2 Transformada inversa numérica de Laplace

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2 ransformada inversa numérica de Laplace Neste capítulo damos uma breve descrição da transformada de Laplace e a transformada inversa de Laplace, dando ênfase aos métodos numéricos para calcular a transformada inversa de Laplace. Para isto, descrevemos de forma sucinta alguns métodos numéricos propostos por alguns autores. 2.1 ransformada de Laplace A transformada de Laplace é um operador linear L pertencente à família das integrais de transformação. Seja f(t) uma função não periódica e definida para todo t ; define-se a transformada de Laplace de f(t) como: L{f(t)} = f(t)e st dt, onde s = a + iω. (2-1) A transformada de Laplace da função f(t) (dependente de t) é geralmente denotada por: F(s) = L{f(t)}. (2-2) Observe que a transformada de Laplace é dependente da variável s. As vezes, em lugar de F(s) também escreve-se f(s). Diz-se que a transformada de Laplace de f(t), existe quando a integral (2-1) converge para algum valor de s. Para a existência da transformada de Laplace é suficiente que satisfaça a seguinte proposição: Se f(t) é uma função contínua em trechos para t e além disso f(t) Me ct para todo t, onde M, c > e > são constantes, então L{f(t)} existe para s > c. Para fazermos uso da técnica da transformada de Laplace na solução das equações diferenciais ordinárias ou parciais com valores iniciais os seguintes passos são usuais: 1. Usar a equação (2-1) para transformar o problema inicial (em função de t), para um problema bem mais simples (em função de s).

Capítulo 2. ransformada inversa numérica de Laplace 17 2. Resolver esse problema simples e encontrar F(s) 3. Finalmente, recuperar a função desejada f(t) mediante a transformada inversa de Laplace Uma outra propriedade importante ao aplicarmos a transformada de Laplace é a seguinte: Se L{f(t)} = F(s) e f n (t) é a n-ésima derivada de f, então L{f n (t)} = s n F(s) s n 1 f() s n 2 f () sf (n 2) () f (n 1) () (2-3) sempre que f(t), f (t),...,f n 1 (t) sejam contínuas para t N e de ordem exponencial para t > N com f (n) sendo seccionalmente contínua para t N. 2.2 ransformada inversa de Laplace Se L{f(t)} = F(s) então escrevemos como L 1 a função que transforma F(s) em f(t). Ou seja, f(t) = L 1 {F(s)} (2-4) e dizemos que f(t) é a transformada inversa de Laplace de F(s). A transformada inversa de Laplace é definida formalmente pela seguinte integral de inversão: f(t) = 1 a+i F(s)e st ds (2-5) 2πi a i onde a é uma constante maior que qualquer ponto singular de F(s), f(t) = para t <. Este resultado é conhecido como fórmula de inversão complexa, ou também como fórmula integral de Bromwich e fornece um método direto para obter a transformada inversa de Laplace de uma função dada F(s). Vejamos isto na seguinte seção. 2.3 eorema de inversão de Bromwich Seja f(t) uma função continuamente derivável com f(t) < Ke γt onde K e γ são constantes positivas. Se definimos F(s) como F(s) = e st f(t)dt, Re(s) > γ (2-6)

Capítulo 2. ransformada inversa numérica de Laplace 18 então f(t) = 1 c+i 2πi lim e st F(s)ds, onde c > γ. (2-7) c i A equação (2-7) também pode ser expressa como f(t) = 1 2πi c+i c i e st F(s)ds (2-8) Demonstração. Definimos I = I(, t) = 1 c+i e st F(s)ds. Logo 2πi c i I = 1 c+i e st F(s)ds = 1 c+i 2πi c i 2πi c i e st ( ) e su f(u)du ds = 1 ( c+i ) f(u) e s(t u) ds du (2-9) 2πi c i A mudança na ordem de integração é possível graças à convergência uniforme. Integrando em s segue que I = 1 2πi f(u) e(γ+i)(t u) e (γ i)(t u) t u du = 1 π e γ(t u) f(u) sen (t u) du (2-1) t u mudando a variável u = t + e substituindo ψ() = e γ f(t + ) na integral (2-1) temos I = 1 π t ψ() sen d (2-11) dividimos a integral (2-11) em duas parcelas, uma primeira I 1 correspondente à integração no intervalo [, [ e uma segunda I 2 correspondente à integração no intervalo [ t, ]. Ou seja I = I 1 + I 2. Escrevendo πi 1 da forma conveniente temos

