PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA RETROVENDA. Artigos 505 a 508 do CC

Transcrição

1 RETROVENDA Artigos 505 a 508 do CC

2 1. Conceito de retrovenda - Art. 505 do CC 2. Requisitos - Art. 505 do CC O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.

3 3. Requisitos bem imóvel prazo decadencial de três anos (a partir do dia em que se concluiu o contrato) preço recebido (juros e correção monetária) reembolso das despesas e benfeitorias necessárias (autorização por escrito)

4 ATENÇÃO: É ilegal utilizar a cláusula de retrovenda para mascarar empréstimo usurário.

5 Apelação. Ação de adjudicação compulsória. Sentença de improcedência. Inconformismo da autora. Contrato de Compra e Venda com Cláusula de Retrovenda. Simulação. Negócio jurídico realizado com o fito de prestar garantia a empréstimo com juros usurários. Nulidade. Manutenção da sentença por seus próprios fundamentos (art. 252 RITJSP). Recurso não provido. (Apelação nº ( 3015/2009) - Voto nº LBP - Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo)

6 OBSERVAÇÃO: A retrovenda é uma cláusula contratual acessória e sua nulidade não afeta a validade do contrato de compra e venda.

7 4. RECUSA DO CUMPRIMENTO DA CLÁUSULA DE RETROVENDA: consequências jurídicas - Art. 506 do CC Ações judiciais que envolvem a cláusula de retrovenda

8 1- Por parte do vendedor a) Consignação em pagamento - arts. 539 a 549 do CPC b) Ação de Reintegração de Posse - arts. 560 a 566 do CPC

9 1- Por parte do vendedor a) Consignação em pagamento - arts. 539 a 549 do CPC Art. 506 do CC: Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente. Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador.

10 2- Por parte do comprador a) Adjudicação compulsória - Artigos 15 e 16 do Decreto-Lei n. 58/37 e Artigos e do CC.

11 ATENÇÃO: Se houver simulação no contrato de compra e venda com cláusula de retrovenda, a ação será a Ação Declaratória de Nulidade de Ato Jurídico, com base legal no art. 167 do CC

12 5. Direito de Retrato Art. 507 do CC O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra o terceiro adquirente.

13 -Cessão e transmissão causa mortis do direito de retrato O exercício da retrovenda é cessível e transmissível por ato causa mortis. Falecendo o vendedor, seu direito de resgate passará a ser exercido por seus herdeiros legítimos, seguindo-se a ordem da vocação hereditária, ou testamentários ou de seus legatários, se houver testamento que atribua o direito de retrato em forma de legados.

14 6. DOIS OU MAIS VENDEDORES - DIREITO DE RETRATO Art. 508 do CC Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel, e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral.

15 - Se dois vendedores ou mais tiverem direito ao retrato sobre o mesmo bem imóvel, e só uma exercer o direito de retrato, o comprador deverá intimar os outros para nele acordarem, prevalecendo o pacto em favor daquele que efetivou o depósito, desde que seja integral.

16 VENDA A CONTENTO (sujeita à experimentação) Artigos 509 a 512 do CC

17 1. Conceito Art. 509 do CC A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.

18 Condição suspensiva = evento futuro e incerto

19 2. Venda sujeito a prova Art. 510 do CC Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina.

20 ATENÇÃO Venda a contento = não há justificativa Venda sujeito a prova = há justificativa

21 Art. 511 do CC Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que recebeu, sob condição suspensiva, a coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la.

22 Art. 512 do CC Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor terá direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável.

23 Da Preempção ou Preferência Artigos 513 a 520 do CC

24 1. Conceito Art. 513 do CC A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto.

25 ATENÇÃO O prazo para o exercício do direito de preferência não poderá exceder 180 dias para bem móvel e dois anos para bem imóvel a partir da data da tradição ou do registro.

26 O vendedor ou ex-proprietário não será obrigado a esperar que o comprador notifique-o da pretensão de alienar o bem. Ele poderá antecipar-se, intimando, judicial ou extrajudicialmente, o comprador, assim que tiver conhecimento de que este irá vender a coisa, sua intenção de valer-se de seus direitos de preferência, ante seu interesse de readquirir a coisa (Art. 514 do CC)

27 Sendo assim, o prazo decadencial de 180 dias para anular o negócio jurídico findou em 21 de abril de 2014, e a ação foi proposta apenas no dia 22 de abril de O termo final do prazo decadencial que coincide com data de feriado forense não se prorroga para o primeiro dia útil posterior, pois os prazos suspensos por conta de feriados forenses dizem respeito apenas aos processuais, e não aos de direito material. Tribunal de Justiça de São Paulo (Apelação nº )

28 O vendedor ou ex-proprietário não será obrigado a esperar que o comprador notifique-o da pretensão de alienar o bem. Ele poderá antecipar-se, intimando, judicial ou extrajudicialmente, o comprador, assim que tiver conhecimento de que este irá vender a coisa, sua intenção de valer-se de seus direitos de preferência, ante seu interesse de readquirir a coisa (Art. 514 do CC)

29 Art. 515 do CC Aquele que exercer a preferência está, sob pena de a perder, obrigado a pagar, em condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado.

30 OBSERVAÇÃO Para o exercício do direito, o vendedor tem o prazo de três dias, se o bem for móvel, ou sessenta dias, se for imóvel, contados da data em que o comprador tiver notificado o vendedor original.

31 2. Direito de perempção estipulado em favor de dois ou mais preemptores Art. 517 do CC Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais indivíduos em comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se alguma das pessoas, a quem ele toque, perder ou não exercer o seu direito, poderão as demais utilizá-lo na forma sobredita.

32 O proprietário que alienar o bem sem dar ciência àquele que tem preferência na compra do bem (preemptor) responderá por perdas e danos. (Art. 518 do CC)

33 Age de má-fé o adquirente do bem alienado se, ciente da cláusula de preempção, ou preferência, adquiri-lo, respondendo solidariamente com o vendedor as perdas e danos.

34 O pacto de preempção gera direito estritamente pessoal entre comprador e vendedor, inoponível ao terceiro adquirente.

35 A ação de violação do pacto de preempção é somente indenizatória, e não reipersecutória.

36 O dano possível, em decorrência da violação ao direito de preferência, corresponderia à diferença entre o valor de venda do imóvel e o valor de mercado, se este fosse maior do que aquele.

37 Ação anulatória de compra e venda de imóvel c.c. indenização por perdas e danos e pedido de adjudicação de imóvel pela preterição de direito de preempção.

38 RETROCESSÃO A retrocessão consiste no dever imposto ao poder desapropriante, no caso de pretender vender o imóvel desapropriado, de oferecê-lo ao ex-proprietário pelo mesmo preço por que foi desapropriado, caso não tenha o destino para o que se desapropriou.

39 Art. 519 do CC Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa.

40 A prelação é um direito pessoal, por isso intransmissível. Não poderá ser cedido por ato inter vivos nem passar a herdeiros do preemptor por causa mortis. Art. 520 do CC O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros.