estômago e a perda de 45 kg, necessita de nova cirurgia para a retirada do excesso de epitélio da região abdominal.



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Transcrição:

14ª CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RJ APELAÇÃO CÍVEL Nº 9187/08 APELANTE1: GRUPO HOSPITALAR DO RIO DE JANEIRO LTDA APELANTE2: SOLANGE MARIA FERREIRA DE LIMA APELADOS: OS MESMOS RELATOR: DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS PAES APELAÇÃO CÍVEL. OBRIGAÇÃO DE FAZER. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. OBESIDADE MÓRBIDA. CIRURGIA PLÁSTICA REPARADORA. RECUSA. DANO MORAL. 1. A cirurgia pleiteada tem natureza reparadora, de modo que não poderia a ré recusar a cobertura, inclusive, porque a cirurgia plástica do abdômen é ato contínuo e inerente à cirurgia bariátrica. 2. Neste contexto, deve ser mantida a condenação em relação aos danos morais. É evidente o sofrimento físico e psíquico da autora decorrente da negativa da autorização para realização de cirurgia. 3. O valor arbitrado está adequado aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. 4. Não provimento dos recursos. D E C I S Ã O Trata-se de ação de obrigação de fazer c/c indenização por danos morais, com pedido de antecipação dos efeitos parciais da tutela, proposta por Solange Maria Ferreira Lima em face do Grupo Hospitalar do Rio de Janeiro Ltda., na qual aduziu que é usuária de plano de saúde administrado pela ré e teve negada, pelo réu, a autorização para realização de cirurgia plástica reparadora, pois após cirurgia de redução de

estômago e a perda de 45 kg, necessita de nova cirurgia para a retirada do excesso de epitélio da região abdominal. A antecipação dos efeitos da tutela foi concedida às fls. 127, determinando o Juízo a quo que a ré autorize de imediato a cirurgia plástica reparadora de que a autora necessita, sob pena de multa diária de R$ 500,00. O Juízo a quo, em sentença de fls. 340-346, julgou procedente em parte o pedido e tornou definitiva a tutela antecipada concedida às fls. 127, bem como condenou a ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor equivalente a R$ 5.700,00 (cinco mil e setecentos reais), que deverão ser corrigidos monetariamente desde a publicação do decisum e acrescidos de juros de mora de 1% a partir da citação. Condenou, ainda, a ré ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios arbitrados em 10% sobre o valor da condenação. Inconformada, apelou a ré, às fls. 348-363, e pediu a reforma da sentença sob o argumento de que a prestação do serviço pretendido não se encontra contemplado no contrato firmado entre as partes. Alegou que o laudo pericial não esclareceu qual limitação física foi imposta à autora pelo excesso de tecido epitelial para justificar a liberação da cirurgia. Aduziu, ainda, a inocorrência do dano moral, pois a pretensão autoral baseou-se em suposto inadimplemento contratual. A autora também apelou às fls. 365-369 e requereu a majoração do valor arbitrado a título de danos morais. Contra-razões da ré às fls. 373-381 e da autora às fls. 382-388, ambas em prestígio a sentença. Relatados. Decide-se. As apelações são tempestivas e estão presentes os demais pressupostos de admissibilidade.

Ab initio, atente-se que o contrato firmado entre as partes é de adesão, aprovado e estabelecido unilateralmente pela ré, sem que a autora pudesse discutir ou modificar o seu conteúdo. Claro está que a relação estabelecida entre as partes é de consumo, uma vez que a autora é destinatária final dos serviços prestados pela ré, fornecedora de serviços. A ré, primeira apelante, sustentou a existência de cláusula no contrato firmado entre as partes que não inclui a cobertura da cirurgia plástica pretendida, o que tornaria, portanto, legítima, a negativa do plano de saúde. Veja-se a cláusula 2.3.1 do contrato anexado às fls. 188: 2.3.1 O Plano Referência é composto de:. Serviços de Cirurgia Plástica reconstrutiva de mamas, utilizando-se de todos os meios e técnicas necessárias, para o tratamento de mutilação decorrente de utilização de técnica de tratamento de câncer; Verifica-se, contudo, pela solicitação de fls. 124, que o médico credenciado pela própria ré informa que a paciente perdeu cerca de 45 kg após a realização de cirurgia bariátrica e apresenta lipodistrofia abdominal, necessitando de reparo cirúrgico. O perito do juízo, às fls. 296, disse que: É de cardeal importância assinalar, que no caso em tela a cirurgia ocorrida não é rotulado de estética ou embelezadora, mas sim, reparadora, pois foi indicada para debelar deformidade gerada após a cirurgia bariátrica. Desta forma, ao meu entender, a cirurgia reparadora estava indicada para a manutenção da perfeita saúde da autora, não se tratando de aperfeiçoamento meramente estético. Assim, conclui-se que sendo a cirurgia pleiteada de natureza reparadora não poderia a ré recusar a cobertura, inclusive, porque a cirurgia plástica do abdômen é ato contínuo e inerente à cirurgia bariátrica. No mesmo sentido, os seguintes precedentes nesta Corte de Justiça:

