ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores FRANCISCO LOUREIRO (Presidente) e PERCIVAL NOGUEIRA.

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1 ACÓRDÃO Registro: Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº , da Comarca de Bauru, em que é agravante CLEMENTINA MARIN ZANATTA, são agravados ROSA MARIA APARECIDA BARONI MASSON, JULIANA CELITA MASSON BRITES e JULIO CESAR MASSON. ACORDAM, em 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores FRANCISCO LOUREIRO (Presidente) e PERCIVAL NOGUEIRA. São Paulo, 6 de setembro de Vito Guglielmi RELATOR Assinatura Eletrônica

2 VOTO Nº AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº RELATOR : DESEMBARGADOR VITO GUGLIELMI AGRAVANTE : CLEMENTINA MARIN ZANATTA AGRAVADOS : ROSA MARIA APARECIDA BARONI MASSON E OUTROS COMARCA : BAURU - 5ª VARA CÍVEL EXECUÇÃO. TÍTULO JUDICIAL. IMPUGNAÇÃO, PELOS EXECUTADOS, AO TRABALHO DO PERITO AVALIADOR. INADMISSIBILIDADE. PERCEPÇÃO DIRETA DO VALOR DOS HONORÁRIOS QUE NÃO TRADUZ SUSPEIÇÃO DO VISTOR. DETERMINAÇÃO PARA O DEPÓSITO EM JUÍZO DOS HONORÁRIOS QUE NÃO CONSTOU DOS TERMOS DA INTIMAÇÃO E SE CONSUBSTANCIA EM SINGELA FACULDADE DO MAGISTRADO. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 33 DO CPC. PRECEDENTE DO STJ. DECISÃO AFASTADA. RECURSO DE AGRAVO PROVIDO. EXECUÇÃO. TÍTULO JUDICIAL. IMPUGNAÇÃO, PELOS EXECUTADOS, AO TRABALHO DO PERITO AVALIADOR. INADMISSIBILIDADE. HIPÓTESE DE MERA AVALIAÇÃO DE BEM IMÓVEL PENHORADO QUE NÃO SE SUJEITA ÀS NORMAS DA PROVA PERICIAL, MAS AO SUBSISTEMA PRÓPRIO DOS ARTIGOS 680 E SEGUINTES DO CPC, QUE NÃO PREVÊ A NOMEAÇÃO DE ASSISTENTES TÉCNICOS OU A ELABORAÇÃO DE QUESITOS PELOS LITIGANTES. PRECEDENTES DOUTRINÁRIOS E DO STJ. DECISÃO AFASTADA, COM A SUBSISTÊNCIA DO LAUDO NÃO IMPUGNADO OBJETIVAMENTE, E O PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO. RECURSO DE AGRAVO PROVIDO. 1. Trata-se de recurso de agravo de instrumento interposto em ação de execução de título judicial, contra decisão interlocutória que acolheu em parte a impugnação ofertada ao laudo técnico de avaliação do Agravo de Instrumento nº

