EXPERIÊNCIA DE UMA INTERVENÇÃO EM GRUPO OPERATIVO COM ADOLESCENTES DO LAR FABIANO DE CRISTO
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- Adriano de Vieira Caminha
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1 EXPERIÊNCIA DE UMA INTERVENÇÃO EM GRUPO OPERATIVO COM ADOLESCENTES DO LAR FABIANO DE CRISTO JOELY LÚCIA DE SOUZA RODRIGUES CAROLINA DE SOUSA MALCHER MARGARETE BENTES MONTEIRO CARLOS ALBERTO PRADO GOMES (Universidade da Amazônia UNAMA) Resumo: Este trabalho consiste num relato de experiência de alunos do sétimo semestre de psicologia, realizando estágio curricular na disciplina Prática em Psicologia Social e Comunitária, na Instituição Lar Fabiano de Cristo UPI-José, localizada em Belém do Pará. O Lar Fabiano de Cristo atua no sentido de amparar a família em extrema pobreza, mobilizando-a para o fortalecimento dos vínculos de integração criança-família-sociedade, tendo em vista os princípios de que a vida em família é a mais alta expressão de civilização e que nenhuma criança deverá ser retirada do lar apenas por motivo de pobreza. A instituição tem como objetivo promover integralmente as famílias em situação de exclusão social, atuando através das causas que produzem as situações de miséria material, social, moral e espiritual, contribuindo para o seu equilíbrio. Em 2010, a instituição pretende tornar-se referência nacional na atividade de promoção integral de famílias em situação de miséria. O Lar Fabiano de Cristo disponibiliza às famílias coparticipantes orientação em valores universais para educação do ser integral. Não confere as suas atividades, sob nenhuma forma ou pretexto, caráter religioso, disseminador de credo, culto, prática e visão devocional e confessional. Dentre vários grupos existentes na instituição, os alunos de psicologia escolheram desenvolveram atividades junto ao Grupo Juvenil, o qual atua em face das necessidades de investimentos sócio-culturais para jovens da comunidade, onde a falta de empreendimentos artísticos e esportivos deixa muito a desejar, como apoio na educação dos mesmos. O projeto da instituição visa formar no Grupo Juvenil a concepção de um grupo voltado a esse tipo de proposta, despertando as potencialidades artísticas e esportivas desses jovens. O projeto se propõe a trabalhar com adolescentes na faixa etária de 12 a 14 anos. São oferecidas diversas atividades baseadas em oficinas e gincanas, que possam incentivar o esforço de cada participante. A coordenadora promove encontros semanais onde são discutidos temas pré-definidos. Os assuntos são abordados através de atividades lúdicas, exibição de vídeo, reflexão sobre o tema em questão. As atividades objetivam dar ao grupo Juvenil uma nova identidade, baseada em investimentos artísticos e esportivos de interesse dos jovens, através de uma proposta educativa de abrangência integral, facilitando aos integrantes do grupo o desenvolvimento de suas potencialidades e contando com pessoas capacitadas para ministrarem as oficinas específicas a cada tema. Os estudantes de Psicologia foram acolhidos pelo grupo para o desenvolvimento de um trabalho reflexivo voltado para questões características da adolescência. A parceria veio com a proposta de somar, contribuir com o trabalho já desenvolvido pela coordenadora, que deu autonomia aos 1
2 estudantes na facilitação de dinâmicas e de estarem pontuando questões que surgem no decorrer das reuniões. O objetivo da parceria é oferecer, enquanto estudantes de psicologia, o conhecimento e a prática da Psicologia Social Comunitária, fazendo uma leitura do contexto social e comunitário, levantando diagnósticos, propondo e realizando intervenções com base na teoria de Grupo Operativo. A intervenção operativa tem como objetivo fazer uma leitura com base na teoria de Grupo Operativo de Pichón Riviere, identificando vínculos e mecanismos de adjudicação e assunção de papéis; atuar como agentes facilitadores da aprendizagem e do pensamento no que diz respeito à resolução das dificuldades latentes e manifestadas no campo grupal; auxiliar o grupo na elaboração dos medos básicos (perdas e situações novas), para a execução da tarefa; atuar de forma preventiva e curativa com base na perspectiva da Psicologia Social Comunitária e do Grupo Operativo. Os encontros com os adolescentes, tiveram duração de quatro meses, as reuniões aconteceram duas vezes por semana (terças e sextas), em uma sala da instituição. Na primeira reunião, a coordenadora do grupo apresentou os estudantes de psicologia como novos integrantes do grupo. Em seguida, os estudantes conversaram com os adolescentes sobre o que é psicologia. Foi estabelecido um contrato com o grupo, no qual haveria o comprometimento dos estudantes acerca do sigilo, não julgamento, disponibilidade de escuta e respeito à opinião do outro. Durante as reuniões, estabeleceu-se o grupo reflexivo sobre o tema do mês, eleito pela instituição, com tarefas que visam o desenvolvimento do pensamento crítico e debate de temas pertinentes à realidade em que vivem e questões da própria adolescência. O primeiro tema discutido foi o da amizade com o objetivo de identificá-la como um sentimento de afeição, destituído de qualquer interesse e que se evidencie nos momentos difíceis. Tal tema foi abordado dentro de um roteiro pré-definido pela coordenadora que consistia em: boas vindas, música de harmonização, leitura e reflexão de um pensamento, prece, canção do círculo da amizade, dinâmica sobre o tema do mês e reflexão com o grupo. Os adolescentes desempenharam com êxito a tarefa, porém na atividade reflexiva, poucos interagiam, mesmo quando solicitados, opinavam raramente e/ou brevemente quando a pergunta era direcionada. No decorrer do trabalho, percebeu-se a mudança no comportamento dos adolescentes a partir de dinâmicas na qual eles mesmos construíam o material. Os estudantes de psicologia atribuíram ao tema da amizade a questão da sexualidade (busca do prazer). Foi realizada uma explanação sobre o tema a partir da perspectiva dos adolescentes. Cada membro pôde falar de que forma vivia a sua sexualidade no seu dia-a-dia. Foi realizada a dinâmica da construção de um mural sobre o tema da sexualidade, utilizando folhas de papel, cola, tesoura e revistas. Várias figuras foram mostradas sobre o tema. O resultado dos trabalhos apresentados superou as expectativas do grupo, pois abordavam assuntos além do discutido, tais como: o uso de bebida alcoólica, exposição corporal, hábitos de alimentação e jogos. Após o término da tarefa, os adolescentes foram elogiados pela produção e empenho na realização da mesma, demonstraram conhecimento e interesse sobre o assunto. A partir deste momento relatado, observou-se um grande avanço do processo grupal, pois os adolescentes passaram a interagir mais, contribuindo com o grupo, principalmente quando convidados a produzirem material que possibilitasse a criatividade a partir de suas próprias percepções. O trabalho que está sendo realizado junto ao grupo de adolescentes visa melhorar as relações dentro do grupo e conseqüentemente junto à comunidade. As mudanças observadas no comportamento dos adolescentes serviram como um indicador positivo aos objetivos pretendidos. Os adolescentes estão em um processo de perceberem-se como indivíduos com características pessoais únicas, e que, portanto, não devem ignorar suas peculiaridades e 2
3 sentimentos, através do exercício de respeito às idéias, sugestões e sentimentos para o convívio respeitoso e pacífico. Os estudantes de psicologia deixam como sugestão a continuidade do trabalho desenvolvido e a atuação de uma nova equipe para prosseguir com este trabalho. Apesar do tempo de convivência limitado, a atuação junto à comunidade é de grande importância para o desenvolvimento destes adolescentes. Deve haver uma tentativa, por parte dos novos estudantes que se engajarão no projeto, de flexibilizar a escolha dos temas abordados junto à instituição, já que estes são pré-determinados pela mesma. Palavras-chave: Grupo Operativo. Psicologia Social e Comunitária. Adolescentes. Eixo-temático: infâncias, adolescências e famílias. 3
