Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Décima Sexta Câmara Cível
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- Renata Barreiro Araújo
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1 APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA DE DIFERENÇAS DE COMISSÕES DE CORRETAGEM. PLANO DE SAÚDE. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA AUTORA. Inexistência de cerceamento de defesa em razão de indeferimento em audiência de instrução e julgamento de novo ofício à empresa Núcleo Saúde, eis que esta, anteriormente, já havia apresentado resposta a outros dois ofícios. Respostas estas que foram consideradas pelo D. Juízo como provas suficientes ao deslinde da controvérsia. Conjunto probatório nos autos, especificamente prova testemunhal e documental que rechaçam a alegação da autora de que teria o réu recebido valores de comissão de corretagem devidas e não repassadas àquela. Autora que não se desincumbiu de seu ônus de provar os fatos constitutivos do direito, na forma do art. 333, inciso I do CPC. Precedente jurisprudencial. Sentença mantida. Recurso desprovido. Vistos, relatados e discutidos estes autos da Apelação Cível nº , onde figuram como Apelante e Apelado as partes preambularmente epigrafadas, A C O R D A M os Desembargadores que integram a Décima Sexta Câmara Cível do, por unanimidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Des. Relator. Rio de Janeiro, 16 de julho de Desembargador MARCO AURÉLIO BEZERRA DE MELO Relator 1
2 Recurso de apelação cível interposto pela autora contra a sentença de fls. 584/592 que, nos autos da ação de cobrança de comissão proposta por ROSA MARIA VALE MAGALHÃES em face de ALEXANDRE SCHLANGER, julgou improcedente o pedido formulado na inicial, eis que não comprovou a autora ter o réu recebido qualquer valor que fosse a ela devido a título de comercialização dos contratos juntados à inicial, e condenou, ainda, a mesma ao pagamento de custas e honorários advocatícios, estes fixados em 10% sobre o valor da causa. Trata-se de ação de cobrança de comissão de corretagem proposta pela autora em face do réu, na qual alega que em 01/04/2005 começou a prestar serviço de corretagem de seguros ao réu, na comercialização de planos de saúde, tendo sido pactuada uma determinada forma de comissionamento (100% da mensalidade do cliente captado na primeira parcela; 50% na segunda; e 25% na terceira e quarta parcelas). Posteriormente, aduz que, foi acordado um incremento nesse comissionamento, de forma que, além das quatro parcelas anteriores, seria pago ainda, o percentual de 5% nas vinte parcelas posteriores à quarta, que passou a ser devido desde a referida data. Alega que deixou de atuar com o réu a partir de 31/10/2006, tendo este efetuado o pagamento das comissões até o mês de janeiro de 2007, quando cessaram os pagamentos ainda devidos, restando pendente o montante de 25% referente à quarta parcela dos contratos firmados no ano de 2005 e, a maior parte das parcelas de 5% dos contratos firmado em Assim, requer a condenação do réu no pagamento das diferenças das comissões por ele recebidas e não repassadas à autora. 2
3 Audiência ocorrida na 15ª Vara de Trabalho, às fls. 375, ocasião em que não realizada a conciliação, apresentou o réu contestação (fls. 353/371), na qual alega, preliminarmente, a inépcia da inicial e a incompetência absoluta da justiça do trabalho. E, no mérito, afirma que manteve com a autora parceria comercial com o objetivo de captar clientes e comercializar planos de saúde da AMIL, tendo entrado o réu com a sala comercial e autora com a linha telefônica de grande apelo comercial, posto que vinculada a marca da operadora. Aduz que nesta parceria realizaram, ambos, a mesma função de corretores, sendo o pagamento das respectivas comissões feito diretamente a cada um deles, nunca tendo havido qualquer contrato de prestação de serviços entre as partes. Ressalta que um corretor só recebe o percentual devido de um contrato se o cliente por ele captado se mantém adimplente no plano de saúde a que aderiu. Aduz que, nunca houve repasse direto de comissões de corretagem para a autora de sua parte, recebendo ambos das chamadas concessionárias, que são as empresas figurantes como intermediárias nas relações dos corretores com as operadoras. Afirma que, apenas em relação aos 13 contratos (fls. 14/17 27 e 70), chegou a lhe repassar valores de comissões, eis que a mesma ajudou na negociação destes com os clientes, porém, nada mais lhe deve. Afirma que, em relação aos demais contratos enumerados na inicial, não comprovou a autora que os clientes continuaram pagando as respectivas mensalidades, nem que os valores relativos aos mesmos teriam sido pagos ao réu, impugnando especifica e particularmente cada um dos contratos juntados a inicial. Requer, enfim, a improcedência dos pedidos. 3
4 Ata de audiência ocorrida na Justiça do Trabalho, às fls. 398, na qual foram colhidos os depoimentos pessoais de ambas as partes. para a Justiça Estadual. Decisão às fls. 399/401, na qual há o declínio de competência Ata de Audiência de Instrução e Julgamento, às fls. 562/563, ocasião em que foram colhidos os depoimentos de quatro testemunhas. Sentença de improcedência do pedido, às fls. 584/592. Não resignado com o resultado da lide apelou a autora, às fls. 597/609, requerendo a reforma da sentença, alegando, preliminarmente, o cerceamento de defesa, ao haver o indeferimento do requerimento de expedição de novo ofício à empresa Núcleo Saúde. Pugna pela nulidade do julgado, ante a negativa de prestação jurisdicional completa, eis que nem todos os pontos apresentados em Embargos de Declaração pela autora, foram enfrentados pelo Juízo. No mérito, alega, pelos documentos acostados aos autos, que o réu não repassou à autora diferenças de comissões que recebia diretamente da empresa Núcleo Saúde. Aduz que nunca recebeu diretamente da Núcleo Saúde. Afirma que o réu recebia as comissões dos negócios auferidos no escritório e depois repassava aos corretores, dentre eles a autora. Afirma que há documentos, também, que provam o pagamento das comissões de 5% incidentes sobre a quinta à vigésima quarta parcelas. 4
