ATA DE JULGAMENTO DE IMPUGNAÇÃO AO EDITAL DO PREGÃO ELETRÔNICO AA Nº 12/2015
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- Herman Antunes Quintão
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1 ATA DE JULGAMENTO DE IMPUGNAÇÃO AO EDITAL DO PREGÃO ELETRÔNICO AA Nº 12/2015 No dia 02/04/2015, reuniram-se o Pregoeiro e os integrantes da Equipe de Apoio, designados pelo Ato de Designação 15/2015, do Chefe do Departamento de Licitações, para análise e julgamento da Impugnação ao Edital do Pregão Eletrônico supramencionado, apresentada em 1º/04/2015, por ITS VIAGENS E TURISMO LTDA. EPP., doravante denominada Impugnante. I. HISTÓRICO Por intermédio da IP AA/DELOP/GVIG nº 06/2015, aprovada em 10/03/2015, pelas Decisões de Diretoria Dir nº 88/2015, 15/2015 e 6/2015, de 10/03/2015, foi autorizada a instauração de procedimento licitatório para a contratação de serviços de gerenciamento de viagens para o BNDES e suas subsidiárias. Realizada pesquisa de mercado pela Unidade Demandante, apurou-se o valor global estimado de até ,00 (quarenta e sete milhões, sessenta e sete mil, trezentos e noventa reais), sendo R$ ,00 (dois milhões, sessenta e sete mil e trezentos e noventa reais) pela remuneração do agente de viagens e R$ ,00 (quarenta e cinco milhões de reais) para as verbas referentes aos gastos do Sistema BNDES com viagens. Após a definição da modalidade Pregão, e da forma Eletrônica, o respectivo Edital foi aprovado e o certame foi divulgado pelos meios de praxe (jornal de grande circulação nacional, site do BNDES e DOU do dia 23/03/2015, seção 03, pág. 132), tendo sido agendada a Sessão Pública Inaugural para o dia 07/04/2015, às 15h, no portal Compras Governamentais. Em 1º/04/2015, foi recebida, nesta Gerência de Licitações, Impugnação ao Instrumento Convocatório do Pregão Eletrônico em referência cujas razões são descritas, analisadas e julgadas a seguir. II. RAZÕES DO IMPUGNANTE Em suas razões, o impugnante aduz, em síntese, que o subitem , II, a, do Edital possui exigência de caráter restritivo por exigir que os licitantes possuam experiência na prestação dos serviços de, no mínimo, transações/mês em média (50% do valor atual do BNDES) no software TMS Business, da empresa ARGO IT, ferindo o princípio da isonomia, amplamente difundido na legislação por farta e resoluta legislação, jurisprudência e doutrina. Para fundamentar suas razões o impugnante invocou o art. 37, XXI, da 1
2 Constituição da República, os arts. 3º e 30 da Lei nº 8.666/93 e o art. 5º, do Decreto nº 5.450/2005. Além disso, o impugnante colacionou decisões dos Tribunais Superiores e doutrina sobre a matéria. Em conclusão, o impugnante requer a exclusão da previsão contida no subitem , II, a, do Edital do Pregão Eletrônico AA 12/2015. III. ANÁLISE DAS RAZÕES DA IMPUGNANTE Conforme apontado, o impugnante sustenta a ilegalidade da previsão editalícia contida no subitem , II, a, do Edital do Pregão Eletrônico AA 12/2015, o qual trata da qualificação técnica do licitante melhor classificado na fase de lances, vazada nos seguintes termos: Qualificação Técnica I. Declaração firmada pelo representante legal do Licitante, de que disporá, no momento da contratação, de todos os recursos humanos e operacionais necessários à execução do objeto deste Pregão Eletrônico; II. atestado(s) de capacidade técnica, expedido(s) por pessoa(s) jurídica(s) de direito público ou privado, que comprove(m) que o Licitante executou ou executa objeto da mesma natureza ou similar ao da presente licitação; a) Considera-se objeto da mesma natureza ou similar ao da presente licitação a prestação de serviços em que o Licitante efetuou ou efetua, no mínimo, transações/mês em média (50% do volume atual do BNDES) no Sistema TMS Business, da empresa Argo It; Em suma, a exigência contida no subitem , II, a, do Edital do Pregão Eletrônico AA 12/2015 consiste na apresentação de atestado de qualificação técnica demonstrando ter executado ou estar executando, no mínimo, transações/mês, em média, no Sistema TMS Business, da Empresa Argo IT. Em primeiro lugar, é importante esclarecer que o Sistema BNDES está selecionando, com o presente licitatório, empresa para prestação dos