4 Introdução Este trabalho consiste num relato de experiência de alunas do sétimo semestre de psicologia, realizando estágio curricular na disciplina Prática em Psicologia Social e Comunitária, na Instituição Lar Fabiano de Cristo UPI-José, localizada em Belém do Pará. O Lar Fabiano de Cristo atua no sentido de amparar a família em extrema pobreza, mobilizando-a para o fortalecimento dos vínculos de integração criança-família-sociedade, tendo em vista os princípios de que a vida em família é a mais alta expressão de civilização e que nenhuma criança deverá ser retirada do lar apenas por motivo de pobreza. Missão: promover integralmente as famílias em situação de exclusão social, atuando através das causas que produzem as situações de miséria material, social, moral e espiritual, contribuindo para o seu equilíbrio. Visão : tornar-se referência nacional na atividade de promoção integral de famílias em situação de miséria. O Lar Fabiano de Cristo disponibiliza as famílias co-participantes orientação em valores universais para educação do ser integral. Não confere às suas atividades, sob nenhuma forma ou pretexto, caráter religioso, disseminador de credo, culto, prática e visão devocional e confessional. O Grupo Juvenil: Em face das necessidades de investimentos sócio-culturais para jovens da comunidade, onde a falta de empreendimentos artísticos e esportivos deixa muito a desejar, como apoio na educação dos mesmos, o projeto visa dar ao grupo Juvenil, a concepção de um grupo voltado a esse tipo de proposta, despertando as potencialidades artísticas e esportivas dos jovens. O projeto se propõe a trabalhar com adolescentes na faixa etária de 12 a 14 anos. São oferecidas diversas atividades baseadas em oficinas e gincanas, que possam incentivar o esforço de cada participante. 4
5 A coordenadora promove encontros semanais onde são discutidos temas prédefinidos. Os assuntos são abordados através de atividades lúdicas, exibição de vídeo, reflexão sobre o tema em questão. As atividades visam dar ao grupo Juvenil uma nova identidade, baseada em investimentos artísticos e esportivos de interesse dos jovens, através de uma proposta educativa de abrangência integral, facilitando aos integrantes do grupo o desenvolvimento de suas potencialidades e contando com o concurso de pessoas capacitadas para ministrarem as oficinas específicas a cada tema. A parceria com os estudantes Os estudantes de Psicologia foram acolhidos pelo grupo para o desenvolvimento de um trabalho reflexivo voltado para questões características da adolescência. A parceria veio com a proposta de somar, contribuir com o trabalho já desenvolvido pela coordenadora, que nos deu autonomia na facilitação de dinâmicas e de estarmos pontuando questões que surgem no decorrer das reuniões. O objetivo da parceria é oferecer enquanto estudantes de psicologia o conhecimento e a prática da Psicologia Social Comunitária, fazendo uma leitura do contexto social e comunitário, levantando diagnósticos, propondo e realizando intervenções com base na teoria de Grupo Operativo. O Objetivo da Intervenção Operativa De acordo com Berstein (1989) e Saidon (1982), o objetivo da intervenção operativa é fazer uma leitura com base na teoria de Grupo Operativo de Pichón Riviere, identificando vínculos e mecanismos de adjudicação e assunção de papéis, atuando como agentes facilitadores da aprendizagem e do pensamento no que diz respeito a resolução das dificuldades latentes e manifestadas no campo grupal. Auxiliar o grupo na elaboração dos medos básicos (perdas e situações novas), para a execução da tarefa, atuando de forma preventiva e curativa com base na perspectiva da Psicologia Social Comunitária e do Grupo Operativo. As reuniões com os adolescentes 5
