Belle Époque. Antonio Castelnou
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- Adriana Miranda Carvalho
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1 Castelnou Belle Époque Antonio Castelnou
2 Introdução Na Europa, o final do século XIX foi marcado por várias declarações de insatisfação em relação ao ECLETISMO e suas citações historicistas, criticadas por sua deterioração de causas tanto técnicas como culturais. Foi na INGLATERRA que surgiu uma forte reação contra a prática eclética, mesmo ainda calcada em referências ao passado e na tentativa de reviver modos de vida e tradições antigas, mas que discutia as questões de coerência estética e unidade estilística.
3 Les Demoiselles Cahen d Anvers ou Rose et Bleue (1881) Pierre-Auguste Renoir ( ) Ao mesmo tempo, correntes artísticas apontavam o caminho para o MODERNISMO, inserindo os artistas em um novo debate como reação à arte realista, especialmente a partir de Passando a ter um profundo interesse científico, principalmente devido às teorias e aos progressos científicos decorrentes da INDUSTRIALIZAÇÃO, estes artistas deram os primeiros passos para a arte moderna.
4 Charles Baudelaire ( ) De temática alegórica e espiritual, o SIMBOLISMO foi uma corrente literária e artística iniciada por Charles Baudelaire ( ), que reagia contra os realistas e buscava expressar sentimentos pessoais e ocultos. Influenciados pelo misticismo e filosofias orientais, os artistas simbolistas passaram a explorar temas e imagens irreais, baseados em sonhos, fobias, fantasias e erotismo. Mulher sentada com Joelho levantado (1914) Egon Schiele( )
5 Gustav Klimt ( ) O Beijo (1908) O Grito (1893) Edvard Munch ( ) Retrato de Adele Bloch Bauer (1907)
6 Edgar Degas ( ) La danseuse sur scène ou L étoile (1878) Café au lait (1881) Camille Pissarro ( ) Por sua vez, o IMPRESSIONISMO foi original por ter elaborado, com base na observação da luz solar, uma TEORIA DE CORES, na qual cada artista procurava explorar a incidência dos raios solares na paisagem e na figura humana. Desenvolvida no decorrer de 08 (oito) exposições, ocorridas entre 1874 e 1910, a arte impressionista negava a linha e defendia uma concepção dinâmica do universo.
7 Le Bar aux Folies-Bergère ( ) Le déjeuner sur l'herbe (1863) Édouard Manet ( ) Claude Monet ( ) Femme a l'ombrelle tournée vers la gauche (1886) Cathédrale de Rouen (1892/94)
8 Gabrielle avec une rose (1914) Henri de Toulouse-Lautrec ( ) Au Molin Rouge (1895) La yole ou La Seine à Asnières (1879) Pierre Auguste Renoir ( ) La toilette (1889)
9 Embora com maior caráter científico, essas pinturas tinham um interesse eminentemente VISUAL, voltado apenas ao aspecto exterior, sem preocupações políticas ou sociais. Paul Signac ( ) Port de Marseille (1904) A oitava exposição impressionista apresentou um novo princípio: a dissociação das tonalidades ou mistura ótica de matizes. O divisionismo ou pontilhismo baseava-se na decomposição de tons graças a pequenas pinceladas arredondadas. Port St. Tropez (1899)
10 Georges Seurat ( ) Um dimanche après-midi à l Île de la Grande Jatte (1884) Une baignade à Asnières (1884) Les poseuses (1887/88)
11 A passagem para o século XX foi uma época de paz e prosperidade europeia, devido à expansão do comércio internacional e o aumento da confiança no PROGRESSO das classes dominantes. Considerado um segundo estágio da Rev. Industrial, esse período, que foi de cerca de 1890 até o início da Primeira Guerra Mundial (1914/18), ficou conhecido como BELLE ÉPOQUE. Lâmpada Elétrica (1879) Thomas A. Edison ( )
12 Elisha Graves Otis ( ) Plataforma Ascessora (1853) Benz 1888 A MODERNIDADE anunciava-se por invenções que mudaram a vida cotidiana, entre as quais: telefone (1876), lâmpada elétrica (1879), motor a explosão (1885), gramofone (1887), elevador (1887), ferrovia elétrica (1890), rádio (1894), cinematógrafo (1895) e avião (1903).
13 Arts & Crafts O Movimento das Artes e Ofícios (1880/90) foi ação de um grupo de artesãos britânicos, que visava a renovação do artesanato em menosprezo às artes industriais e como reação ao eclético Estilo Vitoriano. Em Londres, foram fundadas 05 (cinco) sociedades que, através de seus trabalhos em cerâmica, madeira e metais, apontavam a necessidade de se buscar originalidade, sensibilidade e simplicidade nas artes aplicadas.
