A importância do BIM para a Odebrecht Realizações Imobiliárias

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1 A importância do BIM para a Odebrecht Realizações Imobiliárias Barbara Villanova Odebrecht Realizações Imobiliárias Thais Mazziotti Salomao de Paula Odebrecht Realizações Imobiliárias Será apresentado nesta sessão o porque da escolha por implantar o BIM na Odebrecht Realizações Imobiliárias, como a empresa vem se posicionando corporativamente, estágio atual e onde espera chegar. Objetivo de aprendizado Ao final desta palestra você terá condições de saber mais sobre: Implantação do BIM em construtoras e incorporadoras Trabalho colaborativo para o desenvolvimento de projeto em BIM Sobre o Palestrante Barbara Villanova Ferreira, 24 anos, arquiteta formada pela USP. Experiência: Iniciou sua carreira na Odebrecht Realizações Imobiliárias há 4 anos, quando assumiu o desafio de garantir a implantação do BIM nos canteiros da empresa distribuidos em todo território nacional. bvillanova@odebrecht.com Thais Mazziotti Salomão de Paula, 35 anos, Arquiteta e urbanista formada pelas Faculdades Metropolitanas Unidas, Mestra em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da Universidade São Paulo, reside em São Paulo, atua em projetos de edifícios corporativos, comerciais e residenciais. Além de experiência em projetos industriais e eficiência energética. Trabalha na Odebrecht Realizações Imobiliárias e hoje coordena parte dos projetos do Parque da Cidade. thaissalomao@odebrecht.com

2 Implantação do BIM em construtoras e incorporadoras O caso Odebrecht Realizações Imobiliárias A Odebrecht é uma organização de origem brasileira composta por negócios diversificados, com atuação e padrão de qualidade global. Possui atuação nos seguintes negócios: Infraestrutura Química e Petroquímica Engenharia Industrial Energia Engenharia Ambiental Realizações Imobiliárias Construção Naval Agroindústria Defesa e Tecnologia Entretenimento Transporte e Logística Óleo e Gás Properties Atualmente, possui 181 mil integrantes distribuídos em mais de 20 países. Sua receita bruta em 2013 foi de R$ 97 bilhões. Em 2007 foi criada a Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR) para dar mais foco à atuação da Odebrecht no mercado imobiliário. Seu negócio é atuar no Brasil desenvolvendo empreendimentos residenciais, comerciais, hoteleiros, corporativos e de uso misto. Atualmente atua nas seguintes regiões: Bahia - Salvador e Sauípe Distrito Federal - Brasília e Águas Claras Minas Gerais - Belo Horizonte e Nova Lima Pernambuco - Cabo de Santo Agostinho e Recife Rio de Janeiro - Rio de Janeiro e Niterói São Paulo - São Paulo, Santo André, Santos, Campinas, Barueri e Jundiaí. Rondônia - Porto Velho (Bairro Novo) Ceará - Fortaleza (Bairro Novo) A TEO (Tecnologia Empresarial Odebrecht) A Organização Odebrecht possui como base uma cultura bastante forte e presente na vida de seus integrantes. Essa cultura estrutura a Organização como uma empresa de pessoas, ao invés de uma empresa de processos. Ela se baseia na confiança, no fortalecimento da relação entre líderes e liderados, e na delegação planejada. De forma simplificada, essas premissas permitem que as empresas da Organização sejam decentralizadas em todos os seus níveis. Isto é, cada integrante possui a delegação para 2

