FÍSICA NA ESCOLA JUSTIFICATIVA
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- Caio Borja Silva
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2 JUSTIFICATIVA De2a6deoutubro, a TV Escola estará apresentando, no programa Salto para o Futuro, a série Educação Física na escola. Os jogos, os esportes, as danças, as lutas e as diversas formas de ginástica estão presentes na nossa cultura, influenciando o comportamento, transmitindo valores, fazendo parte do dia-a-dia das pessoas, seja como prática nos momentos de lazer, seja como possibilidade para a atuação profissional ou de apreciação na mídia. Na escola, o ensino da Educação Física pode e deve incluir a vivência dessas modalidades como conteúdos, ampliando as possibilidades de os alunos compreenderem, participarem e transformarem a realidade. No entanto, os professores polivalentes, com formação em Magistério, ou em Pedagogia, e os especialistas, graduados em Educação Física, avaliam, muitas vezes, o ensino da área como inadequado, refletindo uma prática que se apóia em um processo seletivo de alunos aptos para o padrão competitivo. Excluem-se, nesse processo seletivo, muitos dos que não conseguem o desempenho esperado em um tempo predeterminado para o desenvolvimento de tais capacidades. É preciso reconhecer que a ação educativa, quando centraliza o processo de ensino e aprendizagem em seqüências pedagógicas que têm como referência um aluno ideal e não o aluno real, pode redundar em fracasso. A partir dessa constatação, propomos que nesta série sejam discutidos não só os diferentes jeitos de fazer e aprender, mas também os diferentes tempos necessários para aprendizagem, baseados em situações reais do cotidiano escolar. Neste debate, não direcionaremos as questões apenas para o professor especialista, mas também para o professor polivalente, que em muitos lugares assume o desenvolvimento dessa área/disciplina nas séries iniciais. Não cabe, neste momento, argumentar se deve, ou não, a Educação Física de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental ser desenvolvida por um professor especialista, pois independentemente das conquistas que possam ser obtidas pelos profissionais da área, temos, de fato, que constatar uma realidade: em muitos lugares não existe o especialista e uma proposta de trabalho precisa ser desenvolvida. Essa proposta deve tornar-se parte do projeto educativo, valorizando o potencial formativo que a Educação Física tem para a educação global dos alunos. Neste momento, questiona-se a concepção de que a simples reprodução daquilo que foi ensinado seja uma evidência da aprendizagem dos alunos sobre os 2
3 conteúdos da Educação Física. O que se pretende é que o aluno saiba fazer, entenda o que faz, como aprendeu, como pode continuar aprendendo sobre aquilo que o interessa, e que amplie seu olhar sobre as práticas da cultura corporal, podendo apreciá-las e entendê-las de forma não preconceituosa e, assim, capacitando-se a criticar os valores transmitidos como verdades finais. Quais são as alternativas para o ensino da Educação Física? O que e como ensinar aos alunos da Educação Infantil até as séries finais do Ensino Fundamental? Estes são questionamentos essenciais para a transformação da relação dos alunos e, por que não, do próprio professor com o conhecimento da Educação Física. Na busca de uma nova prática, é preciso considerar como princípio que: A Educação Física é um componente importante na construção da cidadania, na medida em que seu objeto de estudo é a produção cultural da sociedade, da qual os cidadãos têm o direito de se apropriar. Neste sentido, entende-se a Educação Física como uma área de conhecimento da cultura corporal de movimento e a Educação Física escolar como uma área/disciplina que introduz e integra o aluno nesta área da cultura, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida. A inclusão do aluno é o eixo fundamental que norteia a concepção e a ação pedagógica da Educação Física escolar, considerando todos os aspectos ou elementos, seja na sistematização de conteúdos e objetivos, seja no processo de ensino e aprendizagem, para evitar a exclusão ou alienação na relação com a cultura corporal de movimento. A Educação Física escolar deve considerar a diversidade como um princípio que se aplica à construção dos processos de ensino e aprendizagem e orienta a escolha de objetivos e conteúdos, visando a ampliar as relações entre os conhecimentos da cultura corporal de movimento e os sujeitos da aprendizagem. Busca-se legitimar as diversas possibilidades de aprendizagem que se estabelecem com a consideração das dimensões afetivas, cognitivas, motoras e socioculturais dos alunos. A perspectiva metodológica de ensino e aprendizagem busca o desenvolvimento da autonomia, a cooperação, a participação social e a afirmação de valores e princípios democráticos. Os conhecimentos construídos devem possibilitar a análise crítica dos valores sociais, como os padrões de beleza e saúde, desempenho, competição exacerbada, que se tornaram dominantes na sociedade, e o seu papel como instrumento de exclusão e discriminação social. Ao apresentar a série Educação Física na escola, pretendemos gerar um amplo debate sobre estes princípios. É nossa intenção, também, debater sobre a prática, ou seja, sobre os recursos didáticos comumente utilizados e sua integração a situações que favoreçam a análise e a reflexão por parte dos alunos, abrindo espaço para os professores compartilharem uns com os outros suas experiências de trabalho, dúvidas e reflexões. Ao longo dos cinco programas, estaremos promovendo um exer- 3
