DATA: 30 / 04 / 2016 I ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA 2.º ANO/EM

Transcrição

1 SOCIEDADE MINEIRA DE CULTURA Mantenedora da PUC Minas e do COLÉGIO SANTA MARIA UNIDADE: DATA: 30 / 04 / 206 I ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA 2.º ANO/EM ALUNO(A): N.º: TURMA: PROFESSOR(A): VALOR: 4,0 MÉDIA: 2,4 RESULTADO: % Estamos em pleno mar, Embarcações de ferro e aço, Onde pessoas disputam Palmo a palmo por um espaço....] O mar separa o Brasil da África Um rio separa as periferias Das mansões de magnatas. Uniformes diferenciam Funcionários de patrões. A cor denuncia Vítimas antigas de explorações Trazidos em porões Dos navios negreiros, Tratados como animais, Vendidos a fazendeiros. Vivendo em cativeiros, Negociados como mercadoria Enriquecendo a classe nobre, Hoje chamada burguesia. Deixaram pra trás lembranças Dialetos e crenças. Caçados, mortos e açoitados Quem tentou resistência. Quem lutou por liberdade, Na história foi esquecido Sem status, sem monumentos, Só barracos foram erguidos. No chão pisado, onde tudo foi negado, Sem estudo, sem instrução, Herdou não só a pele escura, Mas o cabelo encrespado. Fez o samba, fez capoeira Na poeira do serrado. Fez dos restos que lhe deram Pratos hoje contemplados. Temos força, temos fé, Que vão além dos campos e Somos negros, somos afrodescendentes. Somos raça, somos povo, Somos tribo, somos gente. Somos sonhos, somos luta, Fomos mão de obra barata Somos arte, somos cultura, Somos ouro e somos prata. Fomos tratados como nada, Trazidos como bicho Oprimidos e usados, E depois, dispensados como lixo. Temos muito que mudar, A história não acabou. Lembrar cada vida que por liberdade, Como Cristo, se sacrificou. Ancestrais, bisavós Cuja a voz foi silenciada, Por nós sua luta não pode ser abandonada. O navio hoje é a barca Sem velas, só sirene Navegando na estrada, Hoje volantes, ontem lemes. O porão do navio Hoje é chiqueiro de camburão. A senzala virou presídio, O quilombo é favela, Os zumbis pelo mundo São Malcolm X, Luther King. Zumbis ou Mandelas A escravidão ainda existe Em cada olhar triste, nas esquinas, Nos becos, ruas e vielas, E nos sonhos em ruínas. Nos esgotos a céu aberto, Nas crianças desnutridas Nas mãos que pedem esmolas, Nas ruas e avenidas. Nos malabaristas da miséria Sob o sol nos faróis da cidade, No show da sobrevivência Artistas por necessidade. Herdeiros da miséria Dos escravos trazidos nos navios, É...Tem um pouco de navio negreiro Debaixo de cada viaduto, Tem um pouco de navio negreiro Em cada mão que pede esmola, Em cada beco e viela, Em cada criança longe da escola. Tem um pouco de navio negreiro Em cada brasileiro, Tem um pouco de navio negreiro.

