TÉCNICAS DE DIFERENCIAÇÃO13

Documentos relacionados
Fundamentos de Matemática II DERIVADAS PARCIAIS7. Licenciatura em Ciências USP/ Univesp. Gil da Costa Marques

DERIVADA. A Reta Tangente

TÓPICO. Fundamentos da Matemática II DERIVADAS PARCIAIS. Licenciatura em Ciências USP/ Univesp. Gil da Costa Marques

OUTRAS TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

Derivadas. Capítulo O problema da reta tangente

Capítulo 5 Derivadas

Unidade 5 Diferenciação Incremento e taxa média de variação

Derivadas e suas Aplicações

1. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL

Aula 26 A regra de L Hôpital.

CÁLCULO I. 1 Primitivas. Objetivos da Aula. Aula n o 18: Primitivas. Denir primitiva de uma função; Calcular as primitivas elementares.

Fundamentos de Matem[atica I LIMITES. Licenciatura em Ciências USP/ Univesp. Gil da Costa Marques

CÁLCULO I. Apresentar e aplicar a Regra de L'Hospital.

Integrais indefinidas

Derivada da função composta, derivada da função inversa, derivada da função implícita e derivada de funções definidas parametricamente.

Resolução dos Exercícios sobre Derivadas

Cálculo diferencial. Motivação - exemplos de aplicações à física

13 Fórmula de Taylor

CÁLCULO I. 1 Derivada de Funções Elementares

ANÁLISE COMPLEXA E EQUAÇÕES DIFERENCIAIS AULA TEÓRICA 7 5 DE MARÇO DE 2018

5.1 Noção de derivada. Interpretação geométrica de derivada.

CAPITULO I PRIMITIVAS. 1. Generalidades. Primitivação imediata e quase imediata

Cálculo de primitivas ou de antiderivadas

Derivadas. Slides de apoio sobre Derivadas. Prof. Ronaldo Carlotto Batista. 21 de outubro de 2013

MAT146 - Cálculo I - Derivada de funções polinomiais, regras de derivação e derivada de funções trigonométricas

3 Funções reais de variável real (Soluções)

Derivadas de funções reais de variável real

T. Rolle, Lagrange e Cauchy

MAT146 - Cálculo I - Derivada das Inversas Trigonométricas

Gabarito. Sistemas numéricos. 1. Números naturais. 2. N. 3. Infinito. 4. Infinito. 5. Não. Contra-exemplo: número 7.

Capítulo Derivadas parciais

Acadêmico(a) Turma: Capítulo 7: Limites

Aula 3 Propriedades de limites. Limites laterais.

Para ilustrar o conceito de limite, vamos supor que estejamos interessados em saber o que acontece à

Módulo 1 Limites. 1. Introdução

Bases Matemáticas - Turma A3

Prova 2 - Bases Matemáticas

O TEOREMA DO VALOR MÉDIO E APLICAÇÕES DAS DERIVADAS

Derivadas 1 DEFINIÇÃO. A derivada é a inclinação da reta tangente a um ponto de uma determinada curva, essa reta é obtida a partir de um limite.

Notas sobre primitivas

Limites de Funções. Bases Matemáticas. 2 o quadrimestre de o quadrimestre de / 57

3 Limites e Continuidade(Soluções)

Cálculo Diferencial em

Ficha de Problemas n o 6: Cálculo Diferencial (soluções) 2.Teoremas de Rolle, Lagrange e Cauchy

12 AULA. ciáveis LIVRO. META Estudar derivadas de funções de duas variáveis a valores reais.

1 Definição de Derivada

Apostila de Cálculo I

MatemáticaI Gestão ESTG/IPB Departamento de Matemática 28

Notas sobre primitivas

Se tanto o numerador como o denominador tendem para valores finitos quando x a, digamos α e β, e β 0, então pela álgebra dos limites sabemos que.

Resolução dos Exercícios Propostos no Livro

Universidade Federal Fluminense. Matemática I. Professora Maria Emilia Neves Cardoso

TÓPICO. Fundamentos da Matemática II INTRODUÇÃO AO CÁLCULO VETORIAL. Licenciatura em Ciências USP/ Univesp. Gil da Costa Marques

Capítulo 1 Funções reais de uma variável 1.3 Derivadas de funções definidas implicitamente

AT3-1 - Unidade 3. Derivadas e Aplicações 1. Cálculo Diferencial e Integral. UAB - UFSCar. Bacharelado em Sistemas de Informação

3 Cálculo Diferencial

Notas sobre primitivas

Cálculo Diferencial e Integral I

Capítulo Diferenciabilidade de uma função

CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL. Prof. Rodrigo Carvalho

Teoremas e Propriedades Operatórias

LIMITE. Para uma melhor compreensão de limite, vamos considerar a função f dada por =

7. Diferenciação Implícita

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

Cálculo Diferencial e Integral I

Estratégias de Integração. Estratégias de Integração

(versão preliminar) exceto possivelmente para x = a. Dizemos que o limite de f(x) quando x tende para x = a é um numero L, e escrevemos

1 a data de exame. 17 de Janeiro de 2002 Licenciaturas em Engenharia do Ambiente e Engenharia Aeroespacial. Resolução e alguns comentários

UFRJ - Instituto de Matemática

CÁLCULO I. 1 A Função Logarítmica Natural. Objetivos da Aula. Aula n o 22: A Função Logaritmo Natural. Denir a função f(x) = ln x;

Cálculo Diferencial e Integral I

Estudar mudança no valor de funções na vizinhança de pontos.

Regra de l Hôpital. 1.Formas e limites indeterminados 2.Regra de l Hôpital

FUNÇÃO EXPONENCIAL. e) f(x) = 10 x. 1) Se a > 1 2) Se 0 < a < 1. Observamos que nos dois casos, a imagem da função exponencial é: Im = R + *.

Capítulo Regra da cadeia

4 Cálculo Diferencial

Objetivos. Exemplo 18.1 Para integrar. u = 1 + x 2 du = 2x dx. Esta substituição nos leva à integral simples. 2x dx fazemos

CÁLCULO I. 1 Aproximações Lineares. Objetivos da Aula. Aula n o 16: Aproximações Lineares e Diferenciais. Regra de L'Hôspital.

CÁLCULO I Prof. Marcos Diniz Prof. André Almeida Prof. Edilson Neri Júnior

Capítulo Diferenciabilidade e continuidade das derivadas parciais

Derivadas Parciais. Copyright Cengage Learning. Todos os direitos reservados.

Respostas sem justificativas não serão aceitas. Além disso, não é permitido o uso de aparelhos eletrônicos. x 1 x 1. 1 sen x 1 (x 2 1) 2 (x 2 1) 2 sen

Mais derivadas. 1 Derivada de logaritmos. Notas: Rodrigo Ramos. 1 o. sem Versão 1.0

4 Cálculo Diferencial

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL APOSTILA DE CÁLCULO. Realização:

CE065 - ELEMENTOS BÁSICOS DE ESTATÍSTICA 2ª. PARTE

Prova Escrita de MATEMÁTICA A - 12o Ano a Fase

y ds, onde ds é uma quantidade infinitesimal (muito pequena) da curva C. A curva C é chamada o

Fundação Universidade Federal de Pelotas Curso de Licenciatura em Matemática Disciplina de Análise II - Prof. Dr. Maurício Zahn Lista 01 de Exercícios

por Partes Objetivo Dividir para conquistar! Aprender a técnica de integração por partes.

Capítulo III. Limite de Funções. 3.1 Noção de Limite. Dada uma função f, o que é que significa lim f ( x) = 5

Diferenciabilidade de função de uma variável

3.6 EXERCÍCIOS. o x2 sen 1 x2, V x O. =0. Multiplicando a desigualdade por x2, temos

2. Tipos de funções. Funções pares e ímpares Uma função f é par se é simétrica em relação ao eixo y, isto é, f( x) = f(x).

Universidade Federal de Pelotas. Instituto de Física e Matemática Pró-reitoria de Ensino. Módulo de Limites. Aula 01. Projeto GAMA

Limites, derivadas e máximos e mínimos

Cálculo Diferencial e Integral I 1 o Sem. 2015/16 - LEAN, LEMat, MEQ FICHA 8

LIMITES DE FUNÇÕES REAIS DE UMA VARIÁVEL

Transcrição:

