Evolução do Capital Humano no Brasil e nos EUA

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Transcrição:

Evolução do Capial Humano no Brasil e nos EUA 992-2007 Fernando de Holanda Barbosa Filho Samuel de Abreu Pessôa Fernando A. Veloso Ibre/FGV Ibre/FGV Ibmec/RJ Resumo Ese arigo invesiga a evolução do capial humano para o Brasil e os Esados Unidos no período de 992 a 2007, uilizando uma medida de capial humano baseada em dados microeconômicos. Uma das principais conribuições dese arigo é a consrução de uma medida específica de capial humano que permie mensurar ano a evolução da paricipação dos diversos níveis de escolaridade e experiência do rabalhador no oal de horas rabalhadas como a variação em sua produividade ao longo do empo. Os resulados mosram que o capial humano da economia americana enconra-se esacionário, enquano que o esoque de capial humano da economia brasileira eve um crescimeno de apenas 3% no período. Isso ocorreu devido à elevação da paricipação na mão-de-obra de rabalhadores mais qualificados, que foi em pare compensada pela redução da produividade. Por úlimo, mosra-se que a dinâmica da remuneração do capial humano na economia brasileira dependeu basicamene da ofera, enquano que na economia americana ela foi afeada ano pela ofera quano pela demanda por capial humano. Absrac This paper invesigaes he evoluion of human capial in Brazil and he Unied Saes beween 992 and 2007, using a measure of human capial based on microeconomic daa. One of he main conribuions of his paper is o consruc a specific measure of human capial ha allows one o quanify boh he evoluion of he paricipaion of he differen levels of educaion and experience of he labor force in oal hours worked and he variaion of is produciviy over ime. The resuls show ha he human capial sock of he US is saionary, whereas he Brazilian human capial sock grew only 3% during he period. This was due o he increase in he paricipaion componen of he labor force, which was parially compensaed by he reducion in he produciviy componen. Finally, i is shown ha he dynamics of human capial compensaion in Brazil was mainly deermined by labor supply, whereas in he US i was affeced boh by supply and demand for human capial. Palavras- chave: capial humano, crescimeno econômico, regressão minceriana. Keywords: human capial, economic growh, mincerian regression. Classificação JEL: O47, J24, J3.

. Inrodução Ese arigo invesiga a evolução do capial humano para o Brasil e os Esados Unidos no período de 992 a 2007, uilizando uma medida de capial humano consruída a parir de dados microeconômicos. Esa medida permie a separação do capial humano em dois componenes disinos. O componene de paricipação esá relacionado à quanidade de capial humano, enquano o componene de produividade mede o reorno do capial humano. Como mosram Topel (999), Krueger e Lindahl (200) e Lange e Topel (2006), o capial humano agregado em um efeio significaivo no crescimeno econômico, de magniude não inferior ao efeio microeconômico da educação sobre os salários. Essa lieraura evidencia a imporância de incluir o capial humano na análise de decomposições de crescimeno. Hall e Jones (999) e Bils e Klenow (2000) procuram levar em cona o impaco da escolaridade no capial humano aravés de uma esimaiva da axa de reorno da educação. No enano, esa é obida com base em dados de uma cross-secion de países. Em conseqüência, a evolução do capial humano em cada país ao longo do empo reflee predominanemene a variação da escolaridade média. Ese arigo generaliza a medida de capial humano uilizada em Hall e Jones (999) e Bils e Klenow (2000). A medida específica de capial humano aqui consruída quanifica ano a evolução da paricipação dos diversos níveis de escolaridade e experiência do rabalhador no oal de horas rabalhadas, como a variação em sua produividade ao longo do empo. Essa decomposição é possível porque a medida de capial humano uilizada nesse esudo é consruída com o auxílio de uma regressão de Mincer (974) de salários, em que o capial humano é obido aravés da produividade marginal do rabalho. Em paricular, o arigo mosra que essa medida de capial humano decorre nauralmene da agregação das equações de Mincer individuais para odos os rabalhadores. As bases de dados uilizadas para o cálculo do capial humano e do número de horas rabalhadas são a Curren Populaion Survey-Ougoing Roaion Groups (CPS- Morg) para os Esados Unidos e a Pesquisa Nacional por Amosra de Domicílios (PNAD) do IBGE para o Brasil. Bils e Klenow (2000) ambém uilizam indicadores de experiência da força de rabalho. 2

Os resulados mosram que o capial humano dos Esados Unidos não apresena uma endência definida enre 992 e 2007, indicando que o esoque de capial humano da economia americana enconra-se próximo do esado esacionário. Além disso, o capial humano apresenou movimenos cíclicos, endo sua dinâmica sido diada pelo componene de produividade. O componene de paricipação apresenou um crescimeno modeso, inferior a 0,3% a.a. O capial humano da economia brasileira, por sua vez, eve um crescimeno de apenas 3% enre 992 e 2007, com uma axa de crescimeno inferior a % a.a. A elevação do capial humano no Brasil deveu-se ao crescimeno de,2% a.a. da paricipação, que foi em pare compensado pela redução na produividade. O rabalho ambém apresena uma análise de ofera e demanda por capial humano, para idenificar qual faor explica a dinâmica da remuneração do capial humano enre 992 e 2007, uilizando uma meodologia baseada em Kaz e Murphy (992). Os resulados indicam que alerações na ofera de rabalho comandaram a dinâmica da variação da remuneração do capial humano no Brasil, enquano nos Esados Unidos ano a ofera como a demanda por capial humano foram imporanes. O arigo esá organizado em quaro seções, além desa inrodução. A seção 2 apresena a meodologia de consrução da variável de capial humano. Ainda nesa seção, apresenamos o méodo de decomposição do capial humano em seus componenes de paricipação e produividade. A seção 3 apresena os resulados obidos para o capial humano americano e brasileiro. A seção 4 apresena a análise de ofera e demanda de rabalho para explicar a dinâmica na remuneração do capial humano. As principais conclusões do arigo esão reunidas na seção 5. 2. Meodologia 2.. Capial Humano e Horas Trabalhadas O cálculo do capial humano por rabalhador, H, considera diferenças enre os rabalhadores em ermos de escolaridade, h, e de experiência, E. A amosra foi dividida em quaro níveis de escolaridade: analfabeos e ensino fundamenal compleo (escolaridade 3

igual ou inferior a oio anos de esudo), ensino médio incompleo (maior que oio e inferior a onze anos de esudo), ensino médio compleo (igual ou maior que onze e inferior a quinze anos de esudo) e superior compleo (quinze ou mais anos de esudo). Como proxy para os níveis de experiência, foram uilizadas see caegorias divididas por faixa eária com inervalos de cinco anos: de 25 a 29 anos de idade, de 30 a 34 anos de idade, de 35 a 39 anos de idade, e assim sucessivamene aé indivíduos com idade superior a 55 anos. 2 O cruzameno das quaro caegorias de escolaridade com as see caegorias de experiência produz 28 caegorias de capial humano. A medida de capial humano em dois componenes: a produividade e a paricipação. Diversos esudos que invesigam a relação enre educação e crescimeno econômico mosram que o impaco agregado do capial humano no produo é de magniude similar ao efeio microeconômico da educação sobre os salários. 3 Em função disso, nese arigo a produividade é compreendida como o reorno que o mercado de rabalho paga a uma dada combinação de escolaridade e experiência, enquano a paricipação é inerpreada como o peso relaivo de cada grupo de escolaridade e experiência no oal de horas rabalhadas. educação e Para ober a produividade, β jk ( h j, Ek ), de um rabalhador com h j anos de E k anos de experiência, esimaremos uma equação de Mincer onde são consideradas 28 variáveis dummies com a ineração enre os diversos níveis de escolaridade e experiência. Esas dummies foram esimadas com base na seguine equação de Mincer, em que w i é o salário por hora do i-ésimo rabalhador: I ( h j, i, Ek, i) ψ jk( h j, i Ek, i) + γ lconrolesl, i ε i 4 7 0 + β jk, j= k= ln wi = α +. () l= Na equação acima, ψ jk represena cada uma das 28 dummies associadas às inerações enre experiência e escolaridade e β jk é o seu coeficiene, que represena o 2 Enre 99 e 997, a base de dados americana uilizada nese esudo (CPS - Morg) apresena a variável de escolaridade agrupada de forma caegórica e não em anos de escolaridade, o que impossibilia o cálculo da variável de experiência da forma convencional, como idade - anos de escolaridade - 6. Por isso, uilizamos a idade como proxy para o nível de experiência. 3 Ver Topel (999), Krueger e Lindahl (200) e Lange e Topel (2006). Barbosa Filho e Pessôa (2008) apresenam um survey da lieraura. 4

reorno associado ao par ( j, k) de escolaridade e experiência. O coeficiene γ l é o reorno dos conroles uilizados na regressão. Definindo o salário médio w como a média geomérica ponderada dos salários individuais, onde os pesos ϕ i são dados pela paricipação do i-ésimo rabalhador na ofera oal de rabalho, emos: w= N i= w ϕi i, Sob a hipóese de que há (2) i =,..., N rabalhadores e que cada rabalhador enha rabalhado l i horas, emos de () e (2) que o logarimo do salário médio por hora pode ser escrio como: ln w N l i= i N ln w l i= i i 4 N 7 i= i I N l i= iβ jkψ jk l i= iγ lconroles l, i j= k= l= = α 0 + +. (3) N N l l i= i A equação (3) pode ser reescria como: ln w N = 4 7 l i iβ jkψ = jk α 0 + + G, N j= k= l i= i em que G I N lγ conroles i= i l l, i l= N l i= i. Assim, ln w 4 7 = 0 α + β ϕ G, (4) j= k= jk jk + em que ϕ jk é a paricipação na ofera oal do rabalho da caegoria de capial humano que combina o j-ésimo ipo de escolaridade e a k-ésima modalidade de experiência, j =,..., 4, e k =,...,7, iso é: 5

N jk( h j, i, Ek i) N li l i= iψ, ϕ. A equação (4) pode ser reescria como: 4 7 β jk( h j, Ek) w= w o ( e ) j= k= jk ϕ jk i=, (5) onde w o e o+ G = α. A condição de maximização do lucro das firmas com respeio ao rabalho e ecnologia descria por uma função de produção Cobb-Douglas implica que o salário por hora rabalhada é proporcional ao capial humano por rabalhador: 4 w= w H, (6) o onde w é o salário real de um rabalhador com capial humano H e w o é o salário de um rabalhador sem qualificação. Porano, de (5) e (6), a agregação das equações mincerianas individuais é compaível com o comporameno maximizador das firmas desde que o capial humano seja expresso como: H = 4 7 j= k= β jk( h j, Ek) ( e ) ϕ jk (7) Nese arigo, uilizaremos a medida de capial humano descria por (7). Ese índice é uma generalização da medida uilizada em Hall e Jones (999) e Bils e Klenow (2000), que é descria por 5 θ ψ h ψ H = e (8) onde θ > 0 e 0 <ψ < para capurar reornos decrescenes da educação. Desconsiderando a conribuição da experiência e assumindo que odos os rabalhadores êm o mesmo nível θ β h = h. ψ ψ de escolaridade, h, fica claro que (8) é um caso paricular de (7), com ( ) 4 Ver Barbosa Filho, Pessôa e Veloso (2009). 5 A versão do exo inclui apenas educação, dado que a medida de capial humano de Hall e Jones (999) não inclui experiência. 6

O oal de horas rabalhadas na economia é obido aravés da soma do oal de horas rabalhadas de cada grupo. 4 7 L = l. (9) j= k= jk Com isso, podemos calcular a paricipação no oal de horas rabalhadas, ϕ jk, de cada um dos 28 grupos de rabalhadores com h anos de escolaridade e E anos de experiência. 2.2. Decomposição do Capial Humano A variação do capial humano pode ser decomposa em dois faores: a produividade, β jk, e a paricipação, ϕ jk. Com base na expressão do capial humano, pode-se decompor a axa de crescimeno do capial humano enre dois períodos consecuivos da seguine forma: H ln H = ln = 4 4 7 j= k= = ln 7 j= k= β β jk, ( h j, Ek) ( e ) β jk, ( h j, Ek) ( e ) 4 7 β, ( h, E ) ϕ jk j k jk, β jk, ( h j, Ek) ( e ) ln e 4 4 j= k= j= k= 7 7 4 7 j= k= Esa expressão pode ser reescria como: ϕ β ϕ ϕ jk, jk, j= k= ϕ jk, ( ) = 4 7 j= k= ϕ jk, ( β ϕ β ϕ ). jk, jk, 7

H ln H 2 = = = 4 7 ( β ϕ β jk, ϕ ) 4 7 4 7 ( β ϕ β jk, ϕ ) + ( β jk, ϕ β ϕ ) j= k= 2 4 4 H ln H 4 7 4 7 [ ϕ jk, ( β jk, β ) + β ( ϕ ϕ ) ] + [ ϕ jk, ( β jk, β ) + β jk, ( ϕ ϕ ) ] j= k= 7 j= k= 7 j= k= = ϕ ϕ j= k= 2 2 + ϕ Produividade Produividade + ϕ ( β H + ln H ( β β β Paricipação Paricipação. 2 jk, jk, β ) + ) + j= k= 4 = 7 j= k= + β 2 β (0) jk, 2 2 ( ϕ + β jk, jk, j= k= ϕ ( ϕ jk, jk, ϕ ) jk, ) Como mosra (0), pode-se decompor a variação do capial humano em dois componenes, produividade e paricipação, onde o primeiro capura a variação do reorno do capial humano enre dois períodos, e o segundo esá associado à variação da paricipação de cada nível de capial humano no oal de horas rabalhadas. O componene de produividade pondera a variação do reorno pela média ariméica da paricipação, ϕ, no início e no fim do período em quesão. Analogamene, o componene de paricipação uiliza como pesos os valores da produividade, β, no início e no fim do período em quesão. Devido à forma de cálculo do capial humano uilizada nese rabalho, que inclui anos de escolaridade e experiência, é possível quanificar a influência de cada um na variação do capial humano de deerminado período. Para al, é necessário calcular os efeios marginais de cada nível de escolaridade, para odas as caegorias de experiência e, ambém, o efeio marginal de cada nível de experiência, para odas as caegorias de escolaridade. A penúlima linha da equação (0) apresena, no primeiro somaório, o impaco da variação da produividade e, no segundo somaório, o impaco da variação da paricipação no capial humano. Para idenificar o efeio marginal da educação e da experiência em cada um deses componenes basa realizar, para cada uma das duas somaórias, uma soma 8

