Relações de Trabalho, Mudança e Subjetividade Operária na História do Setor Siderúrgico de Cubatão
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- Leandro Faria Guimarães
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1 João Carlos Gomes Relações de Trabalho, Mudança e Subjetividade Operária na História do Setor Siderúrgico de Cubatão Docente. Doutor em História - Universidade Católica de Santos Pesquisador RESUMO Este estudo, parte de minha tese de Doutorado, analisa a partir das ressignificação de valores constituídos pela tradição e pelos costumes, os impactos da reestruturação produtiva na vida dos trabalhadores de duas siderúrgicas brasileiras, a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (USIMINAS) e a Companhia Siderúrgica Paulista (COSIPA), empresas que nascem e permanecem sob a administração direta do Estado, por cerca de 35 anos, e quando privatizadas, vivenciam experiências comuns contraditórias, dado que, a primeira, ao se tornar proprietária da segunda, inicia a implementação de mudanças requeridas pela reestruturação, em ambiente de grande turbulência. O tema, no interior da reestruturação produtiva, põe em destaque a heterogeneidade das experiências de proletarização de dois coletivos de trabalhadores que não se apresenta a partir de processo de trabalhos distintos mas sim de formas de disciplinamento e organização do trabalho historicamente constituídas. Palavras chave : reestruturação produtiva, subjetividade, trabalho, siderurgia.
2 Este estudo, analisa a partir das ressignificação de valores constituídos pela tradição e pelos costumes, os impactos da reestruturação produtiva na vida dos trabalhadores de duas siderúrgicas brasileiras, a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (USIMINAS) e a Companhia Siderúrgica Paulista (COSIPA), empresas que nascem e permanecem sob a administração direta do Estado, por cerca de 35 anos, e quando privatizadas, vivenciam experiências comuns contraditórias, dado que, a primeira, ao se tornar proprietária da segunda, inicia a implementação de mudanças requeridas pela reestruturação, em ambiente de grande turbulência Trata-se de colocar frente a frente à diversidade de experiências vividas no interior de relações sociais historicamente constituídas, que apontam para distintas formas de se viver situações concretas de dominação. Privilegia-se o cultural como central ao entendimento da dominação, iluminando as diferenças inter e intraclasses sociais que não são mais pensadas a partir de um paradigma unitário. Coloca-se em evidência neste trabalho, as diferenças de ações e reações produzidas por sujeitos históricos que têm emoções,experiências, tradições e valores próprios que os colocam numa relação consigo mesmo, se projetando no tempo. Desta forma, é que se pensa as ações desses dois coletivos de trabalhadores, na medida em que eles desenvolveram práticas próprias e diferentes de reivindicação, agiram politicamente por caminhos diferentes redescobrindo as suas representações simbólicas vividas em sociedade e que se repõe no interior de uma unificação pretendida pelo processo de fusão. A questão específica a ser enfrentada é a da utilização desta perspectiva na reinterpretação histórica das condições de vida e das práticas sociais e políticas desse coletivo de trabalhadores, que se fundem num novo processo de sua proletarização: a reestruturação produtiva. O tema, inserido na problemática das novas determinações estruturais do mundo do trabalho e do capital, no capitalismo global, e suas conseqüências para a vida dos trabalhadores, tem se constituído numa das ocupações mais estimulantes da produção acadêmica mundial e nacional. A transformação siderúrgica, para ser entendida é preciso ser vista como fazendo parte de um processo, que se desenvolve em função da necessidade mundial de diversificação de novos produtos, num contexto de diminuição do consumo, proveniente do decréscimo relativo da participação de bens de fabricação dependente do
3 aço e da mudança do perfil de demanda nos países de renda percapita elevada. Entre 1945 e 1979, a taxa média de crescimento da produção de aço bruto, no mundo, foi de 5%, contudo, a partir de , a produção siderúrgica estabiliza-se de forma permanente gerando um elevado grau de capacidade produtiva ociosa, obrigando a inovações de processos e racionalização das atividades produtivas. Oliveira,(2000). Usinas foram fechadas nos países desenvolvidos, EUA principalmente, e mecanismos de proteção à indústria nacional proliferaram. Na Europa, em 1986, empresas estatais controlavam mais de 50% da produção de aço em dez países: Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Itália, Noruega, Portugal, Reino Unido e Suécia. Em 1997, restava como estatal somente a belga Cockrill-Sambre, que foi adquirida pelo grupo francês Usinor em (BNDES, 1999). Flexibilizar ao máximo a produção, através de novas tecnologias que induziram a racionalização do trabalho pelos novos modelos de gestão, é uma das principais estratégias adotadas pelas siderúrgicas, em nível mundial, para enfrentar a crise, o que redundou num ajustamento gerencial, culminando com uma redução de trabalhadores, pois dos empregos que existiam nos 21 países maiores produtores de aço do mundo em 1974, restaram somente em (Oliveira, 2000, p.24). O Brasil, ao manter-se incorporado no sistema de produção e de financiamento das nações capitalistas hegemônicas acompanha o processo. O ajuste ocorre num ambiente de estagnação econômica e ampliação das desigualdades sociais, onde precarização e empobrecimento se ampliam. Dos trabalhadores empregados no setor brasileiro em 1974 restaram 56827, em 2004.(IBS, 2003, p.23). É nesse contexto que ocorre a aquisição da COSIPA pela USIMINAS. A cultura mineira e japonesa 2, desenvolvida na experiência USIMINAS, tinha como método de dominação o corporativismo e o senso de responsabilidades associados a princípios de lealdade à empresa e foram fortemente internalizados pela experiência da fábrica com vila operária. 1 A produção mundial de aço estabilizou em 732,9 toneladas/ano entre 1978 e 1998 e nesses vinte anos de desaceleração do crescimento, os preços foram deprimidos e os lucros reduzidos proporcionando o acirramento da competitividade entre países e empresas. 2 A USIMINAS,em 1957, junta-se ao capital japonês. É a primeira joint venture da indústria japonesa no mundo ocidental, após a II Guerra Mundial, representada pelo grupo Nippon- USIMINAS Kabushiki Kaisha que, em troca de 40% de participação no capital da USIMINAS, fornece a maior parte dos equipamentos vindos do Japão, além de supervisão na construção da usina.
4 A USIMINAS surge em 1959, estrategicamente no Aglomerado Urbano do Vale do Aço (AUVA), o principal pólo siderúrgico do Estado de Minas Gerais, no município de Ipatinga onde a divisão técnica do trabalho se reflete diretamente na divisão social e na conformação espacial da cidade. Os bairros funcionando separados bairros para profissionais graduados, engenheiros e direção, bairro para chefias, bairro para operadores, bairro para operários não especializados fisicamente distanciados e dotados de padrões diferenciados de moradia, e isso tudo deixa bem claro o lugar de cada qual. (Braga, 2000, p.6). Marcada pela condição de fábrica com vila operária, onde as formas de dominação vão além dos limites fabris, perpassando os lares tanto na tutela do Estado, como na burocracia empresarial, com sua lógica própria de dominação no nível individual, tudo isso tem peso significativo no desenvolvimento das práticas sociais em movimento. Marco Antonio Patrício Carvalho, técnico em eletrônica, 43 anos de idade, 25 anos de USIMINAS, e a serviço na COSIPA em 2005, assim relata: Fui criado numa típica Vila Operária. Havia a rua dos engenheiros (chefes) e as demais ruas dos operários (subalternos).entretanto considero que tive uma infância muito feliz. As relações humanas eram muito intensas, no sentido de que todos se ajudavam,se conheciam, freqüentavam a igreja e o clube. A dinâmica da vida era mais lenta, porém mais consistente. Íamos aprendendo as coisas e absorvendo informações à mediada em que eram necessárias. Era como se a vida desse tempo para que aprendêssemos as lições. O tempo passava mais devagar, ou então, nós não estávamos preocupados com ele. Eu escrevia cartas... Hoje a dinâmica da vida é muito rápida e são tantas informações ao mesmo tempo em que duvido que alguém consiga absorvê-las. Para a gestão atual, a tecnologia é um lugar comum (DVD, , Vídeo game). E acaba se tornando um fim não um meio. Mas acompanhar a velocidade das transformações do mundo é uma questão de sobrevivência no mercado de trabalho. Hoje somos obrigados a decorar normas ISO para atingir as metas estabelecidas pela empresa, sejam elas factíveis ou não. Dizem que é coisa de siderurgia moderna. Observa-se que as relações pessoais e sociais são apropriadas pela lógica da dominação que põe, lado a lado, de forma positiva e ambígua, vantagens e restrições. (Heloani, 2003). Vantagens que a vila operária proporciona aos olhos do trabalhador no sentido de que todos se ajudavam, se conheciam, frenquetavam a igreja e o clube Restrições, expressas na forma de dominação da tecnologia onde: Hoje somos obrigados a decorar normas ISO para atingir as metas estabelecidas pela empresa, sejam elas factíveis ou não.