TÉCNICAS DE DIFERENCIAÇÃO3 Gil da Costa Marques 3. Introdução 3. Derivada da soma ou da diferença de funções 3.3 Derivada do produto de funções 3.4 Derivada de uma função composta: a Regra da Cadeia 3.5 Derivada do quociente de funções 3.6 Derivada de y = α, onde α 3.7 Derivada da função inversa 3.8 Diferencial de uma função de uma variável real 3.9 As regras de L Hospital Licenciatura em Ciências USP/ Univesp

Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 8 3. Introdução A seguir apresentaremos as técnicas de derivação para funções de uma variável. O objetivo de tais técnicas é o de facilitar o cálculo de derivadas a fim de não precisar recorrer sempre à definição de derivada de uma função num ponto interior ao seu domínio. Vamos, primeiramente, relembrar o conceito de derivada! Consideremos uma função y = f() definida num aberto contido em seu domínio, sendo um ponto interior a esse aberto, e suponhamos que a variável eperimenta, nesse intervalo, um aumento infinitesimal Δ (ou seja, infinitamente pequeno), acarretando uma variação infinitamente pequena da própria função, Δy. Consequentemente, a razão das diferenças y 3. = f ( + ) f ( ) envolve o quociente de quantidades infinitamente pequenas. No entanto, analisando o comportamento do quociente, quando ambos, denominador e numerador tendem simultaneamente a zero, a razão representada pela epressão 3. poderá convergir para um valor bem determinado. Esse limite, se eistir, varia com, e é denominado a derivada da função f no ponto. Por eemplo, se definirmos f() = m, m designando um valor inteiro, a razão entre as diferenças infinitesimais será: m m ( + ) m m( m ) m m = m + + + 3. No limite, quando a diferença Δ tende a zero, essa razão será a quantidade m m, isto é, uma nova função da variável. Para indicar essa dependência, daremos o nome de derivada à nova função e a designaremos, utilizando a notação de Cauchy, por yʹ ou fʹ(), ou ainda, usando a notação de Leibniz, por ( d ). A seguir analisaremos propriedades importantes das derivadas. Encerraremos o teto abordando, rapidamente, o conceito de diferencial de uma função.

8 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 3. Derivada da soma ou da diferença de funções Se f e g são funções deriváveis, então, a soma f + g é igualmente derivável. A derivada da soma é igual à soma das derivadas das suas parcelas: ( ) = + + d f + g d d dg d ou ( f g ) = f + g 3.3 Para a diferença de duas funções, vale um resultado análogo: ( ) = d f g d d dg d ou ( f g ) = f g 3.4 O resultado acima para a derivada da soma pode ser facilmente verificado a partir da definição de derivada. Para isso, consideramos as taas de variação da função soma de duas funções. De acordo com a sua definição, escrevemos: ( f + g)( )= ( f + g) ( + ) ( f + g)( )= = f ( + )+ g + f g ( )= + ( + ) ( ) = f + f g g 3.5 Donde se infere que: ( ) f ( )+ g( ) = f ( ) + g ( ) 3.6 Considerando o limite da epressão 3.6, quando 0, obtemos 3.3, uma vez que os limites das duas parcelas no segundo membro da igualdade acima eistem e são finitos, já que as funções f e g são deriváveis. No caso da diferença de funções deriváveis, a verificação é análoga. 3 Técnicas de Diferenciação

Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 83 Eemplos Eemplo : Consideremos as funções f ( ) = sen e g() = 3. Vamos encontrar a derivada da função f + g. Temos: ( d )= f ( )= cos e dg ( d )= g ( )= 3 Assim: d ( f + g ) ( )=( + ) ( )= ( )+ ( )= + d f g f g cos 3 Eemplo : Dada a função y = f ( ), definida por f ( ) = 5 6 + 9, vamos calcular a função derivada. Temos: d d ( )= ( 5 6+ 9) d Como d ( 5 )= 0 d d ( 6)= 6 d d ( 9)= 0 d Então, d d ( )= ( 5 6+ 9)= 0 6. d 3.3 Derivada do produto de funções Se f e g são deriváveis, então, o produto f g é derivável. Para o produto de duas funções vale a propriedade: d( f. g) d d g f dg = + ou ( fg. ) = f g + f g d 3.7 Para deduzir tal propriedade, iniciamos com a definição de taa de variação média para o produto de duas funções. Assim, por definição, temos: ( f g)= ( f g) ( + ) ( f g)( )= f ( + ) g + f g ( ) 3.8