Capítulo 2. ransformada inversa numérica de Laplace 19 ψ() sen δ sen δ ψ() ψ() d = ψ() d + sen d + X δ ψ() sen d + X ψ() sen d (2-12) escolhendo δ muito pequeno e X muito grande. emos que δ ψ() ψ() sen d < ǫ (2-13) X ψ() sen d < ǫ (2-14) considerando a integral X, após a integração por partes e considerando que δ cada termo envolve 1/ e sendo a integral limitada, obtemos X δ sen ψ() d = cos ψ() X δ + 1 X δ cos d d ( ψ() ) d = O(1/) (2-15) Seguindo de modo análogo para a integral δ, fazendo a mudança de X variável φ = obtemos δ ψ() sen δ sen φ d = ψ() φ dφ = ψ() π 2 + O(1/) (2-16) somando os resultados obtidos acima e fazendo obtemos t I 1 = 1 π lim ψ() sen d = 1 2 ψ() = 1 f(t) (2-17) 2 Expressamos πi 2 de forma análoga à equação (2-12). Para a parcela da obtemos o igualdade

Capítulo 2. ransformada inversa numérica de Laplace 2 t ψ() sen δ d = ψ() t sen d + ψ() δ sen d + δ ψ() ψ() sen d (2-18) A partir de um argumento similar segue que I 2 = 1 π lim sen ψ() d = 1 f(t) (2-19) t 2 Fazendo na equação (2-9) obtemos (2-7) e denotamos como I. Somando as duas parcelas da integral I = I 1 + I 2 segue que I = f(t) como queriamos demonstrar. 2.4 Métodos de transformada inversa numérica de Laplace 2.4.1 Método de Bellman-Kalaba-Lockett (1966) O método proposto para inverter a transformada de Laplace, consiste em reduzir primeiro o intervalo infinito de integração [, ) a um intervalo finito [, 1], por meio de uma substituição de variáveis. Posteriormente empregase a fórmula de quadratura de Gauss-Legendre de n pontos para reduzir o problema de inversão a um sistema de n equações lineares algébricas. Lembrando que a transformada de Laplace de uma função é F(s) = e st f(t)dt, (2-2) fazendo a mudança de variável u = e t em (2-2) segue que F(s) = 1 u s 1 f( ln u)du. (2-21) Aplicando a fórmula da quadratura de Gauss-Legendre, a equação (2-21) é discretizada da seguinte forma F(s) N i=1 w i u s 1 i f( ln u i ) s = 1, 2,...,N (2-22)

Capítulo 2. ransformada inversa numérica de Laplace 21 onde u i, para i = 1, 2,..., N, são as raízes obtidas do polinômio de Legendre PN de grau N, w i são os pesos correspondentes. Se s assume N valores, por exemplo, s = 1, 2,..., N, então um sistema de N equações lineares é obtido com N valores desconhecidos de f( ln u i ), onde i = 1, 2,..., N. A solução desse sistema pode ser explicitamente resolvido tomando a forma f(t i ) N a (N) ik F(k) onde t i = ln u i (2-23) A equação (2-23) é a fórmula de inversão dada em (Bellman-1966), os coeficientes a (N) ik são tabulados para diferentes valores de N. 2.4.2 Método de R. Piessens (1968) É uma extensão do método de Bellman-Kalaba-Lockett (Bellman-1966), que tem como fórmula de inversão a equação (2-23). O inconveniente desse método é que só pode ser utilizado num número restrito de pontos. Para evitar essa dificuldade, o método propõe fazer uma mudança de escala da variável t, com este propósito, propõe a seguinte extensão de (2-23): f(t) N ϕ (N) k (e t )F(k) (2-24) onde ϕ (N) k é um polinômio de grau N 1. A equação (2-24) é obtida a partir da equação (2-25) que é uma função de interpolação generalizada de Lagrange da transformada de Laplace nos pontos s = 1, 2,..., N. F(s) N ( 1) N k (k + N 1)! [(k 1)!] 2 (N k)! N m=1, m k (s m) N 1 (s + m) m= F(k) (2-25) Invertendo a equação (2-25) obtemos a fórmula de inversão da transformada de Laplace (2-24). Onde N 1 ϕ (N) k (e t ) = m= ( 1) k+m+1 (N + k 1)!(N + m)!e mt [(K 1)!] 2 (N k)!(m!) 2 (N 1 m)!(k + m)! (2-26)