serviços de gerenciamento de viagens por meio de operação de ferramenta on line de autoagendamento, já contratada pelo Sistema BNDES, denominada TMS Business. A Aquisição da referida ferramenta decorreu de uma verificação, pela Gerência de Viagens, da vantajosidade na segregação das contratações dos serviços de emissões de itens de viagens e a disponibilização de ferramenta de autoagendamento. Os motivos consistem em um maior controle das informações e dos preços aplicados aos itens de viagem, disponíveis na ferramenta, mitigando o risco de uma agência de viagens contratada manipular tais dados, bem como a extinção da necessidade de realizar treinamentos para uso do selfbooking a cada nova licitação de gerenciamento de viagens, conforme exposto pela Unidade Demandante na Informação Padronizada AA/DELOP/GVIG nº 06/2015. Tal preocupação sobre o faturamento nos contratos de agências de viagens foi consolidada no acórdão 1.314/2014 Plenário, no qual ficou assentado que é irregular o pagamento efetuado com base apenas em sistemas criados e mantidos pelas agências. Dessa maneira, 2
3 a Unidade Demandante expôs que o modelo de contratação adotado está em consonância com os apontamentos do TCU, pois a geração de informações de reservas e emissões em sistema que não é gerido pela agência de viagens proporciona maior confiabilidade no momento do pagamento das faturas, pois a conciliação das faturas da agência de viagens é realizada por meio de comparação entre os valores do documento de cobrança com os valores registrados no sistema de autoagendamento. Dessa forma, no ano de 2014 foi realizado o Pregão Eletrônico 40/2014, cujo objeto era a aquisição, pelo Sistema BNDES, da ferramenta de autoagendamento, tendo se consagrado vencedora do procedimento licitatório a empresa ARGO IT SOLUÇÕES EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO LTDA., com o software TMS Business. Para dar continuidade ao planejamento ora exposto, após a contratação do referido software, foi deflagrado processo interno para contratação dos serviços de gerenciamento de viagens a serem realizados na ferramenta adquirida através do Pregão Eletrônico AA 40/2014, o qual acarretou na publicação do presente procedimento licitatório, ora impugnado. Logo, a presente licitação possui a finalidade de selecionar a empresa responsável por operar o sistema adquirido pelo Sistema BNDES (TMS Business). Antes de mais nada, deve-se ter claro que o conteúdo do atestado de capacidade técnica assim como a própria especificação do objeto tem por finalidade garantir o atendimento às necessidades institucionais do BNDES. Conforme será demonstrado, os critérios adotados pela Administração para definir o conteúdo do atestado exigido são proporcionais e adequados ao atendimento da finalidade a que se destina, estando, ademais, adequadamente justificados, razão pela qual não há fundamentos que justifiquem a alteração da exigência. A Informação Padronizada AA/DELOP/GVIG 06/2015 trouxe as razões que motivaram a exigência, expondo, em síntese, que: (i) é importante que a empresa contratada saiba operar o sistema, dado o grande volume de viagens demandadas por dia no Sistema BNDES; (ii) somente com o conhecimento prévio do sistema, a contratada seria capaz de operar o contrato, desde seu início, com a eficiência necessária; (iii) A experiência prévia significa que o Licitante possui integração desta ferramenta com seu back office ou que sua equipe possui expertise necessária para alimentação dos dados nos sistemas internos para o correto faturamento e conciliação das faturas; (iv) os volumes de recursos financeiros envolvidos na presente contratação ultrapassam o valor de R$ ,00 (vinte milhões de reais), tornando imprescindível que os licitantes demonstrem experiência na execução de serviços similares ao da presente licitação; e (v) foi realizada pesquisa de mercado e as agências consultadas afirmaram que o uso da ferramenta é comum no mercado de viagens. Além disso, deve ser destacado que o quantitativo de transações previsto no referido atestado não extrapola o limite de 50% (cinquenta por cento) das transações estimadas para utilização pelo Sistema BNDES, estado de acordo com a jurisprudência do Tribunal de Contas da União. 3