84 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo ou seja, somando e subtraindo um conveniente termo, ( fg. )= f ( + ) g( + ) f ( ) g( + )+ f ( ) g + f g ( ) 3.9 ou, agrupando de modo apropriado, ( ) + ( ) ( fg. )= f ( + ) f ( ) g( )+ f ( ) g + g 3.0 Calculando o limite quando 0, temos: fg. lim ( ) + = f f lim equação que nos leva ao resultado 3.7, uma vez que g + g g( + )+ 0 0 f ( ) 3. bem como lim 0 lim f ( + )= f ( ) e lim g + g, 0 f ( + ) f ( ) = f ( ) 0 ( )= ( ) = g ( ) g + g e lim 0, pois as funções f e g são deriváveis. Da propriedade relativa ao produto de funções, podemos facilmente deduzir que, se k for uma constante qualquer, resultará: d( kf ) k = ou ( kf )' = kf ' d d 3. Eemplo 3: Sendo f ( ) = 4 3.cos, vamos encontrar sua derivada. Temos: ( )= ( )= ( )= ( )= g 4 g 3 h cos h sen 3 Técnicas de Diferenciação

Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo Assim, como a derivada do produto é dada por (gh)ʹ() = gʹ().f ( ) + g().fʹ(), temos: 85 Eemplo 4: Vamos calcular a derivada da função f ( ) = 5 4.sen.cos. Temos: A fim de calcular a derivada do produto das três funções, observamos que, escrevendo de maneira abreviada, e, portanto, f ( )= cos+ 4 3 ( sen )= cos 4 3 sen ( )= ( )= ( )= ( )= ( )= ( )= g 5 g 0 4 3 h sen h cos z cos z sen ( ghz) = ( gh) z+( gh) z = ( g h+ g h ) z+ g h z = g h z+ g h z+g h z ( )= ( 0 3 ) ( ) ( )+ ( 5 4 ) ( ) ( )+ ( 5 4 ) ( f sen cos cos cos sen ) ( sen )= 3 4 4 = 0 sen cos + 5 cos 5 sen = ( ) 3 = 0 sen cos+ 5 4 cos sen Eemplo 5: Sendo f ( ) = 7 sen, vamos encontrar sua derivada. Vimos que, sendo k uma constante, temos (k.f )ʹ = k.fʹ, uma vez que a derivada de uma função constante é zero. Assim, fʹ() = 7 cos. 3.4 Derivada de uma função composta: a Regra da Cadeia Para a especial operação de composição de duas funções deriváveis, temos uma maneira especial de calcular a derivada da função composta, denominada Regra da Cadeia. Se y = h(u) e u = g(), ou seja, y = h(g()), sendo h e g deriváveis, então, a função composta y = h(g()) é derivável e sua derivada é dada pela epressão: dy d = dh du du d 3.3

86 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo Assim, basta lembrar que, se y = h(g()), então, a taa de variação média será dada por: y = h = h u u 3.4 ou seja, y = h u+ u h u u u = h u+ u h u u g + g 3.5 Então, quando 0, temos u 0 e, supondo que u 0, temos: y lim lim... = h u = h ( u) g ( )= h g( ) g 0 0 u ( ) ( ) 3.6 que é precisamente 3.3. Entretanto, essa prova não é geral porque, para valores arbitrariamente pequenos de, poderia acontecer que u fosse zero e o cálculo acima não seria válido. Uma demonstração mais geral pode ser encontrada em tetos de Cálculo Diferencial. Adiante, utilizando o conceito de diferencial de uma função, novamente estaremos trabalhando com a composição de funções e a Regra da Cadeia reaparecerá. Eemplo 6: Consideremos a função f ( ) = sen 4 = (sen ) 4 e vamos calcular sua derivada. Para tanto façamos: logo Desse modo: h() = sen f ( ) = sen 4 = (sen ) 4 = (h()) 4 ( dh h)= 4h 3 e: dh ( d )= cos 3 Técnicas de Diferenciação

