PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Transcrição

1 Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº , da Comarca de São Paulo, em que são apelantes FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO (E OUTROS(AS)) e SAO PAULO PREVIDENCIA SPPREV, é apelado CENTRO DO PROFESSORADO PAULISTA CPP. ACORDAM, em 3ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores ANTONIO CARLOS MALHEIROS (Presidente sem voto), MARREY UINT E CAMARGO PEREIRA. São Paulo, 25 de fevereiro de JOSÉ LUIZ GAVIÃO DE ALMEIDA RELATOR ASSINATURA ELETRÔNICA

2 Apelação Nº Comarca de São Paulo Apelantes: Fazenda do Estado de São Paulo e Sao Paulo Previdencia Spprev Apelado: Centro do Professorado Paulista Cpp Interessados: Coordenador de Gestao de Recursos Humanos da Secretaria da Educaçao do Estado de Sao Paulo e Diretor Presidente da Sao Paulo Previdencia Spprev VOTO Nº Mandado de segurança Contra ato administrativo que determinou que o afastamento para tratamento de saúde e que as falta médicas fossem descontadas da contagem do tempo de aposentadoria Ato ilegal Inteligência do art. 81, II, da Lei /68 e LC 1041/08 Recurso improvido. Trata-se de mandado de segurança impetrado por Centro do Professorado Paulista CPP contra ato da Coordenadoria de Gestão de Recursos Humanos da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e Diretor Presidente da São Paulo Previdência SPPrev. Diz a inicial que as autoridades coatoras passaram orientação equivocada, seja ela, que os períodos de licença para tratamento de saúde e faltas médicas não devem ser computados para fins de concessão do benefício previdenciário da aposentadoria. Liminar indeferida (fls. 75). Notificada, a impetrada prestou informações (fls. 185), arguindo preliminares de inadequação da via eleita, ausência de ato coator, ilegitimidade passiva e ausência de direito líquido e certo. No mérito, sustentou a legalidade o ato atacado. ordem, a fls Manifestação do Ministério Público para a concessão da A segurança foi concedida (fls. 185) pelo Juiz Alexander Jorge Carneiro da Cunha Filho, para garantir aos representados pela impetrante o direito a terem seus afastamentos computados para fins de aposentadoria, de acordo com o 2

3 previsto no art. 81, II, da Lei /68 e LC 1041/08. Insatisfeitas, apelam a Fazenda do Estado e a SPPrev, insistindo nos fatos já alegados. Recurso tempestivo e contrariado a fls É o relatório. Preliminarmente sustentam as recorrentes a inadequação da via eleita, pois inexistiu ato coator. O recorrido trouxe aos autos prova de que a Secretaria do Estado da Educação enviou, via correio eletrônico, orientação para que o tempo de afastamento em razão de tratamento de saúde fosse descontado na contagem do prazo para concessão de aposentadoria. Não há dúvida de que tal comunicado é uma decisão administrativa com efeitos concretos, sendo seu conteúdo deliberação no sentido de excluir da contagem referida os dias de fruição de licença para tratamento de saúde e faltas médicas. Referida decisão estaria fundamentada no disposto no artigo 78 da Lei /68 (Estatuto dos Funcionários Públicos Civil do Estado). Assim, existiu ato administrativo da Secretaria do Estado da Educação, que o Centro do Professorado Paulista entendeu ilegal, e justificasse impetrar mandado de segurança para defender os direitos de seus representados. No mérito, melhor sorte não agasalha as recorrentes. Isso porque tanto o artigo 81, I, da Lei /68 (que trata da licença para tratamento de saúde), como o art. 1º, I, e o art. 4º da Lei Complementar 1.041/2008 (que tratam de faltas médicas), estabelecem que as ausências ou licenças devem ser consideradas como efetivo exercício para fins de concessão da aposentadoria. Não há como contrariar expressa disposição legal em sentido contrário àquele buscado pelas apelantes, ficando evidente que tanto as licenças para tratamento como as faltas médicas devem ser consideradas como tempo de efetivo 3

4 exercício e devem ser computadas para fins de contagem para concessão da aposentadoria. Nesse sentido, o entendimento deste Tribunal de Justiça: Períodos de licença para tratamento de saúde. Contagem para fins de adicionais quinquenais e sexta-parte. Inadmissibilidade. Aplicabilidade do artigo 81 do Estatuto dos Funcionários Públicos que prevê a contagem do tempo respectivo apenas para fins de aposentadoria e disponibilidade. (Apel. Cível , rel. Antônio Carlos Villen, j. 19/04/2010) Mandado de segurança. Professora. Atribuição de aulas. Indeferimento de inscrição em processo de substituição de aulas e classes, sob argumento de a impetrante não preencher os requisitos do art. 7º, III, do Decreto nº /2007, alterado pelo Decreto nº /2008, porquanto teria ultrapassado 12 faltas de qualquer natureza no ano letivo anterior. Descabimento. Faltas médicas e abonadas que, até o limite de 06 (seis), são consideradas como efetivo exercício. Inteligência do art. 78, inciso X, e art. 110, 1º, da Lei Estadual nº /68. Precedentes. Sentença concessiva de segurança mantida. Recurso desprovido. (Apel. Cível , rel. Oscild de Lima Júnior, p. 20/08/2012) Assim, embora tais períodos não sejam utilizados para contagem de outros benefícios, para fins de aposentadoria, as faltas médicas e afastamento para tratamento de saúde são computados para fins de aposentadoria. Não há dúvidas de que as lei referidas neste acórdão estão de acordo com a Constituição Federal, não havendo outra interpretação possível extraída da literalidade delas. 4

5 termos e por seus próprios fundamentos. Mantém-se, pois, a decisão de primeiro grau em seus exatos Dessarte nega-se provimento ao recurso. JOSE LUIZ GAVIÃO DE ALMEIDA RELATOR ASSINATURA ELETRÔNICA 5