Vistos, relatados e discutidos estes autos de apelação cível nº , em que é apelante o Município de Cantagalo e apelado Sílvio José Vieira.

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1 Assinatura do autor por FABIO ANDRE SANTOS MUNIZ:9328 Validade desconhecida APELAÇÃO CÍVEL Nº DO JUÍZO ÚNICO DA COMARCA DE CANTAGALO. APELANTE: Município de Virmond. APELADO: Sílvio José Vieira. RELATOR: Fábio André Santos Muniz em Substituição ao Desembargador Eduardo Casagrande Sarrão. APELAÇÃO CÍVEL. TRIBUTÁRIO. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER. BASE DE CÁLCULO DO ITBI EM CASO DE LEILÃO PARTICULAR. ENTENDIMENTO DO STJ DO VALOR DA ARREMATAÇÃO NOS CASOS DE ALIENAÇÃO JUDICIAL. SITUAÇÃO QUE NÃO SE AMOLDA AO PRESENTE CASO. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA DAS EXCEÇÕES. LEILÃO EXTRAJUDICIAL. BASE DE CÁLCULO DO ITBI. VALOR VENAL. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de apelação cível nº , em que é apelante o Município de Cantagalo e apelado Sílvio José Vieira. I. Trata-se de recurso de apelação cível interposto contra sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados pelo autor, para que no caso fosse aplicado como base de cálculo o valor da Página 1 de 6

2 2 arrematação para o cálculo do ITBI, diante da arrematação extrajudicial. Município de Virmond alega, em síntese, que em se tratando de bens imóveis arrematados em hasta pública, ou seja, em leilões judiciais, a base de cálculo é o valor venal, pois a alienação ocorrida em leilão extrajudicial não passa de uma compra e venda. É o relatório. II. Cinge-se a controvérsia acerca da base de cálculo para o ITBI no caso de arrematação por leilão extrajudicial. O Código Tributário Nacional prevê como base de cálculo nos casos de transmissão de bens imóveis o valor venal do bem, in verbis: Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos. De igual maneira dispõe o Código Tributário Municipal de Virmond, no art. 209 A base de cálculo do imposto é o valor venal dos imóveis e dos bens ou direitos transmitidos, apurado na data do efetivo recolhimento do tributo. Nos termos da jurisprudência do STJ nas hipóteses de alienação judicial do imóvel, seu valor venal corresponde ao valor pelo qual foi arrematado em hasta pública, inclusive para fins de cálculo do ITBI. Confirase: Página 2 de 6

3 3 PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO RECURSO ESPECIAL. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA DESCONSTITUIR A DECISÃO ATACADA. IMÓVEL OBJETO DE ALIENAÇÃO JUDICIAL. BASE DE CÁLCULO DO ITBI. VALOR DA ARREMATAÇÃO. I - o valor venal do imóvel para efeito de definição da base de cálculo do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis - ITBI, no caso de alienação judicial, é o montante alcançado em hasta pública. II - O Agravante não apresenta, no regimental, argumentos suficientes para desconstituir a decisão agravada. III - Agravo Regimental improvido. (AgRg no AREsp /MG, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/09/2015, DJe 23/09/2015 grifou-se) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ITBI. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO A DISPOSITIVO DE NORMA LOCAL. SÚMULA 280/STF. ARREMATAÇÃO JUDICIAL. BASE DE CÁLCULO. VALOR DA ARREMATAÇÃO E NÃO DO VALOR VENAL. PRECEDENTES. 1. A pretensão recursal que implica interpretação de norma local é insuscetível de análise em sede de recurso especial, nos termos da Súmula n. 280/STF. 2. A jurisprudência desta Corte Superior firmou entendimento no sentido de que, nas hipóteses de alienação judicial do imóvel, seu valor venal corresponde ao valor pelo qual foi arrematado em hasta pública, inclusive para fins de cálculo do ITBI. Precedentes: AgRg no AREsp /PR, Rel. Ministro Sérgio kukina, Primeira Turma, DJe 13/3/2015; AgRg no AREsp /MG, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, DJe 23/9/2015; AgRg no AREsp /RS, Rel. Página 3 de 6

4 4 Ministra Diva Malerbi (Desembargadora Convocada TRF 3ª Região), Segunda Turma, DJe 17/12/2015; AgRg no AREsp /MG, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe 16/3/ Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp /SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/03/2016, DJe 29/03/2016) No presente caso o apelado adquiriu o imóvel em leilão particular realizado pelo proprietário Banco Bradesco (mov. 1.4 e 1.11). Verifica-se, portanto, a natureza jurídica de compra e venda e não de alienação judicial. O entendimento do STJ de utilizar o valor da arrematação como base de cálculo para o ITBI ocorre nos casos de alienação judicial, e por se tratar de uma exceção ao disposto no CTN, deve ser interpretada restritivamente. Confira-se: Excepcional, interpretável de modo estrito. Estribase a regra numa razão geral, a exceção, numa particular; aquela baseia-se mais na justiça, esta, na utilidade social, local, ou particular. As duas proposições devem abranger coisas da mesma natureza; a que mais abarca, há de constituir a regra; a outra, a exceção. Se os dois campos têm amplitude relativamente igual, se um envolve tantos casos como o outro, conclui-se haver duas regras, e nenhuma exceção. O Código Civil explicitamente consolidou o preceito clássico Exceptiones sunt strictissimoe interprelationis ( interpretam-se as Página 4 de 6

5 5 exceções estritissimamente ) no art. 6º da antiga Introdução, assim concebido: A lei que abre exceção a regras gerais, ou restringe direitos, só abrange os casos que especifica.. MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 183 Diante da interpretação restritiva das exceções, o entendimento do STJ não pode ser estendido, no presente caso, pois a alienação por meio de leilão particular, não se equipara a alienação judicial. Sendo assim, voto no sentido de dar provimento ao recurso de apelação, para reformar a sentença e definir que a base de cálculo do ITBI seja o valor venal do imóvel adquirido pelo autor em leilão particular. III. Pelo exposto, acordam os Magistrados Integrantes da Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso de apelação. Página 5 de 6

6 Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores MARCOS SERGIO GALLIANO DAROS, Presidente com voto, Juiz OSVALDO NALLIM DUARTE. Curitiba, 7 de Fevereiro de 2017 Juíz Substituto em 2o Grau FABIO ANDRÉ SANTOS MUNIZ Página 6 de 6