Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER. Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição.

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1 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição. Cidadão solicita informações sobre cálculo e pagamento de rescisão contratual/ Remuneração Informação incorreta Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos Informação já disponibilizada Análise CGU: Acata-se a argumentação do recorrido - Não conhecimento Recomendações: indicar a possibilidade de recurso, prazo correlato e autoridade para a qual é dirigido em todas as respostas apresentadas aos cidadãos, bem como cumprir os prazos legais de modo a evitar omissões. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT A.O.S.V. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação supostamente pública, com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Data Teor Pedido 15/07/2014 O cidadão submete o seguinte pedido de informação: Solicito informações sobre quando serão recalculados e pagos os valores da minha rescisão. Estivemos, em um dos dias de maio de 2013, o representante do MTE, o preposto da ECT e eu na unidade do MTE de Jequié para a homologação de minha rescisão e lá fui orientado pelo representante do MTE a não assinar tal homologação visto que há uma divergência de valores rescisórios. E então qual o posicionamento dos senhores sobre esta situação onde o Ministério do Trabalho e Emprego na pessoa do seu representante vem corroborar com todas as minhas solicitações? 21

2 Resposta Inicial Recurso à Autoridade Superior Resposta do Recurso à Autoridade Superior 15/08/2014 No pagamento não foi considerado, para os cálculos dos valores das férias, a média da remuneração no período aquisitivo das férias. Peço que refaçam os cálculos considerando o 6 do artigo 142 da CLT abaixo: 6º - Se, no momento das férias, o empregado não estiver percebendo o mesmo adicional do período aquisitivo, ou quando o valor deste não tiver sido uniforme será computada a média duodecimal recebida naquele período, após a atualização das importâncias pagas, mediante incidência dos percentuais dos reajustamentos salariais supervenientes. (Incluído pelo Decreto-lei nº 1.535, de Quando pagarão o restante dos valores os quais faço jus? Solicito posicionamento sobre o assunto. Em resposta ao pedido de acesso, é apresentada a seguinte informação: Os cálculos dos valores das férias, a média da remuneração no período aquisitivo das férias, reclamado pelo demandante, estão corretos. Com base na resposta oferecida, o cidadão interpõe o seguinte recurso: Como podem estar certos os cálculos, se nos 12 meses do meu período aquisitivo das ferias, recebi remuneração média superior a R$ 1700 em valores não atualizados monetariamente, e no cálculo da indenização de férias foi utilizado o valor de aproximadamente R$ 1000,00 como base de cálculo e não a remuneração média mostrada acima como deveria ser feito. Tenho uma graduação na área de exatas sei fazer cálculos muito, quanto mais um cálculo tão simples como média. Acho que não está sendo dada a 15/08/2014 devida importância ao meu caso. Mandei o artigo da CLT que foi infringido para comprovar a base legal do meu pleito. No entanto recebo uma resposta descompromissada como essa e sem qualquer fundamento legal no corpo do texto dela. Favor reconsiderar o ato, vossa senhoria é o representante máximo, na Bahia, dessa instituição tão respeitada e não pode de forma alguma ser conivente com qualquer ilegalidade. E conservar o ato do jeito que foi feito é uma ilegalidade que resulta em enriquecimento ilícito para o estado em detrimento do trabalhador. Portanto, encarecidamente peço que reconsidere o ato e revise a citada base de cálculo e consequentemente os valores dela derivados. 25/08/2014 A ECT responde: Tendo em vista o pedido de recurso de V.Sª. para a resposta ao pedido de informação , seguem esclarecimentos. Em conformidade com o Manual de Pessoal, Módulo 8, Capítulo 3, Item 1, as verbas que compõe a rescisão contratual são consideradas nos seguintes termos: 1.1 São calculadas tendo como base a remuneração percebida pelo empregado, na data da extinção do Contrato de Trabalho. 1.2 A remuneração que constitui a base de cálculo da rescisão compreende, para todos os efeitos legais, além do salário-base, a 22