Capítulo 2. ransformada inversa numérica de Laplace 22 2.4.3 Método de Dubner-Abate (1968) O método desenvolvido por Dubner e Abate, para inverter a transformada de Laplace, relaciona a integral de Fourier à transformada de Fourier de cosenos. Seja h : R R uma função tal que h(t) = para t <. A partir da função h definimos as funções periódicas pares g n (t) (de período 2, veja a figura 2.1), para cada n =, 1, 2,... como: h(2n t), para t [(n 1), n] g n (t) = h(t), para t [n, (n + 1)] (2-27) h(t) h(t) = e at f(t) 2 3 g (t) 2 3 g 1 (t) 2 3 g 2 (t) 2 3 Figura 2.1: Funções h(t) e g n (t) Para obter uma representação em série de Fourier para cada g n (t) reescrevemos (2-27) de tal forma que as g n (t) estejam definidas no intervalo (, ). Assim, para cada n =, 2, 4,... temos h(n t), t g n (t) = h(n + t), t (2-28)

Capítulo 2. ransformada inversa numérica de Laplace 23 e para cada n = 1, 3, 5,... temos h((n + 1) + t), t g n (t) = h((n + 1) t), t (2-29) por Logo, a representação de Fourier em termos de co-senos de g n (t) é dado para cada n =, 1, 2,..., onde g n (t) = A n, 2 + A n,k cos kπt (2-3) e A n,k = 2 A n,k = 2 h(n + x) cos kπx dx para n =, 2, 4,... (2-31) h((n + 1) x) kπx dx para n = 1, 3, 5,... (2-32) Após uma mudança de variável em (2-31) e (2-32) segue que A n,k = 2 (n+1) n h(t) cos kπt dt (2-33) Em (2-3), somando em termos de n obtemos g n (t) = 2 [ A(w ) + 2 n= A(w k ) cos kπt ] (2-34) onde A(w k ) = h(t) cos kπt dt e A(w k) é uma transformada de Fourier en termos de co-senos. Se introduzimos o seguinte fator de atenuação h(t) = e at f(t) (2-35) realmente A(w k ) é a transformada de Laplace da função f(t) com a variável de transformação sendo dado por s = a + kπ i. Ou seja A(w k) = Re{F(s)}. Portanto, da equação (2-34) segue que n= [ e at g n (t) = 2eat 1 2 Re{F(a)} + Re { F(a + kπi)} cos kπt ] (2-36) onde ambos lados da equação são multiplicados pelo fator de atenuação e at.

Capítulo 2. ransformada inversa numérica de Laplace 24 Note que (2-36) é já uma aproximação de f(t) em (, ), ou seja f(t) n= eat g n (t). A partir de (2-28) e (2-29) pode-se determinar n= eat g n (t) em (, ) e at g n (t) = e at h(2n + t) + e at h(2n t) (2-37) escrever n= n= Usando o fator de atenuação (2-35) e separando adequadamente podemos onde o erro ε é dado por ε = n= e at g n (t) = f(t) + ε (2-38) n= e [ 2an f(2n + t) + e 2ct f(2n t) ] (2-39) n=1 Denotando f(t) = n= eat g n (t), então f(t) = f(t) + ε (2-4) Dubner e Abate em (Dubner-Abate-1968) mostram que ε pode ser feito suficientemente pequeno apenas para t /2. Portanto concluem que no intervalo (, /2) uma aproximação da transformada inversa de Laplace pode ser achada, com o grau de exatidão que desejarmos, pela fórmula [ f(t) = 2eat 1 2 Re{F(a)} + ] Re{F(a + kπ kπt i)} cos (2-41) 2.4.4 Método de Kenny Crump (197) O método de Kenny Crump é uma generalização do método de Dubner e Abate, lembre que esse método aproxima a transformada inversa por meio de séries de Fourier em termos de co-senos, pois considera a parte real Re{F(s)}. Entretanto, o método de Crump considera (além das séries de Fourier em cosenos) séries de Fourier em termos em senos, de tal forma que o erro seja menor ao obtido por Dubner e Abate. Para tal propósito considera a parte imaginária Im{F(s)}. No desenvolvimento deste método obtemos a série de Fourier para uma função g (t), que é periódica con período 2 e igual a f(t)e at num intervalo (, 2). Os coeficientes da série podem ser aproximados usando F(s). Com a finalidade que a série de Fourier tenha convergência à g (t) em pontos de

