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1 PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: < Manejo e comportamento reprodutivo de cabras 1 Victor Costa e Silva 2 1 Parte da monografia apresentada pelo autor ao Curso de Zootecnia da Unidade Universitária de São Luís de Montes Belos, Universidade Estadual de Goiás, para obtenção do grau de Bacharel em Zootecnia. 2 Zootecnista, estagiário do setor de forragicultura FCAV UNESP/Jaboticabal. RESUMO O objetivo deste trabalho foi expor a importância de um correto manejo reprodutivo de cabras para se obter sucesso na atividade, seja ela de exploração leiteira ou corte. Um dos fatores que limitam a produção de cabras é o pouco conhecimento existente sobre os padrões de comportamento reprodutivo e o manejo a que estão submetidas, aliado às condições climáticas. Semelhante a outras espécies, a duração do dia é responsável pela estacionalidade reprodutiva dos pequenos ruminantes, que ciclam em função da diminuição do fotoperíodo, o que ocorre do final do verão ao início do inverno no cone sul da América latina. Devido a esse fato biológico, a produção leiteira de caprinos se concentra nos períodos de inverno, primavera e verão, quando então gradativamente findam as lactações, que somente reiniciarão na
2 próxima estação de parição, o inverno. Dessa forma, faz-se necessário promover uma quebra reprodutiva, levando a duas épocas de parição por ano, uma no inverno e outra no verão e outono, que resultarão em uma produção leiteira uniforme. Palavras - Chaves: Reprodução, caprinos, produção, leite Management and Reproductive Behavior of Goats Abstract The objective of this work to explain the importance of a correct handling of breeding goats to achieve success in activity, be it of dairy or cut. One of the factors that limit the production of goats is little existing knowledge about the patterns of behaviour and reproductive management that are submitted, together with climatic conditions. Similar to other species, the duration of the day is responsible for the reproductive seasonality of small ruminants, which come into estrus according to the decrease in the photoperiod, which is the end of the summer to the beginning of winter in the southern cone of Latin America. Due to this biological fact, the production of goats milk is concentrated in periods of winter, spring and summer, when then gradually ending the lactations, which only start again next lambing season of the winter. Thus, it is necessary to promote a reproductive decline, leading to two periods per year of birth, one in winter and one in summer and fall, resulting in a uniform milk production. Keywords: Reproduction, goats, production, milk
3 INTRODUÇÃO A criação de caprinos no Brasil ainda é marcada por grandes contrastes quanto às formas de exploração. No Centro Sul e também no Nordeste, nas regiões próximas aos centros consumidores, aumentou acentuadamente o número de novos criadores interessados na exploração comercial do leite de cabra (visto que o Brasil não apresenta tradição queijeira dessa espécie), utilizando para isso reprodutores e matrizes de raças leiteiras e, portanto, estacionais. Dessa forma, a produção se concentra numa determinada época do ano, de agosto a março na região Centro Sul, quando então findam as lactações, que somente reiniciarão na próxima estação de parição, o inverno. Isso resulta em uma entre-safra de aproximadamente quatro meses, sem lucros para o produtor, e que também acarreta severos problemas para os consumidores desse produto nobre, principalmente para as crianças alérgicas ao leite de vaca, às quais o leite de cabra é fundamental na alimentação diária (TRALDI, 2005). De acordo com RIBEIRO (1998), para que um programa reprodutivo funcione de forma eficiente e os objetivos definidos sejam alcançados, algumas premissas devem ser atendidas, como: Levantamento sanitário; Programa alimentar; Mão-de-obra; Identificação dos animais. 1.1 Escolha dos reprodutores e matrizes Os machos caprinos são animais muito precoces, os quais, aos quatro meses de idade podem entrar na puberdade e atingir a maturidade sexual entre seis e sete meses, podendo ser usado como reprodutores iniciantes, servindo a um pequeno número de fêmeas. A partir de dois anos de idade, é
