Ref. Processo / Assunto: decisão referente ao Pregão Eletrônico n 2/2016. RELATÓRIO

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1 Ref. Processo / Assunto: decisão referente ao Pregão Eletrônico n 2/2016. RELATÓRIO A Procuradoria Regional do Trabalho da 8ª Região expediu instrumento licitatório na modalidade Pregão Eletrônico, visando à contratação de empresa para realização de serviço de agente de portaria para a antiga sede da Procuradoria Regional do Trabalho da 8ª Região/Belém-PA. O aviso de licitação foi publicado no Diário Oficial da União, seção 3, no dia 11 de março de Não houve impugnação aos termos do Edital. No dia da licitação, após a sessão de lances, solicitou-se ao licitante classificado em primeiro lugar que enviasse sua proposta, tendo sido esta desclassificada, por apresentar diversas omissões de envio de documentos, o mesmo ocorrendo com o segundo colocado, que deu lance após a fase de desempate. Após a sessão de desempate, e considerando que não houve lances para desempate, convocou-se no sistema a empresa Diamond Service Ltda. EPP para apresentar a sua documentação e proposta. A proposta e documentação estavam regulares, tendo esta Pregoeira habilitado a empresa no sistema e declarado que era vencedora da licitação. Ato contínuo, declarou-se aberto o prazo para intenção de recurso, sendo que a empresa Brasil Serviços Gerais Eireli manifestou a intenção e protocolou no sistema o respectivo recurso. 1

2 DAS RAZÕES RECURSAIS RAZÕES DA BRASIL SERVIÇOS GERAIS EIRELI - recorrente alegou os seguintes pontos: a 1) Que a alíquota de 1% do Seguro Acidente de Trabalho (RAT ajustado) constante em sua GEFIP, em relação ao disposto em sua planilha de custo e composição de preços com uma alíquota de 1,5%, que neste caso está completamente divergente da alíquota apresentada em sua GFIP constante do chat comprasnet; 2) Que a empresa errou o SAT na planilha de composição de preços prevista no Edital e feriu o princípio de vinculação ao instrumento convocatório e errou toda a composição dos preços, haja visto que tais valores são vinculados aos cálculos propostos; 3) Que se for aceita proposta ou celebrado contrato com desrespeito às condições previamente estabelecidas, burlados estarão os princípios da licitação, em especial o da igualdade entre os licitantes, pois aquele que se prendeu aos termos do edital poderá ser prejudicado pela melhor proposta apresentada por outro licitante que a desrespeitou; 4) Requer, por fim, a desclassificação da proposta do recorrido e o retorno à fase de aceitação, para que seja apreciada a sua proposta. CONTRARRAZÕES DA DIAMOND SERVICE LTDA. EPP nas contrarrazões, a recorrida se defendeu informando: 1) Que a recorrida em nenhum momento descumpriu a norma legal e muito menos o instrumento convocatório. 2

3 2) Que o SAT (Seguro de Acidente de Trabalho) ou RAT (Risco Acidentais do Trabalho) previstos no art. 22, II, da lei n 8.212/91 nada mais é que o percentual que mede o risco das atividades econômicas de acordo com a atividade econômica preponderante das empresas que pode ser de 1%, 2% ou 3%. 3) O FAP é a aferição de desempenho da empresa, dentro da respectiva atividade econômica de cada empresa. 4) O Anexo V do Decreto 6.957/2009 apresenta o rol taxativo das alíquotas de percentual do SAT/RAT através da Relação de Atividades Preponderantes e Correspondentes Graus de Risco (conforme Classificação Nacional de Atividades Econômicas CNAE); 5) Que o código CNEA da atividade principal da recorrida é 3% e o FAP da recorrida é de 0,50%, sendo que o cálculo da SAT/RAT = RAT (3%) x FAP (0,50%) = 1,5% está perfeitamente correto. 6) Que o art. 29-A 2, da Instrução Normativa MPOG n 2/2008 prevê que erros no preenchimento da planilha não são motivos suficientes para a desclassificação da proposta, quando a planilha puder ser ajustada sem a necessidade de majoração do preço ofertado, e desde que se comprove que este é suficiente para arcar com todos os custos da contratação. 7) Solicita, por fim, que seja mantida a decisão de classificação do recorrido. FUNDAMENTAÇÃO E DECISÃO FINAL DA PREGOEIRA Com relação aos argumentos da Recorrente e Contrarrazões da recorrida, deve-se dizer que: 1) Que a alíquota de 1% do Seguro Acidente de Trabalho (RAT ajustado) constante em sua GEFIP, em relação ao disposto em sua 3

