SISTEMA DE PRODUÇÃO Mário Faccin Médico Veterinário Consultor Produtor de Suínos Master Agropecuária Ltda Videira SC Passado Presente Futuro Definição Sistema de Produção é um conjunto de fatores ou elementos, interrelacionados e organizados com o objetivo de produzir, no caso, o suíno. Para organizar um bom Sistema de Produção, precisamos entender a Cadeia Suína, sua organização e funcionamento, sua história e suas tendências(fig.1) Genética Nutrição Fornecedor Instalação Sanidade Manejo Leis Ambientais Indústria Distribuidor Consumidor Gestão de Negócios Figura 1 Cadeia suína 17
1 Histórico da suinocultura brasileira Anos 70 Produtores independentes Característica pequeno porte Início sistemas de integração Introdução novas técnicas Material genético ABCS Uso de concentrados Início cruzamentos Sistemas de produção semi-confinados em ciclo completos Baixo relacionamento de parceria e sem vínculo legal Facilidade de custeio via integradora (prazo de lote) Indústria querendo organizar constância e uniformidade de fornecimento. Pensamento de volume com desconhecimento da importância da qualidade. Sanidade sem fundamentação e período de importação de inúmeros problemas (respiratórios, virais, etc). Anos 80 No Sul, reforço nos sistemas de integração (SC, RS e PR) e no restante do país o início da implantação de unidades maiores, incentivadas pelas empresas de genética que iniciavam sua operação no país. Material genético entrada de material genético oriundo de empresas de melhoramento e início do declínio do sistema de melhoramento organizado via ABCS. Reforço na área nutricional para atender avanços da genética e qualidade dos animais (mais carne). Início dos núcleos em substituição aos concentrados. Consolidação dos cruzamentos de raças como fator de produtividade. Sistemas de produção em transformação Confinamento total Produção em 2 segmentos: Unidades produtoras de leitões UPL Unidades terminadoras de leitões UTL 18
Reestruturação das parcerias Aumento do volume contratado Instrumentalização da parceria via contratos Transferência do capital de giro para o produtor Início dos trabalhos de tipificação de carcaça voltada para um animal de 100 kg (Santa Catarina) Início introdução do Sistema de Produção UPL s/utl s Início de uma assistência técnica voltada para a produtividade com enfoque no: Número de leitões produzidos/fêmea/ano Idade aos 100 kg Resultado da atividade com forte participação do jogo inflacionário Início de trabalhos objetivando a eliminação de febre aftosa e peste suína clássica nos três estados do sul Anos 90 Chegada de mais empresas de material genético e consolidação de mercado. Consolidação de esquemas nutricionais com base nos núcleos e início de uma nutrição com base em eficiência alimentar e produção de carne magra. Consolidação do Sistema de Produção UPL s/utl s (Sul). Generalização do sistema de tipificação de carcaças no sul, agora com a utilização de equipamentos eletrônicos e com uso de equações para cálculo de carne magra. Do ponto de vista de construção e biosseguridade o início do sistema de produção em três sítios. Do ponto de vista de negócio o início de integrações parcerias independentes, atreladas ou não a contratos de fornecimento (final anos 90). Fortalecimento do sistema integrado e aumento dos volumes produzidos em parceria (grandes Agroindústrias com volumes acima de 90% em regime de parceria). Os sistemas verticalizados organizados pelas grandes Agroindústrias e Cooperativas, passam a cada momento a ter maior participação nos volumes abatidos. Mudança na forma de pensar da agroindústria: Formalização das parcerias Racionalização dos custos da parceria com otimização do processo como um todo: 19
Transporte de suínos Manejo pré abate Peso de abate Premiação pela qualidade Penalização pela não conformidade Relacionamento mais profissional Início migração das grandes Agroindústrias para o Centro-Oeste A década de 90 foi marcada pela entrada no negócio de empresários rurais mudando o perfil da suinocultura, até então atividade familiar de subsistência, para uma atividade tipicamente empresarial 2 Tendências da Suinocultura Brasileira Números da suinocultura brasileira Ano 91 94 97 00 Fonte Matrizes un 3.150 3.300 3.137 3.150 USDA Rebanho cab 33.050 31.338 31.427 27.290 USDA Leitões cab 21.150 23.100 27.291 27.985 USDA Abate cab 13.370 15.862 20.865 24.533 USDA Produção carne m ton 1.150 1.300 1.540 1.836 USDA Consumo per capita kg 7,3 7,9 8,9 10,1 USDA N o matrizes com tendência a estabilidade ou mesmo queda, porém com ganhos substanciais no volume produzido (no período de 91 a 00 = 183%); As grandes empresas de abate continuarão a ter maior participação do mercado, mais pelos ganhos de escala do que pela tecnologia e força de suas marcas; Do volume total abatido hoje, ao redor de 50% são parcerias ou contra-tados, no futuro este número deverá chegar a 70 80% ou mais; A cada dia que passa, menos produtores produzindo volumes maiores (nos EUA, nos últimos 30 anos deixaram a atividade nada menos do que 771.000 produtores, restando hoje não mais de 100.000); Doenças serão um grande desafio PRRS, Influenza, etc.; A biosseguridade será um instrumento importantíssimo da produção competitiva; A suinocultura é uma commodity agrícola que hoje exporta 87,5 mil ton = 4,7% da produção e que deverá suplantar as 200 mil ton; Custo de produção, qualidade e volume terão cada vez mais importância para todos os projetos; Consumo de carne suína deverá se incrementada; 20
