MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA PARAÍBA JULGAMENTO DO RECURSO ADMINISTRATIVO

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1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA PARAÍBA JULGAMENTO DO RECURSO ADMINISTRATIVO PROCESSO: / PREGÃO ELETRÔNICO: 01/2012 RECORRENTE: THOTAL Serviços Terceirizados LTDA-EPP RECORRIDA: NSC CONSERVADORA Serviços e Terceirização LTDA EPP I DO RECURSO A Interposição de Recurso Administrativo pela empresa THOTAL Serviços Terceirizados LTDA-EPP se enquadra nos moldes da TEMPESTIVIDADE, conforme termos da legislação, em observância ao disposto no Art. 4, inciso XVIII, da Lei n /2002, bem como no Art. 26 do Decreto n 5.450/2005: XVIII Declarado o vencedor, qualquer licitante poderá manifestar imediata e motivadamente a intenção de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias para apresentação das razões do recurso, ficando os demais licitantes desde logo intimados para apresentar contra-razões em igual número de dias, que começarão a correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos. II DO RELATÓRIO DE RECURSO E CONTRA-RAZÕES INTERPOSTOS O recurso interposto pela empresa THOTHAL SERVICOS TERCEIRIZADOS LTDA EPP, constante no sistema comprasnet, aduz textualmente o seguinte: O pedido de recurso, ora apresentado, é plenamente cabível e tempestivo, tendo seu fundamento legal no item do Edital que regulamenta o presente pregão eletrônico. O recorrente foi desclassificado em decisão do pregoeiro que constou do sistema da seguinte forma:

2 Inabilitação de proposta. Fornecedor: THOTHAL SERVICOS TERCEIRIZADOS LTDA EPP, CNPJ/CPF: / , pelo melhor lance de R$ ,0000. Motivo: Empresa inabilitada por apresentar documentos comprobatórios de qualificação econômico-financeira (Balanço e Demonstração de Resultado de Exercício) ausentes de registro na Junta Comercial. Assim sendo, em desconformidade com o que determina o subitem do Edital e art. 19 da IN 02/2010. A decisão foi motivada por não constar registro do balanço contábil perante a Junta Comercial. Todavia, a recorrente é empresa de pequeno porte, optante do SIMPLES, e está desobrigada por lei a registrar balanço contábil perante a Junta Comercial. As microempresas e empresas de pequeno porte gozam de tratamento diferenciado e favorecido no ordenamento jurídico brasileiro, tendo como base o disposto nos artigos 170, IX e 179 da Constituição Federal. O art. 27 da Lei Complementar 123/06, tratando do tema assim dispõe: Art. 27. As microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional poderão, opcionalmente, adotar contabilidade simplificada para os registros e controles das operações realizadas, conforme regulamentação do Comitê Gestor. O entendimento jurisprudencial é de que a microempresa pode ser dispensada da escrituração, como destacamos: (...). Por último, verifica-se que a empresa apresentou documentação contábil que não foi aceita pelo simples fato de não estar registrado perante JC e também não foi concedido nenhum prazo a recorrente para sanar o eventual vício de sua proposta. A empresa NSC conservadora foi declarada vencedora do certame. Porém a mesma cotou em sua planilha no modulo 4. (encargos sociais e trabalhistas) valores como se a mesma pudesse ser optante do simples nacional. 1. Por ser medida de inteira justiça, requer da digna autoridade competente, de reconsiderar a não habilitação da empresa THOTHAL SERVIÇOS TERCEIRIZADOS LTDA, admitindo a sua participação na licitação e/ou contratação; 2. Requer também da digna Autoridade competente, de reconsiderar a habilitação da empresa NSC CONSERVADORA SERVICOS E TERCEIRIZACAO LTDA EPP, afastando-a da licitação e/ou contratação, por ser medida salutar de Direito & Justiça. Ao passo que a empresa NSC CONSERVADORA SERVICOS E TERCEIRIZACAO LTDA EPP contra-razoa, conforme consta no sistema comprasnet, alegando textualmente o seguinte: (...) ao recurso impretado pela THOTAL SERVIÇOS E TERCEIRIZAÇÃO LTDA EPP, onde a mesma alega que nossa empresa não cotou os encargos