parcial nos níveis de educação (efeio marginal da experiência) e nos anos de experiência (efeio marginal da educação). Ou seja, em vez de realizar o somaório nas 28 células (4 níveis de educação vezes os 7 níveis de experiência), realiza-se a soma somene em uma desas dimensões, experiência (see) ou educação (quaro). Assim sendo, o efeio marginal da educação na produividade, EfMgEdP, é obido da seguine forma: EfMgEdPj = 7 k= ϕ jk, + ϕ 2 ( β β jk, ), () em que j é o nível educacional, k é o nível de experiência e β e ϕ são os componenes de produividade e paricipação. Por sua vez, o efeio marginal da experiência na produividade, EfMgExpP, é obido da seguine forma: EfMgExp Pr k = 4 j= ϕ + ϕ 2 jk, ( β jk, β ), (2) em que j é o nível educacional, k é o nível de experiência e β e ϕ são os componenes de produividade e paricipação. Para ober o efeio marginal da educação e da experiência sobre a paricipação, devemos realizar o mesmo procedimeno para a variação no componene de paricipação. Para iso, basa subsiuir φ e ϕ nas equações acima. Desa forma, emos: EfMgEdPar EfMgExpPar j k = = 7 k= 4 β j= β jk, + β 2 + β 2 jk, ( ϕ ( ϕ jk, ϕ ϕ ) jk, ). (3) (4) 2.3. Dados e Esimação Ese rabalho em como objeivo criar um meodologia de cálculo de capial humano baseada em microdados. Para ano, uilizam-se dados para o Brasil e Esados Unidos. Os dados da economia americana foram obidos da Curren Populaion Survey - Ougoing Roarion Groups (CPS-Morg). Para a economia brasileira, foram uilizados dados da 9

Pesquisa Nacional de Amosra Domiciliar (PNAD) para odos os anos disponíveis no período 992-2007. 6 A amosra selecionada engloba homens e mulheres com idade enre 25 e 65 anos. As regressões de salários foram esimadas por mínimos quadrados ordinários, sendo uilizados os pesos amosrais de cada observação. Foram empregadas as seguines variáveis de conrole: dummies de sexo, raça, rabalhador sindicalizado e rabalhador do seor público. Como o reorno do capial humano é obido de forma comparaiva em relação ao grupo base, formado por rabalhadores com níveis mais baixos de experiência e escolaridade, a consane das regressões capura a remuneração dos rabalhadores analfabeos e com ensino fundamenal compleo (escolaridade igual ou inferior a oio anos de esudo) e idade enre 25 e 29 anos. Enreano, a consane coninua dependene da unidade de medida. Para resolver ese problema, deflacionamos odas as variáveis para um mesmo ano e uma mesma moeda. Para ano, uilizamos o CPI-U (Consumer Price Index for Urban Consumers CPI-U-RS) para deflacionar as séries da CPS para o mês de Seembro de 2000. As séries da PNAD foram deflacionadas com base em um deflaor da PNAD 7 aualizado aravés do IPC da FGV para o mês de Seembro de 2000 e ransformadas pela axa de câmbio de paridade de poder de compra (PPP) do ano de 2000, obida na Penn World Table 6.2. 8 3. Resulados 3.. Evolução do Capial Humano 3... Esados Unidos 6 A CPS possui pesquisas para odos os anos do período analisado. Para o Brasil, a PNAD não esá disponível para os anos de 994 e 2000. 7 O deflaor da PNAD foi obido em Corseuil e Foguel (2002). 8 A Penn-World Table (PWT) 6.2 é uma base de dados que coném informações sobre 24 variáveis para 88 países, de 950 (para um grupo limiado de países) aé 2004. Os dados de produo, invesimeno e demais esaísicas das Conas Nacionais da PWT são calculados segundo o conceio de paridade de poder de compra (preços inernacionais), que corrige os efeios de diferenças de cuso de vida enre países. Para maiores dealhes, ver Heson, Summers e Aen (2006). Os dados esão disponíveis em hp://pw.econ.upenn.edu/. 0

A evolução do capial humano (H) nos EUA é descria na Tabela. O capial humano nos EUA não apresena endência definida, elevando-se apenas 3% enre 992 e 2007. Tabela : Evolução do Capial Humano nos EUA H 992 00.0 993 07.9 994 07.8 995. 996 2. 997 05.0 998 02.0 999 07.2 2000 06.4 200 02.8 2002 99.9 2003 05.3 2004 0.9 2005 0.4 2006 03.9 2007 03. Com base na Tabela e na Figura pode-se perceber que o capial humano (H) apresena grande oscilação enre 992 e 2007, com movimenos cíclicos de expansão do capial humano no início da década de 990 (período de grande crescimeno nos EUA), e com variações menores nos períodos seguines. Esa fala de endência do capial humano na economia americana possibilia a conclusão de que a economia americana esá oscilando em orno de um deerminado esado esacionário.

Figura : Evolução do Capial Humano nos EUA 20.0 5.0 0.0 05.0 00.0 95.0 90.0 992 993 994 995 996 997 998 999 2000 200 2002 2003 2004 2005 2006 2007 3..2. Brasil O esoque de capial humano no Brasil, diferenemene do que ocorre com os EUA, apresena uma pequena endência de elevação enre 992 e 2007, como mosra a Tabela 2. Tabela 2: Capial Humano no Brasil H 992 00.0 993 03.2 994 03.9 995 04.6 996 05.6 997 06.7 998 07.0 999 06.6 2000 08.4 200 0.3 2002.4 2003 2.2 2004 2.4 2005 3.8 2006 4.2 2007 3. 2