3 estruturar sua própria forma de trabalho dentro das condições éticas da empresa, de forma a garantir a satisfação do cliente. A Organização acredita que apenas o integrante que se encontra mais próximo do desafio, ou seja, na linha de frente, possui todas as informações necessárias para tomar a decisão de como agir perante seu próprio desafio. Este o pertence, e o integrante se transforma no dono do próprio negócio. Essa delegação e todos os pontos fundamentais da TEO influenciaram muito a OR a optar pelo BIM. Uma das frases do fundador da Odebrecht, Norberto Odebrecht, inspirou o desenvolvimento do trabalho exposto na sequência: "Tal Organização de Pessoas de Conhecimento deve estar capacitada a reinventar-se e a regenerar-se, continuamente, por intermédio da criatividade, da inovação e do espírito de equipe." (ODEBRECHT, Norberto. Tecnologia Empresarial Odebrecht - volume 1) Engenharia à Montante e o BIM Um dos principais desafios da OR, tanto quanto de outras empresas construtoras e incorporadoras do mercado brasileiro ou internacional, é a etapa chamada na Odebrecht de Engenharia à Montante. Esta engloba todos os estudos que são feitos anteriormente ao início de uma obra, ou seja, à montante, garantindo que não se tenha à frente uma aventura, mas sim um desafio, bem planejado e conhecido. O BIM é um novo processo que pode ser utilizado nas mais diversas etapas do ciclo do negócio imobiliário, e que possui o potencial de melhorar muito, principalmente, a eficiência dos trabalhos da etapa de Engenharia à Montante, além de permitir ganhos também nas etapas de gestão de obras. 1 Em 2010, após a OR participar de alguns fóruns sobre o tema, surgiu uma primeira equipe de linha disposta a abraçar o desafio de implantar o BIM em formato piloto. Incentivada por essa primeira iniciativa, a OR, embasando-se em dados de ROI (return over investment) como os levantados pelo Relatório McGrowHill North Americana (os quais evidenciavam a possibilidade de economia de aproximadamente 16% do custo de construção em casos de adoção de processos BIM colaborativos), transformou o BIM em uma Recomendação de Engenharia da OR. De qualquer forma, os desafios para adoção inicial do processo eram conhecidos. Portanto,, para apoiar as equipes de linha, a área corporativa da OR estruturou diversas ações visando facilitar o entendimento sobre o tema e a tomada de decisão. Incialmente essas ações focaram em capacitação conceitual, e, ao longo dos anos, conforme novos projetos foram sendo iniciados e a percepção de novos gargalos para a implantação foram descobertos, elas se direcionaram para pontos estratégicos operacionais, mas sem 1 O processo BIM permite outros benefícios que não são de uso direto da OR, como o gerenciamento de facilities e manutenção predial. 3

4 perder o foco na capacitação, a qual será um desafio ainda por muitos anos para empresas como a OR. Abaixo, segue uma lista das principais ações corporativas que estruturaram nossas diversas implantações do BIM: Treinamentos conceituais/teóricos o Palestra: Introdução ao BIM o Encontro I do Grupo de estudos BIM da OR foco em projetos o Encontro II do Grupo de estudos BIM da OR foco em orçamento e planejamento o Semana do BIM no PontoOR (intranet) publicação de artigos sobre a implantação na empresa, cases internacionais e nacionais, Palavra do Líder A importância do BIM para a OR. Treinamentos de softwares operacionais o Autodesk Revit o Autodesk Navisworks o VICO Software Apoio para os projetistas na compra de softwares Ação junto à Autodesk para conquistar desconto de 30% na compra de softwares pelos projetistas com trabalhos ativos na OR. Desenvolvimento de Instruções de trabalho manuais operacionais de softwares visando o trabalho colaborativo do BIM pelas diversas disciplinas, coordenação e compatibilização 3D, a ser disponibilizado para os parceiros projetistas e coordenadores de projeto. Desenvolvimento dos Templates OR Arquivos de referência contendo parâmetros mínimos para garantir o início do desenvolvimento de um projeto BIM colaborativo para a OR a serem disponibilizados para os parceiros projetistas. Biblioteca Corporativa BIM mais de 6 mil famílias estruturadas em um banco de dados on-line disponibilizado para os parceiros projetistas. E-learning de capacitação para integrantes sistema que compila todo o conhecimento da OR sobre o BIM, contendo materiais de apoio, instruções técnicas, check-lists, melhores práticas e lições aprendidas, estruturado de forma didática, disponibilizado para todos os integrantes, visando garantir a gestão do conhecimento sobre o tema. E-learning de capacitação para parceiros (2015) sistema que compila todo o conhecimento necessário para participar de um projeto BIM colaborativo na OR, disponibilizado para os parceiros projetistas, visando facilitar e potencializar as implantações BIM na OR. A evolução da adoção do BIM na OR Inicialmente, como já foi falado, o BIM era uma Recomendação de Engenharia da empresa. Foi neste momento, em meados de 2010, que os primeiros cases foram iniciados. 4

