Concepções de ensino-aprendizagem de docentes de Física Quântica do ensino superior
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- Augusto Aleixo da Fonseca
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1 Concepções de ensino-aprendizagem de docentes de Física Quântica do ensino superior Natália Pimenta 1 e Maria Inês Ribas Rodrigues 2 Universidade Federal do ABC 1 natalia.pimenta@aluno.ufabc.edu.br, 2 mariaines.ribas@ufabc.edu.br Resumo As pesquisas sobre a docência na Universidade têm evidenciado questões tais como a formação do docente que atua no Ensino Superior, a construção de sua identidade profissional e os saberes que mobiliza em sua prática pedagógica. Sendo a formação docente para este nível de ensino preconizada apenas como uma preparação, que se configura através dos saberes da experiência, cujas práticas só se transformam efetivamente à medida que o professor tem consciência da mesma. O ensino-aprendizagem de Física Quântica não é uma tarefa fácil e o aprimoramento de seu ensinar em nível universitário tem se tornado um dos pontos mais atuais na pesquisa em Ensino de Ciências. Assim, investigamos as concepções e práticas de docentes do nível superior, dentro do contexto da disciplina BC Física Quântica, da Universidade Federal do ABC. Nosso objetivo foi buscar compreender as concepções e práticas, advindas da formação e da experiência destes docentes. Para tal propósito optamos por trabalhar dentro do paradigma interpretativo-qualitativo, utilizando como método a entrevista com instrumento semi-estruturado. Foram entrevistados nove professores, cujas falas foram transcritas e analisadas através da análise textual discursiva. Palavras-chave Formação de Professores, Concepções e Práticas Docentes, Ensino Superior, Ensino de Física Moderna e Contemporânea. introdução A universidade brasileira hoje tem suas principais influências em três modelos de ensino: jesuítico (tradicional ou prático artesanal), francês (técnico ou academicista) e alemão (hermenêutico ou reflexivo). 1
2 Concepções de ensino-aprendizagem de docentes de Física Quântica do ensino superior Segundo Anastasiou (2001), apesar das inúmeras pesquisas já realizadas sobre a importância da formação (inicial e continuada) para a docência no ensino superior ainda encontram-se professores transmissores de um conteúdo desarticulado e fragmentado, tomado como verdadeiro e não histórico, sendo fortes os resquícios dos modelos jesuítico e francês, fazendo com que a Universidade não cumpra o seu papel de possibilitar os processos de construção do conhecimento. Hoje, o ensino é considerado um fenômeno complexo que tem no ensinar uma prática social. Nessa perspectiva, a função da Didática é não só compreender como funciona o ensino em situação e quais são suas funções sociais, mas também dialogar com diversas áreas do conhecimento, pois um fenômeno complexo não se estuda a partir de um único olhar. Por fim deve realizar revisões críticas dos conhecimentos já produzidos criando novos de acordo com as necessidades que emergem das situações de ensino. Desta forma nota-se uma característica essencialmente reflexiva da profissão docente e dos processos de profissionalização continuada (Pimenta e Anastasiou, 2011). Experiências de trabalho colaborativo entre professores sobre a prática em sala de aula tem conduzido à reflexão, ao aprendizado e à mudança (Rodrigues e Carvalho, 2002). Metodologia A pesquisa foi realizada na Universidade Federal do ABC com professores que ministram a disciplina (BC0103) Física Quântica. Esta disciplina faz parte do núcleo comum obrigatório do curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia (BC&T). Tivemos nove sujeitos com os quais realizamos uma entrevista individual e semi-aberta com roteiro semi-estruturado. As entrevistas foram gravadas em áudio com o consentimento dos entrevistados e posteriormente transcritas para utilização da análise textual discursiva na acepção de Moraes (2003). Para este autor, o processo de análise se dá em três etapas. A primeira consiste na desconstrução do texto para que lancemos um olhar sobre as partes que compõem o todo. A partir deste primeiro passo