NUTRIÇÃO EQÜINA. Alimentando o Cavalo Atleta. Fernando Queiroz de Almeida Instituto de Veterinária UFRRJ

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Transcrição:

NUTRIÇÃO EQÜINA Alimentando o Cavalo Atleta Fernando Queiroz de Almeida Instituto de Veterinária UFRRJ

REQUERIMENTOS NUTRICIONAIS ENERGIA PROTEÍNA MINERAIS VITAMINAS ÁGUA

ENERGIA DIETÉTICA Carboidratos não-estruturais Amido Sacarose Carboidratos estruturais Glicose Glicogênio Celulose AGV Glicose Hemiceluloses Triglicerídeos Lipídeos Ácidos graxos Triglicerídeos Glicerol Glicose

CARBOIDRATOS Compostos pelos elementos: Carbono (C) Hidrogênio (H) Oxigênio (O) (CH 2 O) n, onde n 3. Presença de Fósforo (P), Nitrogênio (N), Enxofre (S)

CARBOIDRATOS NOS VEGETAIS Metabolismo intermediário Armazenamento de energia Papel estrutural FIXAÇÃO DA ENERGIA FOTOSSINTÉTICA 6 CO 2 + 6 H 2 O + 673 Kcal C 6 H 12 O 6 + 6 O 2 Glicose

GLICOSE 6-P GLICOSE 1-P FRUTOSE 6-P SACAROSE 6-P GLICOSE SACAROSE CELULOSE AMIDO (Transporte) (Estrutural) (Armazenamento) LEHNINGER (1985).

CLASSIFICAÇÃO E ESTRUTURA AÇÚCARES: Moléculas relativamente simples Solúveis em água Monossacarídeos e Oligossacarídeos NÃO AÇÚCARES: Moléculas complexas Insolúveis em água ou formam soluções coloidais Polissacarídeos

AÇÚCARES: GLICOSE Ocorre livre em plantas, frutas, mel, sangue, LCR, etc Molécula básica para síntese do amido e da celulose Principal produto digestão de CHOs - monogástricos Fonte imediata de energia FRUTOSE Ocorre livre em folhas verdes, frutos e mel, na sacarose (dissacarídeo) e em frutosanas. Essencial no metabolismo como frutose-1- e 6-fosfato GALACTOSE Não ocorre na natureza, exceto como produto de fermentação. Combinada com a glicose forma a lactose, açúcar do leite.

AÇÚCARES: DISSACARÍDEOS SACAROSE: Ocorre na cana-de-açúcar e beterraba Glicose - Frutose MALTOSE: Produto da hidrólise do amido ou do glicogênio Glicose - Glicose LACTOSE: Ocorre no leite como produto da glândula mamária Galactose - Glicose CELOBIOSE: Produto da hidrólise da celulose.

POLISSACARÍDEOS AMIDO: Carboidratos de reserva das plantas. Amilose: Fração mais solúvel. De 10 a 20 % do amido. Polímero de glicose com ligações α-1,4. Amilopectina: Fração mais insolúvel. De 80 a 90 % do amido. Polímero de glicose com ligações α-1, 4 e α-1,6. GLICOGÊNIO: Armazenamento de glicose na célula animal. Forma prontamente mobilizável de glicose. CELULOSE: Polímero glicose unidas por ligações β-1,4. Função estrutural dos vegetais. É o composto orgânico mais abundante da biosfera. HEMICELULOSES: Associada à celulose na parede vegetal

Ligninas Não é um carboidrato, mas são encontradas em estreita associação com os carboidratos da parede celular. A celulose de células não lignificadas são facilmente degradadas pela microflora celulolítica do trato digestivo dos herbívoros. A proporção de ligninas que reveste a célula aumenta com a maturidade da planta e interfere com a digestão. FIBRA DIETÉTICA Polissacarídeos e ligninas não digeridos ou absorvidos no trato gastointestinal. (Van SOEST, 1985)

GORDURAS Uso dietético: Aumento da densidade energética Redução dos distúrbios digestivos associados com a ingestão de elevadas quantidades de carboidratos solúveis Redução do stress pelo calor Níveis usuais de 10% ou menos nas dietas

ENERGIA A energia não é um nutriente per se. É considerada a energia consumida que é convertida em outras formas de energia química, energia mecânica e calor que ocorre após várias reações enzimáticas e bioquímicas. O conteúdo energético de uma dieta determina a quantidade da dieta consumida por dia e, portanto afeta a ingestão dos outros nutrientes.