14 Tecido de parede vitoriano Seus fundamentos estavam nas ideias do esteta, escritor e poeta inglês John Ruskin ( ), que buscava soluções para a degenerescência da arte de seu tempo, denunciando seu materialismo exacerbado. Atacando a MÁQUINA, para ele, a principal vilã da era industrial, difundia o retorno ao artesanato, propondo a reforma do sistema socioeconômico a partir da renovação das artes aplicadas. John Ruskin (1853/54)
15 Morris Armchair (1880) Considerado o maior discípulo de Ruskin, o arquiteto, ilustrador e ativista social William Morris ( ) procurou aplicar na prática os ideais de seu mestre, defendendo uma arte do povo para o povo e organizando grupos para a revivificação do trabalho artesanal em Londres. Brother Rabbit (1882)
16 Através de sua firma, fundada em 1861 na George Edmund St., Morris passou a criar para interiores e a vida cotidiana (papéis de parede, tecidos, tapeçarias, vitrais, móveis e ilustrações de livros), com grande unidade estilística e defendendo que o belo é o útil, mesmo ornamentado. Ilustração (1860)
17 William Morris Home Red House (1859/60, Bexleyheath, Kent GB) Philip Webb ( )
18 Philip Webb ( ) Red House (1859/60, Kent GB) Com a renovação das artes aplicadas (arquitetura e decoração), o Arts & Crafts acabou influenciando a concepção da casa britânica a partir de meados do século XIX. Aos poucos, isto modificou toda a arquitetura residencial da Europa, principalmente devido aos conceitos modernos de PRIVACIDADE e CONFORTO nos ambientes familiares.
19 A CASA INGLESA passou a ser reconhecida pelo seu sentido prático, além da liberdade espacial, bem-estar e segurança, o que influenciou a arquitetura doméstica europeia. Ao invés de se preocupar com as aparências cortesãs, os ingleses valorizavam o uso sábio dos materiais, a composição articulada, a continuidade dos ambientes e a maios intimidade e funcionalidade dos espaços. British House (1887, Londres GB) M.H. Baillie Scott ( )
20 Contraposta à metrópole o espaço público e reduto da civilização, a HABITAÇÃO UNIFAMILIAR na Inglaterra passou a representar o domínio do individual e privado; o lugar do subjetivo e primado da cultura: MY HOME IS MY KINGDOM, MY COUNTRY AND MY SOUL.
21 Andrea Palladio ( ) Villa Capra La Rotunda (1566, Vicenza - Itália) Diferentemente das casas de bases palladianas (ville italianas, châteux franceses, etc.), que partiam de um modelo unitário e abstrato (visão idealista), as CASAS INGLESAS eram formadas a partir da agregação de espaços definidos em si mesmos e organizados livremente no interior (visão pragmática). Châteu de Vaux-le-Vicomte (1658/61, Maincy - França) Nicolas Fouquet ( )
22 Cozinha (Kitchen) Salas (rooms) Despensas (pantries) Biblioteca (library) Hall social Grims Dyke House (1870/72, Harrow Weald, Londres GB) Richard N. Shaw ( )
23 Estes passaram a ser os elementos característicos da CASA INGLESA do final do século XIX: Distinção entre acesso principal (hall social) e de serviços; Espaços interconectados e articulados em plantas de diferentes níveis e pés-direitos; Pé-direito baixo nas áreas sociais de modo a tornar mais cômoda a subida para a área íntima; Acentralidade compositiva e inexistência de corredores, evitando a hierarquia espacial; Elevado grau de acabamento e instalações ligadas estritamente ao modo de vida doméstica. Edwin Lutyens ( ) Goddards House (1899/1910, Surrey GB) Newplace House (1897, Surrey GB) Charles F. A. Voysey ( )
24 Charles R. Ashbee ( ) Bookcase & crafts (1888) Além de Morris, os maiores grandes expoentes do ARTS & CRAFTS foram: Phillip Webb ( ), Richard N. Shaw ( ), Arthur H. Mackmurdo ( ), Ernest Gimson ( ), Charles F. A. Voysey ( ), Edwin Lutyens ( ) e sir Ambrose Heal ( ); além dos pintores e ilustradores Walter Crane ( ) e Charles R. Ashbee ( ).
25 Ernest Gimson ( ) Inglewood House (1892, Leicester GB) Buscando criar uma produção prática e honesta, esses artífices ingleses demonstraram a importância da unidade e funcionalidade na criação artística. Isto prenunciava o design industrial e serviu de bases para o MODERNISMO arquitetônico no início do século XX. Century Guild Chair (1883) Arthur H. Mackmurdo ( ) Swans, rush and Irises (1877) Walter Crane ( )
26 C. F. A. Voysey ( ) Estampas de padronagem (1880 s) C. R. Ashbee ( ) Chairs & Armchairs Bookcases (1905) Ernest Gimson ( ) Entretanto, com a experiência, os participantes do ARTS & CRAFTS chegaram à conclusão de que era quase impossível que a produção artística artesanal fosse barata, pois somente seria viável obter preços mais baixos às custas da desvalorização da vida e do trabalho humano.
27 William Morris ( ) Vitral da Red House (1859/60) Oak Linen Chest (1920) Sir Ambrose Heal ( ) De qualquer forma, sua ação inovadora teve um papel fundamental para a história da Arquitetura Moderna por: Defender da originalidade a todo custo, abandonando as preferências ecléticas e voltando-se para a funcionalidade; Enfatizar o trabalho simples e dedicado junto à natureza própria dos materiais, buscando a unidade estética; e Desenvolver criativas padronagens estilizadas, límpidas e geométricas, prenunciando a estandadização.
