Encontro 3a. Gestalt: a totalidade e suas partes Construtivismo e crítica

Transcrição

1 Encontro 3a Gestalt: a totalidade e suas partes Construtivismo e crítica

2 Plano da aula Gestalt: Resolução de problemas e comunicação Construtivismo: o modelo da troca de valores Agir comunicativo

3 Autores WERTHEIMER, Max. Gestalt theory. Social Research, v. 11, 1/4, p. 78, LEWIN... (ver plano)

4 Gestalt Focalizar, distanciar, tomar consciência

5 Gestalt Max Wertheimer ( ), «Tchecoslováquia». Untersuchungen zur Lehre von der Gestalt. I. Prinzipielle Bemerkungen. Psychologische Forschung, v. 1, 1, p , Kurt Koffka ( ), Alemanha. Wolfgang Köhler ( ), Estônia.

6 Gestalt Gestalt: «a psicologia da forma» está ancorada no fenômeno das percepções. A ideia de forma é ligada à de «estrutura», da «organização perceptiva» dos estímulos. Gestalt quer dizer forma ou configuração em alemão.

7 Gestalt «The basic thesis of Gestalt theory might be formulated thus: There are contexts in which what is happening in the whole cannot be deduced from the characteristics of the separate pieces, but conversely...

8 Gestalt...what happens to a part of the whole is, in clear cut cases, determined by the laws of the inner structure of its whole.» Adaptado de Wertheimer, 1944 (traduzido para o inglês do texto alemão de 1922).

9 Gestalt A tese foi uma crítica direta ao behaviorismo, que estudava, exatamente, as «partes» observáveis, nunca o todo. A demonstração que fundou a tese gestaltista foi o fenômeno phi.

10

11

12

13 Gestalt Fenômeno phi : Ilusão visual, princípio do cinema. É necessário pensar no todo para explicar os fenômenos perceptivos. A ideia lança os fundamentos da Gestalt.

14 Gestalt Para a Gestalt, o mundo «percebido» se confunde com o mundo «real», o espelha. A tese tem consequências para a neurologia porque acreditam num espelhamento da percepção e do funcionamento cerebral.

15 Gestalt Partindo da tese kantiana, avançam-na na direção da fenomenologia. Kant: conhecimento vem do sensível, mas se constitui pelo inteligível. Husserl: o inteligível a a intenção.

16 Gestalt O sujeito só pode ser compreendido pela sua inscrição no objeto. A Gestalt critica os behavioristas porque acreditam no conhecimento objetivo, do objeto.

17 Gestalt Este problema está relacionado ao da intencionalidade, àquilo que se passa na «caixa preta». As intenções indicam consciência do que queremos, dando um sentido às ações, à vida: princípio fenomenológico.

18 Gestalt A Gestalt trabalhava com a ideia segundo a qual os fenômenos têm uma «estrutura», e de que esta tem «leis». A principal é a do fundo e da figura.

19 Gestalt : Proximidade

20 Gestalt

21 Gestalt: Proximidade

22 Gestalt

23 Gestalt: Continuidade

24 Gestalt: Fechamento

25 Gestalt: Fundo e figura

26

27 Gestalt As cognições estariam ancoradas no sistema perceptivo. A percepção seria disparada por estímulos sensoriais. Estes produzirian interações neuronais no cérebro. O indivíduo aprenderia e se tornaria capaz de conhecer (cognitio).

28 Gestalt Köhler: apresentou argumentos contra o behaviorismo baseado no princípio da repetição. As críticas eram devastadoras: o modelo behaviorista foi atacado por ser nefasto, conservador et pró-capitalista.

29 Gestalt Aprendizagem. A experiências com Sultan: resolução de problemas. Pensamento criativo versus pensamento reprodutor. Questão da consciência.

30 Gestalt Aprender é resolver problemas. O indivíduo percebe o meio de modo global, orientando sua memória por meio da intencionalidade e capacidade de interpretar as situações, tornando-se capaz de resolver problemas.

31 Gestalt A terapia da Gestalt encoraja o paciente a expressar suas emoções, a reconhecê-las, a aceitá-las e a tomar consciência das razões. O princípio é o de se distanciar para se curar.

32 Kurt Lewin Se você quer realmente entender algo, tente mudá-lo. A experiência sozinha não cria conhecimento.

33 Kurt Lewin Kurt Lewin ( ), Alemanha, «Polônia». Texto fundador da obra: "A Dynamic Theory of Personality, 1935.

34 Kurt Lewin Considerado um dos pais da psicologia social. Sofreu influência da Gestalt, tendo trabalhado com os gestaltistas na Alemanha. Sofreu também influência do interacionismo simbólico (foco no comportamento social).

35 Kurt Lewin Contribuições: Análise do campo de força, ligada à compreensão da topologia das relações. Ideia de dinâmica de grupo. Princípios da pesquisa-ação e da re-alimentação.

36 Kurt Lewin Equação: C = f(p, MA) C- comportamento P pessoa MA meio-ambiente

37 Kurt Lewin Equação: C = f(p, MA) C- comportamento P pessoa MA meio-ambiente

38

39 Construtivismo Jean Piaget ( ), Suíça: Le jugement moral chez l enfant (1936). Primeiro artigo com11 anos sobre um pardal albino. Durante a adolescência sobre moluscos. Obra 95 livros, mais de 600 artigos e conferências.

40 Construtivismo Interesse de Piaget: responder à questão «Como é possível o conhecimento?» Por «conhecimento», ele queria dizer «científico». Epistemologia: teoria que explica a possibilidade do conhecimento.

41 Construtivismo Epistemologia genética: teoria que busca explicar a possibilidade do conhecimento a partir das leis de sua construção. O fundamento da possibilidade estaria ancorado na biologia.

42 Construtivismo As explicações de Piaget se ancoram nos processos de desenvolvimento ontogenético e filogenético do ser humano. Os conhecimentos emergiriam do sujeito que quer conhecer o objeto que ele percebe, construindo-o in media res.

43 Construtivismo A posição de Piaget situa-se entre: O racionalismo puro este é limitado porque o que se passa com o sujeito depende de suas construções com o meio ambiente (compreendido como objeto).

44 Construtivismo E... O empirismo puro este é limitado porque o conhecimento não pode ser concebido como sendo uma cópia do objeto, mas como uma construção do sujeito.

45 Construtivismo Noções fundamentais: - Assimilação absorção, - Acomodação integração, - Adaptação transformação. No ser humano, os processos adaptativos são ao mesmo tempo orgânicos e simbólicos.

46 Construtivismo Assimilação simbólica absorção de novos conhecimentos aos esquemas mentais já construídos, já estruturados pela experiência. Acomodação simbólica integração desses conhecimentos as estruturas da inteligência.

47 Construtivismo Adaptação resultado do duplo processo de assimilação e acomodação do organismo ao meio ambiente simbólico, manifestando-se como transformação, como criação.

48 Construtivismo Lógica é o mecanismo orgânico natural que permitiria a assimilação, a acomodação e a adaptação simbólica, expresso através dos processos cognitivos. A lógica expressaria as condições necessárias para a construção temporal das operações do pensamento.

49 Construtivismo A possibilidade do conhecimento não é dada geneticamente ao sujeito, mas dependeria de suas interações com o meio ambiente. Estas permitiriam o desenvolvimento de processos adaptativos, de transformação.

50 Construtivismo Hipótese: o pensamento se expressa por um mecanismo lógico natural que se desenvolve através de estágios progressivos. Os mecanismos do conhecimento se construiriam uns sobre os outros, os estágios posteriores dependendo dos anteriores.

51 Construtivismo Sensório-motor (primeiros dois anos de vida) Pré-operatório (até 5/6 anos) Operatório concreto (6/7-11/12 anos) Operatório formal (a partir de 11/12 anos)

52 Comunicação A comunicação é o fundamento desse processo, e se constrói também ao longo do tempo. Pesquisa: Le langage et la pensée chez l enfant (1923)

53 Comunicação Dois grupos foram identificados: Egocêntrico «L enfant ne s occupe pas de savoir à qui il parle ni s il est écouté.» Socializado A criança se dirige de fato à outra.

54 Comunicação Egocêntrica Repetição Monólogo Monólogo a dois ou coletivo Socializada Informação adaptada Comunicação «verdadeira»

55 Comunicação Formas de pensar: a) Não-comunicável - Pensar autista (não-dirigido - inconsciente) - Pensar egocêntrico (dirigido - consciente) b) Comunicável - Inteligência comunicável

56 Monólogo Conversas Estádio I Estádio II A Estádio II A Estádio III A Associação do interlocutor à ação e ao pensar próprios (sem colaboração) Colaboração na ação ou no pensar não abstrato Colaboração no pensar abstrato Monólogo coletivo Estádio II B Estádio II B Estádio III B Disputa (Choque de ações contrárias) Discussão primitiva (Choque de afirmações nãomotivadas) Discussão verdadeira (Choque de afirmações motivadas)

57 Comunicação A comunicação evolui com o desenvolvimento lógico, mas não se limita aos processos cognitivos. A cognição logos se associa aos processos afetivos patos. Juntos, levam à possibilidade do juízo moral e da ética etos.

58 Comunicação A comunicação, entendida como ação cognitiva, afetiva e moral, é compreendida como um processo de troca de valores levando à: - Heteronomia coação, relações de autoridade ou - Autonomia cooperação, relações de igualdade ou de crença nela.

59 Modelo de troca de valores sb= Satisfação de B engendrada pela ação de A A B sb ra= Ação/reação de A sobre B ra va va= Valorização de A por B tb tb= Dívida de B resultando da satisfação S de B

60 Modelo de troca de valores Resultados de coconstruções: - Se valorizam indicam equilíbrio, cooperação. - Si desvalorizam indicam desequilíbrio, coação. - Há igualmente a possibilidade de neutralidade.

61 Teoria crítica Jürgen Habermas (1929-). Alemanha. Obra fundamental : Strukturwandel der Öffentlichkeit. Untersuchungen zu einer Kategorie der bürgerlichen Gesellschaft (1962).

62 Teoria crítica Sistema: políticoadministrativo, econômico. Linguagem: meios dinheiro, estruturas de poder etc. Sujeito: vivido fenomenológico.

63 Influência de George Mead Linguagem Sistema Vi Sujeito

64 Teoria crítica Relações entre sistema político-administrativo e econômico, e o vivido fenomenológico do sujeito são estabelecidos pela linguagem: processos argumentativos, comunicativos, ou instrumentais, manipulativos.

65 Agir comunicativo O filósofo alemão Jürgen Habermas desenvolveu um princípio paralelo ao das trocas de valores de Piaget, mas do ponto de vista da teoria social. O foco do social, para ele, é a linguagem.

66 Agir comunicativo Segundo Habermas, as relações expressas pela linguagem, são argumentativas: - Cooperação ó agir comunicativo - Coação ó agir instrumental.

67 Agir comunicativo Quando há cooperação, as relações de igualdade prevalecem, pela força persuasiva da argumentação. Princípio da democracia diálogo, acordo e negociação, fundamentados no ideal da intercompreensão.

68 Agir comunicativo Agir comunicativo = agir ético. Ao contrário, quando há coação, as relações de poder prevalecem. Os princípios são os da imposição, da manipulação, do uso instrumental. Há ética em tal agir?

69 Encontro 3a Obrigado!