4 Resta demonstrado, portanto, que os critérios adotados pela Administração para definir o conteúdo dos atestados exigidos são proporcionais, na medida em que estabeleceu, justificadamente, critérios de seleção necessários ao atendimento das necessidades do BNDES. É importante salientar que a Lei de Licitações (Lei nº 8.666/93), a doutrina e a jurisprudência do TCU condenam as exigências imotivadas e desprovidas de fundamentação que restringem desnecessariamente a competitividade, o que não é o caso, conforme exposto. No que concerne ao dispositivo legal citado pelo Impugnante em suas razões art. 30, II, da Lei 8666/93, verifica-se que, na verdade, constitui justamente o fundamento da adequada determinação do conteúdo dos atestados de capacidade técnica das licitações, a fim de evitar contratações inadequadas, desnecessárias e ineficientes, porquanto dissociadas das necessidades da Administração Pública. Tal conclusão constitui consectário mesmo do princípio da eficiência, na medida em que orienta-se a promover o interesse público, consistente na contratação daquele objeto específico, determinado em conformidade com as necessidades do órgão ou entidade promotora do certame. O entendimento ora exposto é corroborado pela doutrina de Marçal Justen Filho, que, ao comentar art. 3º, da Lei de Licitações, manifesta-se no seguinte sentido: O disposto não significa, porém, vedação a cláusulas restritivas da participação. Não impede a previsão de exigências rigorosas nem impossibilita exigências que apenas possam ser cumpridas por específicas pessoas. O que se veda é a adoção de exigência desnecessária ou inadequada, cuja previsão seja orientada não a selecionar a proposta mais vantajosa, mas a beneficiar alguns particulares. Se a restrição for necessária para atender ao interesse coletivo, nenhuma irregularidade existirá em sua previsão. A invalidade não reside na restrição em si mesma, mas na incompatibilidade dessa restrição com o objeto da licitação. Aliás, essa interpretação é ratificada pelo previsto no art. 37, inc. XXI, da CF (...o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações ). JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. 13ª ed. São Paulo: Dialética, Destaque-se, no mesmo sentido, a seguinte orientação do Tribunal de Contas da União: Contratação pública Licitação Edital Habilitação Capacidade técnica Exigência proporcional ao objeto Obrigatoriedade TCU 5. É entendimento pacífico desta Corte de Contas que as exigências da fase de habilitação técnica devem guardar proporcionalidade com o objeto licitado, não podendo exceder os limites necessários à comprovação da capacidade do licitante a prestar ou fornecer, de forma efetiva, o serviço ou bem desejado. (...) A Administração tem o dever de se proteger de interessados não capacitados a prestar o serviço ou realizar a obra objeto da licitação. Por isso, a Lei de Licitações e Contratos prevê a fase de habilitação, na qual os interessados devem comprovar os requisitos exigidos no edital. Nela, a Administração deve impedir a participação daqueles sem condições de cumprir o objeto. (...) Portanto, as exigências previstas na fase de habilitação não podem ser tais a ponto de impedir a participação daqueles que teoricamente estariam aptos a prestar o serviço ou executar a obra. (TCU, Acórdão nº 410/2006, Plenário, Rel. Min. Marcos Vinicios Vilaça, DOU de ) 4
5 Nessa ordem de considerações, verifica-se que os critérios impugnados visam a assegurar a contratação de objeto apto à contratação do objeto pretendido pelo BNDES, e, portanto, afiguram-se como única medida possível para selecionar Licitante legalmente habilitado a desempenhar as atividades pretendidas pela Administração, conforme justificado pela Unidade Demandante na fase interna do procedimento licitatório e consignado na Informação Padronizada AA/DELOP/GVIG 06/2015. A Lei de Licitações estabelece limites claros de exigência de requisitos de habilitação e, dentre eles, encontramos a possibilidade de que a Administração Pública exija que as interessadas no certame demonstrem possuir a capacidade técnica necessária para a execução do objeto, na forma do art. 30, da Lei nº 8.666/93 Entretanto, repita-se, a exigência deve estar devidamente justificada, como no presente caso, sob pena de ladear o art. 3º, 1º, I, da Lei nº 8.666/93. 