Logo, pela Regra da Cadeia: Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 87 f d dh h ( )= ( )= ( ( )) ( )= 4 3 ( ( )) ( )= 4 3 Eemplo 7: Sendo f ( ) = sen 5, vamos calcular sua derivada. Para tanto, façamos: dh d h cos sen cos o que acarreta: Temos então: e f h h() = 5 f ( ) = sen h() dh d ( )= ( )= dh h ( h)= ( )= 5 4 cosh Portanto, de acordo com a Regra da Cadeia, temos: f d dh h dh ( ) = d h 5 5 cos ( )= ( )= ( ( )) ( )= cos ( ) 4 4 5 3.5 Derivada do quociente de funções Seja g f ( )= ( ) h ( ) 3.7 de tal modo que h() 0. Assumindo que f e g são deriváveis, vamos mostrar que a derivada da função f é dada por: dg d d h g dh ( ) ( ( d ) )= ou h ( ) g h gh gh = h 3.8

88 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo Para tanto, vamos escrever a função f como um produto: Então, derivando o produto das duas funções, temos: ( ) = ( ) ( ) Pela Regra da Cadeia, temos d d h h h Logo, Desse modo, a derivada do quociente de duas funções deriváveis, sendo não nula a função do denominador, é dada por: f ( )= ( ) f g d g h h( ) = ( ) ( ) dg d h g d d h ( )= ( )= ( ) ( ) + ( ) ( ) ( )= ( ) ( ) + ( ) ( ) ( ) ( )= g = ( ) h( ) g ( ) h ( ) g = ( ) h( ) g( ) h ( ) h( ) h( ) f g h g h h g h ( ) ( )= ( ) d g d h g h g h = ( ) ( ) h( ). 3.9 Eemplo 8: 4 Dada f ( )=, vamos calcular sua derivada. Fazendo sen e g() = 4 gʹ() = 4 3 h() = sen hʹ() = cos utilizando a epressão para a derivada do quociente, g h g ( h g h ( ) ( ) )= h ( ) 3 Técnicas de Diferenciação

temos: Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo ( )= 4 3 4 4 sen cos f = sen sen 89 Eemplo 9: sen Vamos encontrar a derivada de tg = em todo ponto em que o denominador não seja zero. cos Fazendo e g() = sen gʹ() = cos h() = cos hʹ() = sen utilizando a epressão para a derivada do quociente, temos: Eemplo 0: Vamos encontrar a derivada de sec = cos em todo ponto em que o denominador não seja zero. Fazendo e g() = gʹ() = 0 h() = cos hʹ() = sen utilizando a epressão para a derivada do quociente, g h g ( h g h ( ) ( ) )= h ( ) sen cos cos sen sen cos s ( tg ) = = ( ) + en = cos cos cos g h g ( h g h ( ) ( ) )= h ( ) = = sec cos temos: ( ) = = os 0 cos sen sen sen ( ) = = tg sec cos cos cos cos c

90 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 3.6 Derivada de y = α, onde α Em Derivadas das Funções Simples, encontramos a derivada de y = n, quando n é um número inteiro. O caso presente de y = α 3.0 envolve um epoente real, podendo ser racional ou irracional, e a questão de encontrar sua derivada será resolvida eaminando essa função como a composição de duas outras. De fato, podemos escrever y = α ln = e α 3. uma vez que a função eponencial de base e e a função logarítmica de base e são funções inversas. Assim, utilizando a propriedade dos logaritmos, ainda podemos escrever α ln y = = e = e αln E agora, encontramos a derivada da função com o auílio da regra da cadeia: α αln α α y = e α = α = α a derivada da eponencial de base e a derivada do logaritmo de base e 3. É importante notar que a epressão encontrada para a derivada de y = α, onde α, engloba o caso já analisado quando o epoente é um número inteiro. Eemplo : Encontrar a derivada de = 3 4 a. y b. y = 3 Técnicas de Diferenciação

Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo Em ambos os casos, basta aplicar 3., obtendo: 3 a. y = 4 4 b. y = 9 Eemplo : Este eemplo merece atenção: se y = +, sua derivada, que é a derivada de uma soma de funções, é obtida pela aplicação de duas propriedades diferentes, uma para cada uma das parcelas: uma vez que, para derivar f ( ) =, utilizamos o raciocínio anterior, isto é, e, daí, y = + ln ln f ( )= = e = e ln f ( )= e ln ln = ln Eemplo 3: Analogamente, a derivada de y = π + π é: π y = π + π ln π Eemplo 4: Tudo o que foi desenvolvido até aqui nos permite encontrar a derivada de A() = f ( ) g() O domínio da função A é constituído pelos números reais tais que f ( ) > 0. Podemos escrever então ( )= ( ) = A f e g( ) g( ) ln f ( ) e, portanto, ou seja, A e g f g g( ) ( )= ln f ( ) ( ) ln ( )+ ( ) A f g f g f g( ) ( )= ( ) ( ) ln ( )+ ( ) ( ) f ( ) f f ( ) ( )

