CONHECENDO O INIMIGO. Tributário. Direito PROF. GUILHERME PEDROZO
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- Lívia Gil Anjos
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1 CONHECENDO O INIMIGO Direito Tributário PROF. GUILHERME PEDROZO
2 Extinção do Crédito Tributário Na forma do artigo 156 do Código Tributário Nacional apresentam-se várias formas de extinção do crédito tributário. Lembrando que tais modalidades contemplam um rol taxativo, podendo ser alterados apenas mediante lei complementar. A primeira forma de extinção é o pagamento. Trata-se da forma mais aguardada de extinção do crédito tributário onde o contribuinte à fim de extinguir o tributo faz o pagamento através da entrega de dinheiro ao ente público competente. Importante referir ainda que diferentemente do direito civil, na forma do artigo 158 do CTN, o pagamento parcial de parcelas não poderá presumirse que as demais estão quitadas, assim como o pagamento, por exemplo, de IPTU do ano de 2017 não poderá presumir-se que os anteriores estão quitados. Acaso o pagamento do tributo devido não for feito no prazo legal os efeitos moratórios serão automáticos na forma do artigo 161 do CTN. Quanto ao prazo de pagamento, igualmente acaso não houver regra específica na legislação tributária do ente competente, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento. Lembre-se que em Tributos Federais (âmbito federal), a correção monetária e os juros de mora estão reunidos em único índice, a taxa SELIC. Sendo assim, conforme orientação pacífica do STJ, não posso cumular SELIC com qualquer outro índice de correção monetária. Conforme o artigo 162 do CTN o pagamento poderá ser efetuado em moeda corrente, cheque ou vale postal. E nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico. A segunda forma de extinção é o compensação. Ocorrerá o direito à compensar quando duas pessoas forem ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra. Agora não bastará para ocorrer a compensação ter crédito e débito, mas também faz-se necessário a existência de norma específica do ente competente que estipule as condições e garantias, observando o teor do artigo 170 do CTN. A segunda forma de extinção é o compensação. Ocorrerá o direito à compensar quando duas pessoas forem ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra. Agora não bastará para ocorrer a compensação ter crédito e débito, mas também faz-se necessário a existência de norma específica do ente competente que estipule as condições e garantias, observando o teor do artigo 170 do CTN.
3 Outrossim a presente modalidade de extinção somente poderá ser realizada mediante lei específica do ente competente, onde tal norma irá delimitar as condições para à realização da transação. Veja que o CTN não afirma a necessidade do litígio ser judicial ou administrativo, cabendo assim, ao ver do signatário, para tanto litígios administrativos quanto para judiciais. A quarta forma de extinção é a remissão. A remissão trata-se da dispensa gratuita da dívida tributária. Na forma do artigo 150, 6º da Constituição Federal a remissão somente poderá ser concedida mediante lei específica do ente competente. A remissão, diferente da anistia, poderá perdoar tributo e multa. Além disto, por tratar-se de forma de extinção do crédito tributário, somente poderá existir de créditos já constituídos (lançados). Por fim, teremos a remissão de forma individual ou geral, devendo utilizar-se dos parâmetros da moratória para realização. A quinta forma de extinção é a prescrição e a decadência. O prazo para que a Administração Tributária, por meio da autoridade competente, promova o lançamento é decadencial. O prazo para que se juíze a ação de execução fiscal é prescricional. Operada a decadência, tem-se por extinto o direito de lançar. Verificada a prescrição, tem-se impossibilitado o manejo da execução fiscal. Lembre-se que diferentemente do direito civil, aqui no Direito Tributário o pagamento de débito prescrito gera direito a sua repetição, na medida em que, muito embora exista o direito material, a pretensão estará extinta quando da ocorrência do pagamento. Ademais ressalta-se: o lançamento é exatamente o marco que separa, na linha do tempo, a prescrição da decadência. Mais importante ainda dizer que: o termo inicial do prazo decadencial não é exatamente a data da ocorrência do fato gerador, mas uma data em torno deste momento (via de regra, o primeiro exercício financeiro subsequente). Mas no caso do lançamento por homologação, contudo, o termo inicial pode coincidir com precisão com data do fato gerador. O prazo decadencial é de 5 anos. Outrossim a decadência tem algumas regras próprias que veremos abaixo. Regra Geral do Prazo Decadencial O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Percebe-se nitidamente que a Administração Pública acaba tendo mais de cinco anos para exercer o direito de constituir o crédito. Mas na OAB = o prazo decadencial é 5 anos.
4 Regra da Antecipação da Contagem do Prazo Decadencial Uma vez iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento, considera-se como fato que antecipa a contagem do prazo decadencial. É quando a Administração Pública adota medida preparatória para o lançamento. Como por exemplo o início de uma fiscalização ou até mesmo a notificação. Assim à partir da data em que o sujeito passivo toma ciência do termo, inicia-se a contagem do prazo decadencial. É importante dizer que: qualquer ato posterior cometido pela Administração Pública não inibirá a contagem do prazo decadencial já iniciado anteriormente. Regra da Anulação de Lançamento Vício Formal Decadência Contada da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, apresentase como consequência a devolução do prazo para que se constitua o crédito. Lembre-se que é vício de forma e não de matéria. Regra do Lançamento por Homologação O término do prazo para a homologação, sem que esta tenha sido expressamente realizada, não apenas configura homologação tácita, mas também decadência do direito de constituir o crédito relativo a qualquer diferença. Aqui, no lançamento por homologação, a regra é: único caso em que o prazo decadencial é contado exatamente da data da ocorrência do fato gerador. Assim, se o contribuinte antecipou o pagamento dentro do prazo legal, mesmo que o valor recolhido tenha sido ínfimo, a homologação tácita ocorrerá em cinco anos, contados da data do fato gerador. Mas atenção nos casos de lançamento por homologação onde não houver lançamento ou ele for realizado com dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial passará para a regra geral (art. 173, I, do CTN, ou seja, 1º dia do exercício subsequente. Cuidado que a FGV ainda insiste em cobrar o prazo decadencial para a realização do lançamento das contribuições para financiamento da seguridade social. A lei própria fala em 10 anos, mas o STJ em 2007 e o STF em 2008 (súmula vinculante nº 8), decidiu que tal prazo é inconstitucional, sendo o mesmo igual aos demais (5 anos).
5 Já opera-se a prescrição quando a Fazenda Pública não propõe, no prazo legalmente estipulado, a ação de execução fiscal para obter a satisfação coativa do crédito tributário. Conforme o artigo 174 do CTN o prazo de prescrição é de cinco anos, iniciando sua contagem da data da constituição definitiva do crédito tributário. Mas cuidado que não será com a notificação que o crédito estará definitivamente constituído. Mas sim, não havendo pagamento ou impugnação (ou após o processo administrativo), e ultrapassado o prazo para pagamento do crédito tributário sem pagamento, é que começará a fluir o prazo prescricional. Lembre-se que a prescrição se interromperá quando: houver despacho do juiz ordenando citação em execução, qualquer protesto judicial ou ato judicial que constitua o devedor em mora e por qualquer ato inequívoco (mesmo que seja extrajudicial) que importe reconhecimento do débito pelo devedor. A sexta forma de extinção é a conversão de depósito em renda. Tal modalidade irá ocorrer quando da realização de depósito ou penhora de dinheiro em processo judicial e em caso de vitória (decisão favorável de mérito ao fisco) o dinheiro irá a fazenda pública. Tal ato é nominado de conversão de depósito em renda. A sétima forma de extinção é a consignação em pagamento. A presente forma irá ocorrer quando do ajuizamento de Ação de Consignação em Pagamento pelo contribuinte nas possibilidades ofertadas do artigo 164 do CTN. Lembrando que tal demanda judicial busca justamente à satisfação do crédito tributário não recebida pela fazenda pública. Assim julgando-se procedente à presente ação o dinheiro que fora depositado na forma do artigo 542, I, do CPC, será convertido em renda, vindo à extinguir o crédito tributário pela consignação. Da Responsabilidade Tributária Via de regra, todo tributo será satisfeito pela pessoa que realize o fato gerador, ou seja, aquele que tem vínculo direto com a realização da hipótese descrita em norma legal. Entretanto o artigo 121 do CTN afirma que serão igualmente sujeito passivo da relação tributária, além do contribuinte, o responsável. Mas afinal de contas quem é o responsável? É aquele que não tem vínculo direto com à realização (fato) da hipótese prevista na norma, entretanto a lei lhe atribuí responsabilidade para satisfazer o crédito tributário.
