CONCLUSÃO Em 14 de agosto de 2017, faço estes autos conclusos ao Dr. LEONARDO FERNANDO DE SOUZA ALMEIDA, Juiz de Direito Auxiliar.

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1 fls. 170 CONCLUSÃO Em 14 de agosto de 2017, faço estes autos conclusos ao Dr. LEONARDO FERNANDO DE SOUZA ALMEIDA, Juiz de Direito Auxiliar. SENTENÇA Processo Digital nº: Classe - Assunto Mandado de Segurança Coletivo - Transporte Terrestre Requerente: Sindhosp - Sindicato dos Hospitais Clinicas Casa de Saúde Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas do Estado de SP Requerido: Prefeito Municipal de São Bernardo do Campo Juiz de Direito: Dr. Leonardo Fernando de Souza Almeida Vistos. SINDHOSP SINDICATO DOS HOSPITAIS, CLÍNICAS, CASAS DE SAÚDE, LABORATÓRIOS DE PESQUISAS E ANÁLISES CLÍNICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO impetra o presente Mandado de Segurança contra ato do PREFEITO MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO DO CAMPO, ambos qualificados nos autos. Alegou, em resumo, que em 22 de fevereiro de 2017, a autoridade coatora expediu o Decreto nº , alterando o valor da tarifa de transporte urbano da Municipalidade exclusivamente em relação ao benefício do vale-transporte previsto na Lei Federal nº 7.418/85. Defendeu que a diferenciação das tarifas ofende a Lei Federal nº 7.418/85 e faz distinção ilegal de preço e de tratamento entre usuários pagantes do transporte público e usuários que se utilizam de vale-transporte, o que também viola o princípio da isonomia. Assim requereu a concessão da segurança para declarar a ilegalidade do ato coator (fls. 01/13). A inicial veio acompanhada de procuração e documentos (fls. 14/48). A liminar foi indeferida (fls. 52). A autoridade impetrada apresentou informações, sustentando, preliminarmente, a inadequação da via mandamental. No mérito, suscitou, em síntese, a possibilidade de fixação de valores diferenciados de tarifas no transporte público urbano e a constitucionalidade do ato impugnado (fls.54/65). Documentos às fls.66/159. O Ministério Público manifestou não ter interesse no feito (fls.162/163) lauda 1

2 fls. 171 Manifestação da Municipalidade às fls. 165/169. É o relatório. FUNDAMENTO E DECIDO. Primeiramente, não há que se falar em inadequação da via eleita, pois o mandado de segurança poderá ser impetrado para atacar atos normativos de efeitos concretos como no caso dos autos. Rejeito, pois, referida preliminar e passo a analisar o mérito. A segurança deve ser concedida. A questão posta refere-se à incompatibilidade de decreto municipal com a legislação federal, na medida em que aquele traz distinção não efetivada pela lei federal. O artigo 5 da Lei nº 7.418/85 é suficientemente claro ao estabelecer que: A empresa operadora do sistema de transporte coletivo público fica obrigada a emitir e a comercializar o Vale-Transporte, ao preço da tarifa vigente, colocando-o à disposição dos empregadores em geral e assumindo os custos dessa obrigação, sem repassá-los para a tarifa dos serviços. Verifica-se, assim, que a alteração promovida pelo Decreto Municipal nº /2017 acabou por instituir diferenciação tarifária entre os adquirentes de vale-transporte e os demais usuários do transporte coletivo, em afronta à isonomia, na medida em que a prestação, independentemente da qualidade do usuário, é a mesma. Com efeito, no caso dos autos a autoridade coatora instituiu valores diversos em contraprestação ao mesmo serviço, atribuindo maior despesa para os usuários do vale transporte (R$ 4,50 X R$ 4,20), o que não pode ser admitido. Com efeito, não há justificativa idônea para atribuir a determinado grupo de usuários encargo superior aos demais em relação ao custeio do serviço de transporte público coletivo municipal. Os beneficiados com essa medida, que são indeterminados, não necessariamente são hipossuficientes ou se encontram em situação de vulnerabilidade, o que, de forma concreta, poderia justificar redução do encargo a todos atribuido. Nesse sentido: "MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. Transporte público coletivo. Município de Santo André. Instituição de tarifa diferenciada para o vale-transporte. Decreto Municipal nº /15. Afronta ao princípio da isonomia e à Lei Federal nº lauda 2

