Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União

Transcrição

1 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Providências adicionais: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição Encaminhamento à Secretaria de Transparência e Prevenção da Corrupção (STPC) O cidadão solicita informações de processo seletivo O cidadão alega que a regra é a publicidade, o sigilo exceção O órgão alega autoridade incompetente, informação privada, direitos autorais Análise da CGU: informação inexistente, informação já disponibilizada, coisa julgada administrativa. Observação: Rever os fluxos internos com vistas a responder o pedido de informação (e/ou) os recursos no prazo determinado em Lei. - Não Conhecimento Ministério da Educação Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) F.C.O. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação, com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Ato Data Teor Pedido 09/09/2014 O cidadão apresenta pedido de informação nos seguintes termos: Solicito os critérios de entrevista e da prova escrita do processo para mestrado em educação agrícola (UFRRJ PPGEA/IFAP). Também peço todos os pré projetos apreciados pela banca avaliadora ou examinadora e os relatórios confeccionados pela respectiva banca da PPGEA de cada pré projeto avaliado. Peço o relatório das entrevistas realizadas aos concorrentes do processo seletivo para mestrado em educação agrícola UFRRJ PPGEA/IFAP. Salienta-se que ainda não se obteve resposta do processo A instituição apresenta resposta ao cidadão nos seguintes termos: A presente solicitação não compete à PROPPG, sugeirmos que o solicitante faça Resposta sua requisiçãodireto à Coordenação do PPGEA. 11/09/2014 Inicial Outrossim, os pré-projeto não são de divulgação pública e não devem ser encaminhados a terceiros, que não aos membros da Comissão de Seleçãoe ao próprio autor. (Sic) Recurso à Autoridade Superior 11/09/2014 O cidadão apresenta recurso à autoridade superior nos seguintes termos: O órgão UFRRJ ainda não forneceu os documentos solicitados, vejamos: A presente solicitação não compete à PROPPG, sugeirmos que o solicitante faça sua 21

2 requisiçãodireto à Coordenação do PPGEA. Outrossim, os pré-projeto não são de divulgação pública e não devem ser encaminhados a terceiros, que não aos membros da Comissão de Seleçãoe ao próprio autor. Att, Jairo Pinheiro Contudo, não houve direcionamento do meu pedido ao setor PROPPG e o Sr. Jairo afirma que os pré projetos não devem ser encaminhados a terceiros. Contudo,tais documentos como: pré projetos, os relatórios de avaliação de cada pré projeto, critérios de avaliação (entrevistas) e demais documentos confeccionados para o desfecho do processo Seletivo do EDITAL PARA MESTRADO EM EDUCAÇÃO AGRÍCOLA UFRRJ/PPGEA E IFAP são dados, são informativos e por isso entende-se que são públicos e qualquer cidadão pode pedir para apreciação. O não fornecimento das informações solicitadas fere os princípios da lei /11 assim como do decreto regulamentador Reforço gentilmente o pedido recorrendo a seguinte instância. Após relatório do recurso apresentado pelo cidadão, a instituição responde o recurso do cidadão nos seguintes termos: Ao que esta PROPPG responde: A Ouvidoria da UFRRJ direcionou esta solicitação à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós- Graduação (PROPPG), onde atuo como Pró-Reitor Adjunto, portanto, tenho que respondê-la. Os pré-projetos são de autoria dos candidatos, portanto, constituem propriedade intelectual destes e não podem e nem devem ser divulgados, ou tornados públicos, Resposta do Recurso à 07/10/2014 quando da seleção ou da divulgaçãodos seus resultados. Autoridade Ao contrário do que supõe o Solicitante. Superior Portanto, os atos desta PROPPG não ferem os princípios da lei /11 assim como do decreto regulamentador 7724, uma vez que a solicitação presente deve ser encaminhada à Coordenação do PGEA e não à PROPPG, pela Ouvidoria desta UFRRJ. Não há como negar aquilo de que não se tem posse. Tais documentos ficam retidos na Coordenaçãodo Curso e são devolvidos aos candidatos não selecionados. Espero que o Solicitante possa ter seu pedido corretamente encaminhado e suas questões satisfatoriamente dirimidas. O cidadão apresenta recurso à autoridade máxima do órgão nos seguintes termos: Quando um cidadão pede um documento a um órgão o mesmo deve ser atendido, pois um solicitante não deve tem que saber os diversos setores de possuem um órgão público. Portanto, nunca houve um pedido direcionado à PROPPG (micro) e sim Recurso à a UFRRJ (macro) e se os aludidos documentos se encontram do citado PPGEA, gentileza fornecer os dados, logo a lei tem como regra o acesso a informação não Autoridade 07/10/2014 Máxima o contrário. Informo que se tais documentos fizeram parte de um processo seletivo, logo por qual motivo não fornecer os dados? Para melhor esclarecimento do processo seletivo peço novamente os documentos solicitados anteriormente. Resposta do Recurso à - - Autoridade Máxima Recurso à CGU 21/10/2014 O cidadão apresenta recurso à Controladoria-Geral da União nos seguintes termos: A UFRRJ, insiste em não fornecer os dados solicitados desrespeitando a LAI. As negativas não tem fundamentação legal e existem alegações inapropriadas de se ter departamentos específicos responsabilidades ou não de encaminhar ou não dados 22