1 Nessa seara, já destacamos que, quando a Administração Pública decide realizar determinada contratação (obviamente, precedida do necessário procedimento licitatório), deve adotar cautelas para que o objeto pretendido seja devidamente contratado, entregue e produza resultados úteis. Por óbvio, tais cautelas devem observar o procedimento estabelecido pela legislação, pois o princípio da legalidade também deve ser respeitado pelos administradores públicos. Logo, não pode a Administração Pública adquirir um bem sem a qualidade esperada, sob o pretexto de tolerar que qualquer produto seja ofertado para ampliar a competitividade da licitação, mas também não deve ser admitida a conduta da Administração Pública de restringir demasiadamente a competitividade. A questão, portanto, é de exame de proporcionalidade/razoabilidade das exigências realizadas no edital em contraposição à magnitude do objeto a ser contratado. O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou sobre o assunto nos exatos termos aqui exarados, conforme acórdão abaixo transcrito: ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. LICITAÇÃO. EDITAL. QUALIFICAÇÃO TÉCNICA. PROVA DE EXPERIÊNCIA PRÉVIA NO DESEMPENHO DE ATIVIDADES SIMILARES OU CONGÊNERES AO OBJETO LICITADO. 1. Trata-se, na origem, de mandado de segurança com o objetivo, entre outros, de reconhecer a ilegalidade de cláusula editalícia que prevê, a título de demonstração de qualificação técnica em procedimento licitatório, a comprovação de experiência anterior em exercício de atividades congêneres ou similares ao objeto da licitação. 2. A instância ordinária reconheceu a ilegalidade dessa cláusula por entender que havia significante abalo ao princípio da competitividade, com ofensa ao art. 30, inc. II, da Lei n / Nas razões recursais, sustenta a parte recorrida ter havido violação ao art. 30, inc. II, da Lei n /93, ao argumento de que a exigência editalícia de prévia experiência no desempenho de atividades objeto da licitação não viola o princípio da igualdade entre os licitantes, na perspectiva de que a Lei de Licitações prevê que a qualificação técnica assim o permite. Aponta, ainda, divergência jurisprudencial a ser sanada. 4. Não fere a igualdade entre os licitantes, nem tampouco a ampla competitividade entre eles, o 1 Art. 3º - A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhe são correlatos. 1º - É vedado aos agentes públicos: I admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato; (grifamos) 5
6 condicionamento editalício referente à experiência prévia dos concorrentes no âmbito do objeto licitado, a pretexto de demonstração de qualificação técnica, nos termos do art. 30, inc. II, da Lei n / Os princípios da igualdade entre os concorrentes e da ampla competitividade não são absolutos, devendo ser ponderados com outros princípios próprios do campo das licitações, entre eles o da garantia da seleção da melhor proposta e o da segurança do serviço/produto licitado. 6. Tem-se aí exigência plenamente proporcional pois (i) adequada (a prévia experiência em atividades congêneres ou similares ao objeto licitado é medida que faz presumir, como meio, a qualificação técnica - o fim visado), (ii) necessária (a prévia experiência em atividades congêneres ou similares ao objeto licitado é medida de fácil demonstração, autorizando a sumarização das exigências legais) e (iii) proporcional em sentido estrito (facilita a escolha da Administração Pública, porque nivela os competidores uma vez que parte de uma qualificação mínima, permitindo, inclusive, o destaque objetivo das melhores propostas com base no background dos licitantes). 7. Precedentes desta Corte Superior. 