Capítulo 2. ransformada inversa numérica de Laplace 25 descontinuidade vamos impor a condição f(t) = {f(t+) + f(t )}/2 para todo t onde f(t) é descontínua. Para n =, 1, 2,, define-se g n (t) para < t <, por g n (t) = f(t)e at, 2n t 2(n + 1), com a condição de ser periódica com período 2. A representação da série de Fourier de cada g n (t) é dado por g n (t) = 1 2 A n, + onde os coeficientes de Fourier são { A n,k cos kπt + B n,k sen kπt } (2-42) A n,k = 1 B n,k = 1 2(n+1) 2n 2(n+1) 2n e at f(t) cos(kπt/)dt (2-43) e at f(t) sen(kπt/)dt (2-44) Em (2-42) somando com respeito aos n e observando que n= e at f(t) cos(kπt/)dt = Re{F(a + ikπ/)} (2-45) e at f(t) sen(kπt/)dt = Im{F(a + ikπ/)} (2-46) obtemos g n (t) = 1 2 Re{F(a)}+ 1 [ Re{F(a+ kπ kπt i)} cos Im{F(a+kπ ] kπt i)} sen (2-47) Como g (t) = f(t)e at para t (, 2), a partir de (2-47) obtemos uma aproximação f(t) da transformada inversa f(t) dada por f(t) = eat eat Re{F(a)}+ 2 2.4.5 [ Ou seja f(t) = f(t) ε, onde Re{F(a+ kπ ε = e 2nat g n (t) = n= i)} cos kπt ] kπ kπt Im{F(a+ i)} sen (2-48) e 2nat f(2n + t) (2-49) n=1

Capítulo 2. ransformada inversa numérica de Laplace 26 Método de Gaver-Stehfest (197) O algoritmo desenvolvido por H. Stehfest (Stehfest-197) é baseado no trabalho de D. P. Gaver (Gaver-1966) (quem utiliza uma linguagem inteiramente probabilística), Gaver considera a esperança matemática f n da inversa f(t) de F(s), f n = (2n)! f(t)g n (a, t)dt = a n!(n 1)! n i= ( ) n ( 1) i F((n + i)a). (2-5) i Ou, o que é o mesmo, valor esperado de f(t) = L 1 {F(s)} com respeito à função de probabilidade (2n)! g n (a, t) = a n!(n 1)! (1 e at ) n e nat, a > (2-51) onde g n (a, t) tem as seguintes propriedades 1. g n (a, t)dt = 1 2. Valor modal de g n (a, t) = ln2 a 3. e variância var(t) = 1/a 2 n t= 1/(n + i)2 As quais implicam que f n converge para f( ln2) quando n. f a n tem expansão assintótica (vide (Stehfest-197)) ( ) ln 2 f n f + α 1 a n + α 2 n + α 3 2 n + (2-52) 3 Para um número N de valores de F, uma melhor aproximação para f( ln 2 a ) do que f n 1 é possível. Por combinação linear de f 1, f 2,...,f N/2 e requerendo K 1 x i (K) (N/2 + 1 i) = δ k; k =, 1,..., K 1; K N/2 (2-53) k i=1 segue que x i (K) = ( 1)i 1 K! ( ) K i(n/2 + 1 i) K 1 (2-54) i portanto K ( ) ln 2 x i (K)f (N/2)+1 i = f a i=1 + ( 1) k+1 (N/2 K)! α + o (N/2)! ( ) (N/2 K)!. (N/2)! (2-55)

Capítulo 2. ransformada inversa numérica de Laplace 27 Substituindo K = N/2, a = ln 2 e utilizando (2-5) obtemos a expressão que produz um valor aproximado f a da transformada inversa a partir da transformada de Laplace F(s), em s =. com f a = ln 2 min{i,n/2} V i = ( 1) (N/2)+1 k= i+1 2 ( N 2 N i=1 ( ) ln 2 V i F i k N/2 (2k)! k)!k!(k 1)!(i k)!(2k 1)!