3 imóvel a ser penhorado e determinou a realização de novo trabalho, observadas as formalidades atinentes à colheita e elaboração da prova pericial. A agravante argumenta, em suma, concluído o laudo de avaliação e intimadas as partes para se manifestar, sobreveio intempestiva petição dos agravados a impugná-lo de forma genérica, o que acabou sendo acolhido pelo juízo. Menciona, contudo, que não se tratava de prova pericial, mas mera avaliação de bens penhorados e que para tal modalidade não há o mesmo rigor da primeira figura. Salienta que não houve qualquer impugnação quanto ao conteúdo do laudo e que o recebimento direto dos honorários pelo perito não caracteriza parcialidade. Reputa caracterizada litigância de má-fé dos agravados, asseverando que eventual suspeição deveria ter sido arguida por meio de exceção. Conclui pela reforma. Foi deferido o efeito suspensivo pleiteado (fls. 183), vindo aos autos a contraminuta dos agravados (fls. 189/206). É o relatório. 2. Preliminarmente, não há que se falar no pretendido reconhecimento da ilegitimidade ativa da recorrente. Isso porque, ainda que não haja figurado a agravante como parte na carta precatória no bojo da qual houve a prolação da decisão atacada, é certo que figura ela como exequente no processo executivo principal ao qual se refere o ato de colaboração judicial, de sorte que sua legitimidade ativa recursal é mesmo patente. No mérito cuida-se de agravo de instrumento tirado de ação de execução de título judicial contra decisão interlocutória que acolheu em parte a impugnação ofertada pelos agravados ao laudo técnico de avaliação do imóvel a ser penhorado, e determinou a realização de novo trabalho, observadas as formalidades atinentes à colheita e elaboração da prova pericial. E, com efeito, merece acolhida o agravo, na esteira da liminar concedida. Em primeiro lugar porque o singelo pagamento Agravo de Instrumento nº

4 direto dos valores dos honorários do profissional avaliador pela parte a que incumbia tais custos não caracteriza, por si só, a suspeita de parcialidade reconhecida pelo juízo. Isso porque, determina o próprio disposto no artigo 33 do Código de Processo Civil que o magistrado poderá e não, pois, que deverá determinar à parte litigante que deposite o valor da despesa em juízo. Ora bem. Na hipótese, determinou o juízo apenas a intimação para pagamento dos honorários periciais para que se dê início dos trabalhos (sic fls. 85), nada mencionando, portanto, a respeito da necessidade de depósito em juízo dos valores, o que lhe era apenas facultado. Daí que o próprio juízo, diante da informação do perito sobre o pagamento, limitou-se a determinar sua confecção (fls. 87), sem indicar qualquer irregularidade. Aliás, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu, em hipótese semelhante, que o pagamento direto de honorários não antecipados pela parte ao perito não caracteriza ofensa ao artigo 33 do Código de Processo Civil (nesse sentido: STJ, REsp 28548/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Antonio de Pádua Ribeiro, j ), de forma que a decisão que desconsiderou o laudo de avaliação, por esse fundamento, de fato não se sustenta. Em segundo lugar porque não há que se falar, com efeito, em descumprimento das formalidades do artigo 431-A do Código de Processo Civil, quando não se trata o trabalho técnico de prova pericial, mas simplesmente de singela avaliação de bem penhorado cujo praceamento já havia sido, inclusive, determinado (fls. 321), e que obedece, por isso, o procedimento simplificado do artigo 680 do Código de Processo Civil. Como já bem alertava FRANCISCO CAVALCANTI PONTES DE MIRANDA (Comentários ao Código de Processo Civil, t. X, Rio de Janeiro, Forense, 1976, p. 338), a respeito da disciplina do procedimento de avaliação dos bens penhorados, as regras jurídicas sobre a avaliação, no processo executivo (arts ), são regras jurídicas especiais, diante dos arts , que regem a avaliação no processo de conhecimento. Aliás, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu, sobre esse tema da avaliação de bem penhorado, que é desnecessária Agravo de Instrumento nº

5 intervenção de assistentes técnicos nesta fase processual de execução, porquanto não há qualquer norma específica indicando, quer de forma impositiva, quer de forma permissiva, a participação dos mesmos (STJ, RMS 10994/PE, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, j ). Destarte, em resumo, não se afigurando presentes os vícios formais alegados pelos devedores e ausente impugnação específica e fundamentada ao conteúdo objetivo do laudo de avaliação era mesmo caso de dar provimento ao recurso de agravo para, homologada a avaliação, determinar-se, sem mais delongas, o prosseguimento da execução, com a ultimação da penhora e a adoção das regulares medidas expropriatórias. 3. Nestes termos, dá-se provimento ao recurso. Vito Guglielmi Relator Agravo de Instrumento nº