAVALER AUTORIDADE COATORA: COORDENADOR DE TRIBUTAÇÃO DA PREFEITURA MUNICIPAL DO MUNICÍPIO DE PALOTINA RELATOR: DES. J. J. GUIMARÃES DA COSTA REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS (ITBI). BASE DE CÁLCULO. VALOR DO TERRENO ADQUIRIDO. ARTIGO 38 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. TRIBUTO NÃO INCIDE SOBRE A CONSTRUÇÃO A SER REALIZADA PELO ADQUIRENTE. INTELIGÊNCIA DAS SÚMULAS 110 E 470 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ALÍQUOTA APLICADA CORRETAMENTE. RECURSOS DE FINANCIAMENTO PELA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. UTILIZAÇÃO DE RECURSOS PRÓPRIOS DO COMPRADOR. SENTENÇA MANTIDA EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO. VISTOS, relatados e discutidos estes autos de reexame necessário n.º , provenientes da Vara Cível, da Fazenda Pública, Acidentes do Trabalho, Registros Públicos e Corregedoria do Foro Extrajudicial, Juizado Especial Cível e Juizado Especial da Fazenda Pública da Comarca de Palotina, em que figuram como impetrante Jefferson Luiz Página 1 de 6

Cavaler e autoridade coatora o Coordenador de Tributação da Prefeitura Municipal do Município de Palotina/PR. RELATÓRIO Trata-se de reexame necessário frente à r. sentença (mov. 24.1), datada de 12.

2 Cavaler e autoridade coatora o Coordenador de Tributação da Prefeitura Municipal do Município de Palotina/PR. RELATÓRIO Trata-se de reexame necessário frente à r. sentença (mov. 24.1), datada de , em que, nos autos n.º , de mandado de segurança impetrado por Jefferson Luiz Cavaler, indicando como autoridade coatora o Coordenador de Tributação da Prefeitura Municipal do Município de Palotina/PR, foi concedida a ordem pleiteada, in verbis: Face ao exposto e considerando o mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado na inicial e CONCEDO A SEGURANÇA, autorizando a transferência do imóvel pagando-se somente o imposto devido sobre o imóvel existente, no presente caso o terreno, restando, a impetrada, impedida de aplicar penalidades aos impetrantes pelo não recolhimento do ITBI sobre a construção futura, confirmando os termos da liminar dantes deferida. Condeno o impetrado ao pagamento das custas e despesas processuais, deixando de arbitrar honorários advocatícios por incabíveis na presente (art. 25 da Lei nº /2009). Não houve interposição de apelação voluntária pelas partes. Remessa dos autos por força de reexame necessário. Nesta instância, a Procuradoria Geral de Justiça, em parecer de fls. 10/17-TJ, manifesta-se pela manutenção da sentença. conclusão. Cumpridas as formalidades legais, vieram-me os autos à VOTO Página 2 de 6

3 É imperioso o conhecimento da remessa necessária, pois nos termos do 1º do artigo 14 da Lei 12016/2009, concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. Em detida análise do caderno processual, infere-se que merece prevalecer a sentença em reexame necessário. Vejamos. Depreende-se que Jefferson Luiz Cavaler impetrou mandado de segurança contra ato praticado pelo Município de Palotina, na pessoa do Coordenador de Tributação da Prefeitura Municipal de Palotina, no qual alega ter adquirido um terreno sem benfeitorias, no valor de R$ ,00 (trinta e nove mil reais) e o valor restante com financiamento obtido junto à Caixa Econômica Federal, com previsão de futura construção no importe de R$ ,67 (cinquenta mil, quatrocentos e setenta e sete reais e sessenta e sete centavos), totalizando o valor financiado em R$ ,67 (oitenta e nove mil, quatrocentos e setenta e sete reais e sessenta e sete centavos). Sustenta o impetrante que, ao encaminhar a documentação para a emissão da guia de recolhimento do ITBI, foi surpreendido com a tributação também sobre o valor da futura construção, nas alíquotas de 2% (dois por cento) sobre os recursos próprios, em inobservância ao artigo 48, inciso I do Código Tributário Municipal e 1% (um por cento) sobre o financiamento concedido para compra do terreno e construção do imóvel pelo programa denominado Minha Casa Minha Vida. Pondera que, nos termos do disposto no artigo 156, II, 2º da Constituição Federal e na legislação municipal, a futura edificação a ser construída sobre o terreno objeto de compra e venda não está incluída nas hipóteses de incidência do ITBI. Colaciona precedentes em abono à sua tese, mencionando a inteligência das Súmulas 110 e 470 do Supremo Tribunal Federal. Página 3 de 6

