Como lidar com alunos com necessidades especiais?
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- Andreia Sousa Arantes
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1 Como lidar com alunos com necessidades especiais? Ao decorrer deste e-book gratuito, você verá 26 dicas incríveis para aprimorar o seu relacionamento em sala de aula com alunos que possuem necessidades especiais. Mas antes, existem algumas questões que devemos deixar claras! O que é um aluno com necessidades especiais? Todo aluno que foge do padrão de aprendizado para sua idade, tanto para menos quanto para mais, considerando o físico, sensorial e mental. Também pode ser considerado aluno com necessidades especiais, os que apresentam um tipo de dificuldade devido a: problemas de dicção, transtornos comportamentais, TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade), bloqueio ou refeição ao aprendizado de uma língua estrangeira (filtro afetivo). Deve ficar claro que alunos superdotados também são considerados portadores de necessidades especiais. Ser portador de necessidades especiais não significa incapacidade de aprender. Devemos estar preparados para um atendimento diferenciado e individualizado, pois o aprendizado pode ser mais lento, mas não impossível. Quem deve identificar a necessidade especial? O professor que faz o diagnóstico? A resposta é NÃO. Os professores não possuem qualificação para realizar um diagnóstico oficial. Os pais devem ser os principais colaboradores nesse momento, onde existe uma suspeita de necessidade especial, devendo informar à escola onde seus filhos precisam de mais apoio. O grande problema é manter um diálogo aberto e sincero com os pais, já que muitos não aceitam ou compreendem que existe um problema, dificultando muito o trabalho do professor.
2 É comum confundir distúrbios com: bagunça, hiperatividade ou falta de interesse. O dia a dia da de sala de aula não necessariamente trará ao professor segurança suficiente para traçar ou identificar a média de aprendizagem de uma determinada faixa etária. Existe uma avalanche de diagnósticos equivocados: afinal, ao medicar, a responsabilidade deixa de ser dos pais, educadores e passa a ser médica, isto é, é mais fácil medicar do que lidar com problemas que possam nem passar pelo aluno. Por exemplo, um aluno apático e briguento por conta de problemas e brigas constantes dos pais é mais fácil dizer que a criança está com problemas do que aceitar um fracasso no casamento. Ou, um aluno que vem de outras atividades, várias vezes, sem almoçar e com poucas horas de sono pode ser facilmente considerado como alguém que tem déficit de atenção. Há também pais que informam a escola sobre a condição dos filhos, mas proíbem que o professor fale sobre o assunto com o próprio aluno, e não admitem concessões ou adaptações para ele. Como lidar com estes casos, já que em nosso campo raramente estudamos isso na universidade? Mesmo com o diagnóstico, como fica o papel do professor diante deste desafio? Primeiro, os pais é que devem informar o problema. O professor não deve diagnosticar o aluno ou sequer, levantar suspeita. Porém, às vezes, é possível identificar uma dificuldade com que um aluno lida com certas coisas na sala de aula, e, como pedagogos, vamos ter que encontrar soluções pedagógicas. Uma pergunta possível para os pais seria: E na escola, como anda o trabalho do aluno? Além disso, diante do diagnóstico um professor deve, acima de tudo, procurar também ajuda profissional, validada pela instituição onde trabalha. Alguns pais, inclusive, podem não saber com lidar com um diagnóstico que muitas vezes parece sentenciar o aluno ao fracasso. A inclusão só será possível mediante um diálogo franco e aberto entre pais e escola, e suporte intenso da instituição de ensino ao professor. Também devemos ter muita paciência e compreensão, e sempre experimentar novas técnicas. Desafios. Existem muitos desafios para a educação inclusiva: Salas de aula cheias, com condições nem sempre favoráveis. Tempo limitado e aulas corridas, sem tempo suficiente para identificarmos problemas e pensarmos em soluções para lidar com o aluno e, às vezes, coma família do mesmo.