4 considerado adulto, quando atinge o peso ideal, desenvolvimento corporal e produção espermática adequada. A vida útil de um reprodutor é estimada em torno de sete a oito anos de idade, apresentando a partir daí uma diminuição no seu potencial reprodutivo (ESPESCHIT, 1998). Figura 1. Reprodutor adulto da raça Boer. Além das características corporais e do comportamento sexual, também devem ser consideradas duas características: a capacidade de gerar filhos com boa produção leiteira e/ou ganho de peso, tendência a partos gemelares (no caso de caprinos para corte) e não apresentarem tetas extras. A seleção dos reprodutores poderá ser feita a partir dos seis meses de idade (MACHADO, 2001). 1.2 Puberdade e ciclo estral Segundo ESPESCHIT (1998), o aparecimento da puberdade determina o início da atividade sexual tanto no macho quanto na fêmea. As fêmeas atingem
5 a puberdade quando ocorre o aparecimento do primeiro estro, porém na maioria das vezes este se mostra infértil, por diversos motivos, que envolvem a não ovulação. O ciclo estral é o ritmo funcional dos órgãos reprodutivos femininos que se estabelece a partir da puberdade. Compreendem as modificações cíclicas na fisiologia e morfologia dos órgãos genitais e também no perfil dos hormônios relacionados. Assim, o ciclo estral é o período entre dois cios, no qual ocorrem profundas modificações hormonais em todo o organismo, particularmente sobre o aparelho genital e no comportamento da fêmea. O ciclo estral da cabra tem duração normal de dias (ANTONIOLLI, 2002). 1.3 Gestação Segundo RIBEIRO (1998), a gestação é o período que vai da fertilização do óvulo pelo espermatozóide até o parto. De seu andamento normal depende a condição em que a cria irá nascer e como a cabra enfrentará a próxima lactação. Por isso diversos aspectos devem ser analisados. A duração média da gestação é de 152 dias, variando de 132 a 166 e o fator que influencia essa variação é o tamanho da prole, com as gestações simples um dia mais longas do que as gestações múltiplas. A raça também pode influenciar na duração da gestação. Seu estado nutricional na parição determinará, em grande parte, o vigor da cria ao nascer, a quantidade de leite a produzir e o instinto materno da fêmea. Nas últimas semanas de gestação ocorre um rápido crescimento do feto, que aumenta ⅔ do seu peso total e grande desenvolvimento da glândula mamária. Isso eleva consideravelmente as necessidades nutricionais das ovelhas e cabras antes do parto (GRANADOS, 2006).
6 Figura 2. Fêmea da raça Saanen no terço final de gestação. 1.4 Cuidados com a cabra gestante De acordo com RIBEIRO (1998), a cabra em gestação torna-se muito sensível movimentações intensas e por isso é necessária uma série de cuidados para evitar que ela perca a cria; portanto deve-se evitar trocas de lotes (para não causar brigas), cuidado com portões estreitos, evitando vermifugações e qualquer tipo de medicação, principalmente nos primeiros e últimos 45 dias de gestação. Além disso, deve haver um cuidado especial com a sua alimentação e sua condição corporal. De três a 15 dias antes da data prevista para o parto, alguns autores recomendam a separação da cabra, enquanto outros orientam que ela deve permanecer no lote em que ela está habituada. De qualquer forma, o local do parto deve ser espaçoso, com uma cama limpa, seca e macia, com temperatura adequada e o mais tranqüilo possível (GRANADOS, 2006).
7 Figua 3. Lote de fêmeas prenhes. 1.5 O parto Segundo RIBEIRO (1998), aproximadamente um dia antes do parto, devido ao tônus da parede uterina, não é mais possível perceber os movimentos fetais, detectáveis no flanco direito na fase final da gestação. De oito a 10 horas antes do nascimento, a cérvix começa a se dilatar e a vulva torna-se inchada, liberando uma secreção espessa, sendo que o tampão mucoso cervical pode, eventualmente começar a ser liberado até 15 dias antes do parto e, portanto, a sua presença na vulva não é um sinal indicativo do momento ou data do parto, diferentemente da vaca. O úbere apresenta um pronunciado aumento de volume, com o intumescimento das tetas, e nota-se um evidente aumento do vazio do flanco, causado pelo relaxamento dos ligamentos pélvicos. Essa fase pode demorar várias horas, até começar o parto propriamente dito.