Medição da energia: A energia química dos alimentos é expressa em joules (J) (Sistema Internacional) e, também pode ser expressa em unidades de calorias (cal) 4,184 J = 1 cal 1cal é a quantidade de energia necessária para elevar 1g de água de 14,5C a 15,5C 1 Kcal = 1000 cal 1 Mcal = 1000 Kcal NRC - Calorias ou Joules INRA - Unite Fouragire Cheval (UFC) 1 UFC = 2250 Kcal

Conceitos de energia Energia Bruta (EB) - Energia Fecal Energia Digestível (ED) Energia Metabolizável (EM) Energia Líquida (EL) - Energia Urinária - Produção de Gases - Incremento calórico Energia de mantença Energia de produção

PROTEÍNA Cerca de 18% do organismo na base MSDeseng Requerimentos diários - função das perdas endógenas, deposição e secreção de proteínas Valor biológico - proteína de alta qualidade com níveis de aminoácidos próximos das exigências nutricionais dos animais

CLASSIFICAÇÃO Proteínas Simples - compostas por aminoácidos Proteínas Conjugadas - outros grupos químicos Ácido fosfórico - fosfoproteínas Carboidratos - glicoproteínas Lipídeos - lipoproteínas Pigmentos - cromoproteínas Ácidos Nucléicos - nucleoproteínas

ESTRUTURA

NITROGÊNIO PROTÉICO Elemento Composição (%) Carbono 51,0 a 55,0 Hidrogênio 6,5 a 7,3 Nitrogênio 15,5 a 18,0 Oxigênio 21,5 a 23,5 Enxofre 0,5 a 2,0 Fósforo 0,0 a 1,5 MAYNARD e LOOSLI (1974) PROTEÍNA DIETÉTICA = Teor de Nitrogênio x 6,25 Teor de médio de nitrogênio - 16,0% (100 / 16 = 6,25)

NITROGÊNIO NÃO-PROTÉICO Compostos Aminas Amidas Nitratos Alcalóides Exemplos Putrescina, Histamina, Tiramina, etc Uréia, Alantoína, Nitratos e Nitritos Ricina, Quinina, Solanina, etc. McDONALD et al. (1988)

AMINOÁCIDOS Descrição de cerca de 40 aminoácidos Exigências dos animais - 21 aminoácidos Essenciais Semi-essenciais Não essenciais Lisina Tirosina Ac. Glutâmico Treonina Cistina Glutamina Metionina Taurina Glicina Valina Arginina Serina Leucina Prolina Isoleucina Ac. Aspártico Histidina Asparagina Fenilalanina Triptofano Alanina

Aspectos Gerais da Digestão nos Eqüinos

EQÜINOS (Equus caballus) Herbívoros não-ruminantes Pastejadores Gramíneas, leguminosas e arbustos Estacionalidade - qualidade e quantidade (JANIS, 1976)

Considerações Anatômicas e Fisiológicas Estômago - pequeno, ingestão de pequenas quantidade de alimentos Taxa de passagem: de 1 a 5 horas Intestino delgado - duodeno, jejuno e íleo digestão enzimática 16 a 24 metros de comprimento Taxa média de passagem de 1,5 horas Intestino grosso - ceco, cólon e reto Digestão microbiana Taxa de passagem de 30 a 40 horas

Conteúdo total e parcial do trato gastrintestinal do eqüino, suíno e bovino Conteúdo total Estômago Intestino delgado Ceco Colon (+ reto) litros litros % litros % litros % litros % Suíno 30 9 30 10 33 2 7 9 30 Equino 230 15 7 70 30 30 13 115 50 Bovino 330 230 70 65 20 10 10 25 7 WOLTER (1982)

CARBOIDRATOS CHO solúveis Digestão enzimática no intestino delgado Digestão microbiana no ceco-cólon CHO estruturais Digestão microbiana no ceco-cólon

LACTASE / SACARASE / MALTASE Atividade das dissacaridases na mucosa do intestino delgado de animais adultos de várias espécies (U / g proteína) Espécie Maltase Sacarase Lactase Equina 150-400 80-130 0-40 Bovina 5-15 0 0,7-5 Suína 500-600 250-350 < 10 Canina 230-360 30-70 33 Felina 110 17 11 KIENZLE & RADICKE (1993)