8. Recurso especial provido (Superior Tribunal de Justiça; RESP ; 2ª Turma; Relator Mauro Campbell Marques; DJE 11/11/2011) (grifamos) Não se deve perder de vista que o ordenamento jurídico brasileiro consagrou, há certo tempo, o pós-positivismo, no qual se reconhece carga normativa aos princípios e a consequente impregnação de valores na legislação positivada. A Constituição da República é repleta de exemplos: dignidade da pessoa humana (art.1º, III), princípio da isonomia (art. 5º, caput), legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (art. 37, caput). De todos esses princípios, emerge uma vinculação estatal de obediência dos direitos dos cidadãos. 2 Daí se segue que o princípio da competitividade, positivado no art. 3º, 1º, I, da Lei de Licitações deve ser interpretado cum grano salis, sob pena de inviabilizarmos a atividade da Administração Pública. 3 Permitir a ampla participação não nos parece significar permitir a participação de todos os que se interessam nas contratações celebradas com o Poder Público, mas somente daqueles que possuem, minimamente, condições técnicas para tanto. Para ilustrar, trazemos à colação recente julgado do TCU que versa sobre a necessidade de verificar o atendimento às necessidades da Administração Pública, desde que exista justificativa para tanto, conforme passagem, in verbis: Apesar desses precedentes, a unidade técnica manifesta dúvida se no segmento do fornecimento de combustíveis, onde pode haver menos competidores, a exigência [de cartões eletrônicos com a tecnologia de chip] não constituiria realmente restrição à competitividade. Dessa forma, propõe a 2 O Prof. Luís Roberto Barroso possui diversos trabalhos com abordagem profícua, conforme passagem a seguir transcrita: Sem embargo da resistência filosófica de outros movimentos influentes nas primeiras décadas do século, a decadência do positivismo é emblematicamente associada à derrota do fascismo na Itália e do nazismo na Alemanha. Esses movimentos políticos e militares ascenderam ao poder dentro do quadro de legalidade vigente e promoveram a barbárie em nome da lei. (...) O constitucionalismo moderno promove, assim, uma volta aos valores, uma reaproximação entre ética e Direito. Para poderem beneficiar-se do amplo instrumental do Direito, migrando da filosofia para o mundo jurídico, esses valores compartilhados por toda a comunidade, em dado momento e lugar, materializam-se em princípios, que passam a estar abrigados na Constituição, explícita ou implicitamente. (...) Os princípios dão unidade e harmonia ao sistema, integrando suas diferentes partes e atenuando tensões normativas. De parte isto, servem de guia para o intérprete, cuja atuação deve pautar-se pela identificação do princípio maior que rege o tema apreciado, descendo do mais genérico ao mais específico, até chegar à formulação da regra concreta que vai reger a espécie. Este os papéis desempenhados pelos princípios: a) condensar valores; b) dar unidade ao sistema; c) condicionar a atividade do intérprete. A nova interpretação constitucional: ponderação, direitos fundamentais e relações privadas / Ana Paula de Barcellos... [et. al.]; organizador: Luís Roberto Barroso. Rio de Janeiro: Renovar, 2003, págs. 26 a A respeito do princípio da competitividade, o Prof. José dos Santos Carvalho Filho assinala que:... a Administração não pode adotar medidas ou criar regras que comprometa, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo da licitação. Em outras palavras, deve o procedimento possibilitar a disputa e o confronto entre os licitantes, para que a seleção se faça da melhor forma possível. Carvalho Filho, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 17ª Edição; Editora Lumen Juris, Rio de Janeiro, pág
7 unidade técnica que seja promovida a oitiva do Senai/PI acerca das questões suscitadas. Entendo, entretanto, que a questão não é diferente daquelas já enfrentadas pelo Tribunal. Nas duas decisões mencionadas acima, ambas de minha relatoria, pontuei os aspectos do ganho de segurança, ainda que em detrimento da competitividade, acerca da tecnologia adotada. Neste sentido, colaciono a seguir, mais uma vez, o seguinte entendimento expostos no Acórdão 1228/2014-TCU-Plenário: "7. Entendo razoável a justificativa fornecida pelo Coren/SP, qual seja, o aumento da segurança do meio de pagamento ante a constatação de grande número de fraudes ocorridas com o uso da tecnologia de cartões com tarja magnética, para a adoção da tecnologia considerada mais segura. Aliás, é de conhecimento geral a grande incidência de fraudes e clonagens com cartões magnéticos utilizados nas mais diversas formas de pagamentos, o que já levou muitos dos operadores desses meios de pagamentos a substituí-los, já há algum tempo, por cartões eletrônicos com chip. Como exemplos mais evidentes temos os bancos e as operadoras de cartões de crédito. 