6 No primeiro dia, a coordenadora do grupo apresentou os estudantes de psicologia como novos integrantes do grupo. Em seguida, os estudantes conversaram com os adolescentes sobre o que é psicologia. Foi estabelecido um contrato com o grupo, no qual haveria o comprometimento dos estudantes acerca do sigilo, não julgamento, disponibilidade de escuta e respeito à opinião do outro. Durante as reuniões, estabeleceu-se o grupo reflexivo sobre o tema do mês com tarefas que visam o desenvolvimento do pensamento crítico e debate de temas pertinentes à realidade em que vivem e questões da própria adolescência. O primeiro tema discutido foi o da amizade com o objetivo de identificá-la como um sentimento de afeição, destituído de qualquer interesse e que se evidencie nos momentos difíceis. Tal tema foi abordado dentro de um roteiro pré-definido pela coordenadora que consistia em: boas vindas, música de harmonização, leitura e reflexão de um pensamento, prece, canção do círculo da amizade, dinâmica sobre o tema do mês e reflexão com o grupo. Os adolescentes desempenharam com êxito a tarefa, porém na atividade reflexiva, pouco interagiram, mesmo quando solicitados, opinavam raramente e/ou brevemente quando a pergunta era direcionada. No decorrer do trabalho, percebeu-se a mudança no comportamento dos adolescentes a partir de dinâmicas na qual eles mesmos construíam o material. Os estudantes de psicologia atribuíram ao tema da amizade a questão da sexualidade (busca do prazer). Foi realizada uma explanação sobre o tema a partir da perspectiva dos adolescentes. Cada membro pode falar de que forma vivia a sua sexualidade no seu dia-a-dia. Foi realizada a dinâmica da construção de um mural sobre o tema da sexualidade. Foram utilizados: folhas de papel, cola, tesoura e revistas. Várias figuras foram mostradas sobre o tema. O resultado dos trabalhos apresentados superou as expectativas do grupo, pois abordavam assuntos além do discutido, tais como: o uso de bebida alcoólica, exposição corporal, hábitos de alimentação e jogos. Após o término da tarefa, os adolescentes foram elogiados pela produção e empenho na realização da mesma, demonstraram conhecimento e interesse sobre o assunto. 6
7 A partir deste momento relatado, observou-se um grande avanço do processo grupal, pois os adolescentes passaram a interagir mais, contribuindo com o grupo, principalmente quando convidados a produzirem material que possibilitasse a criatividade a partir de suas próprias percepções. Considerações Finais O trabalho que está sendo realizado junto ao grupo de adolescentes visa melhorar as relações dentro do grupo e conseqüentemente junto à comunidade. As mudanças observadas no comportamento dos adolescentes serviram como um indicador positivo aos objetivos pretendidos. Os adolescentes estão em um processo de perceberem-se como indivíduos com características pessoais únicas, e que, portanto, não devem ignorar suas peculiaridades e sentimentos, através do exercício de respeito às idéias, sugestões e sentimentos para o convívio respeitoso e pacífico. Os estudantes de psicologia deixam como sugestão a continuidade do trabalho desenvolvido e a atuação de uma nova equipe para prosseguir com este trabalho. Apesar do tempo de convivência limitado, a atuação junto à comunidade é de grande importância para o desenvolvimento destes adolescentes. Deve haver uma tentativa, por parte dos novos estudantes que se engajarão no projeto, de flexibilizar a escolha dos temas abordados junto à instituição, já que estes são pré-determinados pela mesma. Referências Bibliográficas BERSTEIN, Marcos. Contribuições de Pichón-Riviére à psicoterapia de grupo. In: OSÓRIO, Luís Carlos (Org.). Grupoterapia Hoje. Porto Alegre: Artes Médicas,1989. p SAIDON, Osvaldo I. O grupo operativo de Pichon-Rivière. In: BAREMBLITT, Gregório (Org.). Grupos: teoria e técnica. Rio de Janeiro (RJ): Graal; p
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