3 Instrução do Recurso - sabendo que o pedido não foi restrito a qualquer departamento e sim para a Universidade e o cidadão não pode ser prejudicado nuances internas dos órgãos públicos. Se tudo ocorreu bem no processo seletivo e não houve qualquer problema então por qual motivo de não ser transparente? Sugiro apreciação do pedido para que os princípios legais da LAI não sejam ferida ou ignorada. Foi realizado pedido de esclarecimentos adicionais à Universidade. A mesma respondeu que a seleção do Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola PPGE segue rigorosamente os termos do Edital. O edital foi anexado ao e- mail (este também foi anexado pelo cidadão em seu recurso em primeira instância). Ademais, informa que: 1) Não há prova escrita ; 2) Os pré-projetos são documentos pessoais, de autoria intelectual de cada candidato e seu encaminhamento ao processo seletivo não o torna material PUBLICÁVEL, sob pena de ferir a ética da produção acadêmica ; 3) A banca não registra relatórios de entrevista, sendo seu papel específico no processo, a atribuição dos valores: Aprovado ou Reprovado Análise É o relatório. 2. Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a Controladoria-Geral da União de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e no parágrafo 1º do artigo 16 da Lei nº , de 16 de maio de 2011, bem como em respeito ao prazo de dez dias previsto no artigo 23 do Decreto nº 7.724, de 15 de maio de 2012, in verbis: Lei nº /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento do artigo 21 do Decreto n.º 7.724/2012, observa-se que o recurso em primeira instância foi respondido por autoridade competente. A instituição, no entanto, não insere resposta relativa ao recurso em segunda instância no sistema e-sic, descumprindo o disposto no referido artigo. 23

4 4. O cidadão solicita os critérios de entrevista e da prova escrita do processo para mestrado em educação agrícola (UFRRJ PPGEA/IFAP); os relatórios relativos às entrevistas e aos pré-projetos avaliados; e cópia de todos os pré-projetos apreciados pela banca examinadora. 5. O pedido foi enviado à unidade da instituição que não tinha competência para resposta. A resposta, que informa o equívoco, foi postada no e-sic, ainda com tempo hábil para encaminhamento à unidade competente (dois dias após o recebimento do pedido de informação pela Universidade). Verificou-se que o mesmo equívoco ocorreu em pedido anterior do cidadão ( / ). Existe também pedido de informação idêntico realizado pelo cidadão, sem nenhuma manifestação da Universidade ( ). 6. Em resposta a pedido de esclarecimento adicional, a Universidade informou que os relatórios relativos às entrevistas e aos pré-projetos avaliados não existem. A Universidade também informou que não há prova escrita, logo os critérios da mesma também são informações inexistentes. 7. A produção de documentos inexistentes não está compreendida no acesso à informação regulado pela Lei nº /11 e transcende, consequentemente, a competência do Serviço de Informações ao Cidadão e das instâncias recursais estabelecidas pela Lei com o objetivo de garantir o acesso a informações existentes e ostensivas dos órgãos e entidades. Com vistas a exemplificar o direito de acesso à informação legalmente protegido, o art. 7 o da Lei de Acesso à Informação estabelece que: Art. 7 o O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter: I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada; II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado; IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços; VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos administrativos; e VII - informação relativa: a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e indicadores propostos; 24