4 cício enriquecedor para os professores que almejam transformar o ensino da Educação Física e ter uma maior compreensão do que é o conhecimento da cultura corporal, como ele se constrói e é construído pelos alunos. OBJETIVOS Debater alternativas para o ensino da Educação Física que efetivamente promovam a inclusão do aluno na construção de um conhecimento que o permita compreender e transformar a realidade. Debater questões específicas do ensino da área, tais como adaptações de regras e espaços, a motivação durante a aprendizagem, meninos e meninas aprendendo juntos, a diversidade de conteúdos, incluindo, além dos jogos e esportes, a ginástica, as danças e as lutas, etc. Discutir a aprendizagem dos conteúdos analisados na perspectiva das categorias conceitual, procedimental e atitudinal. Refletir sobre a Educação Física enquanto uma forma de perceber e compreender o mundo, que tem uma linguagem e uma estética próprias, e possibilitar a análise crítica dos valores sociais, como os padrões de beleza e saúde, desempenho, competição exacerbada, que se tornaram dominantes na sociedade, e do seu papel como instrumento de exclusão e discriminação social. Possibilitar a interação entre professores e especialistas no ensino da Educação Física, para enriquecimento profissional de ambos. Possibilitar uma reflexão sobre a relação da Educação Física com as demais áreas do currículo e com os Temas Transversais. Explicitar que a perspectiva metodológica de ensino e aprendizagem busca o desenvolvimento da autonomia, a cooperação, a participação social e a afirmação de valores e princípios democráticos. TEMAS QUE SERÃO ANALISADOS E DEBATIDOS NA SÉRIE EDUCAÇÃO : PGM 1-UM CURRÍCULO DE MUITAS APRENDIZAGENS... Quando pensamos em Educação Física, quase ao mesmo tempo pensamos em jogos, exercícios físicos, competições... Mas, o processo de ensino e aprendizagem nessa área não se restringe só ao simples exercício de certas habilidades e destrezas. Neste programa, discutiremos como podemos propiciar uma diversidade de conteúdos incluindo, além dos jogos e esportes, as danças, as lutas, as ginásticas e as brincadeiras. Ao refletirmos sobre o currículo de Educação Física, discutiremos também, nesse programa, as expectativas de aprendizagem que estão por trás dessa proposta e quais aspectos devem ser considerados na motivação durante a aprendizagem. 4
5 PGM 2-EDUCANDO PARA A CONVIVÊNCIA Meninos e meninas aprendem juntos? O que se aprende nessa convivência? Existem diferentes níveis de habilidades presentes no mesmo grupo. Como trabalhar as diferenças para incluir todos? Esse programa tem como objetivo discutir como, através de práticas coletivas, pode-se determinar as relações de inclusão e exclusão do indivíduo no grupo. Além disso, o programa pretende discutir a função do professor como mediador da aprendizagem já que, na escola, quem deve determinar o caráter de cada dinâmica coletiva, a fim de viabilizar a inclusão de todos os alunos, é o professor. PGM3-UM OLHAR SOBRE OS CONTEÚDOS Como podem ser trabalhados os conteúdos na perspectiva da transversalidade? O que trabalhar e como trabalhar Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural e Cidadania no âmbito da Educação Física? Nesse programa, ao abordarmos os Temas Transversais, gostaríamos de contribuir para ampliar o olhar sobre a prática cotidiana e, ao mesmo tempo, estimular a reflexão para a construção de novas formas de abordagem dos conteúdos. Através das práticas corporais, particularmente nas situações que envolvem interação social, permite-se criar situações em que o caráter ético do indivíduo se explicita por meio de suas atitudes. É, portanto, uma prática de autoconhecimento e de convivência. Um trabalho com a reutilização de materiais para a construção de brinquedos pode contribuir para estabelecer um diálogo entre a produção cultural da comunidade e a escola. PGM 4-UM PROCESSO CONTÍNUO Neste programa, pretendemos debater um pouco o significado da importância da continuidade no ensino da Educação Física, desde a Educação Infantil até as séries finais do Ensino Fundamental. Geralmente observamos, nos dois primeiros ciclos da escolarização, uma ênfase nas atividades lúdicas, considerando a inadequação de uma especialização técnica precoce e seus efeitos. Ou, então, por entender que a técnica nos jogos e brincadeiras é muito precária, prioriza-se o trabalho com exercícios de habilidades e fundamentos esportivos, tendo em vista uma preparação para a aprendizagem esportiva nos ciclos posteriores. Nesses dois casos, o lúdico acaba sendo visto como ausência de técnica. Pensando um pouco nessas questões, gostaríamos nesse programa de discutir como trabalhar sem rupturas o processo de ensinoaprendizagem e qual é o significado que a cultura corporal adquire ao longo dos anos de escolarização. PGM5-OFUTEBOL COMO CONTEÚDO O futebol faz parte do cotidiano de todos nós e, muitas vezes, fica restrito apenas aos momentos de jogo livre ou treinamento fora do horário, não aparecendo no planejamento do professor. O foco desse programa será a discussão do potencial do conteúdo futebol. Quais as possibilidades de ampliação das aprendizagens através do futebol? O futebol pode ser uma porta para discutir a mídia na escola? Nesse programa, o nosso objeto de ensino/aprendizagem é o futebol. 5
