EFICIÊNCIA TÉCNICA E PRODUTIVIDADE DOS FATORES NA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE MÓVEIS NOS ANOS 90: UMA ANÁLISE NÃO-PARAMÉTRICA
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- Anna Porto Castilho
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1 EFICIÊNCIA TÉCNICA E PRODUTIVIDADE DOS FATORES NA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE MÓVEIS NOS ANOS 90: UMA ANÁLISE NÃO-PARAMÉTRICA RICARDO BRUNO NASCIMENTO DOS SANTOS WILSON DA CRUZ VIEIRA 2 Resumo: ese rabalho eve como objeivo analisar a eficiência écnica na indúsria brasileira de móveis nos anos de 990, 993, 996 e 999, bem como sua produividade de faores. Para aingir esse objeivo, foi uilizada a Análise Envolória de Dados (DEA), que é uma écnica não-paramérica. Uilizaram-se dados da Pesquisa Indusrial Anual (PIA) do IBGE para os anos de 990, 993, 996 e 999. Como insumos foram uilizados pessoal ocupado no seor, salários e remunerações e cuso médio das operações indusriais e como produo foram uilizados o valor bruo da produção menos as exporações, e as exporações. Os resulados obidos mosram que somene dois dos Esados analisados foram eficienes no uso de seus faores de produção na média dos anos esudados e que a maioria dos Esados analisados apresenou ganhos de produividade na indúsria de móveis. Palavras-chave: DEA, eficiência écnica, indúsria moveleira, Brasil. TECHNICAL EFFICIENCY AND FACTORS PRODUCTIVITY IN THE BRAZILIAN FURNITURE INDUSTRY IN THE NINETIES: A NON-PARAMETRIC ANALYSIS Absrac: he objecive of his paper was o analyze he echnical efficiency and produciviy of facors in he Brazilian furniure indusry during he years 990, 993, 996 and 999. We have used as analyical model he Daa Envelopmen Analysis (DEA). The source of dae was he Annual Indusrial Research (PIA) of IBGE. In he model, we have considered as inpus he occupied people, salaries and remuneraions, and average cos of indusrial operaions and as producs he gross value of produc minus expor, and expor. The resuls obained shows ha only wo saes can be considered efficien and ha mos of he saes have presened produciviy gains in he furniure indusry during he period analyzed. Keywords: DEA, echnical efficiency, furniure indusry, Brazil. JEL Classificaion: C6, D24 Recebido em 06/09/2207. Liberado para publicação em 6/0/2008. Douorando em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG- Brasil. ricardo-bruno@oi.com.br 2 Professor Associado da Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG-Brasil. wvieira@ufv.br PESQUISA & DEBATE, SP, volume 9, número 2 (34) pp , 2008
2 Ricardo B. N. dos Sanos e Wilson da C. Vieira Inrodução A indúsria de móveis é um segmeno da indúsria de base floresal, fazendo pare da segunda ransformação indusrial da cadeia produiva de madeira e móveis (COUTINHO e al., 2002; PEREZ e al., 2006). A imporância econômica dessa indúsria se deve principalmene pela agregação de valor que a mesma proporciona para um produo ípico do Brasil que é a madeira. Assim como em muios seores, a indúsria de móveis, segundo Roese e al. (2004), passou por grandes ransformações a parir da aberura comercial no início da década de 90. Essa indúsria vinha, nas décadas de 70 e 80, evoluindo em um processo leno de ransformação indusrial, porém, com o Plano Collor as empresas do segmeno de móveis sofreram um fore impaco, pois a fala de consumidores fez com que o avanço das empresas do seor esagnasse. As empresas passaram a uilizar novas esraégias compeiivas, com a adoção de um padrão de fabricação com foco no