4 A liminar foi deferida por meio da decisão de mov. 24.1, para o fim de ser expedida a guia de ITBI apenas sobre o valor de R$ ,00 (trinta e nove mil reais), com alíquota incidente de 1% (um por cento), considerando que todo o valor do terreno é objeto de financiamento. Pois bem. Em detida análise dos autos, infere-se que a decisão monocrática revela-se escorreita, diante da correta e adequada subsunção dos fatos às normas. Com efeito, como bem fundamentou o sentenciante, verbis (fls. 75/76-TJ): "Assim, na hipótese em apreço, de rigor a incidência do ITBI tão somente sobre o valor destinado à aquisição do terreno, qual seja, de R$ ,00 (trinta e nove mil reais), excluindo-se eventual valor destinado a edificação futura. Outrossim, o Código Tributário Municipal prevê as alíquotas de ITBI incidentes, quais sejam: Art. 48. O imposto será calculado pela aplicação das seguintes alíquotas: I 1,0% (um por cento) nas aquisições de casa própria financiada pelo Sistema Financeiro da Habitação e nas cessões de direitos de usufruto; (alterado pelo Art. 1º da Lei Complementar nº 101/2009). II 2,0% (dois por cento) nas demais transmissões inter-vivos. Parágrafo único. A alíquota referida no inciso I aplicar-se-á somente sobre o montante financiado, sobre o valor não financiado incidirá sempre a alíquota do inciso II. Desta feita, considerando que o contrato prevê expressamente que todo o valor do terreno é objeto de financiamento (item B, 5, página 2), de rigor a incidência do terreno é objeto de financiamento da alíquota de 1% (um por cento) sobre tal valor. Página 4 de 6

5 Comprovada, portanto, ser indevida a aplicação de alíquota de 2%, merece ser concedida a segurança à parte impetrante. Com efeito, em virtude da ausência de benfeitorias quando da formulação do contrato, o ITBI deverá ter como base de cálculo o valor venal do terreno, nos termos do art. 38 do Código Tributário Nacional, que dispõe: "Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos." Por sua vez, o Código Tributário do Município de Palotina (LC nº 81/2006 com alterações posteriores), prevê: "Art. 45. A base de cálculo do imposto é o valor do imóvel ou dos bens ou direitos transmitidos, apurado na data do efetivo recolhimento do tributo. Insta salientar a existência de duas súmulas do Supremo Tribunal Federal, sobre o assunto em questão: apontado: "Súmula 110. O imposto de Transmissão Inter Vivos não incide sobre a construção, ou parte dela, realizada pelo adquirente, mas sobre o que tiver sido construído ao tempo da alienação do terreno. Súmula 470. O Imposto de Transmissão Inter Vivos não incide sobre a construção, ou parte dela, realizada, inequivocamente, pelo promitente comprador, mas sobre o valor do que tiver sido construído antes da promessa de venda." Nas adequações da lei ao caso concreto, o norte é Página 5 de 6

6 REEXAME NECESSÁRIO - MANDADO DE SEGURANÇA - IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS E DE DIREITOS A ELES RELATIVOS (ITBI) - BASE DE CÁLCULO - ARTIGO 38, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL - IMPOSTO QUE NÃO INCIDE SOBRE A CONSTRUÇÃO A SER REALIZADA PELO ADQUIRENTE - INTELIGÊNCIA DAS SÚMULAS 110 E 470 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - PRECEDENTE DESTA CÂMARA - SENTENÇA MANTIDA EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO" (TJPR - 1ª C.Cível - RN Palotina - Rel.: Guilherme Luiz Gomes - Unânime - - J ). Prevalece, portanto, a decisão hostilizada que declarou a ilegalidade do ato impugnado. Destarte, voto pela manutenção da sentença em sede de reexame necessário. DISPOSITIVO ACORDAM os Desembargadores integrantes da Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em manter a sentença em sede de reexame necessário, nos termos do voto do relator. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Desembargador Stewalt Camargo Filho e a Juíza Substituto em Segundo Grau Angela Maria Machado Costa. Curitiba, 18 de abril de J. J. Guimarães da Costa Desembargador Relator Página 6 de 6

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