8 Figura 4. Fêmea momentos após o parto. 1.6 Cuidados com o recém-nascido Alguns dos problemas mais comuns dos recém-nascidos são infecções por Escherichia coli, pneumonia, diarréia e fome. A pneumonia ocorre principalmente quando ele é exposto ao frio e a umidade, e ainda mais no inverno. É fundamental a preocupação com o conforto da cria, alojando-a em instalação adequada, ventilada, mas livres de corrente de ar, seca, com temperatura confortável e protegida do sol direto, utilizando-se de uma fonte de calor, principalmente no inverno e à noite, onde as temperaturas são mais baixas (RIBEIRO, 1998). Outro aspecto refere-se à alimentação colostral, na qual, deve iniciar-se o mais rápido possível. O primeiro leite contém anticorpos que a fêmea não proporciona ao feto em quanto este permanece no útero. Seu consumo deve ser iniciado antes de transcorridas 18h pós-parto, já que a permeabilidade intestinal aos anticorpos se perde de forma relativamente rápida. O colostro
9 pode ser administrado as crias recém-nascidas com ajuda de mamadeiras, assegurando assim o correto consumo (GRANADOS, 2006). É importante também atentar para a cura e desinfecção do umbigo, que é grande porta de entrada para microrganismos. Logo após o nascimento, fazer o corte em torno de dois centímetros abaixo do abdome e a cura com iodo a 10%. Com isso, o local cicatrizará, evitando onfaloflebites, que é a inflamação do umbigo (RIBEIRO, 1998). Figura 5. Corte e cura do umbigo do recém-nascido. CONSIDERAÇÕES FINAIS A espécie caprina, que acompanha o homem desde os primórdios da domesticação animal, atrai criadores, pesquisadores e profissionais de campo, na busca de descobertas de suas particularidades e otimização de técnicas que difundam o potencial genético de animais produtivos e que se faz de forma acelerada quando da correta utilização de técnicas de manejo reprodutivo. Ainda se tem muito que avançar para se poder ter resultados cada vez mais
10 satisfatórios. E para isso, faz-se necessário promover uma quebra na estacionalidade reprodutiva, levando a duas épocas de parição por ano, uma no inverno e outra no início do outono, que resultarão e uma produção leiteira uniforme, bem como na produção de cabritos para o abate ou de reprodutores e matrizes para os rebanhos em formação, ou seja, em retorno do capital investido e lucros para o criador (TRALDI, 2005). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTONIOLLI, C. B., Seminário apresentado na disciplina de Endocrinologia da reprodução (VET00169) do programa de pós-graduação em ciências veterinárias da UFRGS, ESPESCHIT, C.J.B., Alternativas para o controle da estacionalidade reprodutiva de cabras leiteiras. In: DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO E EXPLORAÇÃO ANIMAL. Encontro para desenvolvimento da espécie caprina. Botucatu. Gráfica Multipress., p GRANADOS, L. B. C., DIAS, A. J. B., SALES, M. P. Aspectos gerais da reprodução de caprinos e ovinos. 1. ed. Campos dos Goytacazes-RJ. 54 p MACHADO, R., SIMPLICIO, A. A. Avaliação de programas hormonais para a indução e sincronização do estro em caprinos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 36, n. 1, p , RIBEIRO, Silvio Dória de Almeida. Caprinocultura: criação racional de caprinos. São Paulo: Nobel, p. TRALDI, A. S. Manejo da Reprodução em Caprinos Situação Atual e Perspectivas. In: VIII Encontro de Caprinocultores do Sul de Minas e Média Mogiana. 9 p
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