3 Achar/procurar estratégias para incluir e envolver essas crianças. Descobrir seus pontos fortes e francos, múltiplas inteligências, etc. Currículo ambicioso e apertado, provas com todo o conteúdo, horário mínimo de aula, professores com horários cheios. Instituições de ensino oferecendo opções a estes alunos. Trabalhar com testes prontos, que não estão adaptados para estes alunos. Prover condições de trabalho que permitam acomodação às necessidades do aluno. Trabalhar com as expectativas de forma diferente, encontrando uma forma de envolver este aluno, mas ainda continuando nosso trabalho com os outros alunos. Trabalhar com estes alunos em níveis mais avançados (aulas de idiomas). Falta de compreensão de turmas que reclamam da lentidão de uma aula que favoreça um aluno com necessidades especiais. Grande esforço para integrar o aluno à turma e à aula, seguido de avaliação que trata a todos como iguais. Baixa autoestima destes alunos com necessidades especiais. Livros excessivamente calcados no paradigma visual. As dicas e técnicas descritas aqui surgiram a partir de leitura, e da própria experiência de cada um dos participantes: Carminha Pimentel relatou sua experiência com um aluno que conversa a aula inteira, e toma remédios para controlar o problema. Aurélio Araújo tem um aluno com hiperatividade diagnosticada e que toma medicamentos controlados. Além disso, ele apresenta dificuldades de socialização, e tem comportamentos agressivos. Na mesma turma há um aluno que parece ser hiperativo, é extremamente indisciplinado e age como um líder negativo em sala de aula. O professor se diz confuso e sobrecarregado ao zelar pela integridade deste aluno enquanto também gerencia uma sala de aula.
4 Luciana Berner conta que conheceu um aluno que só foi diagnosticado após a intervenção do professor, pois os pais não havia percebido a necessidade do filho. Kelly Amorim relata um caso em que um aluno de 8 anos, novo aluno na instituiçào. Logo de início a mãe procurou a professora para relatar o problema de dicção, até mesmo para o Português. Desde o início ela vem tralhando de forma diferente com ele e semana passada e mãe do menino trouxe um feedback, de que o aluno está melhorando a fala desde que entrou para o curso. Ela também tem um aluno com baixa cognição aos 9 anos. Maria Xavier relatou o caso de uma aluna de nível básico que foi diagnosticada com um tumor que faz com que ela tenha crises de ausência, não consegue abstrair e tem muita dificuldade. A professora nunca tinha tido uma aluna com este perfil, e a mãe, que é especialista em necessidades especiais, não quis que a aluna fosse encaminhada ao departamento de necessidades especiais. Valéria Franca relatou que já teve uma aluna parecida com a de Maria Xavier. Conversando com ela, começou a identificar os dias em que ela teria uma convulsão. Valéria também relatou a experiência que teve com dois cadeirantes, que mudou totalmente sua dinâmica em sala de aula. Natália Guerreiro contou-nos sobre uma mulher adulta de pouquíssimo estudo que tinha uma deficiência que só a permitia enxergar de cabeça pra baixo. Ela escrevia da direita pra esquerda, se sentia envergonhada, e usava o livro normal para que os outros alunos não soubessem. Ela também não aceitava que a professora escrevesse diferente no quadro. Giselle Santos teve uma aluna narcoléptica, que dormia durante as aulas, inclusive durante as falas. Gustavo Barcellos relatou que teve uma aluna totalmente surda, e notou quando viu o aparelho em seus ouvidos. Shirley Rodrigues já teve vários alunos com necessidades especiais, e relata que o mais difícil de todos foi um superdotado.
