DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº RELATORA: DES

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1 DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº RELATORA: DES. MARIA INÊS DA PENHA GASPAR AGRAVANTE: JORGE LUIZ GOMES AGRAVADO: ROSANE GONÇALVES DO NASCIMENTO AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA. Decisum que indefere o pedido de produção de nova prova pericial. Consoante o disposto no art. 437 do CPC, o juiz poderá determinar de ofício ou a requerimento da parte a realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. Na espécie, o agravante não apresentou qualquer vício ou fundamento técnico capaz de comprovar a necessidade de nova perícia, sendo que o laudo pericial concluiu que as infiltrações encontram-se inativas, tendo sido homologado pelo Juízo a quo, após anuência da parte ré, sendo o silêncio do autor sinal de concordância tácita. Alegação de continuidade de vazamento que constitui fato novo, eis que noticiado mais de um ano após a realização da prova técnica. Aplicação da Súmula nº156 TJRJ. Decisão mantida. Negativa de seguimento ao inconformismo. DECISÃO. Trata-se de recurso de agravo interposto de decisão do Dr. Juiz de Direito da 10ª Vara Cível da Comarca da Capital, que em ação de cumprimento de obrigação de fazer com pedido de tutela antecipada,

2 2 indeferiu o pedido de produção de nova prova pericial, consoante fundamentação a fls. 258 dos autos originais. Aduz o agravante (fls. 02/15), em apertada síntese, ter sido o laudo pericial contundente ao afirmar que os vazamentos haviam cessado, contudo, passado lapso temporal o ora recorrente voltou a sofrer com vazamento in natura de esgoto em seu banheiro, não se tratando de fato novo diverso do contido na exordial, sendo, inclusive, ali destacado que um dos focos de vazamento era localizado no banheiro. Sustenta dever o magistrado determinar a realização de nova perícia, seja para o perito prestar esclarecimentos, seja para examinar a correlação do vazamento (no banheiro) com a conclusão do laudo pericial, já homologado, de inexistência de qualquer vazamento no momento da perícia, bem como com a realização de obra e alteração da parte hidráulica do imóvel. Acrescenta ser o laudo pericial contraditório diante da existência intermitente de vazamento, não podendo a prova técnica conter contrariedades com a realidade fática, pelo que o juiz deve pedir esclarecimentos (art. 435, CPC) e determinar uma segunda perícia para corrigir a primeira, nos termos dos arts. 437, 438 e 439 do CPC. Argumenta que o foco da infiltração é o mesmo apontado na inicial, não havendo se falar em fato novo e, sim, em continuidade de lesão ao seu patrimônio ante a prova da inexistência de conserto efetivo. Salienta pretender com a nova (segunda) perícia a análise dos mesmos fatos sobre os quais incidiu a primeira, objetivando a inexatidão dos seus resultados, já que concluiu pela inexistência de vazamento naquele momento. Assevera que a permanência do vazamento no banheiro social não pode ser considerado fato novo estranho ao objeto da demanda, sendo que as fotografias adunadas aos autos demonstram a ineficiência do conserto, revelando-se necessária a realização de nova perícia para apuração da extensão da lesão e para a busca da verdade real, ou seja, para verificar se o vazamento está ativo ou não.

3 3 Afirma ter o decisum negado vigência ao art. 5º, XXXV e LV, da CF, bem como caracterizado o cerceamento ao seu direito de defesa, na medida em que o ora agravante teve obstado o direito à apuração de existência ou não de lesão ao seu patrimônio, ou seja, de vazamento no banheiro social. Invoca doutrina que entende favorável à tese sustentada e, pede, por fim, o provimento do recurso, para que seja deferida a prova pericial, para verificação da permanência ativa dos vazamentos e a manutenção do dano patrimonial. Todavia, o recurso não merece prosperar. Versa a hipótese ação ordinária de cumprimento de obrigação de fazer c/c indenização por danos morais e materiais objetivando o autor a condenação da ré a realizar obras para sanar infiltrações em seu imóvel, bem como a reparação dos danos materiais e morais que teria experimentado em razão de umidade/vazamentos existentes nas áreas da cozinha, copa, quarto dos fundos e banheiro que teriam surgido a partir do momento em que a ré adquiriu o imóvel acima do seu (fls. 02/08 dos autos originais). Do exame dos autos constata-se ter sido realizada prova técnica, em dezembro/2011, tendo a expert do Juízo verificado pontos de infiltração no imóvel do autor, os quais não estavam ativos no ato de vistoria (fls. 169/196 dos autos originais), sendo prestados esclarecimentos a fls. 205/213 dos autos originais, em Posteriormente, em abril/2013, o autor peticionou ao Juízo a quo pugnando pela realização de nova perícia, alegando fato superveniente, qual seja, a continuidade de vazamento no seu banheiro social decorrente do imóvel da ré, tendo adunado aos autos fotografias que teriam sido tiradas em março/2013 (fls. 236/251 dos autos originais), sobrevindo a decisão agravada, que indeferiu a realização de uma segunda perícia (fls. 258 dos autos originais).

4 4 Com efeito, o Juiz é o destinatário das provas, sendo adotado pelo direito processual brasileiro o sistema do livre convencimento (artigo 131 do CPC), cabendo-lhe, pois, determinar as provas necessárias à instrução do processo, a teor do disposto no artigo 130 do CPC. Consoante o disposto no art. 437 do CPC, o juiz poderá determinar de ofício ou a requerimento da parte a realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. E ainda dispõe o art. 438 do CPC que: A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu. Na hipótese dos autos, o agravante não apresentou qualquer vício ou fundamento técnico capaz de comprovar a necessidade de nova perícia, sendo que o laudo pericial de fls. 169/196 concluiu que as infiltrações encontram-se inativas, em , tendo sido homologado pelo Juízo a quo, após anuência da parte ré, sendo o silêncio do autor sinal de concordância tácita (fls. 258). Ora, como bem ressaltado pelo decisum (fls. 258), o laudo pericial foi concluído em e em , ou seja, mais de um ano depois disso, veio o autor a fls. 236/251 afirmando que o vazamento persiste e requerendo a produção de nova prova pericial. Ante o período de tempo decorrido entre a constatação pela perita do juízo da inexistência de vazamento e a notícia trazida pelo autor de que o problema persiste, não há dúvida quanto à caracterização desses fatos como fato novo diverso daquele narrado na inicial, consistindo em causa de pedir para eventual nova ação. Frise-se, ainda, o teor da Súmula nº 156 desta E. Corte: "A decisão que defere ou indefere a produção de determinada prova só será reformada se teratológica, não sendo este o caso dos autos. A decisão recorrida não merece, portanto, retoque, afigurando-se de plano a improcedência do inconformismo, não se

5 5 vislumbrando, outrossim, vulneração aos art. 5º, XXXV e LV da CF, ou, ainda, o alegado cerceamento de defesa. Aplicável, portanto, o artigo 557 da Lei de Ritos, pelo que nego seguimento ao agravo. Rio de Janeiro, 25 de fevereiro de F/2402 MARIA INÊS DA PENHA GASPAR DESEMBARGADORA RELATORA