6 Outrossim, antes de iniciarmos os tipos de responsabilidade, é importante referir que o próprio CTN afirma e entrega possibilidade ao legislador ordinário estabelecer hipóteses específicas de responsabilidade tributária conforme leciona o artigo 128. Como a presente obra não tem o condão de exaurir qualquer matéria exposta, vamos trabalhar especificamente à responsabilidade por transferência (sucessão e terceiros), que está disciplinada entre os artigos 130 até 135 do CTN. O que disposto no artigo supra trata-se da responsabilidade dos adquirentes de bens imóveis. Portanto todos os tributos devidos, relativos ao bem imóvel (impostos, taxas e cont. de melhoria) serão transferidos ao adquirente do bem. Entretanto o adquirente apenas não poderá ser responsabilizado quando houver comprovação da negativa de débitos (possuir certidão negativa na data da compra) ou quando adquirir o bem em leilão judicial, visto que neste último caso, os valores das dívidas estarão subrogadas pelo preço pago em hasta pública. Logo se houver saldo pendente, mesmo com a realização da arrematação, o adquirente não poderá ser cobrado pelo saldo devido. Por fim, ainda sobre o referido artigo, cabe dizer que a mesma hipótese de responsabilidade será do adquirente de bem móvel, na forma do artigo 131, I, do CTN. Outrossim decidiu o STJ que as possibilidades de não pagamento dos débitos para o presente caso pelo adquirente, aplicam-se as mesmas regras expostas para o artigo 130 do CTN. Garantias e Privilégios do Crédito Tributário Na forma do artigo supra citado o crédito tributário poderá servir-se, via de regra, de quaisquer bens do devedor para a satisfação do crédito, inclusive aquelas gravados com cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade. Entretanto os bens descritos no artigo 833 do CPC e na lei 8.009/90 (único bem imóvel família) serão impenhoráveis. Mas tenha cuidado visto que na própria lei 8.009/90 (art. 3º) temos uma exceção a impenhorabilidade por dívida fiscal, visto que quando o crédito tributário for oriundo do bem imóvel ele poderá ser penhorado para pagamento destes débitos (exemplo, IPTU, Taxa, Cont. de Melhoria). Ainda sobre as disposições legais sobre a garantia é importante referir o artigo 185 do CTN.
7 Reza o artigo acima que será presumida fraude toda vez que ocorrer alienação (venda) de bens com a finalidade de não pagar tributo. O lapso temporal para definição da referida fraude é a inscrição em dívida ativa. Ainda afirma o parágrafo único do referido artigo que apenas não será considerado fraude se o devedor conservar bens suficientes para à satisfação do crédito tributário. Sobre o artigo ainda é importante lecionar que não aplicamos para efeitos de Execução Fiscal a Súmula 375 do STJ, visto que aqui trata-se de norma especial. Já sobre preferências do crédito tributário, leciona o artigo 186 do CTN. Logo no entendimento do caput do artigo supra o crédito tributário tem preferência, via de regra, sobre qualquer outro, independente da natureza do crédito. Na forma do caput e da regra geral, o crédito tributário apenas perde na preferência para os créditos de natureza trabalhista e de acidente de trabalho. Entretanto conforme dispositivo do parágrafo único do referido artigo combinado com o artigo 83 da Lei /05, em processo de falência o crédito tributário será satisfeito em 4º lugar, desde que tenha ocorrido o fato gerador antes da falência (se for após a decretação da falência, será extraconcursal art. 188 do CTN). Assim, na prática, o crédito tributário no processo de falência perderá para: extraconcursal, trabalho (limitado em 150 SM) e acidente de trabalho, crédito com garantia real no limite do valor do bem gravado. Na forma do parágrafo único do artigo 187, existindo o concurso de preferência no processo de falência serão satisfeitos os créditos na seguinte ordem: União, Estados e Distrito Federal, por fim os Municípios.
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