mercado mundial, que foram favorecidas com o Plano Real, que faciliou a imporação de ecnologia na fabricação de móveis. Com isso, as empresas do seor se viram obrigadas a acelerar seu processo de modernização, ao mesmo empo em que inham que enfrenar os desafios da aberura comercial bem como buscar um posicionameno mais firme no mercado mundial de móveis. O governo federal apoiou a iniciaiva e em 995 implemenou o Programa Brasileiro de Design (PBD), mas somene em 997 ese aendeu as indúsrias de móveis. Apesar do avanço do seor, com a adoção de um novo padrão ecnológico, houve diminuição do nível de emprego, porém, a indúsria de móveis é uma das que mais empregam na indúsria de ransformação, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais RAIS (2007), sendo que, em 2005, represenava em média 3,5% dos empregos na indúsria. A preocupação do governo se jusifica pela evolução das exporações brasileiras de móveis, que, segundo dados do sisema ALICE WEB (2007), no período de 2003 a 2004, cresceu 42,54%, porém de 2004 a 2005 esse crescimeno foi de apenas 7,30%. Exise ambém a preocupação com o avanço da China, pois os asiáicos êm conseguido produzir móveis mais baraos, conquisando boa faia do mercado em odo o mundo. Segundo informações da Associação Brasileira da Indúsria do Mobiliário (ABIMÓVEL) (2006) as exporações brasileiras de móveis em 2006 foi 4,5% menor que no ano de 2005, evidenciando uma perda de mercado por pare dese seor. A indúsria de móveis nacional, apesar de suas diferenças regionais, possui produos de qualidade inernacional, fara mão-de-obra e excelenes maérias-primas. Porém, a ecnologia e o conhecimeno, que hoje se concenra nos pólos indusriais, PESQUISA & DEBATE, SP, volume 9, número 2 (34) pp ,
3 eficiência écnica e produividade dos faores na indúsria de móveis necessiam ser ampliados, incenivados, muliplicados e disseminados para odo o país para que enão o Brasil enha uma paricipação maior no mercado mundial. De um lado, o crescimeno da exporação é um faor imporane para o aumeno da produividade bem como para o desenvolvimeno das indúsrias de móveis no país (VALENÇA e al., 2002), pois é um fore indicador da evolução ecnológica dos produos brasileiros, que passaram a er maior aceiação no mercado inernacional. Sendo assim, o problema de pesquisa analisado nese rabalho foi: a indúsria brasileira de móveis ornou-se mais eficiene e eve aumeno de produividade com a aberura comercial a parir do início dos anos 90? O objeivo geral do rabalho foi analisar a eficiência écnica na indúsria brasileira de móveis nos anos de 990, 993, 996 e 999. Os objeivos específicos foram: deerminar as medidas de eficiência écnica na indúsria de móveis por unidade da federação e idenificar se ocorreu aumeno de produividade dos faores ao longo dos anos analisados.. Referencial Teórico A produção deve ser visa como um processo de ransformação com enradas (insumos) que são os recursos usados e saídas (produos) correspondenes às quanidades de bens e/ou serviços produzidos (DEBERTIN, 986). As quanidades de bens e/ou serviços gerados dependem das quanidades dos vários recursos uilizados. Esa relação é mais formalmene descria como uma função de produção a qual associa à produção física a quanidade de recursos empregada. Assim, a função de produção pode ser represenada por uma função maemáica que pode ser formalizado da seguine forma: y = f (x) () onde y é um veor de produos e x é um veor de insumos. A relação de insumos e produos formam um conjuno de combinações L(y) que envolvem