da análise surgem as unidades de significado ou sentido, que, no caso deste trabalho, emergiram a partir da leitura texto. Buscamos semelhanças de significados e sentidos para construir as categorias de análise pertinentes ao nosso objetivo. Por fim, procuramos estabelecer relações entre as categorias para possibilitar o surgimento de novas compreensões. Análise Observando a fala de P1 na figura abaixo, vemos que este professor percebe que transmitir é uma tarefa difícil na sociedade da informação (alunos inteligentes que podem buscar informações, bibliografia excelente, não adianta reproduzir ). Porém, P1, assim como P2, P5, P6 e P7 trazem em seu discurso, concep- 2
3 Pimenta e Rodrigues ções mantidas tanto por habitus, quanto por imaginário e memória coletiva, de que ensinar é uma tarefa de transmissão. Concepção esta que está presente nos modelos jesuítico e francês de ensino e instituição escolar. Além disso, como citado por Pimenta e Anastasiou (2011) há ainda um despreparo e desconhecimento científico do que é o processo de ensinoaprendizagem nas instituições de ensino superior, portanto concepções de que ensinar é transmissão-recepção fazem parte de um coletivo amplamente aceito entre esses docentes. No processo de ensino o professor seleciona conteúdos que julga mais importantes, os transmite aos alunos e em seguida verifica se ocorreu aprendizagem. Figura 1. Ensino-aprendizagem é transmissão-recepção A fala de P4 sobre ensino-aprendizagem evidencia como este professor enxerga a interação: são os métodos aplicados em sala de aula, as atividades que os alunos desenvolvem, sozinhos, com outros alunos (monitores) e com o professor. As falas de P5 se encaixam em duas categorias simultaneamente. A tarefa docente é complexa, assim como as concepções dos docentes também o são. Além disso, o cenário universitário tem influência de diversos modelos, além dos 3
4 Concepções de ensino-aprendizagem de docentes de Física Quântica do ensino superior modelos jesuítico e francês citados anteriormente, temos também o modelo alemão, que traz a ideia de trabalho conjunto entre professores e alunos para resolução de questões utilizando-se de construções científicas. Uma relação de parceria para a construção do conhecimento. Atribuímos esse complexidade de concepções e práticas a este universo de modelos e influências diversas presentes na construção da identidade docentes e no desenvolvimento de seus saberes. Considerações finais Figura 2. Ensino-aprendizagem é interação A partir da análise podemos considerar que as concepções sobre ensinoaprendizagem que os docentes de Física Quântica da Universidade Federal do ABC são compostas por diversos fatores: a perpetuação dos modelos de ensino jesuítico e francês, além do protagonismo no modelo alemão nos discursos atuais sobre ensino. Percebemos, através dos discursos analisados, que a complexidade da tarefa docente está presente no repertório cultural destes professores. Estes dados, aliados aos pressupostos teóricos anteriormente apresentados, indicam que uma melhor relação entre teoria e prática, discurso e ação pode ser alcançada através da reflexão sobre a prática. 4
5 Pimenta e Rodrigues Desta forma, abre-se espaço para ampliar esta investigação, no sentido de criar oportunidades e situações onde se reflete sobre a prática colaborativamente. Assim, é possível analisar estas situações em contexto e estudar seu potencial para aprimoramento da prática docente. Referências bibliográficas Anastasiou, L. G. C. (2001). Metodologia de ensino na universidade brasileira: elementos de uma trajetória. Em S. Castanho e M. E. Castanho (ed.), Temas e Textos em Metodologia do Ensino Superior (pp. 1-10). Campinas: Papirus. Moraes, R. (2003). Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela análise textual discursiva. Ciência & Educação, 9 (2), Pimenta, S. G. e Anastasiou, L. G. C. (2011). Docência no ensino superior. São Paulo: Cortez. Rodrigues, M. I. R. e Carvalho, A. M. P. (2002). Professores-pesquisadores: Reflexão e Mudança Metodológica no Ensino de Física - O Contexto da Avaliação. Ciência & Educação, 8 (1),
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