5 Técnicas e dicas 1. Ter conhecimento de como o cérebro processa a língua ajuda a personalizar as atividades e catalisar aprendizagem. 2. Utilizar elogios e estabelecer bom relacionamento com o aluno, estabelecer rapport (chamar o aluno pelo nome, estabelecer contato visual, sorrir, estabelecer relação amigável, atentar para dúvidas e ter paciência com elas, usar bom humor, etc ). 3. Alunos que precisam se movimentar mais durante uma aula usar como assistente e dar também um pequeno intervalo para tomar água, para os hiperativos um brinquedinho bem pequeno que não produz som nenhum (tipo bichinho de pelúcia) para acalmar, passar conforto. 4. Scaffolding das tarefas e uma forma diferente de apresentação de tarefas, ou seja, utilizar o conhecimento e auxílio de colegas de classe, trabalhos em pares, grupos, etc 5. Demandar que o aluno produza dentro de sua capacidade de produção. Cada aluno deverá trabalhar dentro de suas possibilidades (isto é inclusão). Não idealizar e sim aceitar que nós professores não estamos na sala de aula para criarmos gênios. Temos que ter MUITA paciência. 6. Kelly Amorim relatou a história de um aluno com baixa cognição aos 9 anos de idade. Como as aulas possuem sempre histórias e músicas, ela sempre solicita a ele, no final da aula, que na próxima aula ele leve uma historinha sobre o que aprendeu e o que lembra da aula. Assim ele vem se mantendo motivado, pois está conseguindo acompanhar a turma, uma vez que está fazendo, à sua própria maneira, um apanhado do que foi aprendido e esse trabalho, em casa, o faz pensar mais e ter mais tempo de contato com o livro e a matéria, além do dever de casa. 7. Apoio emocional em casa e na escola. Isso pode ajudar a superar os traumas de ser um aluno diferente de seus colegas. 8. Personalização, observando quando um aluno se sai melhor em sala, com o que ele se sente mais confortável, se é mais auditivo, sinestésico ou visual. 9. Conversar com o coordenador pedagógico, e uma vez tendo o aluno diagnosticado, estabelecer parceria com os pais com tarefas que sejam a extensão do mundo do aluno em sala de aula e vice-versa. 10. Fazer um pequeno exercício em sala de aula, usando habilidades diferentes. 11. Trabalhar dentro das possibilidades dos alunos, aceitando que não estamos em sala para criar gênios. 12. Valorizar cada habilidade que um aluno demonstrar ter para a leitura e histórias
6 13. Incentivar o aluno a sentar-se próximo ao professor. 14. Desenvolver avaliações que ensinem a olhar a diferença, e a medir o que o aluno consegue fazer, ao invés daquilo que ele não consegue fazer. 15. Conhecer bastante cada aluno, conversar com eles, e em alguns casos, ter os números de contato da família sempre à mão. 16. Contar histórias pode ajudar disléxicos com leitura/escrita. 17. Trabalhar a consciência da turma em relação a alunos com necessidades especiais. Não se responsabilizar sozinho pela administração da aula, mas compartilhar necessidades também com outros alunos, incentivando a cooperação. 18. Estar atento às dificuldades destes alunos aula após aula. 19. Inclusão requer sensibilização da família, escola, colegas de classe, TODOS devem trabalhar juntos. 20. Usar sensibilidade durante o planejamento e avaliação destes alunos. 21. Em alguns casos será necessário usar tradução e repetição, e levar outras tarefas para manter os outros alunos ocupados enquanto damos atenção ao aluno com necessidades especiais. 22. Pensar em como registrar a aula, e considerar se será necessário falar do conteúdo antes da aula. Identificar se haverá alguém para passar a matéria para o aluno após a aula. 23. Usar gravação de voz para os exercícios em vez de escrita (para tarefas de casa) e também para memorização da pronúncia. (em casos de aulas de outro idioma) 24. Provas podem ser lidas para o aluno, separadamente do restante da turma, em alguns casos. 25. Solicitar o apoio de instituições como associações de classe, e nos cursos de formação. Também, pressionar editoras para fornecer opções para alunos com necessidades visuais. 26. Os pais podem levar alguns materiais para casa, como joguinhos da memória por exemplo. Créditos: Esse conteúdo foi retirado do site em 08/2013. A autora é a professora Maria do Carmo Xavier, do RJ.
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