5 Por se tratar de uma empresa descentralizada, diferentemente de empresas concorrentes que estruturaram uma estratégia gradual de projetos pilotos, a OR logo se viu com diversas implantações distribuídas em toda sua estrutura. Dessa forma, a empresa ganhou muita experiência em um período bastante curto de tempo. Atualmente, 50% dos Projetos ativos da OR fazem usos de tecnologias BIM 3D, 4D, 5D e/ou 6D, dados estes que transformaram a OR em uma das empresas que mais investiu no BIM no país. Em meados de 2014, após 4 anos de experiências com o processo em toda a empresa, o BIM se transformou em uma Estratégia Empresarial, ou seja, a partir de 2015, todos os novos projetos a serem desenvolvidos pela OR farão necessariamente uso do BIM. É importante citar que quase a totalidade dos cases de implantação BIM na OR basearam-se em processos comumente chamados de Little BIM, ou Lonely BIM. Esses processos consistem em manter o BIM como uma célula a parte do desenvolvimento tradicional do projeto e estudos de engenharia, seja através da terceirização da modelagem das informações de projeto e análises BIM, ou da contratação dos projetistas para desenvolverem inicialmente o projeto tradicionalmente, e, em paralelo, criarem os modelos de suas disciplinas. Adotar inicialmente essa estratégia, a qual a OR chama de BIM Paralelo, é muito interessante, pois permite que os envolvidos aprendam e se habituem ao BIM e suas demandas mesmo quando não há a possibilidade de se desenvolver realmente o projeto em BIM, ou seja, contratar projetistas que efetivamente projetem em BIM. De certa forma, é possível utilizar esses modelos para gerar análises de compatibilização, orçamento, planejamento, e ainda apoiar o desenvolvimento da obra através da visualização 3D dos modelos em campo (desde que estes reflitam o projeto mais atual). Passadas estas primeiras experiências paralelas, a OR buscou a evolução investindo, a partir de 2013, em projetos pilotos do chamado BIM Colaborativo, no qual todos os processos baseiam-se no BIM. Ou seja, o projeto só é feito em BIM, portanto a coordenação é feita em BIM, da mesma forma que a compatibilização, orçamentos, estudos de planejamento e suprimentos. O risco de um projeto como esse é muito elevado, considerando a pouca experiência que toda a cadeia de envolvidos possui no tema, pois, caso o BIM falhe, não há projeto, nem obra consequentemente. Apesar do tamanho do desafio, a OR acredita no BIM não mais apenas como sendo o futuro do mercado da construção civil, mas como sendo o presente. E para preparar as equipes internas e externas à OR para tal salto, é que foram desenvolvidas as ações corporativas já citadas acima, dando grande foco à capacitação tanto dos parceiros projetistas quanto das equipes internas de projeto, orçamento, planejamento, suprimentos e produção. 5

6 Trabalho colaborativo para o desenvolvimento de projeto em BIM O caso Parque da Cidade B de BIM Colaborativo O Parque da Cidade e alguns diferenciais O Parque da Cidade surge como uma proposta de complexo multiuso inspirado no conceito de cidades compactas, onde tudo está concentrado em um mesmo espaço. O empreendimento tem a sustentabilidade como principal pilar e com isso espaços onde a bicicleta e o caminhar têm mais importância do que os automóveis. Conta com espaços para integração, como: praças, bares e restaurantes. Um lugar sem muros, com grande infraestrutura de lazer e serviços para você morar, trabalhar e se divertir. Tudo no mesmo bairro o Ter moradia, comércio, serviços e lazer no mesmo espaço; o Diminuição dos deslocamentos urbanos e emissões de CO2. Emprego mais perto de casa: o Aumentar a relação emprego/habitante na região; o Equalizar a densidade demográfica em São Paulo (7,3 mil hab/km2). Espaços Multiuso criativos: o Telhados verdes que capturam CO2 e aumentam áreas verdes na cidade; o Lagos que funcionam como bacias de retenção; o Espelhos d água para retenção e reuso das águas pluviais. Investir em corredores verdes o Criação de corredores de vegetação que conectam parques e áreas verdes; o Priorização do pedestre e incentivo a caminhada e uso de bicicletas. Incentivar o transporte alternativo o Incentivo ao uso de carros elétricos e biocombustíveis; o Investimento em ciclovias e incentivo ao transporte via bicicleta; o Incentivo ao uso de transporte público. O projeto Parque da Cidade é um empreendimento pioneiro em diversas áreas. Não poderia ser diferente no BIM. Sua equipe, motivada em ir além do que a OR já havia implantado, tendo passado anteriormente por uma experiência simplificada de BIM paralelo, se viu com a possibilidade de buscar um passo a mais. Somado a isso, a provocação da liderança da empresa, direta e indiretamente, e o momento de evolução dos parceiros projetistas envolvidos, viabilizou a implantação de maior complexidade já realizada na empresa. Seus objetivos são: 1) Gerar Projeto de Autoria em BIM - onde todos os projetistas desenvolvem seu projetos já no processo BIM, onde não existe maquiagem pois todas as folhas saem do modelo (dwg e pdf). Nesta metodologia, o projetista é capaz de antecipar os problemas de projeto, uma 6