5 b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. 8. O pedido dos critérios de entrevista é respondido pelo edital da seleção (Edital da UFRRJ/PPGEA e IFAP), que é anexado pelo próprio cidadão em seu recurso em primeira instância. Conforme informado pela Universidade, a seleção do Mestrado do Programa de Pós- Graduação em Educação Agrícola PPGE segue rigorosamente os termos do Edital. O referido edital estabelece os critérios de entrevista no item 3.6: 3.6 (...) Os critérios a serem avaliados são: experiência profissional; pré-projeto de pesquisa em conformidade com a graduação do candidato e com a proposta filosófica do Programa; e disponibilidade de orientação no quadro docente do PPGEA para a proposta de pesquisa. 9. A Controladoria-Geral da União analisa o mérito de recursos direcionados a esta nos casos em que o órgão ou entidade nega o acesso do cidadão à informação por este solicitada, conforme o disposto no artigo 16 da Lei nº /11 in verbis: Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for negado; II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou parcialmente classificada como sigilosa não indicar a autoridade classificadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido pedido de acesso ou desclassificação; III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedimentos previstos nesta Lei. (...) 10. Como o cidadão possuía a informação relativa aos critérios da entrevista, segunda etapa de seleção do mestrado em educação agrícola, e como os relatórios de entrevistas e de análise dos pré-projetos avaliados e os critérios da prova escrita não existem, não cabe à Controladoria-Geral da União o conhecimento dessa parte do recurso. 11. Permanece a possibilidade de conhecimento do pedido de acesso aos pré-projetos de pesquisa dos candidatos ao mestrado em educação agrícola. Verificou-se que o cidadão solicitou acesso aos mesmos pré-projetos em outro pedido de informação, NUP / , cujo recurso foi apreciado pela CGU. O referido processo resultou em provimento do recurso e determinou que a Universidade concedesse acesso do cidadão aos pré-projetos de pesquias. 25

6 12. Um dos critérios de admissibilidade recursal é a inocorrência de coisa julgada administrativa. Assim, a existência de decisão da CGU que trate de tema com identidade de partes e configura como coisa julgada administrativa. Considerando que já houve decisão desta Controladoria sobre o tema, sugere-se a aplicação do seguinte dispositivo da Lei 9.784/99: Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto: (...) IV - após exaurida a esfera administrativa. 13. A coisa julgada formal impede a análise de qualquer recurso por restarem esgotadas as possibilidades de impugnar a decisão. Trata-se de estabilidade relativa do julgado, tendo em vista que não se poderá mais modificar a decisão, não se evitando, contudo, a possibilidade de impugnações e controvérsias subsequentes, quando postas como objeto de processos diferentes, com partes distintas 1. Mantém-se, dessa forma, a decisão anterior. 14. Há na Controladoria-Geral da União denúncia de descumprimento de decisão. A Controladoria-Geral da União está analisando o caso com vistas a realizar as providências necessárias para a solução do mesmo. Orientamos que o cidadão acompanhe informações que lhe sejam enviadas pela CGU ou pela Universidade por meio do protocolo / Conclusão 15. Considerando que parte da informação inexiste (relatórios relativos às entrevistas e aos pré-projetos avaliados e critérios da prova escrita), que houve acesso anterior a outra parte (critérios da entrevista) e que o restante do pedido já foi julgado previamente, por meio do NUP / , resultando em preclusão máxima administrativa, opina-se pelo não conhecimento do recurso apresentado. 16. Recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente que verifique os fluxos internos dos pedidos de informação da Universidade, com vistas assegurar que os recursos sejam respondidos tempestivamente e por autoridades competentes, conforme o disposto no artigo 21 do Decreto n.º 7.724/ SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Curso de Processo Civil: Processo de Conhecimento. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, v. 1. p

7 17. Por fim, recomenda-se que este processo seja encaminhado à Secretaria de Transparência e Prevenção da Corrupção (STPC), para monitoramento e orientação da instituição com vistas à efetiva aplicação da Lei nº /11. CRISTIANA MARTINELLO DA COSTA Servidora Requisitada 27

8 D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do Decreto nº 7.724/12, no âmbito do pedido de informação nº / , direcionado à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Encaminhe-se à Secretaria de Transparência e Prevenção da Corrupção (STPC), para monitoramento e orientação da UFRRJ com vistas à efetiva aplicação da Lei nº /11 na instituição. Gilberto Waller Júnior Ouvidor-Geral da União - Substituto 28

9 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 716 de 20/03/2015 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Signatário(s): GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 20/03/2015 Relação de Despachos: aprovo. GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 20/03/2015 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 194a9f76_8d2314c277c7e64