AMILASE PANCREÁTICA Atividade da amilase pancreática no intestino delgado em diferentes espécies (unidade / g de mucosa / minuto) Sítios no intestino delgado 1 2 3 4 5 6 Equino _ Récem-nascido 0.56 0,99 0,42 0,27 2,51 5,05 _>1 semana < 1 ano 3,80 1,47 0,90 0,85 1,11 1,83 _ Adulto 3,42 2,31 2,89 2,35 2,79 1,83 Coelho 13,53 18,18 17,96 18,94 16,98 19,44 Suíno 13,10 15,40 18,60 12,20 25,60 10,20 Cão 55,50 74,90 46,10 45,50 46,70 15,80 WOLTER (1982)

Fatores que afetam a digestão pré-cecal do amido Fonte de amido: aveia > sorgo > milho > cevada Digestibilidade (%) Milho Aveia Sorgo Pré-cecal 78,2 91,1 94,3 _Relativa 80,3 94,9 97,2 Pós-ileal 72,7 33,1 40,5 _Relativa 19,7 5.1 2,8 Total 97,0 96,0 97,0 ARNOLD et al. (1983)

Efeito do volumoso Efeito da forragem na digestibilidade pré-cecal do amido de milho triturado consumo de amido (g/kg PV/refeição) tipo de forragem ingestão de forragem (g/kg PV/refeição) digestibilidade do amido (%) 1,1 feno de alfafa 12 65,0 2,2 feno de alfafa 9 60,3 3,2 feno de alfafa 6 54,7 3,4 feno de alfafa 3 66,0 2,2 forragem verde 4,9 47,3 2,2 feno de gramínea 3,9 20,0 KIENZLE (1994)

Processamento do amido Aumento da digestibilidade com o aumento da desintegração do grão e da estrutura do grânulo de amido Digestibilidade pré-cecal do amido (%) Processamento Aveia Milho Cevada Grão inteiro 83,5 28,9 - Laminado 85,2-21,4 Moído - 29,9 - Triturado - 45,6 - Triturado + amilase - 57,7 - Expandido - 90,1 - MEYER et al. (1993)

PROTEÍNA QUALIDADE x DIGESTIBILIDADE x REQUERIMENTOS Composição aminoacídica Proporção entre os aminoácidos Digestibilidade pré-cecal da proteína e aminoácidos Variabilidade na composição aminoacídica

AVALIAÇÃO DA PROTEÍNA DIETÉTICA Coeficiente de Digestibilidade (CD) MS Cons x (% PB) - MS Fecal x (%PB) CD Proteína (%) = x 100 MS Cons x (%PB) MS Cons x (%PB) - Fluxo MS Ileal x (%PB) CD Pré-cecal (%) = x 100 MS Cons x (%PB)

Digestibilidade aparente pré-cecal, pós-ileal e total da proteína do Feno de Capim Bermuda e do Feno de Alfafa Digestibilidade (%) Feno de Alfafa (15 % PB) Feno de Alfafa (18,1 % PB) Capim Bermuda (11,7 % PB) Pré-cecal 1,31 21,0 9,56 Relativa 1,98 28,45 16,77 Pós-ileal 65,66 66,88 52,5 Relativa 98,02 71,55 83,23 Total 66,10 73,84 57,05 GIBBS et al. (1988)

Digestibilidade aparente pré-cecal, pós-ileal e total da proteína de alimentos concentrados Digestibilidade (%) Milho 8,9% PB Aveia 13,5%PB Sorgo 10,3%PB F. Soja 48,65% PB F. Algodão 43,69% PB Pré-cecal 48,1 53,9 70,7 52,5 81,2 Relativa 49,4 60,9 75,9 59,9 95,5 Pós-ileal 97,8 75,1 76,5 83,7 20,1 Relativa 51,6 39,1 24,1 43,0 4,4 Total 98,1 88,5 93,1 92,1 84,9 GIBBS et al. (1996)