A Figura 2 ajuda a visualizar a evolução do capial humano da economia brasileira. Enre 992 e 2007, o capial humano eve um aumeno de cerca de 3%, com um crescimeno anual inferior a %. Embora baixo, ese crescimeno mosra-se persisene no período analisado. Figura 2: Evolução do Capial Humano no Brasil 20.0 5.0 0.0 05.0 00.0 95.0 90.0 992 993 994 995 996 997 998 999 2000 200 2002 2003 2004 2005 2006 2007 3.2. Decomposição do Capial Humano 3.2.. Esados Unidos Como aneriormene descrio, uma das vanagens da meodologia aqui mencionada é que esa permie a disinção enre o aspeco quaniaivo da acumulação de capial humano, aqui chamado de paricipação, e a sua axa de reorno, aqui chamada de produividade. A Figura 3 sugere que a economia americana enconra-se próxima de seu esado esacionário. 3

Figura 3: Capial Humano e Seus Componenes nos EUA 40.0 20.0 00.0 80.0 60.0 40.0 20.0 H Hproduividade Hparicipação 0.0 992 993 994 995 996 997 998 999 2000 200 2002 2003 2004 2005 2006 2007 O componene de paricipação cresceu de forma suave enre 992 e 2007, como mosra a Tabela 3, conforme esperado em um país no qual a força de rabalho ocupada enconra-se cada vez mais escolarizada. A evolução do componene de produividade mosra que o ciclo econômico possui fore influência sobre o esoque de H. Tabela 3: Decomposição do Capial Humano - EUA H H produividade H paricipação 992 00.0 00.0 00.0 993 07.9 07.2 00.7 994 07.8 06.7 0. 995. 09.5 0.5 996 2. 0.2 0.7 997 05.0 02.9 02.0 998 02.0 99.6 02.4 999 07.2 04.0 03.0 2000 06.4 03.3 03.0 200 02.8 99.5 03.3 2002 99.9 96.3 03.8 2003 05.3 0.2 04.0 2004 0.9 97.8 04.2 2005 0.4 97.2 04.2 2006 03.9 99.6 04.3 2007 03. 98.4 04.8 4

A Tabela 3 mosra ainda que o componene de paricipação eve uma elevação de somene 4,8% em 5 anos, o que sugere que os EUA já universalizaram a educação e que o ganho em ermos de escolarização de sua população será pequeno e gradual em direção ao ensino universiário. O componene de produividade rege a maior pare da dinâmica do movimeno do capial humano, sendo foremene relacionado com os ciclos econômicos, já que a axa de reorno da escolaridade ende a aumenar nos períodos de expansão da economia. A Tabela 4 descreve a variação do capial humano em diversos subperíodos, separando o movimeno do capial humano em seus dois componenes. A paricipação elevou-se para odos os períodos esudados, mas com uma axa de crescimeno de apenas 0,3% a.a. A produividade do capial humano apresenou grande oscilação no período. Pode-se observar que, no período 992-999, a elevação da produividade de 0,6% a.a. eve uma conribuição imporane para o aumeno do capial humano. Enreano, no período 999-2007, o capial humano caiu 0,5%, a.a. devido à queda de 0,7% a.a. do componene de produividade. Desa forma, no período compleo (992-2007), o capial humano aumenou somene 0,2% a.a. Tabela 4: Decomposição do Capial Humano por Subperíodos - EUA Variação de H H produividade H paricipação 992-995 0.035 0.030 0.005 (85.6%) (4.4%) 995-999 -0.009-0.03 0.004 (40.5%) (-40.5%) 999-2003 -0.006-0.009 0.003 (57.0%) (-57.0%) 2003-2007 -0.005-0.007 0.002 (37.2%) (-37.2%) 992-999 0.00 0.006 0.004 (57.2%) (42.8%) 999-2007 -0.005-0.007 0.002 (47.8%) (-47.8%) 992-2007 0.002-0.00 0.003 (-52.0%) (52.0%) Noa: Os ermos em parêneses represenam a conribuição de cada componene para o crescimeno do capial humano no respecivo período. Efeios Marginais nos EUA 5

As abelas abaixo apresenam a conribuição marginal das diversas caegorias de escolaridade e experiência para a variação do capial humano. Nas Tabelas 5 e 6 enconram-se a conribuição marginal da educação sobre a produividade e a paricipação, enquano que as Tabelas 7 e 8 apresenam a conribuição marginal da experiência sobre os dois faores que compõem o capial humano. A Tabela 5 mosra que, no período 992-999, os rabalhadores com ensino superior compleo (caegoria 5) foram os mais beneficiados pela elevação do reorno da educação, seguidos dos rabalhadores com ensino médio compleo (caegoria -4). Os rabalhadores menos qualificados não foram beneficiados pelos ganhos salariais, o que é consisene com a inerpreação de que os movimenos salariais nese período esiveram associados ao que a lieraura denominou de skill biased echnical change. No período seguine, 999-2007, esa endência é inverida e os dois grupos mais escolarizados são os que sofrem as maiores perdas, com os menos escolarizados sofrendo efeios modesos. Para o período como um odo, 992-2007, somene os rabalhadores com ensino superior compleo iveram ganhos de produividade. Tabela 5: Efeio Marginal da Educação na Produividade (em %) - EUA Anos de Educação 992-999 999-2007 992-2007 Toal 0.56-0.7-0. 0-8 0.00-0.02-0.0 (0.0%) (2.%) (8.4%) 9-0 -0.02-0.04-0.04 (-4.4%) (6.0%) (33.2%) -4 0.28-0.44-0. (50.2%) (6.8%) (0.6%) 5 0.3-0.2 0.05 (54.2%) (30.0%) (-43.2%) Noa: Os ermos em parêneses represenam a conribuição de cada nível de educação para a variação oal. A Tabela 6 indica que a elevação dos anos de escolaridade da economia americana enconra-se concenrada no ensino superior. Ou seja, em ambos os períodos verificou-se uma redução da paricipação de rabalhadores com ensino inferior ao universiário na população ocupada. Ese resulado mosra mais uma vez que a economia americana já realizou com sucesso a universalização do ensino fundamenal e médio e que elevações da paricipação somene ocorrem com a ampliação da população com ensino superior. Tabela 6: Efeio Marginal da Educação na Paricipação (em %) - EUA 6