5 A transformação se apresenta como algo externo ao sujeito, o que lhe permite a crítica, porém ao mesmo tempo a aceitação; dizem que é coisa de siderurgia moderna. A cultura da vila operária pode ser identificada através do poder de mando das gerencias, postos mais altos da organização, sobre seus subordinados. A entrevista realizada com Valdemir Ribeiro Pinto, aposentado da USIMINAS, onde trabalhou de , transferindo-se para a COSIPA como Gerente de automação industrial, desde 1996, esclarece : Havia muito planejamento e metas a cumprir e isso era do conhecimento de todos. O processo de supervisionar e ser supervisionado era intenso e todos se sentiam confortáveis nessa situação.quem trabalhava na USIMINAS era visto como bem sucedido".o uniforme era um símbolo de orgulho. Observa-se que o exercício da autoridade, reflete a personalidade moldada de acordo com a vontade da empresa, o que favorece a formação de identidades autocontroladas. A COSIPA, diferentemente, não tinha vila operária, seus trabalhadores residiam em Cubatão, e Santos, cidades, cuja tradição do movimento operário combativo era muito forte. Na origem estava o sindicato dos metalúrgicos de Santos e suas fortes ligações com o Partido Comunista Brasileiro. Arnaldo Gonçalves 68, presidente do sindicato no período de , esclarece como havia entrado para o partido comunista :...(..), eu comecei a ler alguma coisa do partido, eu era garoto, o meu pai não era do partido, ele era do PTB, mas ele tinha muitos amigos do partido, em 1948 houve uma perseguição muito grande ao pessoal do partido, e ele guardou bastante material do partido em casa, ele escondia em casa para não ser perseguido, aí eu comecei a ler alguma coisa do partido, revistas, jornais eu não me lembro quando entrei para o partido, mas eu era muito novo. (Arnaldo Gonçalves, entrevista em 24/3/2005) Falando dos modos de resistência adotados pelo sindicato, acrescenta: Foi em 68, final de 68 começo de 69, nós criamos o personagem Zé Protesto, foi uma forma de nós darmos um recado para o pessoal porque tinha uma censura muito grande aos jornais do sindicato, então nós criamos aquele personagem na base da brincadeira e nós transmitíamos aos trabalhadores aquilo que nós queríamos dizer porque o editorial, as matérias de fundo do sindicato, dificilmente passariam, nós tínhamos censura grande, o jornal era obrigado a ser apresentado
6 aqui no quartel general do exército e tinha um coronel lá que lia o jornal, censurava, e o Zé Protesto eu acho, que ele não dava muita atenção, achava que era uma brincadeira e passava as coisas do Zé Protesto. (Arnaldo Gonçalves, entrevista em 24/3/2005) O Zé Protesto era um personagem que recebia, transmitia criticava e comentava denúncias, que eram enviadas pelos trabalhadores, em panfletos, no período da revolução de 1964, quando da invasão das tropas do exercito na usina. Se a ação política do sindicato orientava a resistência, dando sentido à identidade desse coletivo, a ação política do Estado objetivada na gestão da empresa, significava um tipo específico de dominação que era vista como negativa, comparativamente à gestão da USIMINAS, pós privatização. Quando me tornei Cosipano em 1988 encontrei uma empresa regada à política. Deputados estaduais mudavam de partido e os chefes de departamento (às vezes até diretores) e tudo abaixo deles também mudava. Esforços de bons relacionamentos cultivados sob uma gestão, de repente, evaporavam-se pois antecipadamente sabia-se que fulano ia rodar e não pegava bem conversar com alguém que era de gerência dele...(...) Quando entrei éramos 13600, as vésperas da privatização éramos Hoje somos O que mudou? Hoje temos um rumo, uma diretriz comum não vulnerável às marés políticas. (Eletricista, 16 anos de empresa, 43 anos, entrevista em 2004) Contraposta a essa cultura, encontramos no depoimento de Valdemir Ribeiro Pinto, trabalhador aposentado da USIMINAS e gerente de automação industrial da COSIPA, desde 1996, subsídios marcantes sobre a cultura da USIMINAS: Essa cultura é muito forte na USIMINAS!! Havia pouca influência política na gestão da empresa, ou seja, os Diretores e Presidentes não eram trocados quando mudava o governo.isso dava estabilidade na vida da empresa. Aqui na COSIPA isso foi diferente por isso eu julgo que o sindicato aqui se tornou muito forte, na USIMINAS não havia greves. (Entrevista em 6 de março de 2003) A introdução da inovação tecnológica no processo produtivo da Cosipa, comandada pelas gerências vindas da Usiminas, implicou em novas demandas para a organização do trabalho, conforme depoimento:: Hoje podemos observar a tensão entre os operadores quando um equipamento será modernizado, podemos observar também o número de empregados com relação a equipamentos automatizados. Com esse aumento de processos automatizados, as solicitações de melhorias e manutenção aumentaram, sendo atendidas por prioridade ou emergência.