formas ecnologicamene viáveis de produzir quando (y,x) L(y). Assim, a função de produção indica o máximo de produo que se pode ober a parir de uma dada quanidade de insumos (VARIAN, 2006). Segundo Farrel (957), a eficiência de uma firma consise de dois componenes eficiência écnica, que represena a habilidade da firma em ober o máximo produo, dado um conjuno de insumos; e a eficiência alocaiva, que reflee a habilidade da firma em uilizar os insumos em proporções óimas, dados seus preços relaivos. A combinação de ambas as medidas fornece a eficiência econômica. PESQUISA & DEBATE, SP, volume 9, número 2 (34) pp ,
4 Ricardo B. N. dos Sanos e Wilson da C. Vieira A grande preocupação em esudos envolvendo a relação enre produividade e eficiência é mosrar que exise uma diferença enre os dois conceios, onde a primeira é uma razão enre duas quanidades e a eficiência é uma medida adimensional (COELLI e al., 998). 2. Modelo Analíico O modelo analíico nese rabalho uilizará a Analise Envolória de Dados afim de deerminar a eficiência da indúsria de móveis no Brasil, em seguida apresena-se o Índice Malmquis com a finalidade de deerminar a produividade dos Esados. 2. Análise Envolória de Dados Com base na análise de eficiência, Charnes e al. (978) iniciaram os esudos da abordagem não-paramérica para análise de eficiência relaiva de firmas com vários insumos e vários produos, consruindo, assim, o ermo Daa Envelopmen Analysis (DEA), onde cada observação (geralmene uma firma) é chamada de DMU 3 (Decision-Making Uni). Nesse mesmo arigo, Charnes e al. (978) inroduziram o modelo CRS (consan reurns o scale) que rabalha com reornos consanes à escala, assumindo uma cera proporcionalidade enre insumos e produos. No caso desse rabalho, uilizou-se o modelo VRS (variable reurns o scale) que considera reornos variáveis à escala, subsiuindo o axioma da proporcionalidade pelo da convexidade, segundo Banker (993). O modelo DEA com reornos variáveis pode ser represenado pelo seguine problema de programação linear (GOMES e BAPTISTA, 2004): Min θ, θ, λ sujeio a: 3 As DMUs são as unidades omadoras de decisão e, na DEA, podem ser classificadas como eficienes ou ineficienes, dependendo de sua posição geomérica em relação à froneira eficiene gerada. PESQUISA & DEBATE, SP, volume 9, número 2 (34) pp ,
5 eficiência écnica e produividade dos faores na indúsria de móveis y θx i ' N λ = i λ 0, + Yλ 0, Xλ 0, (2) onde y é o veor (m x ) de produos da DMU e x é o veor (k x ) de insumos. X é a mariz de insumos (k x n); Y é a mariz de produos (m x n); e λ é o veor (n x ) de consanes que muliplica as marizes de insumos e produos. N é o veor uniário e n é a quanidade de DMUs, e, finalmene, θ é o escore de eficiência da DMU. Assim, uma superfície convexa de planos em inerseção é formada, envolvendo os dados de forma mais compaca do que a formada pelo modelo CRS, o que resula em escores de eficiência obidos no modelo VRS maiores que no CRS (COELLI, 998). Há a possibilidade de o modelo DEA seguir duas orienações radiais: uma é a orienação insumo, usado quando se deseja minimizar os recursos disponíveis, sem a aleração do nível de produção, e a orienação produo, quando o objeivo é aumenar o produo sem alerar os recursos usados. Nese rabalho, uilizou-se a orienação insumo Índice Malmiquis de Produividade O índice Malmquis-DEA (M i ) resume-se em aplicar o algorimo de programação linear de DEA para consrução da froneira de produção de um deerminado período e depois para o cálculo da razão enre as disâncias de dois ponos de