2 ringues. RIMOGRAFIA, Slim. O navio negreiro. São Paulo: Panda Books, 20. p TEXTO II Condição de vida melhora, mas brasileiro dificilmente sobe de classe Maria de Lurdes, 59, e suas netas na cozinha de sua casa na comunidade Glahã. Lailo de Almeida, Folhapress Apesar da modernização da economia brasileira nas últimas décadas, a ascensão social no país ainda é rara. A melhora no nível de renda e na escolaridade não é suficiente para promover a pessoa para um estrato mais alto que a da geração anterior. Os dois fatores mais determinantes na possibilidade de ascensão social são a condição socioeconômica da família de origem e a escolaridade. O sociólogo Carlos Ribeiro, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), ressalta que a qualidade das escolas é muito heterogênea. "Geralmente as famílias com mais recursos colocam os filhos em escolas de mais qualidade", diz. Viver em ambiente urbano também ajuda a ascender. A cor da pele influencia, mas nos degraus mais altos da pirâmide social. "Não há diferenças consideráveis entre as probabilidades de um branco e um negro saírem da pobreza, mas os negros levam desvantagem para se inserir nos estratos mais altos", diz Ribeiro. Entretanto, a mobilidade social do(a) negro(a), ou seja, sua ascensão relativa ao conjunto da sociedade, mantém-se em patamares residuais. Não houve alteração do quadro de oportunidades no mercado de trabalho, principal fonte de renda e de mobilidade social ascendente. A conclusão que se impõe é que, a despeito dos avanços registrados, a situação da população negra no país continua bastante vulnerável. MARCONDES, Daniel Emanuel. Condição de vida melhora, mas brasileiro dificilmente sobe de clase. Folha de S. Paulo. Caderno Opinião C3. 08 jun.205. QUESTÃO 0 Como seres humanos, recorremos à linguagem para expressar nossos sentimentos, opiniões, desejos. É por meio dela que interpretamos a realidade que nos cerca. Essa interpretação, porém, não é totalmente livre. Ela é construída historicamente a partir de uma série de filtros ideológicos que todos nós temos (...) Esses filtros constituem uma formação ideológica, ou seja, um conjunto de valores e crenças a partir dos quais julgamos a realidade na qual estamos inseridos.(...) ABAURRE, M. L.; PONTARA, M. N.; ABAURRE, M. B. Português: contexto, interlocução e sentido. São Paulo: Moderna, p

3 Nas três modalidades discursivas (TEXTOS I e II), percebemos a postura contemporânea dos autores no que diz respeito às dimensões histórica e social que caracterizam a linguagem. Podemos identificar nos textos lidos, uma temática comum? Justifique sua resposta. QUESTÃO 02 Releia estes versos. Ancestrais, bisavós Cuja a voz foi silenciada E por nós sua luta não pode ser abandonada. O navio hoje é a barca Sem velas, só sirene Navegando na estrada, Hoje volantes, ontem lemes. O porão do navio Hoje é chiqueiro de camburão. A senzala virou presídio, Quilombo é favela Os zumbis pelo mundo São Malcolm X, Luther King. Zumbis ou Mandelas (RIMOGRAFIA, Navio negreiro ) A) Identifique, nesses versos, duas imagens relacionadas à escravidão e à opressão vividas pelos povos africanos em terras brasileiras. B) Explique as novas concepções que essas imagens adquirem, na atualidade, por meio do recurso da comparação. QUESTÃ0 03 3

4 Disponível em: < Acesso em: 5 mar A) A palavra branco, nas duas ocorrências, exemplifica a mesma classe gramatical? Justifique sua resposta. B) Explique a crítica social presente nesse cartum. QUESTÃ0 04 Releia estes versos. Fez o samba, fez capoeira Na poeira do serrado. Fez dos restos que lhe deram Pratos hoje contemplados. Temos força, temos fé, Que vão além dos campos e ringues. Somos negros, somos afrodescentendetes. Somos raça, somos povo, Somos tribo, somos gente. Somos sonhos, somos luta Fomos mão de obra barata Somos arte, somos cultura, Somos ouro e somos prata. Fomos tratados como nada, Trazidos como bicho Oprimidos e usados, E depois, dispensados como lixo. Temos muito que mudar, A história não acabou. Lembrar cada vida que por liberdade, Como Cristo, se sacrificou. (RIMOGRAFIA, Navio negreiro ) 4

5 Nesses versos, o eu lírico aborda uma situação que diz respeito a toda a sociedade, envolvendo tanto ele como o leitor, para construir a identidade brasileira. Nomeie a marca linguística empregada para indicar a inclusão do autor e dos seus leitores na situação. Em seguida, transcreva um trecho que exemplifique sua resposta. MRFGL/VAMR/gmf 5