3 referente a contribuição à terceiras entidades, onde entendemos portanto que a Lei Complementar 123, no seu art. 3º. Item II, ainda não ultrapassou os valores fixados para o seu ano-calendário, reforçados também no seu Art. 13, parágrafo 3º., a saber: 3º. - As microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional ficam dispensadas do pagamento das demais contribuições instituídas pela União, inclusive as contribuições para as entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical, de que trata o art. 240 da Constituição Federal, e demais entidades de serviço social autônomo. A respeito de nossa empresa ser beneficiária do simples Nacional, comprovamos no envio de documento de Declaração de Reenquadramento de ME para EPP, em 07/12/2011, arquivado e registrado na Junta Comercial do Estado da Paraíba em 16/12/2011 sob o no (...). Informamos que após as correções feitas prontamente por nossa empresa por solicitação da nobre Pregoeira, firmamos em nossa planilha todos os pontos requeridos inclusive quando questionados sobre nossos Contratos, informamos que temos contratos de terceirização de mão de obra, ao qual acreditamos que também a empresa recorrente os tenha na mesma forma. Assim, nossa empresa requer a essa autoridade que mantenha o resultado do Pregão supracitado e nos declare vencedores do certame (...) É o relatório. Passo a fundamentar. III DA FUNDAMENTAÇÃO Primeiramente cumpre-nos também destacar aqui (embasados nos incisos LIV e LV do art. 5º da Constituição Federal, inciso XVIII do art. 4º da Lei nº /2002 e Lei nº 9.784/99) a importância do instrumento recursal para a Administração Pública, já que o mesmo pode corrigir possíveis omissões, dos agentes públicos, no processo de construção dos atos administrativos. Para reforçar tal justificativa, nos valemos das palavras do ilustre administrativista Hely Lopes Meirelles, que leciona com propriedade: Os recursos administrativos são todos os meios hábeis a propiciar o reexame de decisão interna pela própria Administração. No exercício de sua jurisdição a Administração aprecia e decide as pretensões dos administrados e de seus servidores, aplicando o Direito que entenda cabível, segundo a interpretação de seus órgãos técnicos e jurídicos. Pratica, assim, atividade jurisdicional típica, de caráter parajudicial quando provém de seus tribunais ou comissões de julgamento (...). Ultrapassadas essas considerações, passo ao exame do cabimento de recurso e contra-razão. A RECORRENTE questiona a sua inabilitação neste certame justificando, amparada nos artigos 170 e 179 da Constituição Federal e na lei complementar 123/2006 em seu art. 27, que as microempresas e empresas de pequeno porte (ME/EPP) gozam de tratamento diferenciado e favorecido no

4 ordenamento jurídico brasileiro. No que tange a desclassificação da mesma para este certame, pela não apresentação do balanço patrimonial com registro na junta comercial, este Pregoeiro e sua equipe de apoio procederam conforme preconiza a Instrução Normativa 02/2010, em seu art. 9º e reforçada pelo subitem do Edital (no tocante ao balanço patrimonial), a saber: O documento solicitado acima deverá ser registrado na Junta Comercial ou órgão equivalente na forma da legislação vigente (art. 19 do IN 02/2010). Analisando cuidadosamente a legislação vigente que trata da matéria em epígrafe, observamos no Código Civil brasileiro, instituído pela lei nº , de 10 de janeiro de 2002, dispositivos clareadores da lide aqui posta, e esses versam sobre a escrituração, respectivamente, da seguinte forma: Art O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. (grifo nosso) (...) 2 o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art (grifo nosso) (...) Art Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis. (grifo nosso) Com base nos dispositivos acima nota-se o patamar privilegiado (no tocante as burocracias que envolvem o processo de escrituração) que a lei atribui ao pequeno empresário, quando o desobriga de realizar escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico conforme preconiza acima o 2º do art do Código Civil. Ainda sobre o tema a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 em seu artigo art. 27, no art. 2º da Resolução CGSN nº 28, de 21 de janeiro de 2008 e o Conselho Federal de Contabilidade em sua publicação Escrituração contábil simplificada para micro e pequena empresa dispõem respectivamente: As microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional poderão, opcionalmente, adotar contabilidade simplificada para os registros e controles das operações realizadas, conforme regulamentação do Comitê Gestor. (grifo nosso)