5 sentença. Contrarrazões às fls. 612/620, pugnando pela manutenção da É o relatório. Passo ao voto. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso. Razão, porém, não socorre à apelante. Cinge-se a controvérsia na presente demanda em verificar eventual débito por parte do réu em relação a diferenças de comissões de corretagem referentes à contratos de plano de saúde devidas por aquele à autora. Inicialmente, não merece ser acolhido o argumento de existência de cerceamento de defesa em razão de indeferimento em audiência de instrução e julgamento de novo ofício à empresa Núcleo Saúde, eis que esta, anteriormente, já havia apresentado resposta a outros dois ofícios às fls. 384/385 e fls. 465/466. Sendo certo que considerou o D. Juízo tais respostas como provas suficientes ao deslinde da controvérsia. Ademais, deve-se ressaltar que, tornou-se preclusa a matéria para a parte autora, por não ter esta apresentado o recurso próprio no momento oportuno, qual seja, do indeferimento de novo ofício. Com efeito, ao contrário do que alega a apelante, a sentença não está em desacordo com o conjunto probatório acostado aos presentes autos. 5
6 Com bem demonstrado pela r. sentença, analisando os ofícios de fls. 384/385 e 465/466 apresentados pela empresa Núcleo Saúde, bem como o depoimento da testemunha Sérgio às fls. 570/571, verifica-se que ao contrário do que afirmado pela autora, não restou comprovada a alegação de que era o réu quem recebia, em conta própria, as comissões a ela devidas, repassadas por aquela empresa. Núcleo Saude: Em resposta às indagações da autora, respondeu a Empresa Os montantes pactuados com a Amil são repassados diretamente a cada corretor indicado na proposta de adesão aos respectivos contratos. Todos os valores recebidos da empresa Amil referentes a negociação dos contratos indicados na emenda fls. 105/108 referentes as primeiras parcelas, inclusive com relação à empresa Zentell, foram repassados diretamente para a Sra. Rosa Maria Vale Magalhães. A primeira parcela de cada contrato vendido é recebida integralmente pelo corretor diretamente de seu cliente. Posteriormente recebem mais 3 parcelas, nos respectivos percentuais de 50%, 25% e 25%, calculadas sobre o valor total da mensalidade paga pelo cliente a Amil. As demais 20 parcelas, no percentual de 5% cada uma, não são devidas à Sra. Rosa Maria Magalhães assim como a nenhum outro corretor, pois são de natureza exclusiva das concessionárias com o propósito de fundo de caixa frente aos custos inerentes ao negócio e por isso são vulgarmente conhecidas e chamadas de vitalício das concessionárias razão pela qual não foram pagas à Sra. Rosa Maria Vale Magalhães. Os repasses da Amil para o Núcleo Saúde são efetuados somente quando os clientes efetuam o pagamento à Amil. Os clientes inadimplentes não são informados às concessionárias, as mesmas apenas limitam-se a receber listagem do que foi pago. Portanto, como todos os pagamentos da primeir até a quarta parcela, inclusive, referentes a negociação dos contratos indicados na emenda de fls. 105/108, foram efetuados diretamente para a Sra. Rosa Maria Vale Magalhães, como já afirmado anteriormente, a indicação do repasse da Amil para o Núcleo Saúde, a fim de auferir os pagamentos além da 4ª parcela torna-se sem efeito, uma vez que tendo o Núcleo Saúde recebido tais parcelas (além da 4ª), afirma desde já que não repassou à Sra. Rosa Maria Magalhães pelos motivos supracitados. 6
7 Ademais, percebe-se pelos depoimentos das demais testemunhas arroladas às fls. 564/565, 566/567 e 568/569, também rechaça o alegado pela autora. Com efeito, pelo depoimento da testemunha Patricia Masseaux Vidal (fls. 564/565), verifica-se que a mesma afirmou que recebia sua comissão diretamente da autora e que nunca recebeu nenhuma comissão do réu. Ademais, afirmou que nunca presenciou nenhum pagamento do réu para a autora e que nunca presenciou nenhuma tratativa entre as partes visando o pagamento de comissão. Ademais, pelo depoimento da Testemunha Alberto Conceição de Abreu (fls. 566/567), percebe-se que o mesmo afirmou que nunca presenciou nenhuma tratativa entre as partes visando o pagamento de comissão após o pagamento da quarta parcela. E, por fim, depreende-se do depoimento da testemunha Elaine Cavalcante Pinheiro, às fls. 568/569, que a mesma nunca rebebeu nenhuma comissão do réu. Que nunca presenciou nenhum pagamento do réu para a autora. Que nunca presenciou nenhuma tratativa entre as partes visando o pagamento de comissão. Assim, de acordo com o que dispõe o art. 333 inciso I do CPC, a autora não se desincumbiu do ônus que lhe competia, qual seja, provar o fato constitutivo de seu direito. Com isso deixou a autora de comprovar a sua alegação de que teria o réu recebido e retido valores de comissões devidas e não repassadas a mesma 7
8 ao recurso. À conta de tais fundamentos, voto no sentido de negar provimento Desembargador MARCO AURÉLIO BEZERRA DE MELO Relator 8
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