7 (entrevista de técnica da área de automação industrial com 3 anos de empresa, dezembro de 2004) A precarização da vida advinda das novas determinações do trabalho é evidente e se constata no depoimento. As ressignificações se desenvolvem num ambiente onde as diferenças culturais se manifestam no interior do processo produtivo, conforme o depoimento: A vinda do pessoal da USIMINAS, parece-me que todos estudaram na mesma escola, o que diferencia é que os novos administradores são mais objetivos; não existe mais o lado político...noto ainda que em momentos de crise na área onde há atrasos na produção, ainda são corriqueiros as terríveis reuniões de passagem de turno, esquema de plantão e outras medidas não tão eficientes..., talvez até pelo próprio processo envolvido, onde o comprometimento de todos deva ser total, assim a cobrança ao funcionário deva ser intensiva, creio que pensem assim. (Trabalhador da laminação 45anos de idade e 27 anos de empresa, entrevista em dezembro de 2004) As diferenças culturais orientam também as resistências: Bom! Eu gosto muito do que faço no alto forno. Sou engenheiro elétrico, porém faço de tudo, mecânica. civil, processo operacional, organizo festas, grêmios, cipeiro, tenho muitos amigos, muita gente gosta de mim devido eu ser do jeito que sou. De 1993 a 2004 muitas mudanças ocorreram, muitos chefes passaram e nós temos que nos moldar ao momento, que nem camaleão. (Engenheiro elétrico, 29 anos de empresa e 45 anos de idade, dezembro de 2004) Não adianta lutar contra a realidade em que estamos inseridos. Adaptar-se e manter-se atualizado tanto técnica quanto socialmente é o segredo para sobreviver. Com isso o primeiro a ser afetado é o trabalhador que para não perder seu emprego, onde para o seu lugar existem pelo menos 3 pessoas desempregadas querendo o seu lugar, se submete a fazer o trabalho daqueles que foram mandados embora ou forçados a se aposentar. Em termos de mudança de relação social na família em função das transformações do trabalho, meu objetivo tem sido sempre desvincular totalmente esses mundos. Ou seja, em casa, eu sou quem sou e no trabalho sou o que preciso ser para manter-me competitivo nesse mundo de valorização do lucro acima de tudo. Na concretude da vida, é essa a forma que utilizo para atingir a almejada felicidade.(engenheiro automação, entrevista em dezembro de 2004) No que se refere às relações de poder os depoimentos mostram que as formas de autoridade e dominação põem às claras a questão cultural. A cultura mineira e japonesa, desenvolvida na experiência USIMINAS, tinha como método de dominação o corporativismo e o senso de responsabilidades associados a princípios de lealdade à
8 empresa e foram fortemente internalizados pela experiência da fábrica com vila operária. No processo de incorporação da COSIPA pela USIMINAS essas relações se tornaram complexas pela diferença de experiências vividas, e mostram que os processos de ressignificação das novas condições materiais de vida estão alterando os antigos costumes e sendo reelaborados no plano das necessidades e interesses, orientando de forma defensiva as suas ações. Os relatos dos trabalhadores das duas empresas, no âmbito da experiência, mostram que a adesão e resistência se desenvolvem a partir das identidades forjadas no período em que elas eram estatais, e que, fundidas no processo de reestruturação, elucidam as distintas formas de significação dos trabalhadores em relação ao modelo autocrático da empresa taylorista em processo de reestruturação produtiva. Embora a percepção dos ritmos acelerados e as demandas por participação no processo de trabalho sejam igualmente sentidas como estressantes, o padrão de dominação implementado a partir da fábrica com vila operária, ao eliminar formas de oposição à maneira de compreender a gestão empresarial e de implementar a inovação, possibilitou resultados satisfatórios pois ela vem sendo internalizada pelos trabalhadores da USIMINAS sob a forma de coisa da siderurgia moderna e