5 Art. 13-A. As microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional poderão, opcionalmente, adotar contabilidade simplificada para os registros e controles das operações realizadas, atendendose às disposições previstas no Código Civil e nas Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade. (grifo nosso) Igualmente, conforme previsto no art , inciso I, combinado com art e seus, do Código Civil Brasileiro, as empresas devem apresentar anualmente para registro, na Junta Comercial ou no Cartório de Títulos e Documentos, ata de aprovação das suas contas, bem como apresentar para arquivo-cópia de tais demonstrações contábeis no mesmo órgão, independente da tipicidade jurídica, ressalvado a ME ou EPP. Evitando delongas acerca da demanda e para nortear conclusivamente nossa análise, trazemos aqui, trecho de relatório do Ministro José Jorge, que fundamentou o Acórdão TCU - plenário nº 324/2010: No que concerne à apresentação de balanço patrimonial sem a chancela da Junta Comercial, não são procedentes os argumentos colacionados, haja vista que tal chancela é despicienda, como demonstrou a unidade instrutiva no exame anteriormente transcrito, o qual incorporo às minhas razões de decidir. (grifo nosso) Quanto ao preenchimento da planilha, por parte da RECORRIDA, que se refere ao módulo dos encargos sociais e trabalhistas, realmente verifica-se a necessidade de preenchimento conforme alegação da RECORRENTE e conforme prevê a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 (e já que a RECORRIDA não poderia ser beneficiária da opção de Simples Nacional, neste certame, por apresentar contrato configurado como locação de mão de obra), a saber: 3º, art. 13 As microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional ficam dispensadas do pagamento das demais contribuições instituídas pela União, inclusive as contribuições para as entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical, de que trata o art. 240 da Constituição Federal, e demais entidades de serviço social autônomo. (grifo nosso) Reiteramos que a RECORRIDA não poderia ser beneficiária da opção de Simples Nacional neste certame, portanto a aplicabilidade do benefício acima proposto pelo Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte não se aplica também a empresa NSC CONSERVADORA SERVICOS E TERCEIRIZACAO LTDA EPP. Ainda quanto a isso, vejamos a Instrução Normativa 02/2008: " 2º, art. 29-A: Erros no preenchimento da Planilha não são motivo suficiente para a desclassificação da

6 proposta, quando a Planilha puder ser ajustada sem a necessidade de majoração do preço ofertado, e desde que se comprove que este é suficiente para arcar com todos os custos da contratação. Apesar da constatação do vício referente ao preenchimento da planilha da RECORRIDA, tal fato não seria suficiente para desclassificar a proposta da mesma conforme assegura a Instrução Normativa nº 02/2008. III DA DECISÃO DO PREGOEIRO Assim, em face da fundamentação exposta acima DEFIRO o pedido formulado pela THOTAL Serviços Terceirizados LTDA-EPP, afastando a aplicabilidade do subitem do Edital para as empresas optantes pelo Simples Nacional por força legal, retornando o pregão a fase de habilitação e inabilitando a proposta da empresa NSC CONSERVADORA Serviços e Terceirização LTDA - EPP, para então retomar a análise e julgamento de proposta da empresa THOTAL Serviços Terceirizados LTDA-EPP, dando continuidade ao Pregão Eletrônico nº 01/2012 Campus Picuí do IFPB. IV CONCLUSÃO Sendo assim, o Pregão Eletrônico 01/2012 será agendado para reabertura no dia 28/05/2012 às 14h00min horário de Brasília/DF. V DO ENCAMINHAMENTO A presente decisão será encaminhada ao Magnífico Reitor do IFPB para conhecimento. Flaviano da Silva Pregoeiro Mat