Anos de Educação 992-999 999-2007 992-2007 Toal 0.42 0.23 0.3 0-8 -0.0 0.00 0.00 (-2.%) (-0.4%) (-.2%) 9-0 -0.04-0.02-0.03 (-9.7%) (-7.4%) (-8.6%) -4-0.05-0.6-0.0 (-.4%) (-69.0%) (-3.3%) 5 0.52 0.40 0.44 (23.2%) (76.9%) (4.%) Noa: Os ermos em parêneses represenam a conribuição de cada nível de educação para a variação oal. O efeio marginal da experiência sobre a produividade é reporado na Tabela 7. A abela mosra que no período de grande crescimeno econômico houve ganhos em odas as faixas eárias e que eses ganhos não foram muio concenrados em nenhuma faixa específica. O mesmo ocorreu no período de queda do crescimeno, 999-2007, onde mais uma vez as reduções de produividade foram similares. Tabela 7: Efeio Marginal da Experiência na Produividade - EUA Toal 2 3 4 5 6 7 992-999 0.56 0.09 0.05 0. 0.2 0.05 0.06 0.09 (6%) (9%) (9%) (2%) (9%) (0%) (7%) 999-2007 -0.7-0.2-0. -0.09-0. -0.0-0. -0.06 (7%) (5%) (3%) (5%) (5%) (5%) (9%) 992-2007 -0. -0.03-0.04 0.00 0.00-0.03-0.02 0.02 (28%) (39%) (4%) (4%) (29%) (25%) (-28%) Noa: Os ermos em parêneses represenam a conribuição de cada nível de experiência para a variação oal. A Tabela 8 complea o esudo dos efeios marginais sobre o capial humano. Podemos perceber que esá ocorrendo uma redução na paricipação de pessoas com uma faixa eária mais baixa na população ocupada, e uma elevação na paricipação relaiva dos rabalhadores mais experienes. Ese resulado mosra que as pessoas esão prolongando a sua paricipação no mercado de rabalho e/ou reardando a enrada no mesmo. Tabela 8: Efeio Marginal da Experiência na Paricipação - EUA Toal 2 3 4 5 6 7 992-999 0.42-0.4-0.23-0.05 0.09 0.24 0.33 0.7 (-34%) (-54%) (-%) (22%) (57%) (78%) (4%) 999-2007 0.23 0.00-0.4-0.9-0.9 0.04 0.8 0.53 (-%) (-60%) (-86%) (-85%) (8%) (79%) (234%) 992-2007 0.3-0.06-0.7-0.2-0.06 0.3 0.24 0.35 (-20%) (-55%) (-39%) (-9%) (42%) (78%) (2%) Noa: Os ermos em parêneses represenam a conribuição de cada nível de experiência para a variação oal. 7

3.2.2. Brasil A Figura 4 e a Tabela 9 apresenam os resulados da decomposição do capial humano em seus componenes de produividade e experiência para a economia brasileira. A Figura 4 mosra que a elevação do esoque de capial humano no Brasil enre 992 e 2007 deveu-se à elevação do componene de paricipação. Figura 4: Capial Humano e seus Componenes no Brasil 40.0 20.0 00.0 80.0 60.0 40.0 20.0 H Hproduividade Hparicipação 0.0 992 993 994 995 996 997 998 999 2000 200 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Com base na Tabela 9, pode-se observar que a axa de crescimeno do componene de paricipação foi em orno de,25% a.a., uma axa muio superior à da economia americana, que foi da ordem de 0,3% a.a. Enreano, o crescimeno do capial humano no Brasil ocorreu a uma axa em orno de 0,9% a.a., inferior à axa de crescimeno do componene de paricipação, devido à redução do componene de produividade a parir de 997. Tabela 9: Decomposição do Capial Humano - Brasil H H produividade H paricipação 992 00.0 00.0 00.0 993 03.2 0.9 0.2 994 03.9 0.8 02. 8

995 04.6 0.6 02.9 996 05.6 0.0 04.5 997 06.7 00.7 06.0 998 07.0 99.4 07.7 999 06.6 98.4 08.3 2000 08.4 98.6 0.0 200 0.3 98.8.7 2002.4 98.2 3.5 2003 2.2 97.4 5. 2004 2.4 96.6 6.3 2005 3.8 96.6 7.9 2006 4.2 94.8 20.4 2007 3. 92.8 2.8 Como mosra a Tabela 9, o capial humano no Brasil cresceu foremene enre 992 e 998. A parir de 999, o crescimeno reduz um pouco o seu rimo, devido à redução na produividade. No enano, a elevação do capial humano coninuou devido ao aumeno da paricipação. É imporane ressalar que o faor paricipação em crescido sisemaicamene, enquano o faor produividade decresceu em ciclos no período como um odo. A Tabela 0 apresena uma decomposição do crescimeno do capial humano em diversos subperíodos. Como mosra a abela, a variação do capial humano por rabalhador enre 992 e 2007 foi baixa, 0,8% a.a., como resulado da combinação de um aumeno da paricipação e uma redução parcial da produividade ao longo do período. 992-995 995-999 999-2003 2003-2007 992-999 999-2007 992-2007 Tabela 0: Decomposição do Capial Humano por Subperíodos - Brasil Variação de H H produividade H paricipação 0.05 0.005 0.00 (36.2%) (63.8%) 0.005-0.008 0.03 (-66.4%) (266.4%) 0.07-0.003 0.020 (-8.5%) (8.5%) 0.002-0.02 0.04 (-562.5%) (662.5%) 0.009-0.002 0.0 (-20.3%) (20.3%) 0.007-0.007 0.04 (-95.0%) (95.0%) 0.008-0.004 0.02 (-52.2%) (52.2%) 9

Noa: Os ermos em parêneses represenam a conribuição de cada componene para o crescimeno do capial humano no respecivo período. Além disso, ocorreram fluuações significaivas do capial humano em alguns subperíodos. Enre 992 e 2007, o faor paricipação eleva-se a cada ano, indicando um aumeno do peso de pessoas com maior escolaridade e experiência na força de rabalho. O elemeno de produividade, por sua vez, apresena uma endência de queda enre 992 e 2007, após curo período de elevação enre 992 e 995. Efeios Marginais no Brasil As abelas abaixo apresenam a conribuição marginal das diversas caegorias de escolaridade e experiência para a variação do capial humano. Nas Tabelas e 2 enconram-se a conribuição marginal da educação sobre a produividade e a paricipação, enquano que as Tabelas 3 e 4 apresenam a conribuição marginal da experiência sobre os dois faores que compõem o capial humano. Na Tabela pode-se observar que o grupo de rabalhadores com ensino médio compleo (caegoria -4) é o maior responsável pela redução da produividade do capial humano enre 992 e 2007 (00,4% da queda da produividade oal). Os rabalhadores com ensino médio incompleo (caegoria 9-0) e com ensino superior compleo (caegoria 5) ambém conribuem para a redução da produividade do capial humano, explicando 7,% e 6,3%, respecivamene, da queda ocorrida enre 992 e 2007. Ouro pono que deve ser ressalado é a conribuição posiiva do capial humano dos rabalhadores com ensino fundamenal compleo (caegoria 0-8) enre 992 e 2007. Tabela : Efeio Marginal da Educação na Produividade (em %) - Brasil Anos de Educação 992-999 999-2007 992-2007 Toal -0.9-0.70-0.43 0-8 0.05 0.22 0.5 (-24.8%) (-3.0%) (-33.9%) 9-0 -0.07-0.08-0.07 (39.2%) (0.9%) (7.%) -4-0.2-0.63-0.43 (3.5%) (90.%) (00.4%) 5 0.05-0.2-0.07 (-27.9%) (30.0%) (6.3%) Noa: Os ermos em parêneses represenam a conribuição de cada nível de educação para a variação oal. 20