produção de períodos disinos de uma mesma unidade à froneira assim consruída. As disâncias podem ser represenadas por funções (aqui conhecidas como funções disâncias), e essas funções podem ser especificadas em relação ao conjuno de insumos (orienada pelo insumo) ou de produos (orienada pelo produo). Segundo Carvalho e al. (2006), a função disância orienada pelo insumo d i ( x, y) = sup{ ρ : ( x / ρ) L( y)} caraceriza a ecnologia de produção aravés da conração proporcional mínima do veor de insumos, dado um veor de produos, que orna a produção ainda facível 4. Se x perence ao conjuno de insumos de y, enão d i ( x, y), se a função disância é igual a, x esá sobre a froneira do conjuno de insumos (a isoquana de y). 4 As propriedades do conjuno L(y) da função disância podem ser visa com mais dealhes em Coelli e al. (998) PESQUISA & DEBATE, SP, volume 9, número 2 (34) pp ,
6 Ricardo B. N. dos Sanos e Wilson da C. Vieira Uma ilusração da função disância pode ser visa na Figura. Figura - Função disância orienada pelo insumo e a isoquana L(y) Fone: Carvalho e al. (2006). O conjuno de insumos corresponde à área limiada inferiormene pela isoquana L(y). O pono A define o pono de produção onde a firma usa a quanidade X A do insumo e X 2A do insumo 2 para produzir o veor de produos Y. O valor da função disância para o pono A é dado pela razão ρ = 0A/ 0B. Segundo Caves e al. (982), Färe e al. (995) e Coelli (996), o índice pode ser calculado aravés da média geomérica de dois índices, onde o primeiro uiliza a froneira do período e o segundo a froneira do período +. O uso dessa média geomérica é vanajoso por eviar a escolha enre qual das duas froneiras de produção deve ser uilizada como referência para o cálculo do índice. O índice pode ser obido pela seguine equação: + 0,5 d (, ) (, ) i x+ y+ d i x+ y+ M (,,, ) = i x+ y+ x y + (, ) (, ) (3) d i x y d i x y Da equação (3), os seguines problemas de programação linear devem ser resolvidos (Figura 2). PESQUISA & DEBATE, SP, volume 9, número 2 (34) pp ,
7 eficiência écnica e produividade dos faores na indúsria de móveis A) Minθ [ d ( x, y )] θλ s.a. y λ 0 = i θ x + Y λ 0 X λ 0 C) Minθ [ d ( x, y ] θλ y θ s.a. + + x λ 0 = i + + ) + Y λ 0 + X λ 0 + B) Minθ [ d ( x, y )] θλ y θ s.a. + + x λ 0 = i Y + + X λ 0 + λ 0 + D) Minθ [ d ( x, y )] θλ s.a. y λ 0 = i θ x + Y + X λ 0 + λ 0 Figura 2 - Problemas de programação linear para o cálculo do índice Malmiquis. Fone: Elaboração dos auores. Na Figura 2, os problemas C e D, onde os ponos de produção são comparados a períodos diferenes, o parâmero θ não precisa ser maior ou igual a, como se espera quando se calcula a eficiência do período correne. Esse pono pode esar fora do conjuno de produção exeqüível. Isso ocorrerá com ala probabilidade caso ocorra evolução ecnológica, no problema C, onde o pono de produção de um período + é comparado com a ecnologia do período. Ceramene, caso ocorra uma regressão écnica, θ menor que um ambém será possível na solução de D. Pereira (999) e Marques e al. (2006) apresenaram uma maneira equivalene de definir M i, permiindo uma inerpreação do crescimeno da produividade em ermos de fones dessa evolução aravés de uma forma decomposa: + di ( x, y ) di ( x, y ) di ( x, y ) Mi( x+, y+, x, y) = (4) + + di ( x, y) di ( x+, y+ ) di ( x, y) A razão fora dos parêneses, na expressão (4), mede a mudança na eficiência relaiva (mudança écnica) e indica se a mudança da unidade esá se aproximando ou se afasando da froneira. A pare denro dos parêneses (média geomérica) mede a mudança ecnológica enre os períodos avaliados, conhecida ambém como a 0,5 PESQUISA & DEBATE, SP, volume 9, número 2 (34) pp ,