8. Considero que essa opção se insere na esfera de discricionariedade da administração do Coren/SP, não sendo razoável, portanto, que o Tribunal adote providências que possam obrigar a entidade a utilizar tecnologia que venha lhe causar prejuízos futuros, sob a justificativa de simplesmente se aumentar a competitividade do certame. Entendo que, neste caso, a busca da maior competitividade deve ser avaliada com ponderação. Aliás, o fato de ter acorrido ao certame três licitantes, se, por um lado, não indica uma ampla concorrência, por outro, também não sinaliza a ausência de competitividade. Cabe às empresas atuantes no setor a evolução de sua tecnologia com vistas a oferecer as soluções condizentes com essas novas e irreversíveis exigências, em vez de buscar junto ao Tribunal tutela a atuação mercadológica defasada." Considero que esse entendimento continua válido em relação ao certame ora questionado. Naquelas representações objeto das decisões mencionadas, foi também alegada a possível existência de apenas duas empresas capazes de fornecer a tecnologia, tal como se alega na presente representação. Ainda assim, isso não foi considerado impeditivo à continuidade dos certames, já que a possível restrição à competitividade foi relevada em favor da maior segurança oferecida pela tecnologia exigida. (TCU, ACÓRDÃO Nº 7936/2014 TCU 2ª Câmara, Processo TC / ) (grifamos) No presente caso, verifica-se que o atestado apenas prevê a demonstração de que o licitante melhor classificado tenha operado o sistema utilizado para realização de transações para agenciamento de viagens pelo BNDES, não havendo que se falar em restrição indevida e imotivada. O assunto restou sumulado no Tribunal de Contas da União, conforme se segue: 12. Situa-se na órbita da conveniência e da oportunidade da Administração impor requisitos mínimos para melhor selecionar os potenciais interessados para futura avença. Ainda que seja de todo impossível à Administração evitar o risco de o contratado vir a se revelar incapaz tecnicamente de executar a prestação devida, o estabelecimento de certas qualificações permite a redução desse risco. 13. Quando esse procedimento é adotado dentro do princípio da razoabilidade, encontra amparo no ordenamento jurídico, não configurando restrições ao caráter competitivo do certame licitatório. Com efeito, mister se faz trazer à baila o Enunciado de Decisão n. 351, desta Corte de Contas: "A proibição de cláusulas ou condições restritivas do caráter competitivo da licitação não constitui óbice a que a Administração estabeleça os requisitos mínimos para 7
8 participação no certame considerados necessários à garantia da execução do contrato, à segurança e perfeição da obra ou do serviço, à regularidade do fornecimento ou ao atendimento de qualquer outro interesse público (fundamentação legal, art. 3º, 1º, inciso I, Lei n /1993)". 4 (grifamos) IV. CONCLUSÃO Verifica-se, diante do exposto, que as exigências contida no subitem , II, a, do Edital do Pregão Eletrônico AA 12/2015 possui a finalidade de selecionar licitante tecnicamente apto à consecução do objeto deste Pregão Eletrônico, e, desse modo, atender às necessidades atuais do BNDES. Inexistem, portanto, razões que justifiquem a alegada necessidade de alteração no instrumento convocatório impugnado. Pelas razões acima expostas, decide-se julgar improcedente a impugnação apresentada pela ITS VIAGENS E TURISMO LTDA EPP, mantendo-se íntegras as disposições do Edital e de seus Anexos. Raphael Domingues de Moraes Zyngier Pregoeiro 4 Tribunal de Contas da União; Acórdão nº 2717/2008 Plenário; Processo nº /2008-7; Rel. Min. Marcos Bemquerer Costa; DOU 1º/12/08. 8
Management Company TMC) para prestação de serviços de viagens executados por
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