POR GLOBOSAT O CAMINHAR DAS GERAÇÕES

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1 POR GLOBOSAT O CAMINHAR DAS GERAÇÕES Divisões geracionais delimitam identidades e ajudam a categorizar a construção de individualidades no Brasil

2 A segmentação das pessoas de acordo com a geração à qual pertencem se tornou uma chave de diferenciação e de demarcação de individualidades. O debate teórico em torno desse tema originou nomenclaturas e teorias que, na prática, dizem respeito à constante tentativa humana de entender a complexidade do mundo. No cenário brasileiro, a vivência de determinados momentos históricos ajuda a compreender, no fluxo do tempo, características em comum que unem as pessoas em seus perfis geracionais

3 GERAÇÕES: POR QUE FALAMOS DELAS? A identificação e nomeação das gerações parece criar vias simples de compreensão daquilo que é novo. Contudo, o senso comum não dá conta de aprofundar a análise geracional e muitas vezes parte de falsos pressupostos ou de uma única variável para aglutinar as pessoas numa determinada "caixinha", criando uma falsa homogeneidade baseada apenas no tempo de nascimento. POR ESSA LÓGICA, JEAN WYLLYS, BEYONCÉ, TIM COOK E AYRTON SENNA SERIAM SÍMBOLOS DA MESMA GERAÇÃO, CERTO?

4 GLOSSÁRIO DAS GERAÇÕES ( ) ( ) ( ) ( ) A GERAÇÃO PERDIDA A GERAÇÃO GRANDIOSA A GERAÇÃO SILENCIOSA OS BABY BOOMERS ( ) A GERAÇÃO X ( ) MILLENNIALS (2000 em diante) GERAÇÃO Z

5 MOSAICO TEÓRICO GERAÇÃO É ALGO NOVO. Até 1850, geração era somente concebida de maneira genealógica, ou seja, de pais para filhos. Somente no século XIX é que o conceito passa a ser associado a um grupo de pessoas que nascem em um determinado momento histórico. Nesse contexto, duas frentes teóricas promovem essa associação e suscitam o grande debate: o Positivismo, de Augusto Comte, e o Historicismo, de Wilhelm Dilthey.

6 MOSAICO TEÓRICO Auguste Comte SÉC XIX: Filósofo francês Um dos fundadores da sociologia POSITIVISMO Reforma Intelectual Ciências exatas como resposta Visão linear da história (estamos sempre progredindo) Transformar sociologia em ciência Sucessão de Gerações (a cada 30 anos uma geração seria suplantada por outra)

7 MOSAICO TEÓRICO HISTORICISMO Não busca leis universais, valoriza o particular (cada sociedade tem suas diferenças, a singularidade, o específico) Experiência compartilhada da história por um determinado grupo de pessoas Wilhelm Dilthey SÉC XIX: Filósofo alemão Qualitativo e não quantitativo Tempo Natural é diferente do Tempo Humano (construído socialmente) Nova geração = grupo de pessoas que compartilham mesmo momento histórico

8 MOSAICO TEÓRICO Karl Mannheim foi além e problematizou a ideia de geração a partir de três variáveis de análise: Karl Mannheim SÉC XIX: Sociólogo húngaro, famoso pela sociologia do conhecimento POSIÇÃO GERACIONAL CONEXÃO GERACIONAL UNIDADE GERACIONAL Sob outra perspectiva, Philip Abrams direciona o seu olhar para o indivíduo e sua relação com outros aspectos: I. INDIVÍDUO II. IDENTIDADE III. PRIVILÉGIOS IV. TEMPO DE VIDA INDIVIDUAL