8 Ricardo B. N. dos Sanos e Wilson da C. Vieira conração da froneira de produção. Caso o modelo seja rodado com RVE, pode-se enconrar ambém a mudança na eficiência pura. Porém, é recomendável que a esimação dos modelos que suporam o cálculo das funções disância supra referida seja imposa à hipóese de ocorrência de rendimenos consanes, pois, segundo Grifell-Tajé e Lovell (995), o índice origina um enviesameno na evolução da produividade oal quando é assumida uma ecnologia de rendimenos variáveis à escala Fone de dados e procedimenos Os dados das indúsrias de móveis foram obidos no Insiuo Brasileiro de Geografia e Esaísica (IBGE), reirados da base SIDRA que coném a Pesquisa Indusrial Anual (PIA) e compreende os anos de 990, 993, 996 e 999. Já os dados de exporação foram irados do sie do Minisério do Desenvolvimeno da Indúsria e Comércio 5 (MDIC) pelo sisema ALICE WEB (2007). Foram analisados os dados de 5 unidades federaivas do Brasil 6, pois, para alguns Esados, não havia dados para algumas variáveis nos anos de 990 e 993. Cada Esado analisado caracerizou-se como uma DMU. No presene rabalho, foram uilizados rês insumos: Pessoal ocupado (PO); Salários, reiradas e ouras informações (SR); e Cuso médio das operações indusriais (CMI); e dois produos: Valor bruo da produção indusrial menos as exporações (V-EXP) e as exporações (EXP). As quaro úlimas variáveis apresenavam-se, originalmene, em valores correnes. Para excluir o efeio inflacionário, as variáveis foram ransformadas em valores consanes deerminando como período base o mês de dezembro de 999. Como deflaor foi uilizado o IGP- DI da Fundação Geúlio Vargas, por ser ese um índice que incorpora em sua consrução produos da indúsria e serviços. EXP é o valor exporado por cada unidade da federação, o V-EXP é dado pela soma de vendas de produos e serviços indusriais, variação dos esoques dos produos acabados e em elaboração, e produção própria realizada para o aivo imobilizado menos o valor exporado. Esse criério foi uilizado para capar na eficiência a paricipação de cada esado nas exporações. O SR são os salários fixos, pró-labore, reiradas de sócios e proprieários, honorários, comissões sobre vendas, ajuda de cuso, décimo erceiro salário, abono de férias, graificações e paricipação nos lucros. O CMI é o resulado da soma do As unidades da federação analisadas foram: Amazonas, Bahia, Ceará, Disrio Federal, Espirio Sano, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Sana Caarina e São Paulo. PESQUISA & DEBATE, SP, volume 9, número 2 (34) pp ,
9 eficiência écnica e produividade dos faores na indúsria de móveis consumo de maérias-primas, maeriais auxiliares e componenes, energia elérica e consumo de combusíveis e peças e acessórios, e dos serviços indusriais e de reparação e manuenção de máquinas e equipamenos dividido pelo número de esabelecimenos da indúsria de móveis em cada esado. Por fim, PO são as pessoas ocupadas, independene ou não de erem vínculo empregaício. 3. Resulados e Discussão Nesa seção são analisados, primeiramene, os resulados para a eficiência écnica e eficiência de escala, e, em seguida, são apresenados os resulados do índice de produividade de Malmquis. 