3 Recurso à Autoridade Máxima gratificação por tempo de serviço (anuênio/quinqüênio) e outras parcelas fixas que o empregado esteja percebendo no mês. 1.3 As parcelas variáveis, tais como hora extra, integram pela média as verbas rescisórias dos proventos: aviso prévio e férias de acordo com a incidência no período legal da apuração. Com base no seu Histórico Funcional nos Correios, cuja cópia pode ser solicitada diretamente à Gerência de Recursos Humanos da Diretoria Regional da Bahia por V.Sª. mediante requerimento, e considerando o normativo da empresa citado acima, foi feita a revisão da rescisão contratual questionada e verificou-se que todas as verbas rescisórias devidas foram contempladas no momento do cálculo, de acordo com a norma acima. Observamos que V.Sa. não exerceu função de confiança no mês de fevereiro/2014, gratificação que compõe a base fixa da remuneração do empregado detentor desta no mês de desligamento. No seu caso, a remuneração fixa considerada para o cálculo rescisório foi a soma de seu salário-base mais 1% de anuênio. Por esse motivo, a rubrica correspondente à função não compôs a base da sua remuneração considerada no cálculo. Também foi considerada, para os valores relativos às férias pagas na rescisão, a média de proventos percebida a título de serviços extraordinários prestados durante os períodos aquisitivos das respectivas férias. Dessa forma, reiteramos a informação inicialmente prestada, segundo a qual, os cálculos rescisórios estão em conformidade, não havendo, portanto, justificativa para a revisão pleiteada. 03/09/2014 O cidadão apresenta novo recurso, reiterando sua solicitação: Reitero a necessidade de se revisar como um todo o meu processo de rescisão. Da exposição do senhor vicepresidente de pessoas só posso concluir uma coisa deve ter havido má fé por parte de algumas pessoas na ECT, pois se apegando a uma norma interna que transgride a CLT, fizeram uma portaria de dispensa de função num momento em que eu estava de abono por serviços extraordinários prestados num dos sábados do mês de maio de 2012, mais precisamente no dia 05/05/2012, quando peguei a agência de Belmonte como substituto do Gerente titular que estava saindo para gozar férias de 20 dias (do dia 07 ao dia 26, conforme em anexo), no entanto o tal gerente teve de me entregar a agência no sábado dia 05 e só pegou de volta no dia 31 do mesmo mês. No entanto não me pagaram nem as horas extras do dia 05/05/2012 e nem os períodos de gerência de 05 a 06 e de 27 a 31 daquele mesmo mês, ou seja, falta pagar ainda 7 dias de gerência, adicionalmente, naquele mês não me pagaram quebra de caixa (ou melhor, pagaram, mas posteriormente descontaram compulsoriamente em contracheque posterior por razões ocultas, as quero por esta via uma explicação). Além de tudo isso passei a grande maioria do meu período de gerência acumulando função de atendente a contragosto e sem ganhar nem quebra de caixa nem AAG. Peço então que todos esses pontos sejam bem esclarecidos e que todos meus direitos sejam assegurados e pagos 23

4 Resposta do Recurso à 08/09/2014 Autoridade Máxima Recurso à CGU 11/09/2014 conforme rege a lei, sem se apegar a regulamentos internos que a ela (lei) sejam contrários. Pois se eu tivesse gozado minhas férias em janeiro, teria recebido todos os meus direitos, mas como sai sem gozá-la, inexplicavelmente não os recebi. Rogo então pelo cumprimento do direito, afim de evitar que eu entre na justiça para consegui-los. Estou pronto para negociação extrajudicial a fim de pacificarmos a situação, senão estes e outros pontos que ainda não mencionei, como por exemplo horas in intinere, serão levados à justiça. Espero pela sensatez de vossa senhoria. É oferecida a seguinte resposta: Indefiro seu Recurso por considerar que a solicitação inicial já foi plenamente atendida. Informo no entanto que este não é o canal adequado para tratar desse assunto uma vez que trata-se de discussão em relação a divergência sobre sua indenização trabalhista e que o canal adequado é a Área de Recurso Humanos da Empresa. O cidadão submete recurso à CGU nos seguintes termos: Por favor me auxiliem a obter os meus direitos junto à ECT, que está se omitindo. O caminho sugerido pelo presidente da empresa já havia sido tentado e ele perceberia isso caso tivesse analisado com diligência a solicitação. Peço encarecidamente este auxílio, pois o ato praticado possui sério vício e deve ser reconsiderado. É o relatório. Análise 2. Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput, inciso IV e 1º do art. 16 da Lei nº /2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7.724/2012, in verbis: Lei nº /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: [...] IV estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedimentos previstos nesta Lei. 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7724/