7 vez que ele está virtualmente construindo o projeto através do BIM. Os projetistas envolvidos seriam: Estrutura de Concreto (TQS) Estrutura Metálica Arquitetura Ar Condicionado Instalações Hidráulicas Instalações Elétricas Automação Fundações 2) Coordenação 3D e compatibilização 3D onde um fluxo de recebimento de modelos é estruturado para garantir que estes sejam frequentemente analisados, tanto do ponto de vista geral de projeto, especificações e adequações à normas e códigos, quanto para gerar análises de incompatibilidades (clash detection). 3) Planejamento e orçamento (4D e 5D) em alinhamento com as necessidades das equipes de planejamento e orçamento, gerar um processo de análise dos modelos que auxilie na estruturação de quantitativos, orçamentos, e planejamentos macro e micro da obra. Trabalho colaborativo para o desenvolvimento de projeto em BIM Esse processo escolhido tem como uma de suas principais características ser colaborativo. Ou seja, os principais desafios estão em garantir que todos os envolvidos trabalhem de acordo com as mesmas regras, sendo esta a única forma de extrair análises de todo o projeto. Para tal, algumas das dificuldades identificadas logo no início do projeto foram: Resistência geral dos projetistas Falta de estrutura nos escritórios Falta de capacitação adequada Ausência de suporte técnico Falta de componentes BIM Dificuldades de integração entre TQS e REVIT Grandes dificuldades na emissão de folhas e DWG. Falta de preparo das equipes internas de coordenação, orçamento e planejamento Perante esses desafios, a estratégia da equipe do Parque da Cidade foi se estruturar com uma equipe de especialistas em BIM composta por integrantes especialistas nos processos tradicionais da OR e por parceiros de uma empresa especializada em BIM, os quais, juntos, dariam subsídios técnicos para apoiar e integrar todos os projetistas ao mesmo tempo, além de garantir a adequação dos processos internos de coordenação 3D, compatibilização 3D, planejamento 4D e orçamento 5D. A principal atuação dessa equipe começou na definição de padrões e regras como: Estruturação interna dos escritórios de projeto Estruturação de arquivos, pastas, nomenclaturas Pontos de referencia e metodologia de coordenadas compartilhadas 7

8 Estrutura de quebra de modelos ao todo são 56 modelos que compõem 3 torres, embasamento e 3 restaurantes Definição de responsabilidades de modelagem BIM Definição de LOD e critérios de modelagem que permitam a extração de quantitativos Regras de subida de arquivos semanalmente Metodologias de análises de modelos em 2 etapas (superficial e aprofundada) Onde a OR espera chegar e como está se preparando para isso A partir de 2015 a OR estabeleceu uma diretriz que todos os seus novos projetos serão em BIM. A intenção é que o maior número de projetos tenha as condições mínimas para escolher um processo de BIM Colaborativo, e que apenas uma minoria opte pelo BIM Paralelo processo mais simples, como já explicado. Com esse processo colaborativo espera-se alcançar benefícios como a redução à zero de incompatibilidades na obra, a redução de prazo de desenvolvimento de projeto, maior assertividade no planejamento e orçamento da obra e rapidez nos re-orçamentos (nos momentos de revisões de projeto). Mas para alcançar tais resultados existem ainda muito desafios. Após o projeto piloto do Parque da Cidade ficou ainda mais evidente a necessidade de garantir aos futuros envolvidos em um projeto BIM uma velocidade inicial (Vo). Isso só é possível através do compartilhamento de informações. Portanto, cada vez mais a OR acredita na importância do compartilhamento de informações e conteúdos, e pretende investir na disseminação do que foi aprendido nos seus projetos pilotos, dos conteúdos gerados, como bibliotecas e melhores práticas de modelagem. Pois, somente através da evolução de toda a cadeia da construção civil é que seremos capazes de atingir a real evolução dos nossos processos. 8