4 planilha de custo e composição de preços com uma alíquota de 1,5%, que neste caso está completamente divergente da alíquota apresentada em sua GFIP constante do chat comprasnet. Resposta: a alíquota do SAT varia entre 1%, 2% e 3%, conforme alíquotas indicadas na legislação e que medem o grau do risco da atividade preponderante da empresa. É de responsabilidade da empresa realizar o enquadramento na atividade preponderante, cabendo à Secretaria da Receita Previdenciária do Ministério da Previdência Social revê-lo a qualquer tempo. No caso em tela, o licitante utilizou como risco a alíquota de 3% e multiplicou pela alíquota do FAP indicado em sua GFIP, que é de 0,5%, que resultou em 1,5. O Fator Acidentário de Prevenção - FAP é um índice aplicado sobre a Contribuição do Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho GIIL-RAT (devida pelos empregadores), que tanto pode resultar em aumento como diminuição da respectiva contribuição. O FAP varia entre 0,5% e 2%, segundo a legislação que rege a matéria. A esse respeito, o STJ se manifestou nos seguintes termos: Súmula 351 do STJ: a alíquota de contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho SAT é aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro. Não há que se falar em irregularidade na proposta da licitante recorrida, uma vez que o valor de 1,5 é resultante do cálculo das alíquotas declaradas pela empresa junto aos Órgão competentes. 2) Que a empresa errou o SAT na planilha de composição de preços prevista no Edital e feriu o princípio de vinculação ao instrumento 4

5 convocatório e errou toda a composição dos preços, haja visto que tais valores são vinculados aos cálculos propostos. Resposta: não houve erro na planilha do licitante recorrido, uma vez que o resultado de 1,5% tem como origem o percentual da atividade preponderante da empresa, que apresenta grau de risco 3, multiplicado pelo FAP constante de sua GFIP, que 0,5%. Mesmo se a empresa tivesse apresentado o grau de risco 2%, ainda assim estaria em vantagem, pois se multiplicado pelo percentual do FAP de sua GFIP resultaria em um percentual menor, o que diminuiria mais ainda o valor de sua proposta. 3) Que se for aceita proposta ou celebrado contrato com desrespeito às condições previamente estabelecidas, burlados estarão os princípios da licitação, em especial o da igualdade entre os licitantes, pois aquele que se prendeu aos termos do edital poderá ser prejudicado pela melhor proposta apresentada por outro licitante que a desrespeitou; Resposta: não houve burla aos princípios da licitação. Ainda que o licitante tivesse errado o cálculo do percentual, tal erro não é fator de desclassificação, uma vez que o Edital não prevê desclassificação baseada nesse tipo de erro. Não é razoável, durante o julgamento das propostas, que o Pregoeiro se apegue a detalhes que não alterem significativamente o conteúdo das propostas de preço. O item do Edital prevê as causas em que a proposta de preço não será aceita e ainda oportuniza no item que haja a sua retificação, caso sejam verificados os erros indicados no item A Administração não pode fazer exigências bem como descer a pormenores que excluam os licitantes e as propostas exequíveis dado o princípio da competitividade e da razoabilidade, que devem ser observados por ocasião do julgamento das propostas. A vinculação ao edital está em admitir 5

6 propostas sanáveis e/ou desclassificá-las quando apresentam irregularidades insanáveis. À luz dos princípios constitucionais que regem a Administração Pública, além do direito positivado através da Lei nº 8.666/93, não resta qualquer dúvida de que a Pessoa Jurídica de Direito Público deverá prestigiar eficiência e isonomia a todos os certames licitatórios em busca da contratação mais vantajosa ao interesse público. Por ocasião do julgamento, o Pregoeiro não pode se prender a detalhes pequenos, que não violem as leis trabalhistas, a CCT, e que não maculem a proposta como um todo. A proposta da recorrida está dentro do valor de mercado e abaixo do valor indicado no termo de referência. A licitante, ao apresentar a sua planilha após a fase de lances, deve fazer os ajustes para que o valor total seja igual ou menor que o indicado na proposta de lance. Eventuais erros na planilha podem ser sanados. A esse respeito o artigo 29-A, 2º, da Instrução Normativa n 2/2008, alterada, esclarece: 2 Erros no preenchimento da Planilha não são motivo suficiente para a desclassificação da proposta, quando a Planilha puder ser ajustada sem a necessidade de majoração do preço ofertado, e desde que se comprove que este é suficiente para arcar com todos os custos da contratação. É por todas essas considerações que esta Pregoeira decide: 1) Admitir o recurso da empresa Brasil Serviços Gerais Eireli, negando-lhe, porém, provimento, pelos motivos ao norte elencados. 3) Manter a decisão de classificação e habilitação da empresa Diamond Service Ltda. - EPP. 6

7 análise e decisão final. À apreciação do Excelentíssimo Senhor Procurador-Chefe, para Belém, 11 de abril de Rosely de Barros Oliveira Pregoeira 7