3. Principais Transformações esruurais da indúsria moveleira no Brasil Segundo os dados da PIA, denre os Esados analisados nese rabalho, São Paulo, Rio Grande do Sul, Sana Caarina e Paraná concenravam, na média dos anos analisados, mais de 85% do valor bruo da produção indusrial (VBP) de móveis no Brasil. Eses dados esão coerenes com os esudos da Abmóvel (2006), Valença e al. (2002) e Couinho e al. (2002). Segundo a Figura 3, a parir de 993 observa-se que, para os principais Esados produores, houve um significaivo aumeno do VBP da indúsria moveleira. Segundo Valença e al. (2002), a redução da inflação e a ampliação do mercado inerno conribuíram para esse resulado posiivo. 3 2,5 2,5 0,5 0 Paraná Rio Grande do Sul Sana Caarina São Paulo Figura 3 - Evolução do Valor Bruo da Produção Indusrial de móveis dos principais produores do Brasil em 990, 993, 996 e 999. Fone: Dados da pesquisa. PESQUISA & DEBATE, SP, volume 9, número 2 (34) pp ,
10 Ricardo B. N. dos Sanos e Wilson da C. Vieira Noa-se que de 993 a 996 foi significaivo o crescimeno para os maiores produores (39%). Enreano, se forem considerados odos os Esados analisados por ese rabalho, verifica-se que o aumeno foi de apenas 58%. O Paraná foi o Esado que eve maior aumeno enre 993 e 996 com 663%, seguido de São Paulo (423%), Rio Grande do Sul (288%) e Sana Caarina (278%). Porém, de 996 a 999, noa-se que, dos quaro maiores produores somene, Rio Grande do Sul e Sana Caarina iveram aumenos no VBP. 4.2 Eficiência écnica e eficiência de escala A Figura 4 mosra o comporameno da eficiência écnica com reornos variáveis à escala (ET RVE ), para os anos de e No comparaivo observa-se que em 990 pouco mais da meade dos Esados operavam de forma eficiene (dos quinze Esados analisados oio esavam nessa condição). Em 993, onde o processo de aberura comercial já era evidene, houve queda no número de Esados que eram eficienes. Segundo Guilherme (997), isso esá ligado principalmene ao fao de algumas unidades federaivas não conseguirem acompanhar, na produção de móveis, a qualidade exigida pelos países exporadores. Figura 4 - Eficiência Técnica da indúsria de móveis sob reornos variáveis à escala no Brasil 990, 993, 996 e 996. Fone: Elaboração dos auores. Dois dos maiores produores do Brasil, como Minas Gerais e Sana Caarina, aparecem em 993 como Esados ineficienes, principalmene pelos seus alos cusos operacionais. Minas Gerais apresenava o 4º maior salário per capia, ficando arás apenas de Espírio Sano, São Paulo e Rio Grande do Sul. Já Sana Caarina inha o 3º maior cuso operacional. PESQUISA & DEBATE, SP, volume 9, número 2 (34) pp ,
11 eficiência écnica e produividade dos faores na indúsria de móveis Em 996 houve aumeno do número de Esados eficienes: um oal de nove e o número de ineficienes passou para seis. Esse aumeno de Esados eficienes pode esar associado à crescene aquisição de bens de consumo duráveis, que, segundo Filgueiras (2000), após o adveno do Plano Real passaram a er grande procura. Um indicador disso é VBP que cresceu 58,5% no comparaivo com 993. No ano de 999 caiu novamene o número de Esados eficienes para seis e os principais produores: SP, RS, MG e SC aparecem como eficienes, além do AM, PB. Ouro principal produor (Paraná) aparece nesse ano como ineficiene e isso pode esar associado ao fao desse Esado er ido uma queda no VBP enre os anos de 996 e 999 de,03%. (Figura 3) Analisando conjunamene a ET RVE com a eficiência écnica com reornos consanes à escala (ET RCE ), observa-se que, na média dos anos analisados, apenas os Esados de São Paulo e Rio Grande do Sul foram eficienes no uso de seus faores de produção durane os anos analisados, conforme a Tabela. Na média do período analisado, grande pare dos Esados brasileiros apresenou diferenças enre os