percebida pelos trabalhadores da COSIPA como gestão de maior objetividade e de condutas homogêneas, constatadas nos depoimentos; parece que todos estudaram na mesma escola e são mais objetivos. Além disso, contrapostas à politização da gestão da COSIPA pelo Estado, a gestão USIMINAS é percebida como condição de estabilidade:...hoje temos um rumo, uma diretriz comum não vulnerável às marés políticas. Essas experiências, vividas como sentimentos e lidadas na cultura como relações familiares e pessoais, põem em evidência a precarização como categoria que, além de ser intrinsecamente histórico-concreta, é multidimensional, uma vez que precariedade não é só apenas do trabalho, mas dos modos de vida e da reprodução social.os valores não são pensados, nem chamados; são vividos, e surgem dentro do mesmo vínculo com a vida material e as relações materiais em que surgem as idéias. As expectativas são aprendidas no hábito de viver e, em primeiro lugar, na família, no trabalho e na comunidade imediata. (Thompson,1981, p ) O que se constata é a força histórica das diferentes culturas que, em contextos concretos, promoveram o reconhecimento, a submissão a obediência e também a
9 resistência que se apresentaram através de critérios de inteligibilidade dados pelas condições e pelo trajeto da própria vida desses trabalhadores. A presença do cotidiano, das condições de vida e trabalho que reintroduz o simbólico como representação e significado, puseram em evidência como ato vivo, a heterogeneidade nas experiências de proletarização desse especifico coletivo de trabalhadores que não é vinda de processos de trabalho distintos, mas sim de formas de disciplinamento e organização distintas, que se juntaram às noções específicas de hierarquia da própria noção de trabalho. Heterogeneidade, vinda do caráter regional e particular da criação de cada empreendimento industrial, cuja dominação dependia da forma como proletarizavam seus trabalhadores incluindo a exploração da força de trabalho familiar, que se proletariza em conjunto, no modelo com fábrica de vila operária. Essa experiência de luta, não se organiza dentro de associações, ligas ou sindicatos que no passado estruturavam as reivindicações, mas apenas na unidade fabril onde formam uma prática política que tenta ser a expressão do existir cotidiano e propõem,simultaneamente, a dimensão do próprio significado das experiências comuns, isto é, propõem a interpretação da sua própria dominação. Bibliografia BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Alguns Aspectos no Processo de Privatização de Empresas Siderúrgicas: versão preliminar. Rio de Janeiro BRAGA, Tânia Moreira. Política Ambiental, Conflito e Produção Social do Espaço Sob o Signo da Mono Indústria: Um Estudo de Caso sobre Ipatinga (MG). Diamantina: IX Congresso sobre Economia Mineira HELOANI, Roberto. Gestão e Organização no Capitalismo Globalizado. São Paulo: Atlas IBS, Instituto Brasileiro de Siderurgia. Princípios e Políticas. Rio de Janeiro, 2001/2003 OLIVEIRA, Vanessa C.Parreiras de. Reconfiguração da Indústria Siderúrgica no Estado de Minas Gerais nos anos 90 e a Evolução do nível de Emprego e das Relações de Trabalho no Setor. São Paulo: Relatório Setorial DIEESE/CESIT n THOMPSON,E.P. Tradición, Revuelta Y Consciência de Classe. Barcelona: Crítica,1979.
10 .A Miséria da Teoria ou um planetário de erros. Rio de Janeiro Zahar A Formação da Classe Operária Inglesa.v.II. Comunidade. Lazer e Relações Pessoais. Rio de Janeiro: Paz e Terra Costumes em Comum - estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das Letras Entrevistas Valdemir Ribeiro Pinto, brasileiro, 55anos, Gerente de automação, entrevista em 6 de março de Arnaldo Gonçalves, brasileiro, 68 anos, sindicalista, aposentado, entrevista em março de Trabalhadores, técnicos e engenheiros: (2) da laminação, (3) da aciaria, (5) do alto forno, (5) da coqueria, brasileiros, idades entre 25 e 45 anos, entrevistas entre 2003 e 2004.
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