9 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 3.7 Derivada da função inversa Seja z uma função de relacionada a outra função y = f ( ) pela epressão: z = F( y) 3.3 Assim, z = F ( f ( )) é comumente denominada função de uma função da variável de. Ela foi definida anteriormente como a função composta z = F y 3.4 onde supomos que as funções z = F(y) e y = f() são ambas deriváveis em seus domínios. Denotando os acréscimos infinitamente pequenos por Δ, Δy e Δz, então, a taa de variação média de z, com relação a, é dada por: z = F y+ y F y Quando Δ 0, temos Δy 0 e, portanto, F y+ y F y = y y 3.5 e, portanto, vale a relação: dz d F y+ y F y ( )= lim y y lim 0 0 f + f 3.6 z ( )= F ( y) y ( )= F ( f ( ) ) f ( ) 3.7 com a ressalva análoga observada em 3.6. Se a função f for a função inversa de F, isto é, F f = Id 3.8 ou seja, 3 Técnicas de Diferenciação

( )( )= ( ( ))= ( )= Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo F f F f Id 93 3.9 de onde f = F e, de 3.7, segue-se que df f d df df ( ( )) ( )= ( f ( ) ) ( )= d 3.30 Inferimos, pois, que a derivada da função inversa F é dada, em termos da derivada da função F, como: df ( ) df = f ( ) d Com a ajuda da epressão 3.3, podemos facilmente determinar a derivada da função inversa de uma dada função. Consideremos o caso das funções simples y = A, y = arcsen e y = arccos, as quais podem ser obtidas a partir das derivadas das funções y = log A, y = sen e y = cos. Em O Teorema do Valor Médio e Aplicações das Derivadas, faremos uso da epressão 3.3 para encontrar as derivadas de funções simples a partir das derivadas das funções inversas. 3.3 Eemplo 5: Consideremos a função f ( ) = com domínio D e imagem I dados por: D = I = + Nesse caso, f não admite inversa. Entretanto, considerando uma restrição do domínio, podemos definir, por eemplo, a função + f : R R + + De y = obtemos = y, isto é: g( y)= y é a função inversa de f +. Pelo que vimos em 3., já sabemos que a derivada de g é: g ( y)= y = y

94 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo Vamos determinar a derivada de g utilizando o que vimos a respeito da derivada da função inversa. Temos, pelo teorema demonstrado, g y f ( )= ( ) ou seja, pois = g ( y )= ( ) = = f y y, como queríamos mostrar. Eemplo 6: As funções e y = f ( ) log A (A > 0, A ) = g(y) = A y (A > 0, A ) são inversas uma da outra. Em Derivadas das Funções Simples, vimos como encontrar a derivada de cada uma delas. Agora, sabendo, por eemplo, que gʹ(y) = A y.ln A podemos encontrar a derivada da inversa f utilizando o fato de que f = g y A ln A ln A ( )= ( ) = y Eemplo 7: Consideremos a função g(y) = sen y, que não é inversível em seu domínio. Considerando a restrição de g ao intervalo D = π π,, podemos definir a função inversa (que se lê: arco-seno ) Temos: Assim: y = g () = f ( ) = arcsen = g( y)= sen y g ( y)= cosy = sen y = f g y ( )= ( ) = 3 Técnicas de Diferenciação

Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 95 É importante observar que a função arcsen tem como domínio o intervalo fechado D = π π,, mas é derivável somente no intervalo aberto de mesmas etremidades. Assim, d ( arcsen )= ( arcsen ) = para < < d 3.8 Diferencial de uma função de uma variável real Seja y = f ( ) uma função da variável independente. Seja ainda 0 uma quantidade não necessariamente infinitesimal, mas 0 uma quantidade finita. Considerando = α 0 3.3 onde agora α é uma quantidade infinitamente pequena, teremos que a taa de variação média será dada por: f + f de onde concluímos que f + α 0 f = α 0 3.33 + = f + α f f f 0 α 0 3.34 Definimos a diferencial da função y = f ( ) como: ( )= lim α 0 f + α f α 0 3.35 Indicamos, de acordo com a notação acima, essa diferencial com o caractere d. Assim, escrevemos para tal quantidade dy ou ( ) 3.36