A Tabela 2 apresena os efeios marginais da educação na variação do componene de paricipação do capial humano. A abela ilusra que a mão-de-obra brasileira esá ficando mais escolarizada, uma vez que a paricipação de rabalhadores analfabeos e com ensino fundamenal compleo em reduzido a sua paricipação no mercado. Em conraparida, ocorreu a ampliação da paricipação nas horas rabalhadas de grupos com maior escolaridade, em paricular, com ensino médio incompleo, médio compleo e superior compleo. Tabela 2: Efeio Marginal da Educação na Paricipação (em %) - Brasil Anos de Educação 992-999 999-2007 992-2007 Toal.0.44.25 0-8 -0.04-0.2-0.09 (-3.8%) (-8.6%) (-7.4%) 9-0 0.08 0.04 0.06 (7.7%) (2.9%) (4.9%) -4 0.59.03 0.82 (54.%) (7.4%) (65.7%) 5 0.46 0.49 0.46 (4.9%) (34.3%) (36.8%) Noa: Os ermos em parêneses represenam a conribuição de cada nível de educação para a variação oal. A Tabela 2 ambém mosra que o grupo de rabalhadores com ensino médio compleo foi o que eve a maior conribuição para o aumeno do componene de paricipação do capial humano. Essa evidência é consisene com a conribuição negaiva desse grupo para o aumeno da produividade, conforme mosrado na Tabela. Esa maior ofera de rabalhadores com pelo menos ensino médio reduz o ganho desse grupo, já que reduz a escassez de mão-de-obra com esas caracerísicas. O mesmo ocorre em menor escala para o grupo de rabalhadores com ensino fundamenal compleo. As Tabelas 3 e 4 apresenam o efeio marginal da experiência da mão-de-obra nos componenes de produividade e paricipação, respecivamene. A Tabela 3 documena que os rabalhadores mais novos foram os que mais conribuíram para a queda na produividade, viso que os rabalhadores mais experienes conseguiram se proeger da queda no período 992-999. No enano, no período 999-2007, a perda de produividade foi superior para odos os grupos. Tabela 3: Efeio Marginal da Experiência na Produividade - Brasil Toal 2 3 4 5 6 7 992-999 -0.9-0. -0.09-0.5-0.06 0.0 0.08 0.3 2

(58%) (49%) (8%) (33%) (-8%) (-43%) (-7%) 999-2007 -0.70-0.8-0.8-0.5-0.7-0.2-0.02 0.2 (25%) (26%) (23%) (25%) (7%) (3%) (-20%) 992-2007 -0.43-0.6-0.4-0.4-0. -0.05 0.03 0.4 (38%) (35%) (36%) (28%) (2%) (-0%) (-39%) Noa: Os ermos em parêneses represenam a conribuição de cada nível de experiência para a variação oal. Noa-se, a parir da Tabela 4, que a experiência conribuiu de forma posiiva para a elevação do faor paricipação no período 992-2007. Em odas as 2 células o efeio marginal da experiência sobre a paricipação foi posiivo. No período 992-999, o maior efeio da experiência ocorreu para os rabalhadores mais experienes. Ese resulado indica, de cera forma, que as pessoas oferaram mais rabalho ao longo do período esudado, o que elevou a paricipação dos mais experienes na economia. Tabela 4: Efeio Marginal da Experiência na Paricipação - Brasil Toal 2 3 4 5 6 7 992-999.0 0.06 0.06 0.20 0.26 0.26 0.5 0.0 (6%) (6%) (8%) (23%) (24%) (4%) (9%) 999-2007.44 0.33 0.7 0.05 0.9 0.2 0.23 0.26 (23%) (2%) (3%) (3%) (5%) (6%) (8%) 992-2007.25 0.22 0.2 0. 0.2 0.23 0.9 0.8 (7%) (0%) (9%) (7%) (8%) (5%) (4%) Noa: Os ermos em parêneses represenam a conribuição de cada nível de experiência para a variação oal. 3.2.3. Comparação enre Brasil e Esados Unidos A Tabela 5 apresena a evolução da razão enre o capial humano do Brasil e dos Esados Unidos enre 992 e 2007. Como mosra a abela, o capial humano brasileiro elevou-se de 74% para 8% do americano no período. Tabela 5: Capial Humano Relaivo BRA/EUA HBRA/HEUA HBRA/HEUA HBRA/HEUA (prodeua) (prodbra) 992 0,74 0,67 0,45 993 0,7 0,66 0,43 994 0,7 0,66 0,43 995 0,70 0,64 0,43 996 0,70 0,65 0,45 997 0,75 0,66 0,45 998 0,78 0,66 0,46 999 0,74 0,66 0,46 2000 0,75 0,65 0,47 200 0,79 0,66 0,48 22

2002 0,83 0,68 0,49 2003 0,79 0,68 0,5 2004 0,82 0,68 0,52 2005 0,83 0,69 0,53 2006 0,8 0,70 0,55 2007 0,8 0,70 0,57 Embora o nível de escolaridade no Brasil seja consideravelmene mais baixo que nos Esados Unidos, a axa de reorno da educação mais elevada do Brasil compensa em pare o efeio negaivo da menor escolaridade sobre o capial humano. Para ilusrar esse efeio, a Tabela 5 apresena dois exercícios conrafacuais, nos quais o efeio das diferenças no componene de paricipação é mensurado uilizando-se a mesma axa de reorno (produividade) para os dois países. A segunda coluna uiliza a axa de reorno dos Esados Unidos, enquano a erceira coluna emprega a axa de reorno do Brasil. Como mosra a Tabela 5, nos dois casos verifica-se uma queda da razão enre o capial humano do Brasil e dos EUA, a qual é mais acenuada quando se uiliza a axa de reorno do Brasil no cálculo do capial humano dos dois países. Nesse úlimo caso, o capial humano relaivo do Brasil reduz-se de 8% para 57% do americano em 2007, devido à menor paricipação de rabalhadores qualificados na força de rabalho brasileira. Conforme mencionado aneriormene, Hall e Jones (999) consruíram medidas de capial humano para vários países, incluindo Brasil e EUA, para o ano de 985. Nesse ano, segundo Hall e Jones (999), a razão enre o capial humano no Brasil e dos EUA era de 48%, que é um valor basane próximo do que enconramos em 992 uilizando a axa de reorno do Brasil para os dois países. Em resumo, quando uilizamos somene o componene de paricipação, o capial humano do Brasil é inferior a 60% do capial humano dos EUA. No enano, quando levamos em cona o fao de que a axa de reorno da educação é mais elevada no Brasil, essa razão eleva-se para cerca de 80%. 4. Análise de Ofera e Demanda 4.. Teoria 23