3 fls /85. Precedentes. Ordem concedida. Sentença mantida. Recurso voluntário e reexame necessário não providos" (TJSP, Apelação/Reexame Necessário n , Rel. Des. Heloísa Mimessi, j. em 02/08/2017). APELAÇÃO MANDADO DE SEGURANÇA VALE TRANSPORTE TARIFA DIFERENCIADA Pretensão em afastar a diferenciação de tarifa estabelecida pelo Decreto Municipal nº , de 17/07/2.015 Sentença concessiva da segurança Pleito de reforma da sentença Não cabimento PRELIMINAR Ausência do direito líquido Afastamento MÉRITO Diferenciação tarifária entre os usuários do vale transporte e usuários comuns, que não guarda correspondência com a Lei Federal nº 7.418, de 16/12/1.985 Ônus do reajuste de tarifas que não pode ser suportado pelos empregadores e beneficiários do vale transporte, em favorecimento da população que utiliza o serviço de transporte público no Município de Santo André Discriminação que não pode ser efetuada por decreto Descompasso com a lei e a jurisprudência do STJ Apelação não provida Reexame necessário provido em parte, apenas para afastar a condenação do apelante ao pagamento de custas/despesas processuais, salvo a restituição das eventualmente pagas pela apelada" (TJSP, Apelação/Reexame , Rel. Des. Kleber Leyser de Aquino, j. em 04/07/2017) MANDADO DE SEGURANÇA TARIFA DIFERENCIADA VALE-TRANSPORTE Impetrantes que buscam afastar a incidência do Decreto /15, editado pelo Município de Santo André, que alterou o art. 1º do Decreto Municipal nº /14 para acrescentar o 2º, o qual determina uma majoração do valor da tarifa de transporte coletivo urbano no Município de Santo André, a ser utilizado exclusivamente para o cálculo do benefício lauda 3

4 fls. 173 do vale-transporte - Segurança concedida - Decisão que deve subsistir - A majoração do valor da tarifa quando utilizado exclusivamente para o cálculo do benefício do vale-transporte, trazida pelo Decreto /15, ofende ao disposto na Lei Federal nº 7.418/85, que determina que o valor do vale-transporte deve corresponder ao valor da tarifa vigente - Ofensa ao princípio da isonomia, em razão da distinção de preço entre os usuários comuns do transporte público e aqueles que se utilizam do benefício previsto na Lei Federal nº 7.418/85 - Precedentes Eg. STJ Sentença mantida - Reexame necessário desacolhido e Recurso voluntário não provido (TJSP, Apelação/Reexame Necessário n , Rel. Des. Ponte Neto, j. em 08/03/2017). Portanto, ausente justificativa idônea para atribuir aos empregadores e beneficiários do vale transporte o custeio do serviço de transporte em montante superior ao suportado pelo público coletivo municipal, em flagrante ofensa ao princípio da isonomia, evidenciada está a violação ao direito líquido e certo do impetrante, sendo de rigor a concessão da segurança. Ressalte-se que o Decreto nº /2017, que alterou o Decreto nº /2017, continua trazendo a odiosa discriminação acima relatada, de modo que permanece evidente a sua incompatibilidade com o ordenamento jurídico. Assim, ante ao exposto, com fundamento no artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, CONCEDO A SEGURANÇA para decretar a ilegalidade da majoração da tarifa de transporte público com relação aos usuários de vale-transporte, prevista no 2º, do artigo 1º, do Decreto Municipal nº /2017 (e replicada na redação a ele dada pelo Decreto nº /2017), afastando a sua incidência à parte impetrante. Em razão da sucumbência, condeno a autoridade impetrada ao ressarcimento das custas e despesas processuais de comprovado desembolso pelo impetrante. 25, da Lei /2009. Não incidem honorários advocatícios em mandado de segurança, a teor do artigo lauda 4

5 fls. 174 Após o decurso do prazo para apresentação de recursos, remetam-se os autos ao E. Tribunal de Justiça para reexame necessário porque esta sentença está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório, nos termos do artigo 14, parágrafo primeiro, da Lei n /09. Oportunamente, arquivem-se os autos. P.R.I. São Bernardo do Campo, 15 de agosto de DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI /2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA lauda 5