Efeito do volumoso no coeficiente de digestibilidade aparente dos nutrientes Item Proporção volumoso:concentrado ER 40:60 60:40 80:20 100:00 CDMS (%) 67,3 57,2 50,6 42,5 1 CDPB (%) 64,0 69,2 62,3 44,5 2 CDEB (%) 71,2 61,1 54,5 48,6 3 CDFDN (%) 44,6 51,3 43,4 47,4 46,7 CDFDA (%) 33,6 42,9 32,6 38,8 36,9 1 - Y = 82,67 0,40* X ( r 2 = 99,0) 2 - Y = 19,67 + 1,68* X 0,014* X 2 (R 2 = 100,0) 3 - Y = 84,85 0,37* X ( r 2 = 98,0) X - Nível de volumoso na dieta. * (P < 0,05) OLIVEIRA (2001)

Efeito do volumoso no CDPB 80,00 y = 19,67 + 1,68X - 0,014X 2 r 2 = 100,0 60,00 CDPB (%) 40,00 20,00 0,00 35 45 55 65 75 85 95 Nível de volumoso (% na dieta) Estimativa do coeficiente de digestibilidade aparente da proteína bruta (CDPB) em função do nível de volumoso nas dietas.

Digestibilidades aparentes pré-cecal, pós-ileal e total da proteína dietética Nível de PB 7,45 10,26 13,23 16,04 18,51 ER Digestibilidade aparente da PB (%) Pré-cecal 35,42 48,88 46,78 43,05 44,24 Y= 44,81 Pós-ileal 22,19 28,82 50,44 53,33 66,24 1 Total 54,11 70,74 74,53 74,88 81,79 2 Digestibilidade aparente relativa da PB Pré-cecal 65,11 69,38 62,75 57,23 54,43 Pós-ileal 34,89 30,62 37,25 42,77 45,57 1 -Y= - 7,08737 + 3,88804 * PB r 2 = 0,9286. 2 - Y = 8,26571 + 8,00134 * PB - 0,223179 * PB 2 R 2 = 0,9407 (P < 0,05), pelo teste de t ALMEIDA et al (1998)

GORDURAS

Digestibilidade pré-cecal e pós-ileal do extrato etéreo em dietas para eqüinos contendo diferentes níveis de gordura animal Digestibilidade (%) Dieta Porcentagem de gordura na dieta Controle 5 10 15 20 25 Pré-cecal 56,52 53,45 59,40 68,68 68,99 66,76 _ Relativa 90,88 87,12 92,88 99,36 104,16 103,22 Pós-ileal 11,27 13,53 4,65-4,30-12,35-12,22 _ Relativa 9,12 12,88 7,13 0,64-4,16-3,73 Total 62,92 63,39 65,76 68,70 65,99 64,23 SWINNEY et al. (1995)

Digestibilidade da fibra em detergente neutro (FDN), energia, proteína e matéria seca em dietas para eqüinos contendo diferentes níveis de gordura animal Dieta Porcentagem de gordura na dieta Digestibilidade (%) Controle 5 10 15 20 25 FDN 56,31 58,34 59,94 60,59 53,71 49,18 Energia 70,62 71,12 71,38 74,05 68,96 69,00 Proteína 67,64 70,95 73,40 77,74 72,71 76,49 Matéria Seca 81,88 81,25 81,92 84,67 80,38 79,16 SWINNEY et al. (1995)

REQUERIMENTOS NUTRICIONAIS Idade Raça Sexo Temperamento Estado nutricional Cavaleiro Umidade relativa Temperatura ambiente Treinamento NRC (1989)

Energia para Mantença Energia Digestível (ED = Mcal/kg) Peso Vivo (PV) : 200 a 600 kg: ED = 1,4 + 0,03 PV Peso Vivo (PV): maior que 600 kg: ED = 1,82 + 0,0383 PV - 0,000015 PV 2

Energia para Atividade Física Energia Digestível (ED) Mcal/kg MS Dieta Leve - Passo, adestramento, trote lento, etc. ED = 1,25 x ED mantença Moderada - Trote rápido, concurso hípico, etc. ED = 1,50 x ED mantença Intensa - Corridas, pólo, enduro, tração, etc. ED = 2,0 x ED mantença

Exigências Energéticas para Atividade Física (Eqüino - 500 Kg PV) Atividade Exigência de Energia Digestível (Mcal) Mantença 16,40 16,40 16,40 16,40 16,40 16,40 4 h passo 1,00 1 h trote curto 2,75 1 h trote alongado / galope curto 6,15 4 h trote curto 11,00 1 h galope alongado ou salto 11,35 1 h trabalho intenso 19,35 Total 17,40 19,15 22,65 27,40 27,75 35,35 Percentual acima da mantença +6% +17% +38% +67% +69% +118% Fonte: FRAPE (1998)