5 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012, verifica-se que a resposta inicial e as demais respostas recursais foram oferecidas com a devida identificação das autoridades, seguindo a hierarquia demandada pela lei. Não obstante, a ECT não informa em todas as suas respostas a possibilidade de recurso, o prazo para propor o recurso e a autoridade competente para apreciá-lo, informações consideradas importantes para a correta orientação ao cidadão quanto ao processo de acesso à informação. Ademais, verificou-se que a resposta inicial fora concedida fora do prazo estabelecido em lei. Quanto a esses lapsos, cumpre alertar a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos que a não obediência às disposições da Lei nº , de 18 de novembro de 2011, pode ensejar responsabilização, nos termos de seus artigos 32, 33 e No tocante à análise de mérito, observa-se ser o pedido claro e preciso, consoante o requisito de especificidade contido no inciso III do artigo 12 do Decreto nº de 16 de maio de Nele, o cidadão solicita informações acerca do cálculo e pagamento dos valores relativos à sua rescisão contratual. 5. Em breve retrospecto do caso, o cidadão informa que há divergências nos valores calculados a título de sua rescisão contratual e questiona quando tais valores serão recalculados e a forma como se dará o pagamento do valor correto. A ECT, por sua vez, informa os elementos utilizados na realização do referido cálculo e esclarece que os valores estão corretos. Insatisfeito, o cidadão interpõe recurso no qual apresenta dados que refutam a assertiva do recorrido quanto à correção dos valores. Em resposta, a Empresa de Brasileira de Correios e Telégrafos reitera a informação prestada na resposta inicial e apresenta a forma como se deu o cálculo dos valores reclamados pelo cidadão, a fim de reafirmar sua tese de que os cálculos foram realizados corretamente. A apelação de segunda instância do cidadão assume contornos de solicitação de providências, na medida em que este aponta a necessidade de se revisar seu processo de rescisão como um todo. Nesse sentido, rememore-se o entendimento da CGU a respeito de pedidos fora do escopo da LAI: Visando exemplificar o direito de acesso à informação legalmente protegido, o art. 7º da Lei de Acesso à Informação estabelece que: Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter: 25

6 I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada; II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessa - do; IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços; VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos administrativos; e VII - informação relativa: a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e indicadores propostos; b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. Dessa forma, fica evidente que a Lei de Acesso à Informação não ampara formulações de consultas, reclamações e denúncias; pedidos de providências para a Administração Pública Federal; discussões acerca de temas de fundo das respostas prestadas e, ainda, solicitações de indenizações, devendo tal expediente ser utilizado tão-somente para pleitear acesso às informações. (Grifo nosso). Por fim, a ECT informa que a solicitação fora plenamente atendida e esclarece que o canal adequado para a revisão de tais demandas é o Departamento de Recursos Humanos da Empresa. 6. Dessa forma, resta claro que a demanda apresentada no pedido inicial fora contemplada na resposta oferecida pelo recorrido, tendo inclusive sido apresentados dados adicionais acerca da forma como o cálculo foi realizado. É oportuno registrar, ainda, que a ECT em momento algum cerceou o direito do cidadão de ter seu processo de rescisão contratual revisto, tendo apenas informado que o e-sic, dadas as características da demanda, não é o canal adequado para este tipo de solicitação. Adicionalmente, fora disponibilizada a possibilidade da revisão solicitada pelo cidadão, desde que apresentada por meio do canal adequado, qual seja o Departamento de Recursos Humanos da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Conclusão 7. De todo o exposto, opina-se pelo não conhecimento do recurso em questão, tendo em vista que a informação fora franqueada ao cidadão, ainda que o mesmo não concorde com a sua exatidão. 26

7 8. Sugere-se ao cidadão, no caso em tela, que busque o Departamento de Recursos Humanos da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos para solicitar a revisão do seu processo de rescisão contratual. 9. Por fim, observou-se que o recorrido descumpriu procedimentos básicos da legislação de acesso à informação. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos para que reavalie os fluxos internos de modo a assegurar o cumprimento das normas de forma eficiente e adequada. Recomenda-se, em especial: a) Informar, em todas as respostas, a possibilidade de recurso, o prazo para propor o recurso e a autoridade competente para apreciar o recurso; e b) Que sejam atendidos os prazos determinados pela Lei nº /2011. KAIO SILVA DOS SANTOS Servidor Requisitado D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria nº da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do artigo 23 do Decreto nº 7.724/2012, no âmbito do pedido de informação nº / direcionado à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT. JOSÉ EDUARDO ROMÃO Ouvidor-Geral da União 27

8 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 3699 de 16/09/2014 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Signatário(s): JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor Assinado Digitalmente em 16/09/2014 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 6736d3a_8d19fe d6