6 Apresentamos algumas das questões que poderão ser abordadas e discutidas na série Educação Física na escola. Cada professor, a partir de sua prática, poderá certamente contribuir com muitos outros questionamentos. PGM 1-UM CURRÍCULO DE MUITAS APRENDIZAGENS... Por que, como e para que adaptar regras, espaços e materiais? Quais as expectativas de aprendizagem que estão por trás da proposta curricular? Quais aspectos devem ser considerados na motivação durante a aprendizagem? Como propiciar a diversidade de conteúdos incluindo, além dos jogos e esportes, a ginástica, as danças e as lutas? PGM 2-EDUCANDO PARA A CONVIVÊNCIA Meninos e meninas aprendendo juntos? O que se aprende nessa convivência? Existem diferentes níveis de habilidade presentes no mesmo grupo. Como trabalhar com as diferenças para incluir todos? É possível incentivar a participação dos alunos no gerenciamento das atividades, proporcionando diferentes grupos de trabalho? Qual a função do professor como mediador da aprendizagem? Como incluir e o que pode e deve ser incluído a partir da participação dos alunos nas propostas das aulas? Como podemos trabalhar com as diferentes habilidades dentro de um grupo? Como resolver os conflitos nas relações de forma democrática, repudiando a violência? PGM 3-UM OLHAR SOBRE OS CONTEÚDOS Qual é a ampliação que se pretende dar aos conteúdos quando conside- 6
7 PGM 4-UM PROCESSO CONTÍNUO PGM 5-O FUTEBOL COMO CONTEÚDO ramos as categorias (conceitual, procedimental e atitudinal) para observar o processo de ensino e aprendizagem? Como podem ser trabalhados os conteúdos na perspectiva da transversalidade? Que trabalhar e como trabalhar Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural e Cidadania? O que se entende por conteúdo oculto e por que explicitá-lo? Como trabalhar sem rupturas o processo de ensino e aprendizagem? Qual é o significado que adquire a cultura corporal ao longo dos anos de escolarização? Qual é o papel do aluno na aprendizagem, na transformação e no aprofundamento dos conteúdos? Quais as possibilidades de ampliação das aprendizagens através do futebol? O futebol pode ser uma porta para discutir a mídia na escola? Como discutir o futebol e a cultura, traçando junto com os alunos diferenças entre o contexto profissional e o escolar? É possível trabalhar a Educação Física como projeto, utilizando o futebol e a mídia, alavancando a aprendizagem de conteúdos de outras disciplinas? BIBLIOGRAFIA BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Cadernos da TV Escola. Convívio escolar. Técnicas didáticas. Educação Física. Brasília. MEC/SEF, BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: 1 a a4 a séries. Brasília. MEC/SEF, BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: 5 a a8 a séries. Brasília. MEC/SEF, BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Ensino Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília. MEC/SEF,
8 Sugerimos, como textos complementares para esta série, a leitura de poemas ou histórias, que falem sobre jogos e brincadeiras infantis. Encaminhamos o texto Infância, de Sonia Miranda, do livro Pra boi dormir, da Editora Record (publicado pela Revista Ciência Hoje das crianças SBPC, Projeto Ciência Hoje, n. 74, v. 10, out ) INFÂNCIA Aninha pula amarelinha Henrique brinca de pique Marília de mãe e filha Marcelo é o rei do castelo Mariazinha sua rainha Carola brinca de bola Renato de gato e rato João de polícia e ladrão Joaquim anda de patins Tieta de bicicleta e Janete de patinete Lucinha! Eu estou sozinha. Você quer brincar comigo? Sonia Miranda é escritora, jornalista e professora. TEXTO COMPLEMENTAR 8
9 Presidente da República Fernando Henrique Cardoso Ministro da Educação Paulo Renato Souza Secretário de Educação a Distância Pedro Paulo Poppovic MEC Secretaria de Educação a Distância Programa TV Escola Salto para o Futuro Diretora de Planejamento e Desenvolvimento de Projetos Carmen Moreira de Castro Neves Coordenadora-Geral de Planejamento e Desenvolvimento de Educação a Distância Tânia Maria Magalhães Castro Diretor de Produção e Divulgação de Programas Educativos José Roberto Neffa Sadek Coordenadora-Geral de Material Didático-Pedagógico Vera Maria Arantes Assessora Técnica Dênia Freitas Associação de Comunicação Educativa Roquette-Pinto - ACERP Diretor-Presidente Mauro Garcia Gerente de Educação Márcia Mermelstein Feldman Supervisora Pedagógica Rosa Helena Mendonça Consultor Pedagógico Caio Martins Costa Coordenadoras de Utilização e Avaliação Mônica Mufarrej e Leila Atta Abrahão Copidesque e Revisão Magda Frediani Martins Capa Bete Esteves Programadora Visual Norma Massa 9
Palavras-chave: Educação Física. Ensino Fundamental. Prática Pedagógica.
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