PROTEÍNA Mantença - 40 g PB/Mcal/ED/dia Dieta de Mantença - 10% PB Dieta para Atividade Física - 11 a 12% PB Excesso de ingestão de proteína Redução de reabsorção renal de Ca e P Sobrecarga metabólica do fígado Aumento das exigências de água e eletrólitos Redução do rendimento atlético

Exigências de Proteína Bruta (g/dia) Peso Vivo (PV) Categoria 400 kg 500 kg 600kg Mantença 536 656 776 Trabalho Leve 670 820 970 Trabalho Moderado 804 984 1164 Trabalho Intenso 1072 1312 1552 FONTE: NRC (1989)

Água Qualidade - limpa Temperatura - fresca Abundância - suficiente, freqüente e regular Redução do Consumo - palatabilidade e acesso Redução na ingestão dos alimentos Redução no desempenho Predisposição aos distúrbios gastrointestinais

Exigência de água (litros/kg MS consumida) (Eqüino 500 Kg PV) Atividade Física Mantença Leve Moderada Intensa 3 3 a 4 4 a 6 7 a 10 Fonte: NRC (1989), FRAPE (1998) Perda de peso em eqüinos em competição Evento Perda de Peso (Kg) 1 Galope 4,5 a 7,3 Corrida 1.600 m 5,5 a 15 Cross 3 horas 11 a 45 Enduro 80 km 30 a 50 1 Água - 90% da perda de peso Fonte: NRC (1989)

MINERAIS Suor - hipertônico em relação ao plasma Excreção de minerais pelo suor Sódio (Na), Potássio (K) e Cloro (Cl) Concentração de eletrólitos no plasma e suor dos eqüinos (mmol/l) Na K Cl Ca Mg Plasma 140 3,5-4,5 100 3 1 Suor 130-190 20-50 160-190 2-6 1-4 FONTE: SNOW (1985)

Exigências diárias de Ca, P, Mg, K, Na, Cl e Fe (Eqüino - 500 kg PV) Nutriente Mantença Atividade Física Leve Moderada Intensa Cálcio (g) 20,0 25,0 30,0 40,0 Fósforo (g) 14,0 18,0 21,0 29,0 Magnésio (g) 7,5 9,4 11,3 15,1 Potássio (g) 25,0 31,2 37,4 50,0 Sódio (g) 10,0 20,0 50,0 125,0 Cloro (g) 10,0 25,0 70,0 175,0 Ferro (g) 0,2 0,3 0,6 1,2 FONTE: NRC (1989)

Programa Nutricional & Desempenho Atlético Potencial genético Incremento no desempenho x nutrição? Nutriente mágico? Dietas não balanceadas menor desempenho Dietas não balanceadas suplementação

Modalidades Esportivas Corridas - PSI, QM, Árabe e Trotadores Resistência - Árabe, MM, Crioula e Mestiços Concurso Hípico - Hanoveriana, BH Adestramento Clássico Concurso Completo de Equitação (CCE) Provas de Rédeas, Laço, Baliza, etc. Pólo

Particularidades do homem e do cavalo atleta Características Homem Cavalo 1 Velocidade máxima (km/h) 36 70 Proporção de Músculo (% PV) 40 40 Peso do coração (% PV) 0,40 0,86 Capacidade aeróbia + ++ Capacidade anaeróbia + ++ Glicogênio muscular ++ +++ Produção de lactato + ++ Poder tampão + ++ Sudorese ++ ++ Concentração de eletrólitos no suor + ++ Fibras musculares IIB + +++ IIA ++ ++ I +++ + Reservas energéticas (Kcal) ATP 1,2 9,1 Fosfocreatina 3,6 45,0 Glicogênio 1.200 a 2.000 18.000 Lipídeos 50.000 a 150.000 1.000.000 1 Eqüinos da raça Quarto de Milha FONTE: WOLTER (1992)

TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES Tipo I - Contração lenta Metabolismo aeróbio (oxidativo) Substrato: glicogênio e lipídeos Resistência Tipo IIB - Contração rápida Metabolismo anaeróbio (glicólise) Substrato: glicogênio Velocidade Tipo IIA - Contração rápida Metabolismo aeróbio (oxidativo) Substrato: glicogênio e lipídeos Velocidade e resistência