As seções aneriores apresenaram o cálculo do capial humano e a sua decomposição enre produividade e paricipação. Esa seção busca idenificar qual foi o efeio dominane (ofera ou demanda) na remuneração deses faores no mercado de rabalho. A análise segue a meodologia uilizada por Kaz e Murphy (992). 9 Supõe-se que os serviços oais do rabalho são dados por HL, que saisfaz: em que HL= G H, H,...), ( 2 H i é o emprego de cada uma das 28 caegorias de capial humano e G é um agregador côncavo e homogêneo do primeiro grau que associa os serviços oais de rabalho ao emprego das quanidades humano será dada por: em que h H. Logo, a demanda por cada um dos ipos de capial D h h h H = D w, w,..., w, z ), (5) i, i, ( 2 28 D H é a demanda por capial humano H no insane, D é a função de demanda por rabalho com capial humano H, humano H i no insane e h w i é a remuneração paga para indivíduos com capial z são faores que deslocam a demanda por rabalho. Deslocamenos da demanda podem ser resulado de mudanças ecnológicas, na demanda pelo produo e em ouros insumos. Como a função de produção é côncava, a mariz de preços cruzados na demanda, D w, é negaiva semi-definida. Diferenciando a equação (5), obêm-se: dh D dw + D dz D i, = w z. (6) Uilizando o fao de que D w é negaiva semi-definida, emos: ' i, z w D dw '( dh D dz ) = dw D dw 0. (7) A equação (7) mosra que mudanças nos faores de ofera (desconadas de deslocamenos da demanda) e mudanças nas remunerações variam negaivamene. Desa 9 Ferreira (2004) e Andrade e Menezes-Filho (2005) ambém fazem uma decomposição da variação dos salários na economia brasileira em movimenos da demanda e ofera de rabalho. Os auores uilizam uma meodologia baseada em Card e Lemieux (200), que por sua vez é uma exensão da uilizada em Kaz e Murphy (992). 24

forma, pode-se esar o efeio caso a demanda seja esável, ou seja, pode-se analisar, manendo o faor de demanda fixo, se: D dz z =0. Nese caso, h h h h ( w w ) ( H H ) 0. (8) T T Caso a desigualdade (8) seja saisfeia, os dados não rejeiam a hipóese de que o principal faor que afeou a remuneração e a paricipação do capial humano enre os insanes e T foi um deslocameno da ofera. Caso esa equação não seja saisfeia, a explicação da variação da remuneração e da paricipação do capial humano não pode ser explicada compleamene com base em variações da ofera, e deve-se buscar uma explicação nos efeios de demanda. 4.2. Análise Empírica Para avaliar se a mudança relaiva na ofera do capial humano é o principal faor explicando a dinâmica da remuneração do rabalho, vamos uilizar o resulado de equilíbrio observado nese mercado: a remuneração e a quanidade de capial humano conraada. A análise é realizada para rês períodos disinos: 992-999, 999-2007 e 992-2007. O capial humano coninua segmenado nas 28 variáveis dummies com a ineração enre os diversos níveis de escolaridade e experiência. A remuneração de cada ipo de capial humano é obida aravés dos coeficienes da equação de Mincer ( β h, E ) ). A jk ( j k quanidade conraada de cada ipo de capial humano é dada pela sua respeciva paricipação ( ϕ jk ( h j, Ek ) ), onde h j são os anos de educação e de um rabalhador. E k os anos de experiência A remuneração de cada ipo de capial humano é calculada em ermos reais, para podermos comparar sua evolução ao longo do empo. 0 Com base nas remunerações reais e na paricipação de cada um dos 28 grupos com ineração enre anos de educação e experiência, calculou-se o produo inerno apresenado na equação (8). Os resulados são apresenados nas Tabelas 6 a 8 para os EUA e 9 a 2 para o Brasil. 0 Para iso uilizou-se deflaores com base no ano e mês de colea dos dados da CPS e da PNAD. 25

4.2.. EUA A Tabela 6 mosra o resulado do produo inerno represenado na equação (8) para o período 992-999. A abela mosra que meade das células é negaiva e a oura meade posiiva. Desa forma, não é possível definir se a dinâmica do mercado de rabalho americano é diada pela ofera (resulado negaivo) ou pela demanda (resulado posiivo). Tabela 6: Produo Inerno da Variação da Remuneração do Capial Humano com a Variação de Sua Paricipação no Período 992-999 - EUA Experiência Educação 2 3 4 5 6 7 0-8 -0.0002-0.0003 0.0002-0.000 0.0000-0.000-0.0004 9-0 -0.0004 0.0000 0.0000 0.000 0.0003-0.0007-0.0005-4 -0.064-0.083-0.0050 0.0086 0.0086 0.030 0.006 5-0.005-0.0008-0.0008 0.0027 0.079 0.0273 0.0277 A Tabela 7 apresena os resulados para o período 999-2007. Assim como ocorre no período anerior, o mercado por capial humano nos EUA é foremene afeado por movimeno de demanda assim como por movimenos na ofera. No enano, a predominância de células negaivas associadas ao ensino superior compleo (caegoria 5) indica que a remuneração desse nível de ensino foi condicionada por movimenos de demanda. Tabela 7: Produo Inerno da Variação da Remuneração do Capial Humano com a Variação de Sua Paricipação no Período 999-2007 - EUA Experiência Educação 2 3 4 5 6 7 0-8 0.0007 0.0003-0.000 0.0005-0.000-0.000-0.0005 9-0 -0.000-0.0008-0.002-0.0004 0.0005 0.000-0.000-4 -0.002-0.0060-0.090-0.03 0.0024 0.0053 0.032 5 0.0023-0.0032 0.002-0.0037 0.0005 0.0060 0.036 A Tabela 8 mosra mais uma vez o fore impaco de movimenos de demanda no mercado de capial humano da economia americana. Em paricular, a abela apresena evidências de que movimenos de demanda foram deerminanes para a variação da 26

remuneração de rabalhadores com ensino superior compleo. Enreano, pode-se perceber que, para rabalhadores com ensino médio incompleo (caegoria 9-0), o efeio da ofera dia a dinâmica dos salários. Tabela 8: Produo Inerno da Variação da Remuneração do Capial Humano com a Variação de Sua Paricipação no Período 992-2007 - EUA Experiência Educação 2 3 4 5 6 7 0-8 -0.000 0.0004 0.0002 0.0003-0.0002-0.0003-0.0026 9-0 -0.000-0.0029-0.004-0.0003-0.0003-0.00-0.0033-4 -0.0265-0.0455-0.0538-0.087 0.0204 0.0365 0.0722 5 0.0052-0.0089 0.009-0.0078 0.0323 0.059 0.466 Nas abelas desa subseção pode-se observar que, de modo geral, a variação na remuneração do capial humano não pode ser explicada pela dinâmica de variação somene da ofera ou somene da demanda, mas sim como uma combinação de ambas, com o efeio dominane dependendo da ineração enre educação e experiência. No caso de rabalhadores com ensino superior compleo, no enano, movimenos da demanda explicam a maior pare da variação dos salários. 4.2.. Brasil Na seção 3, mosrou-se que exise uma endência clara de elevação nos anos de escolaridade da mão-de-obra no Brasil, que pode ser observada aravés da redução do número de rabalhadores com no máximo ensino fundamenal compleo (ver Tabela 2). A conraparida desa redução de rabalhadores pouco escolarizados é a maior paricipação de rabalhadores que enham compleado o ensino médio e superior. As Tabelas 9, 20 e 2 apresenam os resulados da aplicação da equação (8) para o Brasil. Para o subperíodo 992-999 (Tabela 9), a ofera explica a maior pare da variação ocorrida para os indivíduos que cursaram o ensino médio incompleo, ensino médio compleo e superior compleo. Eses grupos observaram elevação na paricipação, como pode ser observado na Tabela 2. Dessa forma, o produo inerno negaivo da equação (8) indica que a grande expansão na paricipação foi compensada com uma 27