1. Apelação. Ação de obrigação de fazer. Cirurgia reparadora de seqüelas decorrentes da redução do estômago. Contrato de plano de saúde que não prevê, expressamente, a cobertura de cirurgias estéticas. Sentença de improcedência do pedido. Releitura constitucional dos princípios da força obrigatória dos contratos e da autonomia da vontade. As cirurgias plásticas se propõem ao embelezamento ou reparação de ordem meramente estética, o que não se verifica "in casu": Necessidade da cirurgia reparadora pretendia. Ausência de intuito essencialmente estético. Intervenção cirúrgica que se apresenta necessária como conseqüência lógica de complementação do tratamento da obesidade mórbida. Precedentes deste E. Tribunal. Sentença que se reforma. Recurso parcialmente provido. 2006.001.09092 - APELACAO CIVEL - 1ª Ementa DES. RONALD VALLADARES - Julgamento: 22/08/2006 - DECIMA SEXTA CAMARA CIVEL 2. DIREITO CIVIL. PLANO DE SAÚDE. OBESIDADE MÓRBIDA. REDUÇÃO DE ESTÔMAGO. EXCESSO DE PELE. CIRURGIA REPARADORA. Ação ordinária de cumprimento de obrigação de fazer c/c indenização por danos morais em que objetiva a autora seja a ré compelida a autorizar cirurgia plástica reparadora de excesso de pele nas coxas decorrente de gastroplastia redutora, bem como a compensar os danos morais que alega ter experimentado. Laudo pericial que aponta ser também reparadora a cirurgia para correção de excesso de pele (dermolipectomia) a qual foi submetida a autora, salientando poder o acúmulo de pele trazer complicações à sua saúde, tais como comprometimento emocional e psicológico, bem como possibilitar o aparecimento de dermatites e micoses superficiais de difícil tratamento. Tratando-se de intervenção corretiva ligada umbilicalmente à cirurgia redutora de estômago está a seguradora obrigada a cobri-la. A hipótese de simples inadimplemento contratual, sem repercussão na esfera da dignidade da pessoa humana, não configura dano moral. Súmula nº 75 desta E. Corte. Sentença mantida. Desprovimento dos recursos. 2006.001.33281 - APELACAO CIVEL - 1ª Ementa DES. MARIA INES GASPAR - Julgamento: 12/07/2006 - DECIMA SETIMA CAMARA CIVEL

3. SEGURO SAÚDE. OBESIDADE MÓRBIDA. CIRURGIA PLÁSTICA REPARATÓRIA. NECESSIDADE. Além de expressamente previsto no contrato de seguro saúde a cobertura para o tratamento de obesidade mórbida, o procedimento médico não se esgota apenas com a realização da cirurgia de redução de estômago, mas, também, com aquela que irá retirar o excesso de pela daí decorrente, pelo que a segunda cirurgia nada mais é do que a última fase daquele tratamento, não se confundindo com cirurgia plástica estéticoembelezadora. O paciente, por ter sofrido deformidade em decorrência da primeira cirurgia (obesidade mórbida), deve ser submetido, também, a necessária cirurgia reparatóría, o que põe por terra toda a argumentação defensiva, pois a exceção de cobertura invocada não se faz presente no plano fático, O arbitramento da verba honorária, em razão de sucumbimento processual, está sujeita a critérios de valoração, perfeitamente delineados na lei processual (art. 20, 3º, do CPC), entre o mínimo de 10% e o máximo de 20% sobre o valor da causa. Diante da não complexidade da causa, razoável se mostra a fixação em percentual mínimo, sobre o valor da condenação, impondo, apenas nesse ponto, a reforma pretendida. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 2006.001.27982 - APELACAO CIVEL - 1ª Ementa DES. MALDONADO DE CARVALHO - Julgamento: 08/08/2006 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 4. Contrato de Seguro. A cirurgia reparadora para correção das seqüelas residuais decorrentes da redução do estômago não constitui cirurgia plástica autônoma e por isso deve ser coberta pela seguradora. Inexistência de danos morais. Reforma parcial da sentença para excluir a condenação ao pagamento de indenização. 2006.001.13366 - APELACAO CIVEL - 1ª EmentaDES. ANTONIO CESAR SIQUEIRA - Julgamento: 11/04/2006 - QUINTA CAMARA CIVEL O inadimplemento contratual, em princípio, não gera moral. No entanto, a recusa da ré à prestação da assistência médico-hospitalar a que estava obrigada, com certeza ofendeu o direito de personalidade da autora, superando os aborrecimentos do cotidiano. O plano de saúde só foi contratado para que a consumidora estivesse acobertada, de maneira que sua saúde,