Atividade Concentração de Nutrientes na Dieta de Eqüinos (na MS) ED PB Lis Ca P Mg K Vit A Física Mcal/Kg (%) (%) (%) (%) (%) (%) (IU/Kg) Mantença 2,00 8,0 0,28 0,24 0,17 0,09 0,30 1630 Leve 2,45 9,8 0,35 0,30 0,22 0,11 0,37 2690 Moderada 2,65 10,4 0,37 0,31 0,23 0,12 0,39 2420 Intensa 2,85 11,4 0,40 0,35 0,25 0,13 0,43 1950 Fonte: NRC (1989)

Consumo Dietético nos Eqüinos (% PV) Categoria Volumoso Concentrado Total Volumoso: Concentrado Vol Conc (%) (%) Mantença 1,5 2,0 0 0,5 1,5 2,0 100 0 Leve 1,0 2,0 0,5 1,0 1,5 2,5 65 35 Moderada 1,0 2,0 0,75 1,5 1,75 2,5 50 50 Intensa 0,75 1,5 1,0 2,0 2,0 3,0 35 65 Fonte: NRC (1989)

Forragens Composição química e consumo de forragens Composição (%) Consumo de MS (g MS/dia) Forrageira PB FDA Kg 0,75 % PV Alfafa 23,5 34,1 129,8 3,0 Lab-Lab 15,4 41,3 109,1 2,4 Soja Perene 12,1 51,4 95,2 2,1 Capim Jaraguá 9,8 45,0 101,5 2,1 Capim Coast-cross-1 6,9 43,6 83,2 1,8 Capim Estrela 10,0 47,6 67,2 1,4 Capim Colonião 4,3 53,4 76,5 1,7 Fonte: Adaptado de TOSI (1989)

Valor Nutritivo das Forragens EQUAÇÕES DE PREDIÇÃO - ED e CDPB ED = 4,22 0,11 FDA + 0,332 PB + 0,00112 (FDA) 2 (R 2 = 0,80) CDPB (%) = - 2,5 + 0,74 PB NRC (1989) ED = 5,0285-0,0144 MO - 0,0424 FDA (R² = 0,89) ED = 3,7868-0,044 FDA (R² = 0,87) CDPB (%) = 38,2446 + 1,7381 PB (r² = 0,53) ALMEIDA et al. (1999)

Alimentos Concentrados Aveia - inteira ou laminada Fibra Energia digestível Densidade Milho - triturado, moído ou extrusado Energia digestível Proteína bruta Digestibilidade do amido Sorgo / Farelo de trigo / Melaço

Alimentos Concentrados Óleo Vegetal / Gordura Animal Densidade energética Pulverulência Dieta total - 5 a 20% Concentrado Protéico Farelo de soja Farelo de algodão Farinha de glúten de milho

Manejo da Alimentação Alimentar o cavalo individualmente Avaliar com freqüência o peso e condição corporal Fornecer a dieta três a quatro vezes durante o dia em intervalos regulares e pontuais Período noturno - fornecer maior quantidade de feno para maximizar as reservas intestinais de energia, água e eletrólitos

Manejo da Alimentação Fornecer 1/3 da dieta (0,75 a 1,0% PV) como volumoso de boa qualidade Umedecer os alimentos muito pulverulentos Fornecimento de água - à vontade Sal mineral - disponível no cocho

Alimentação no dia da competição

Cavalos em Desempenho Máximo Exercício de Curta Duração Esforço anaeróbio Duração de ± 3 minutos PSI e QM Minimizar peso corporal Feno - remover 12 horas antes do evento Ração - suspender 8 horas antes do evento Água - sem restrições

Cavalos em Desempenho Moderado Exercício de Média Duração FC entre 50 a 75% da FC máxima Exercícios por várias horas Várias disciplinas eqüestres Feno - freqüente, pequenas quantidades Ração - suspender 8 horas antes do evento Água - sem restrições

Cavalos em Exercício de Longa Duração e Baixa Intensidade Exercícios durante todo o dia Competições de Enduro Feno - acesso livre a foragem de alta qualidade Fibra - alta digestibilidade e baixa conteúdo protéico Ração - suspender ou reduzir durante o evento Água - sem restrições Eletrólitos - fornecer antes e início do evento (prevenir desidratação intensa)

Conclusões

TREINAMENTO ADEQUADO DIETA BALANCEADA VELOCIDADE RESISTÊNCIA