96 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo É fácil obter o valor da diferencial se conhecemos a função yʹ = fʹ(). De fato, tomando o limite em ambos os membros da equação 3.33, encontraremos: lim α 0 + = f + α 0 f f f lim α 0 0 3.37 ou seja, ( )= f ( ) 0 3.38 No caso particular em que f ( ) =, a equação 3.38 se reduz a d = 0 3.39 Assim, a diferencial da variável independente nada mais é do que a constante finita 0. Tendo em vista 3.39, que identifica 0 como a diferencial da função identidade, o lado direito da equação 3.38 pode ser escrito como o produto ( )= f ( ) d 3.40 ou, analogamente, dy = yʹd 3.4 Eemplo 8: Vamos encontrar o valor aproimado de ln (,004). Nesse caso, temos a função y = f ( ) = ln, o valor inicial = e o acréscimo = 0,004. Temos, então, y = ln,004 ln = ln,004 e, como dy = f ʹ()., sendo f ( )=, para =, temos: dy = 0,004 Logo, y pode ser aproimado por 0,004, ou seja, ln(,004) 0,004 3 Técnicas de Diferenciação

Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo Eemplo 9: Qual o valor aproimado de 4, 004? Agora temos a função y = f ( )=, o valor inicial = 4 e o acréscimo = 0,004. Então, y = 4, 004 4 = 4, 004. e, como dy = fʹ()., sendo f ( )=, para = 4, temos: 0, 004 dy = = 0, 0006 4 97 Logo, y pode ser aproimado por,0006. Assim, podemos entender a derivada como igual à razão entre a diferencial da função e a diferencial da variável. Por essa razão, frequentemente, chamamos a função derivada de coeficiente diferencial. Nesse conteto, diferenciar uma função é o mesmo que encontrar sua diferencial. A operação pela qual se diferencia é chamada diferenciação. A partir do cálculo das derivadas, podemos obter as diferenciais das funções. Assim, temos as seguintes diferenciais: d( a+ )= d, d( a )= d, d( a)= ad d a a d a a d a d = =, d( e )= ed π d( sen)= cos d = sen + d π d( cos)= sen d = cos + d 3.4 3.43 3.44 3.45 3.46 Ainda poderíamos, é claro, mostrar que a diferencial da soma de duas funções diferenciáveis é igual à soma das diferenciais dessas funções, bem como que a diferencial do produto y() = u().v() de duas funções diferenciáveis u e v é dada pela relação: dy = udv + vdu. Para verificar essa última afirmação, basta observar que: dy = y = ( uv + uv ) = uv + vu = udv + vdu

98 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo No caso da composição de duas funções: y = f ( u), u = u() e y = f ( u()), temos que, como dy d y f u u ( )= ( )= ( ) ( ) 3.47 então, dy = f ( u) u ( ) d 3.48 dy = f ( u) du 3.49 o que significa que a diferencial de uma função composta é epressa da mesma maneira como se a variável intermediária u fosse uma variável independente. Eemplo 0: Seja y = ln e vamos determinar sua diferencial dy. Temos: Então, y ( )= f ( u) u ( )= ( )= Logo, y = f ( u) = ln u e u = u() = u u. dy = d ou dy Eemplo : No caso de y = cos, vamos determinar sua diferencial. De modo análogo, temos: = d ( ) y = f ( u) = cos u e u = u() = Então, y ( )= f ( u) u ( )= senu u ( )= sen. Logo, dy sen d sen d = = ( ) 3 Técnicas de Diferenciação

Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 99 3.9 As regras de L Hospital Veremos aqui duas propriedades importantes para o cálculo de limites da forma 0 0 ou, que são ambas epressões indeterminadas. Muitas vezes, sabemos calcular limites desse tipo, utilizando alguma técnica apropriada, como a fatoração do denominador e do numerador, seguida da simplificação dos dois termos, ou a multiplicação de ambos os termos por algum fator adequado, e assim por diante. Entretanto, há situações em que tais técnicas não resolvem o e problema. É o caso, por eemplo, dos limites: lim ou lim ln +. 0 Primeira regra de L Hospital: Sejam f e g deriváveis num intervalo aberto I e seja a um ponto de I e suponhamos que gʹ() 0 numa vizinhança de a, contida em I. Nessas condições, f ( ) f ( ) se lim f a ( )= 0 e lim g a ( )= 0 e se eiste lim, sendo finito ou infinito, então, lim a g ( ) a g( ) eistirá e f ( ) f ( lim lim a g( ) = ) a g ( ) É importante notar que a propriedade continua válida se, em lugar de a, tivermos. 3.50 Eemplo : Seja o limite Observamos que: 0 L = lim cos 0 3 lim( cos )= cos0 = = 0 0 lim( 3 )= 3( 0) = 0 Portanto, temos que L é da forma 0, que é uma indeterminação. 0 Vejamos, então, se eiste o limite: L = lim (cos ) 0 ( 3 )

300 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo Temos: (cos ) = sen e ( ) = 3 6 Assim: L ( ) = lim cos lim sen lim 0 0 0 3 6 6 ( ) = sen = 6 (atenção para o limite fundamental). Como L eiste, temos L = L : L = lim cos 0 = 3 6 Eemplo 3: 0 O limite lim também é da forma ln 0. Observamos que ( )ʹ = e que ln e que lim ( ) lim lim (ln ) = = = logo, eiste lim e lim =. ln ln Eemplo 4: lim lnsen π também é da forma 0 ( π ) 0. Observamos que e que ( ) = e que lim (lnsen ) lim cotg [( )] = ainda é da forma 0 π π π 4( π ) 0. (lnsen ) = cos = cotg sen [( π )]' = ( π ).( ) = 4( π ) 3 Técnicas de Diferenciação

Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo Mas, aplicando novamente a propriedade, temos: (cotg )ʹ = cossec e [ 4(π )]ʹ = 8 e lim (cotg ) lim cossec [ ( )] = = π 4 π π 8 8 30 Logo, eiste lim (lnsen ) lim cotg [( )] = = π π π 4( π ) 8 e eiste lim lnsen π ( π ) e lim lnsen π ( π ) = 8. Segunda regra de L Hospital: Sejam f e g deriváveis num intervalo aberto I e seja a um ponto de I e suponhamos que gʹ() 0 numa vizinhança de a, contida em I. Nessas condições, f se lim f( ) = e lim g ( ) = e se eiste lim ( ) f, sendo finito ou infinito, então, lim ( ) a a a g ( ) a g ( ) eistirá e f lim ( ) f lim ( = ) a g ( ) a g ( ) 3.5 É importante notar que a propriedade continua válida se, em lugar de a, tivermos.

30 Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo Eemplo 5: ln tg3 Vejamos o limite: lim que é da forma 0 ln tg5. Observamos que (lntg 3) = 3 sec 3 = 3 tg3 sen 3.cos3 e que e que pois lim sen 5 sen = 5 ln tg3 ln tg3 (verifique!). Logo, eiste lim e lim =. 0 3 3 0 ln tg5 0 ln tg5 Eemplo 6: O limite lim + Observamos que e que e que e + também é da forma 0 +. (e )ʹ = e ( 0 )ʹ = 0. 9 ainda é da forma +. Aplicando a regra de L Hospital mais 9 vezes, chegaremos a + e lim =+ + 0! Logo, eiste lim + e e e lim 0 + (lntg 5) = 5 sec 5 = 5 tg5 sen 5.cos5 3 lim (lntg 3 ) lim sen.cos li (lntg ) = 3 3 = 3 sen 5.cos5 m 0 5 0 5 sen.cos = 0 5 3 3 sen 5.cos5 =+ 0. lim ( ) e e lim + ( ) = + 0 0 9 3 Técnicas de Diferenciação

Licenciatura em Ciências USP/Univesp Módulo 303 Uma observação adicional: é importante saber que as regras de L Hospital são úteis no sentido de que resolvem vários limites que satisfazem as hipóteses colocadas. Eiste, porém, um mas... Vejamos a seguir! Eemplo 7: O limite lim tg sec π Observamos que e que é da forma + +. (tg)ʹ = sec (sec)ʹ = tg.sec e que lim (tg ) lim sec (sec ) = ainda é da forma + π π tg +. Entretanto, não adianta aplicar novamente a regra de L Hospital... Agora, esse limite é quase imediato, ao ser calculado diretamente! lim tg lim sen cos = lim sen sec cos = = π π π