PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

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1 fls. 1 ACÓRDÃO Registro: Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de Santos, em que são apelantes FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO e TÂNIA CRISTINA IGEPI PEREIRA, é apelado MARINETE CORREIA DA SILVA (JUSTIÇA GRATUITA). ACORDAM, em 7ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores COIMBRA SCHMIDT (Presidente sem voto), EDUARDO GOUVÊA E LUIZ SERGIO FERNANDES DE SOUZA. São Paulo, 14 de março de Magalhães Coelho RELATOR Assinatura Eletrônica

2 fls. 2 Voto n Apelação Cível nº de Santos Apelante: Fazenda do Estado de São Paulo Apelada: Marinete Correia da Silva Comarca AÇÃO ORDINÁRIA Ação de obrigação de fazer consistente na transferência de veículo ao adquirente Comprovação da alienação do veículo mediante o Termo de Comparecimento, lavrado pelo antigo proprietário no competente Livro de Reconhecimento de Firma Autêntica em Registro Civil e Tabelionato de Notas Documento dotado de fé pública Ato administrativo que goza de presunção de legitimidade, coercitibilidade e autoexecutoriedade Sentença de procedência Recurso fazendário não provido. Vistos, etc. I. Trata-se de ação de obrigação de fazer ajuizada por Marinete Correia da Silva em face da Fazenda do Estado de São Paulo e Tânia Cristina Igepi Pereira, objetivando a efetiva transferência de veículo automotor e a dívida advinda deste para o seu nome, suspendendo seu nome no CADIN e demais multas. II. O pedido foi julgado procedente para o fim de determinar à exclusão do nome da requerente do CADIN, e se abstenha de fazê-lo novamente e que o Apelação nº Voto nº

3 fls. 3 DETRAN transfira a propriedade do veículo descrito na inicial, bem como a pontuação referente ao mesmo, do nome da autora para a requerida Tânia Cristina Igepi Pereira. Isento de custas. Sucumbente, arcarão os requeridos com as despesas processuais, e como honorários advocatícios fixados em R$800,00 (oitocentos reais), com base no art. 20, 4, do CPC. III. Inconformada, a Fazenda do Estado interpôs recurso de apelação, pugnando pela reforma da sentença. IV. Foram apresentadas contrarrazões. É o relatório. Trata-se de recurso de apelação interposto pela Fazenda do Estado, nos autos de ação de obrigação de fazer cujo pedido foi julgado procedente na origem, na qual a autora objetivava a efetiva transferência de veículo automotor e a dívida advinda deste para o seu nome, suspendendo seu nome no CADIN e demais multas. Em suas razões recursais, a Fazenda Estadual aduz que as normas são claras em atribuir ao Apelação nº Voto nº

4 fls. 4 antigo tributário a responsabilidade pela comunicação da transferência do veículo ao órgão competente. Requer subsidiariamente a redução do valor dos honorários advocatícios, em montante compatível como o valor da causa. O recurso não merece provimento. Com efeito, a autora comprovou com documentos acostados nos autos (fls ) que vendeu o veículo automotor da marca Ford, modelo Fiesta 1.0, placa CKZ 8603, e chassi 9BFZZZFHAVB173862, tendo sida realizada a transação regularmente, juntamente com a tradição do bem. Outrossim, observa-se ainda, que entre os documentos presentes nos autos, há Termo de Comparecimento e Reconhecimento firmado pela antiga proprietária, e pela compradora do veículo junto ao competente Tabelionato de Notas, da Comarca de Santos. Tal documento, dotado de fé pública, foi assinado e autenticado por ambas. Desse modo, comprovase inequivocamente a transferência da posse e domínio do veículo à requerida, Tânia Cristina Igepi Pereira. Apelação nº Voto nº

5 fls. 5 Veja-se, ademais, que o Código de Trânsito Brasileiro preconiza que o alienante e o alienado a responder solidariamente pelas penalidades impostas, a cessar apenas quando da comunicação da transferência: "Art No caso de transferência de propriedade, o proprietário antigo deverá encaminhar ao órgão executivo de trânsito do Estado dentro de um prazo de trinta dias, cópia autenticada do comprovante de transferência de propriedade, devidamente assinado e datado, sob pena de ter que se responsabilizar solidariamente pelas penalidades impostas e suas reincidências até a data da comunicação" No entanto, a apelada não tinha conhecimento que o veículo continuava em seu nome, e tentou proceder o bloqueio por falta de transferência junto ao órgão competente, tendo seu pedido sido indeferido. Incabível, pois, o argumento de responsabilidade solidária, quando há documentos que gozam da presunção de legitimidade, coercitibilidade e auto-executoriedade. Apelação nº Voto nº

6 fls. 6 Portanto, tal como observou o juízo de primeiro grau diante do documento público de fls. 22, comprovando a alienação do veículo, deve-se retirar o nome da apelada do CADIN, já que não tem a posse do veículo desde Para eventual efeito, considera-se prequestionada toda a matéria infraconstitucional e constitucional deduzida no recurso, observando-se que é pacífica a desnecessidade de menção expressa de todos os dispositivos, bem como manifestação expressa acerca de todos os argumentos invocados pelas partes, e sim somente daqueles que julgar pertinentes para lastrear a decisão. Ademais, a oposição de embargos de declaração só é cabível, ainda que para fins de prequestionamento, quando a decisão estiver eivada de algum dos vícios que ensejariam a oposição dessa espécie recursal (STJ, EDcl no RMS nº /SP, Quinta Turma, Relator Min. Felix Fischer, j. em ). Daí o porquê, nega-se provimento ao recurso, mantendo a decisão de origem em sua Apelação nº Voto nº

7 fls. 7 integralidade. MAGALHÃES COELHO Relator Apelação nº Voto nº