ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores JAMES SIANO (Presidente), MOREIRA VIEGAS E EDSON LUIZ DE QUEIROZ.

Transcrição

1 ACÓRDÃO Registro: Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de São Paulo, em que é apelante POWER COMP INFORMATICA LTDA, é apelado WIDEA SOLUÇOES DIGITAIS LTDA ME. ACORDAM, em 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores JAMES SIANO (Presidente), MOREIRA VIEGAS E EDSON LUIZ DE QUEIROZ. São Paulo, 5 de setembro de James Siano RELATOR Assinatura Eletrônica

2 VOTO Nº: APEL. Nº: COMARCA: São Paulo MM. Juiz de 1º grau : Dr. Monica Lima Pereira APELANTE (S): Power Comp Informática Ltda. APELADO (S): Widea Soluções Digitais Ltda. Me. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. Sentença de improcedência. Ação proposta em face de publicações de reclamações de consumidores pelo site Reclame aqui. Data da Distribuição: 18/10/2011; Valor da causa: R$ ,00. Apela a autora insistindo que a empresa apelada veicula pseudo reclamações em seu 'site', sem critério de investigação; sustenta ser a apelada, responsável pelas informações divulgadas em seu site; contesta a idoneidade das informações divulgadas no site, e o fato de ser a elas submetida, sem direito ao contraditório; afirma que a empresa faz um verdadeiro juízo de valor quando dá conceito e nota às empresas que ali figuram como reclamadas; insiste que seu nome seja excluído do site, e pugna indenização por dano moral no valor de R$ ,00. Descabimento. Ofensa à honra. Não caracterização. Ausência de elementos autorizadores a ensejar a proteção do instituto jurídico requerido. Exercício regular de direito manifestado através de website, no site Direito à informação, dentro dos patamares constitucionais, em prestação de serviço à comunidade. Demanda improcedente. Recurso improvido. Trata-se de apelação interposta contra a sentença de f. 139/141, que julgou improcedente a ação de obrigação de fazer c.c. indenização por dano moral proposta por Powercinf Ltda em face de Wildea Soluções Digitais Ltda-ME (responsável pelo site do Reclame Aqui). Inconformada, apela a autora (f. 155/170): (i) insistindo que a empresa apelada veicula pseudo reclamações em seu site, sem critério de investigação; (ii) sustenta ser a apelada, responsável pelas informações divulgadas em seu site; (iii) contesta a idoneidade das informações divulgadas no 'site', e o fato de ser a elas submetida, sem direito ao contraditório; (iv) Apelação - nº São Paulo - 5ª Câmara de Direito Privado - Voto rm 2

3 afirma que a empresa faz um verdadeiro juízo de valor quando dá conceito e nota às empresas que ali figuram como reclamadas; (v) insiste que seu nome seja excluído do site, e pugna indenização por dano moral no valor de R$ ,00. Recurso recebido, processado e respondido (f. 180/192). É o relatório. O apelo improcede. O pedido de indenização está fundamentado na veiculação de reclamações de consumidores na página de 'internet' mantida pela ré, conhecida como Reclame Aqui. A página destina-se a albergar reclamações de consumidores em face de seus fornecedores e possibilita às empresas reclamadas contato com seus clientes. Sustenta a autora que a divulgação de reclamações pela ré é feita de forma leviana e negligente, uma vez que não submete as informações a uma prévia avaliação. Insiste que seu nome seja retirado do 'site' e que seja indenizada por danos morais. De acordo com os documentos juntados à f. 21/59, várias são as reclamações publicadas no 'site' em comento. No endereço eletrônico com acesso nesta data, verifica-se que há registro de oito reclamações, todas elas devidamente respondidas pela apelante, o que confirma a veracidade das negociações ali noticiadas. Na grande maioria, a insatisfação dos clientes é com o Apelação - nº São Paulo - 5ª Câmara de Direito Privado - Voto rm 3

4 prazo para entrega das mercadorias e a um deficiente atendimento do SAC. Não se vislumbra qualquer emissão de juízo de valor por parte da apelada, que como se vê, deixou espaço aberto para a resposta da apelante. Os cadastros de reclamações, como o aqui apelado, são de utilidade pública, atuam em favor do interesse da coletividade, abrindo um canal de comunicação entre consumidor e fornecedor e não há qualquer ilegalidade na manutenção dos dados ali inseridos. atacada que bem concluiu: Nesse aspecto, vale transcrever trecho da sentença não há como se exigir a prévia fiscalização do conteúdo da reclamação por parte da requerida, nem tampouco que se falar em desrespeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa. Isso porque, a conduta adotada pela requerida, de divulgar informações de consumidores acerca de fornecedores de serviços e produtos, dando a oportunidade a ambos de prestarem esclarecimentos necessários, não pode ser considerada ato ilícito, pois na verdade, trata-se de exercício do direito de assegurar informações aos demais consumidores dentro dos limites da boa-fé. (f. 141) Nesse sentido já se manifestou este Tribunal: OBRIGAÇÃO DE FAZER - Retirada de comentário postado em sitio de reclamações acerca de falhas na instalação de móveis - Impossibilidade - Conduta adequada do consumidor - Já publicada, de outra parte, resposta do consumidor, dando-se por satisfeito com a resolução do problema - Inexistência de danos morais e materiais - Exercício regular de direito Sentença confirmada - Aplicação do disposto no art. 252 do Regimento Interno deste Tribunal - RECURSO NÃO PROVIDO. (Ap. nº , Des. Elcio Trujillo 7ª C. D. Privado) RESPONSABILIDADE CIVIL Dano moral. Ofensa à honra Não caracterização Ausência de elementos autorizadores a ensejar a proteção do instituto jurídico requerido Exercício regular de direito manifestado através de website, no site Direito à informação, dentro dos patamares Constitucionais Demanda improcedente Ratificação dos fundamentos do decisum Aplicação do art. 252 do Apelação - nº São Paulo - 5ª Câmara de Direito Privado - Voto rm 4

5 RITJSP/2009 Recurso improvido. (Ap. nº Des. Álvaro Passos 2ª C.D. Privado). Ante o exposto, nega-se provimento ao apelo. JAMES SIANO Relator Apelação - nº São Paulo - 5ª Câmara de Direito Privado - Voto rm 5