escores de eficiência écnica sob a suposição de reornos consanes à escala e reornos variáveis à escala. Isso significa que, com exceção de São Paulo e Rio Grande do Sul, os Esados brasileiros analisados poderiam reduzir o uso de odos os faores de produção para ornarem-se plenamene eficienes. Tabela - Escores de eficiência écnica e eficiência de escala da indúsria de móveis dos Esados brasileiros 990, 993, 996 e 999. UF ETRVE ETRCE EE ETRVE ETRCE EE ETRVE ETRC E EE AM 0,433 0,308 0,7,000,000,000,000,000,000 BA,000,000,000 0,603 0,597 0,989 0,97 0,946 0,974 CE,000 0,68 0,68 0,652 0,22 0,339 0,858 0,836 0,974 DF 0,597 0,429 0,720 0,42 0,97 0,467 0,657 0,522 0,794 ES 0,497 0,422 0,850 0,296 0,244 0,826 0,760 0,77 0,943 GO 0,957 0,387 0,405 0,63 0,49 0,779,000,000,000 MG,000,000,000 0,780 0,767 0,982,000,000,000 PA,000,000,000,000,000,000,000,000,000 PB,000 0,654 0,654 0,477 0,264 0,553,000 0,454 0,454 PR 0,967 0,958 0,99 0,847 0,839 0,99,000,000,000 PE 0,669 0,590 0,882 0,642 0,45 0,646 0,948 0,922 0,973 RJ,000,000,000,000,000,000,000,000,000 RS,000,000,000,000,000,000,000,000,000 SC 0,863 0,82 0,94,000 0,898 0,898 0,852 0,849 0,997 SP,000,000,000,000,000,000,000,000,000 Média 0,865 0,745 0,85 0,757 0,662 0,83 0,936 0,883 0,94 (coninua) PESQUISA & DEBATE, SP, volume 9, número 2 (34) pp ,
12 Ricardo B. N. dos Sanos e Wilson da C. Vieira (conimuação) Tabela - Escores de eficiência écnica e eficiência de escala da indúsria de móveis dos Esados brasileiros 990, 993, 996 e 999. UF 999 Média dos anos ETRVE ETRC E EE ETRVE ETRCE EE AM,000,000,000 0,858 0,827 0,928 BA 0,99 0,899 0,907 0,89 0,860 0,968 CE 0,786 0,79 0,94 0,824 0,598 0,7 DF 0,754 0,590 0,783 0,607 0,435 0,69 ES 0,855 0,798 0,933 0,602 0,545 0,888 GO 0,922 0,837 0,908 0,877 0,679 0,773 MG,000 0,946 0,946 0,945 0,928 0,982 PA 0,822 0,543 0,66 0,956 0,886 0,95 PB,000 0,679 0,679 0,869 0,53 0,585 PR 0,890 0,887 0,997 0,926 0,92 0,995 PE 0,878 0,708 0,807 0,784 0,659 0,827 RJ 0,975 0,59 0,532 0,994 0,880 0,883 RS,000,000,000,000,000,000 SC,000,000,000 0,929 0,890 0,959 SP,000,000,000,000,000,000 Média 0,925 0,808 0,87 0,87 0,775 0,874. ET RVE : eficiência écnica (ET) calculada sob a suposição de reornos variáveis à escala (RVE). 2. ETRCE: eficiência écnica (ET) calculada sob a suposição de reornos consanes à escala (RVE). 3. EE: eficiência de escala. Fone: Elaboração dos auores. Dos Esados analisados, o Disrio Federal seria o que mais eria que reduzir o uso de seus faores (em média 56,5%) e o Esado do Rio de Janeiro o que menos deveria reduzi-los (em média 0,6%). O que se percebe, durane a evolução do período analisado, é uma volailidade das médias esaduais de ET RVE, ET RCE e EE, em 990 a média era respecivamene de 0,865; 0,745 e 0,85; já em 993 há uma queda para odos os PESQUISA & DEBATE, SP, volume 9, número 2 (34) pp ,
13 eficiência écnica e produividade dos faores na indúsria de móveis valores de eficiência, seguido de um aumeno em 996 e novamene uma queda em 999, como pode ser observado na Tabela Índice de Produividade Toal de Malmquis Os dados da Tabela 2 mosram que enre 990 e 993, em média, os Esados brasileiros apresenaram ganho de produividade na indúsria moveleira. Esses ganhos resularam mais de variações ecnológicas (32,5%) do que de variações de eficiência écnica, as quais foram negaivas. O Esado do Pará foi o que apresenou maior ganho de produividade (76,6%) comparado aos principais Esados produores como Rio Grande do Sul (75,7%), Sana Caarina (23,8%), São Paulo (97%) e Minas Gerais (5,4%), enquano o