em caso de doença, fosse recuperada. Nesta linha, a negativa da ré em autorizar a cirurgia necessária sob o ponto de vista médico mostrou-se abusiva e é geradora de dano moral, posto que contrária à boa-fé objetiva. Ademais, a atitude da ré desrespeita os princípios da confiança, lealdade e de cuidado com o consumidor, parte vulnerável da relação. Veja-se o contido no voto vencido da Des. Cristina Tereza Gaulia nos autos da Apelação Cível 2006.001.13366: De modo que, custear a seguradora-ré tão-só a cirurgia de redução de estômago sem a reparação, em continuidade, do excesso de pele em camadas, que tal cirurgia produz, seria o mesmo que numa obturação dentária, cobrir-se a limpeza da cárie, sem o correspondente custeio do bloco para fechálo em seguida. Nesse sentido os seguintes precedentes do STJ e TJ/RJ: 1. Civil e processo civil. Recurso especial. Ação de indenização por danos materiais e compensação por danos morais. Recusa do plano de saúde em arcar com custos de cirurgia e implante de 'Stent Cypher', ao argumento de que tal aparelho seria, ainda, experimental. Alegação negada pelas provas dos autos e pela própria conduta posterior da seguradora, que nenhuma objeção impôs a idêntico pedido, em data posterior. Danos morais configurados, de acordo com pacífica jurisprudência do STJ. Perdas e danos. Possibilidade de pedido específico já na inicial, não realizado pelo autor. Impossibilidade de delegação da questão à liquidação da sentença em tal circunstância. - Na esteira de diversos precedentes do STJ, verifica-se que a recusa indevida à cobertura médica pleiteada pelo segurado é causa de danos morais, já que agrava a situação de aflição psicológica e de angústia no espírito daquele. - Na presente hipótese, acrescente-se ainda que a conduta do plano de saúde assumiu contornos bastante abusivos que vão muito além do mero descumprimento contratual, na medida em que houve uma negativa inicial e, a seguir, uma autorização para um segundo procedimento idêntico alguns meses depois, sem que qualquer alteração nas bases fáticas ou contratuais tivesse se operado. Evidente, portanto conforme reconheceu o acórdão que a primeira negativa

da seguradora se resumiu a um verdadeiro ato de discricionariedade, praticado em desfavor do segurado e completamente desconectado do mínimo de razoabilidade. - O acórdão entendeu que o autor, por conveniência, deixou de precisar o valor material de um de seus pedidos relativos a perdas e danos, quando tal providência era perfeitamente possível. Nessa perspectiva, é irrelevante que, em alguns casos específicos, seja possível relegar a fixação do 'quantum' à liquidação de sentença, porque tal só se dá em face de dificuldades inerentes ao próprio julgamento e não como decorrência de mera escolha do autor em assim descrever o pedido. - Não se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente fundamentado. Recurso especial parcialmente provido. REsp 993876 / DF RECURSO ESPECIAL 2007/0234308-6 Relator(a) Ministra NANCY ANDRIGHI (1118) Órgão Julgador T3 - TERCEIRA TURMA Data do Julgamento 06/12/2007 Data da Publicação/Fonte DJ 18.12.2007 p. 279 2. DIREITO CIVIL. PLANO DE SAÚDE. COBERTURA. RECUSA INJUSTIFICADA. DANO MORAL. POSSIBILIDADE. - Mero descumprimento contratual não gera dano moral. Entretanto, se há recusa infundada de cobertura pelo plano de saúde -, é possível a condenação para indenização psicológica. AgRg no Ag.846077/RJ AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 2006/0277247-3 Relator(a) Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS (1096) Órgão Julgador T3 - TERCEIRA TURMA Data do Julgamento 05/06/2007 Data da Publicação/Fonte DJ 18.06.2007 p. 263. 3. Direito do consumidor. Seguro saúde. Obesidade mórbida. Gastroplastia redutora. Redução do peso. Excesso de pele. Cirurgia plástica reparadora. Necessidade. Contrato. Interpretação. Cobertura. Dano moral. Prevendo o negócio jurídico celebrado entre as partes cobertura para cirurgia de redução do estômago, não se pode admitir a exclusão da cirurgia plástica reparadora, a fim de se retirar o excesso de pele decorrente da perda de peso, do risco contratado; tanto mais porque a interpretação das cláusulas contratuais há de ser sempre de maneira mais favorável ao consumidor (art. 47 do CDC). A injusta recusa de a operadora do seguro saúde autorizar a cirurgia, por si só, constitui dano moral, dado o sentimento de sofrimento experimentado pela segurada, que lhe

causara angústia e desequilíbrio em seu bem estar, o que não pode ser confundido com meros aborrecimentos.recurso desprovido. 2007.001.06731 - APELACAO CIVEL - 1ª Ementa DES. NAMETALA MACHADO JORGE - Julgamento: 14/03/2007 - DECIMA TERCEIRA CAMARA CIVEL Quanto ao valor arbitrado na sentença, a título de danos morais, verifica-se que está condizente com o constante nos autos e adequado aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Por tais fundamentos, conhecem-se os recursos e nega-se provimento, mantendo-se integralmente a sentença guerreada. Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 2007. DESEMBARGADOR JOSÉ CARLOS PAES RELATOR