redução na remuneração dese ipo de capial humano. Logo, para eses grupos, o efeio de expansão da ofera explica a maior pare da dinâmica dese insumo. Tabela 9: Produo Inerno da Variação da Remuneração do Capial Humano com a Variação de Sua Paricipação no Período 992-999. Experiência Educação 2 3 4 5 6 7 0-8 0.039 0.0247 0.04 0.046-0.0032 0.000 0.0058 9-0 -0.005-0.0069-0.002-0.0096-0.0077-0.0055-0.0028-4 -0.052-0.024-0.0927-0.63-0.0893-0.0373-0.0279 5-0.0272-0.029-0.0657-0.49-0.24-0.588-0.0936 A redução da paricipação dos indivíduos que possuem no máximo ensino fundamenal compleo (grupo 0-8) não eve como conraparida uma elevação de sua remuneração, mosrando que a redução na ofera foi acompanhada de uma redução na demanda no mesmo período. A Tabela 20 considera os resulados para o sub-período 999-2007. Nesa abela, pode-se observar mais uma vez que a elevação na paricipação de indivíduos com maior escolaridade é o faor que explica a dinâmica da evolução dos salários, com exceção do grupo com ensino médio incompleo (grupo 9-0). Para ese grupo a evidência é misa, viso que o impaco foi virualmene nulo. Para os ouros grupos, com o aumeno (a redução) da ofera de mão-de-obra mais (menos) qualificada, a sua remuneração caiu (subiu), sinalizando que a elevação (redução) na ofera de mão-de-obra mais qualificada não foi acompanhada de uma elevação (redução) da demanda pela mesma. Tabela 20: Produo Inerno da Variação da Remuneração do Capial Humano com a Variação de Sua Paricipação no Período 999-2007. Experiência Educação 2 3 4 5 6 7 0-8 -0.0052-0.0047-0.0054-0.0023-0.005-0.0008-0.0032 9-0 0.000 0.000 0.0000-0.0003-0.000 0.0000 0.0000-4 -0.0044-0.0035-0.0026-0.0044-0.0040-0.005-0.004 5 0.0005-0.0005 0.0003-0.004-0.0008-0.000-0.0007 28

A Tabela 2 mosra que a variação da paricipação de mão-de-obra mais qualificada no mercado de rabalho foi o faor mais imporane para explicar a dinâmica de remuneração do capial humano enre 992 e 2007. A abela mosra que 9 das 2 células possuem sinal negaivo, indicando que a ofera de capial humano é o principal faor para explicar a dinâmica nese mercado, com mudanças na demanda por capial humano endo efeios de segunda ordem. Tabela 2: Produo Inerno da Variação da Remuneração do Capial Humano com a Variação de Sua Paricipação no Período 992-2007 Experiência Educação 2 3 4 5 6 7 0-8 -0.0057-0.003-0.0022-0.004-0.0009-0.0009-0.0049 9-0 -0.0005-0.0004-0.002-0.002-0.008-0.002-0.0006-4 -0.07-0.06-0.064-0.02-0.040-0.0053-0.008 5-0.0034-0.002-0.002-0.0033-0.0036 0.0062 0.0 Os resulados permiem concluir que a variação na remuneração do capial humano no Brasil decorreu, principalmene, de um mudança da paricipação no mercado de rabalho de pessoas com mais anos de escolaridade. Desa forma, pode-se concluir que a ofera de mão-de-obra qualificada não impôs resrições ao crescimeno da economia brasileira nos úlimos 5 anos, pois sua demanda esá crescendo em rimo inferior ao da ofera. 5. Conclusão Ese arigo eve como objeivo calcular a evolução do capial humano nas economias americana e brasileira enre 992 e 2007. A conribuição dese arigo para a lieraura reside na consrução de um méodo de cálculo do capial humano que leva em consideração a sua produividade marginal. Uma vanagem dese méodo é que ele permie decompor o capial humano em dois faores disinos, denominados de produividade e paricipação. O faor produividade é o responsável por mensurar o reorno de mercado do capial humano, enquano o faor paricipação mede a paricipação no oal de horas rabalhadas de cada grupo de rabalhadores com uma deerminada combinação de escolaridade e experiência. 29

Os resulados mosram que o esoque de capial humano na economia americana enconra-se em esado esacionário, já que o capial humano em oscilado em orno de um cero nível, não apresenando nenhuma endência definida. Além disso, mosrou-se que a elevação da paricipação dos rabalhadores com mais anos de escolaridade ocorre a uma axa baixa (0,3% a.a.), e que esa é concenrada no ensino superior. Os resulados ambém mosram que o componene de produividade, relacionado com a remuneração do capial humano no mercado de rabalho, é o principal componene para explicar as variações do capial humano no período. Por úlimo, conclui-se que a dinâmica na remuneração do capial humano na economia americana é explicada, de modo geral, por uma combinação de ofera e demanda. No enano, exisem evidências de que a maior pare da remuneração de rabalhadores com ensino superior compleo decorreu de movimenos de demanda. A economia brasileira, por sua vez, apresenou um crescimeno do esoque de capial humano de 0,8% a.a. no período analisado. Ese aumeno do capial humano decorreu primordialmene de um aumeno do componene de paricipação do rabalho qualificado nas horas rabalhadas, que cresceu a uma axa em orno de,2% a.a. Enreano, pare desa elevação foi compensada pela queda a parir de 997 no componene de produividade. Diferenemene do que ocorre na economia americana, a dinâmica da remuneração do capial humano no Brasil é primordialmene dependene da ofera de capial humano, sendo a expansão da ofera de mão-de-obra mais qualificada o principal deerminane da queda na produividade. Uma possível inerpreação dos resulados é que, em um país onde a universalização da educação já ocorreu, como na economia americana, o capial humano apresena um comporameno mais esável e a dinâmica de sua remuneração depende consideravelmene de movimenos na demanda. Já em países como o Brasil, onde a educação ainda se enconra em um processo de universalização, a elevação do componene de paricipação ende a elevar o capial humano no país, que é em pare compensada pela queda do componene de produividade. 30

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