28 MOBILIÁRIO ARTS & CRAFTS
29 Art Nouveau Com muitas raízes e precursores, denomina-se ART NOUVEAU ( Arte Nova ) o conjunto de movimentos artísticos europeus, iniciados por volta de 1890, que visavam a renovação das artes aplicadas (arquitetura e decoração). Todos se caracterizavam por uma grande experiência recíproca de personalidades singulares, as quais tinham em comum única e basicamente a novidade em estilos pessoais.
30 O ART NOUVEAU manifestou-se principalmente na decoração e mobiliário, embora tenha influenciado todas as esferas da arte, inclusive moda e adereços. Foi basicamente uma criação original, que tinha por finalidade principal negar a herança artística do passado e criar algo unitário e completamente novo. Gustave Serrurier-Bovy ( ) Buffet e Coiffeuse (c.1899) Interior Eugène Vallin ( )
31 Alfons M. Mucha ( ) Les Quatre Saisons (1900) Era um estilo que expressava o tom festivo de uma moda, criado de improviso e transitório, muito mais próximo do século XIX que o XX, devido às suas raízes histórias e ideológicas. Alguns consideram-no já nascido morto, por estar preso à ORNAMENTAÇÃO e ao individualismo, mas outros destacam sua importância na ruptura de velhos conceitos. Hôtel Ciamberlani (1897, Bruxelas, Bélgica) Paul Hankar ( )
32 O elemento mais marcante do ART NOUVEAU foi a linha ondulada e assimétrica, terminada em um movimento cheio de energia como o da ponta de um chicote; e que era elegante e graciosa (Inglaterra e Escócia) ou mais dinâmica e animada (França e Bélgica).
33 Essa linha decorativa tinha fundo simbólico, onde se selecionavam ELEMENTOS NATURAIS (rebento viçoso, broto vegetal, botão floral, ovóides e contornos femininos) para expressar a alegria de viver e o nascimento de uma nova era.
34 O Art Nouveau tentava coincilar a pressão asfixiante do materialismo e do desenvolvimento tecnológico com uma atitude artística baseada nos pressupostos do SIMBOLISMO. De Dion-Bouton Vis-à-vis (1901) Por isso, houve o rápido desaparecimento do estilo, que já a partir de 1910 tornou-se raro: não sabia como relacionar a MÁQUINA com as exigências da arte.
35 O berço do Art Nouveau foi a BÉLGICA, que, independente da Espanha desde 1830, transformou-se em um centro de indústrias de luxo e pólo de atração comercial a partir de 1865, durante o reinado de Leopoldo II ( ). O novo estilo eclodiu com os trabalhos de Paul Hankar ( ), Victor Horta ( ) e Henry van de Velde ( ), além de vários outros expoentes. Leopoldo II ( )
36 Hôtel Tassel (1892/93, Bruxelas, Bélgica) Victor Horta ( )
37 Hôtel Horta (1898/1901, Bruxelas, Bélgica)
38 Armchairs (1896) Nostiz Armchair (1904/05) Apesar do pioneirismo de Horta, foi Henry van de Velde ( ) quem teorizou o novo estilo, inspirando-se na natureza ao definir a LINHA como o elemento estruturador da arquitetura Para ele, a linha seria o caminho natural das forças de cujo confronto nasceriam as formas: nascia assim o ORNAMENTO ESTRUTURAL, de cunho subjetivo.
39 Die linie ist eine kraft. Van de Velde (1902) Segundo Van de Velde, a LINHA sugere a ação de uma força que se expressa através da tensão e da elasticidade: um drama que deve ser imprimido na matéria. Assim, todos os objetos utilitários deveriam ser ondulados e decorados linearmente, criando uma empatia estética com o corpo.
40 Aplicava-se assim a TEORIA DE EINFÜHLUNG (empatia estética), que defendia a afinidade subjetiva entre sujeito e objeto: o homem projeta-se sentimentalmente nas coisas e o inverso criaria o gozo estético. Tal teoria de bases alemães e românticas acreditava que deve haver uma correspondência entre a realidade física e psíquica: a forma segue a natureza. Villa Esche (c.1900, Chemnitz, Alemanha) H. Van de Velde )
41 Leitura Complementar APOSTILA Capítulos 02 e 03. ADAMS, S. The Arts & Crafts Movement. London: Quintet Publishing Limited, BENEVOLO, L. História da arquitetura moderna. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, CHAMPIGNEULLE, B. A arte nova. Lisboa: Verbo, PEVSNER, N. Origens da arquitetura moderna e do design. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, Os pioneiros do desenho moderno. São Paulo: Martins Fontes, SEMBACH, K. J. Arte nova: a utopia da reconciliação. Köln: Benedikt Taschen, 2007.
Estilo Vitoriano. Alexandrina Victoria ( )
CASTELNOU Assinado de forma digital por CASTELNOU DN: cn=castelnou, c=
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