9 BRASIL, MOSTRA SUA CARA O processo histórico em andamento no Brasil foi marcado por acontecimentos que influenciaram as vidas das gerações nascidas em cada período. DITADURA ( ) REDEMOCRATIZAÇÃO ( ) ESTABILIZAÇÃO ( ) Em cada um desses períodos, os privilégios experimentados são condicionados por divisões de classe, raça e gênero. Isso significa que a maioria das pessoas não vive o momento histórico de forma idealizada. Grande parte da população brasileira não terá, portanto, interações com o processo histórico a partir de um viés ideal. Dessa forma, no que se refere ao período de Estabilização, considerando-se um recorte temporal que se inicia a partir de meados dos anos 90, chegamos a quatro posições geracionais, definidas com base em variáveis como localização temporal, geográfica e de classe, indicando a força com que o senso de individualidade e de identidade em cada grupo se desenvolveu.

10 BRASIL, MOSTRA SUA CARA identidade 1. BRASIL CLASSE ALTA A PARTIR DE MEADOS DOS ANOS 90 PROPÓSITO CÓDIGOS DE LUXO DE MENOR OSTENTAÇÃO TRABALHO PRAZEROSO INDEPENDENTES DA CULTURA DA MASSA senso de individualidade: MUITO FORTE! GLOBALIZADOS E COSMOPOLITAS REPERTÓRIO SOFISTICADO EXIGENTES

11 BRASIL, MOSTRA SUA CARA identidade 2. BRASIL CLASSE MÉDIA TRADICIONAL A PARTIR DE MEADOS DOS ANOS 90 OTIMISTAS CÓDIGOS DE LUXO DE MENOR OSTENTAÇÃO AUTOCONFIANTES senso de individualidade: MUITO FORTE! INDEPENDENTES DA CULTURA DE MASSA EXIGENTES REPERTÓRIO SOFISTICADO

12 BRASIL, MOSTRA SUA CARA identidade 3. BRASIL CLASSE MÉDIA NOVA A PARTIR DE MEADOS DOS ANOS 90 AMBICIOSOS E CONSUMISTAS REPERTÓRIO MENOS SOFISTICADO TRABALHO COMO SOLUÇÃO / RECONHECIMENTO CULTURA DA MASSA senso de individualidade: FORTE! NÃO ENXERGAM BARREIRAS APROVEITAR MAIS DO QUE OS PAIS ACESSO À TECNOLOGIA

13 BRASIL, MOSTRA SUA CARA identidade 4. BRASIL CLASSE BAIXA MENOR CONEXÃO COM REALIDADES DIFERENTES A PARTIR DE MEADOS DOS ANOS 90 REPERTÓRIO SIMPLES MAIS EMPODERADOS/ MAIOR RESPONSABILIDADE DEPENDENTES DA CULTURA DA MASSA senso de individualidade: FRÁGIL! BATALHA POR TECNOLOGIA APROVEITAR MAIS DO QUE OS PAIS ESPERANÇOSOS / RECONHECIMENTO

14 ESSAS CARACTERÍSTICAS INDICAM QUE O SALDO QUE FICARÁ PARA A HISTÓRIA É O AUMENTO DO ESTÍMULO E POTENCIALIZAÇÃO DA INDIVIDUALIDADE NO BRASIL, UM PROCESSO FOMENTADO A PARTIR DAS CONDIÇÕES HISTÓRICAS OBSERVADAS. APESAR DAS DISCREPÂNCIAS E INDEPENDENTEMENTE DAS CLASSES SOCIAIS, AS PESSOAS QUE PARTILHARAM A VIVÊNCIA DESSE MOMENTO BUSCAM E VALORIZAM, ASSIM, FATORES COMO CONTROLE, REPRESENTATIVIDADE, PROTAGONISMO E PARTICIPAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DE SUA IDENTIDADE, QUALQUER QUE SEJA O CONTEXTO DE VIDA. A AUTONOMIA DE DECISÕES E ESCOLHAS É O DENOMINADOR COMUM ALMEJADO PELAS PESSOAS NESTE BRASIL QUE SE DESCORTINA. FONTE: Inesplorato (2016)