APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE

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1 APELAÇÃO CÍVEL Nº , FORO REGIONAL DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA VARA DA FAZENDA PÚBLICA. Apelante: JOSUÉ RIBEIRO DOS SANTOS. Apelado: MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS. Relator Conv.: EDISON MACEDO FILHO (Em substituição ao Exmo. Des. Adalberto Jorge Xisto Pereira). Revisor: ROGÉRIO RIBAS. APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. LICITAÇÃO. CONCORRÊNCIA PÚBLICA. PERMISSÃO ONEROSA PARA A EXPLORAÇÃO DO SERVIÇO TRANSPORTE INDIVIDUAL DE PASSAGEIROS E BENS (TÁXI). AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DE CERTIDÃO DA JUSTIÇA FEDERAL CONFORME EXIGIDO PELO EDITAL DE ABERTURA DO CERTAME. DESCLASSIFICAÇÃO. ORDEM DENEGADA. AFIRMAÇÃO DE QUE A REGRA EDITALÍCIA NÃO É CLARA, APRESENTANDO DÚVIDA NA SUA Página 1 de 6

2 Apelação Cível nº INTERPRETAÇÃO. QUESTÃO QUE DEVERIA SER ESCLARECIDA PELO LICITANTE E NÃO SIMPLESMENTE DESCONSIDERADA. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO. REABERTURA DE PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO FALTANTE. INADMISSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. O princípio da vinculação ao edital restringe o próprio ato administrativo às regras editalícias, impondo a inabilitação da empresa que descumpriu as exigências estabelecidas no ato convocatório (STJ, 2.ª Turma, REsp. n.º /RS, Rel. Min. Herman Benjamin, j. em ). VISTOS, relatados e discutidos os presentes autos de Apelação Cível nº , oriundos da Vara da Fazenda Pública do Foro Regional de São José dos Pinhais da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, em que é Apelante JOSUÉ RIBEIRO DOS SANTOS e Apelado o MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS. Página 2 de 6

3 Apelação Cível nº Relatório Trata-se de recurso de Apelação Cível interposto contra sentença que, no Mandado de Segurança sob n.º , impetrado por JOSUÉ RIBEIRO DOS SANTOS, em face do MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS, denegou a segurança pleiteada. Consequentemente, condenou o Impetrante ao pagamento das custas judiciais. (fls. 233/237-CD). Inconformado, JOSUÉ RIBEIRO DOS SANTOS alega, em suas razões recursais, que: (a) apresentou toda a documentação exigida pelo edital de licitação, contudo, após a análise e aprovação da comissão julgadora, foi inabilitado sob o fundamento de que: Não apresentou certidão negativa de distribuição de feitos criminais da Justiça Federal ; (b) o item do edital de licitação solicitou certidão da Justiça Federal da Comarca onde reside o licitante; (c) ao solicitar a referida certidão no cartório de São José dos Pinhais, o Apelante foi informado de que não tem Justiça Federal na Comarca; (d) para uma pessoa leiga, comarca é a cidade do Apelante; (e) por fim, no mesmo item solicitava duas certidões, induzindo ainda mais em erro o licitante; (f) a sentença recorrida denegou a segurança pretendida pelo Apelante, e por consequência, não atende aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, pois, houve a comprovação da regularidade do Apelante perante a Municipalidade e (g) afora a constatação inequívoca de que o Apelante estava devidamente regular no momento da licitação perante o município, restou amplamente caracterizada a violação ao seu direito líquido e certo. Assim, requer o provimento do recurso para o efeito de reformar a sentença recorrida, concedendo a segurança para a participação do Apelante na concorrência pública dentro dos parâmetros da classificação (fls. 249/262-CD). O MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS, em suas contrarrazões, pugna pelo desprovimento do recurso (fls. 276/281-CD). Página 3 de 6

4 Apelação Cível nº A Douta Procuradoria Geral de Justiça manifestou-se às fls. 13/18-TJ/PR, por intermédio do ilustre Procurador Dr. Francisco Gmyrterco, pelo conhecimento e desprovimento do recurso. É, em síntese, o que se faz necessário relatar. Voto Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do presente recurso. Sem razão o Apelante, devendo a sentença recorrida ser mantida integralmente. Como cediço, nos termos do art. 3.º da Lei Federal n.º 8.666/1993, a licitação para permissão onerosa para a exploração do serviço transporte individual de passageiros e bens (táxi), deve atender ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório, o qual restringe o próprio ato administrativo às regras editalícias, impondo a inabilitação da empresa que descumpriu as exigências estabelecidas no ato convocatório (STJ, 2.ª Turma, REsp. n.º /RS, Rel. Min. Herman Benjamin, j. em ).. Assim, como bem destacou o ilustre sentenciante: Veja-se que o impetrante apresentou o documento em debate somente em sede de recurso administrativo (movimento 1.7, página 08), o qual demonstra que estaria em situação regular perante a Justiça Federal, cuja certidão foi emitida somente em , ao passo que a data limite para a entrega do rol de documentos exigidos no dito edital era (movimento 1.4, página 01). Tem-se, ainda, a Página 4 de 6

5 Apelação Cível nº admissão expressa do impetrante quanto ao seu entendimento de ser suficiente a apresentação de apenas uma certidão dos documentos exigidos no item do edital. Em verdade, o impetrante tentou suprir a falha juntando o documento extemporaneamente, porém, não se pode reconhecer que sua inabilitação atente contra a razoabilidade, pois, permitir a juntada extemporânea de documentos certamente ofende a isonomia entre os concorrentes, prejudicando aqueles que atenderam corretamente os termos do edital. Tem-se que o Edital de concurso não possui exigências inúteis, portanto, ao exigir a apresentação de Certidão Criminal da Justiça Federal e ao ser informado o Apelante pelo Cartório de São José dos Pinhais, conforme se alega, que na cidade não havia Justiça Federal, no mínimo, por questão de cautela, deveria o Apelante diligenciar junto à Comissão de Licitação sobre como proceder. Ao não proceder dessa forma, agiu sem dúvida de forma negligente. Ademais, permitir que apresente de forma extemporânea a certidão exigida, é ferir o princípio da isonomia, eis que os demais concorrentes o fizeram dentro do prazo previsto no edital. Diante disso, ausente o direito líquido e certo, deve ser mantida a sentença recorrida. mantendo-se incólume a sentença recorrida. Posto isso, nego provimento ao recurso de Apelação, Página 5 de 6

6 Apelação Cível nº Decisão ACORDAM os Senhores Desembargadores e Juízes de Direito Substitutos em Segundo Grau integrantes da Quinta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de Apelação, nos termos do voto do Relator. Presidiu o julgamento o Senhor Desembargador PAULO ROBERTO HAPNER, sem voto, e dele participaram o Senhor Desembargador NILSON MIZUTA e o Senhor Juiz Convocado ROGÉRIO RIBAS. Curitiba, 17 de dezembro de 2013 EDISON MACEDO FILHO Juiz de Direito Substituto de Segundo Grau Página 6 de 6