A produção deverá ser crescente devido aspectos técnicos e mudanças na estrutura da indústria como integração, tamanho das granjas, aumento produtividade e do peso de abate; Agroindústrias definirão grande parte dos aspectos de produção; Parcerias e contratos Tipo de animal Genética e nutrição Organização da produção Supermercados organizados em grandes redes, pressionarão os preços para baixo, com conseqüente redução das margens de lucro/animal; Bancos cada vez farão mais e mais exigências (níveis de garantia, contratos de parceria, garantia de geração de caixa, assistência técnica); Novos projetos; Desenvolvidos em parceira/contrato Produção em harmonia com meio ambiente; Produção direcionada; consumo in natura peso 100/110 kg consumo industrializado peso 120/130 kg Baixo custo de produção; produtividade alta localização estratégica gerenciamento de risco sistema de produção Retorno sobre capital compatível com capacidade de pagamento; Garantia de qualidade (% carne magra e qualidade da carne); 21
871,200 661,700 670,350 Número de granjas 391,000 275,440 181,750 100,000 70 75 80 85 90 95 2000 Ano 3 Tendências da produção Tamanho das granjas maiores, mais produtivas; Produção em 2, 3 ou múltiplos sítios; Investimento calculado por kg produzido; Tamanho das baias -> tamanho do grupo; Automação do sistema de alimentação; Climatização em determinadas áreas; Cuidados especiais na biosseguridade; Sanidade tão ou mais importante quanto a genética; Esquematização no alojamento e reposição de plantel; Uso expressivo da Inseminação Artificial (80 a 100%); Incremento na qualidade da identificação do cio; Cobertura no 3 o cio com máximo de peso e boa reserva de gordura; Redução do n o de inseminações/cio; Sêmen de mais longa duração 7 10 dias; Redução do n o de espermatozóides/dose; 22
Desmame 18 21 dias; Abate. mercado in natura 100/110 kg mercado industrialização 120/130 kg Alto percentual de carne magra mínimo 56, máximo 60%; Exigências quanto à qualidade (PH, coloração, marborização e contaminação); Produtividade mínima 25 vendidos/fêmea/ano, de preferência pensar em kgs vendidos/fêmea/ano; Resultado avalizado por unidade investida, não por kg produzido. 4 Novas tecnologias Organização da produção em sistemas eficientes voltados para baixo custo e alta qualidade; Genes marcadores: Prolificidade Animais livres do gene RN Animais resistentes à doenças E.coli D. edema Salmonella Outras Animais com carne marborizada Transferência de embriões; Sexagem de sêmen; Melhor entendimento das exigências nutricionais adaptadas às necessidades das fases e ao produto em questão. 5 Principais desafios Entendimento pleno das necessidades do consumidor; Legislação ambiental e conforto animal; Quebra de tabus e descoberta de formas de incentivo ao consumo; Qualificação da mão de obra como instrumento importantíssimo na obtenção de altos índices de produtividade; 23
Sanidade e biosseguridade como fatores essenciais a contribuir na redução dos custos e obtenção de produtos padronizados e de alta qualidade; Credibilidade junto à instituições financeiras dispostas a investir, porém com baixo risco; Nível adequado de automação e climatização; Criação de um mercado com fundamentos de economia livre; Padronização de instalações e equipamentos; Consolidação do mercado de exportação; Compatibilização dos custos globalizados; Gerenciamento dos riscos e redução das margens; Eliminação do uso de antibióticos sem redução de performance; Manter o país livre de doenças exóticas PRRS, Circuvirus, etc. 6 Conclusão Grandes produtores continuarão crescendo, porém grupos familiares bem administrados ou agregados, continuarão sendo competitivos; Legislação ambiental e fatores econômicos serão obstáculos para expansão; Indústria e supermercados definirão em grande parte o sistema de produção; Produção segregada por fases em diferentes sítios e proprietários; Projetos visarão reduzir custos de produção e facilitar mão de obra; Suinocultura é mais uma commodity agrícola kg vendido/ano, custo e escala de produção são importantes; Instituições financeiras, frigoríficos e produtores buscarão mais proteção via produção contratada; Pressão para eliminar o uso rotineiro de antibióticos e promotores de crescimento na ração; Menores margens deverão ser compensadas; Necessidade urgente de estratégias de aumento de consumo e exportação. 24