Paraná apresenou perda de produividade. Tabela 2 - Valores médios de variações da eficiência écnica (VET), ecnológica (VTEC) e na produividade oal dos faores (M i ) na indúsria de móveis no Brasil, , e UF VET VTEC Mi VET VTEC Mi VET VTEC Mi Amazonas 3,237 0,000 0,000,000,839,839,000,078,078 Bahia 0,596 0,000 0,000,586 0,533 0,845 0,950,028 0,977 Ceará 0,358 0,000 0,000 3,776 0,48,86 0,860,054 0,906 Disrio Federal 0,458 0,323 0,48 2,655 0,835 2,27,3,057,95 Espírio Sano 0,578 0,40 0,237 2,937 0,80 2,379,2,007,20 Goiás,269 0,000 0,000 2,035 0,490 0,997 0,837,022 0,855 Minas Gerais 0,766,506,54,305,687 2,202 0,946,046 0,990 Pará,000 8,66 8,66,000 3,770 3,770 0,543 2,772,505 Paraíba 0,403 0,002 0,00,720 0,446 0,767,497,099,645 Paraná 0,876,3 0,99,92,05,37 0,887,757,558 Pernambuco 0,702 0,420 0,295 2,223 0,970 2,56 0,768 0,997 0,766 Rio de Janeiro,000,80,80,000 4,528 4,528 0,59,66 0,605 Rio Grande do Sul,000,757,757,000 3,368 3,368,000 2,549 2,549 Sana Caarina,05,935 2,38 0,946 3,49 3,302,77 4,947 5,823 São Paulo,000,970,970,000 5,643 5,643,000 0,992 0,992 Média 0,957,325,274,692 2,000 2,476 0,948,57,504 Fone: Elaboração dos auores. PESQUISA & DEBATE, SP, volume 9, número 2 (34) pp ,
14 Ricardo B. N. dos Sanos e Wilson da C. Vieira Enre 993 e 996 o ganho de produividade foi ainda maior, com uma média de 47,6% e novamene decorreram principalmene de variações ecnológicas. Nesse período, somene o Esado de Sana Caarina apresenou perda de eficiência, de modo que os ganhos médios de produividade ocorreram devido aos ganhos ecnológicos. Apenas os Esados da Bahia, Goiás e Pará não iveram aumeno de produividade. No período de 996 a 999 novamene ocorreu ganho médio de produividade, ambém explicado pelas variações ecnológicas. Dois dos principais produores de móveis não obiveram ganhos de produividade (MG e SP). Essa queda esá associada à queda no valor bruo da produção; em Minas Gerais o declínio foi de,49% e em São Paulo de 7,39%. Os dois maiores exporadores do ano de 999 (RS e SC), que, segundo a ABIMOVEL (2006), concenravam mais de 70% das exporações de móveis, apresenaram os maiores ganhos de produividade, respecivamene 54,9% e 482,3%, nese ano. Conclusões Analisou-se, nese rabalho, a influência da aberura comercial sobre a indúsria brasileira de móveis na década de 90 (anos de 990, 993, 996 e 999), visando observar se ocorreram mudanças na eficiência écnica e produividade dos faores nesa indúsria nos principais esados produores. Com base nos resulados obidos, verificou-se que as mudanças na esruura produiva da indúsria de móveis ocorreram na maior pare dos esados analisados. Os valores de eficiência écnica esimados mosram que a maior pare dos esados analisados ornou-se mais eficiene, ano ecnicamene quano em relação à escala de produção. O ganho de eficiência écnica com a aberura comercial foi em pare explicado pelos ganhos ecnológicos, permiindo que a produividade aumenasse na maioria dos esados brasileiros. Não se pode afirmar que a aberura comercial enha sido o único faor responsável pelas alerações ocorridas na esruura produiva, na eficiência écnica ou na produividade dos faores da indúsria de móveis no Brasil, pois alguns dados não esavam disponíveis para ouras Unidades Federaivas. Essas alerações são apenas evidências que precisariam ser mais bem exploradas. Referências Bibliográficas ABIMÓVEL. Panorama da Indúsria brasileira de móveis Disponível em: < Acesso em 20 de Se PESQUISA & DEBATE, SP, volume 9, número 2 (34) pp ,
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