EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO.

Transcrição

1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO. Autos nº Acórdão Recurso Ordinário nº ª Turma JOSÉ MARIA GONÇALVES OSORIO, já qualificado nos autos da Reclamação Trabalhista proposta em face de SAVOLIDO COMERCIAL E IMÓVEIS LTDA e outros, vem perante V.Exa., por seus advogados, interpor RECURSO DE REVISTA, nos termos do artigo 896, alíneas a e c da CLT, isto é, com base na afronta da Súmula 338, III, do TST, e na violação do artigo 7º, XXII, da CF, requerendo o seu processamento e o envio das suas razões ao Egrégio Tribunal Superior do Trabalho. Nestes Termos Pede deferimento São Paulo, 06 de maio de MARCO ANTONIO SILVA DE MACEDO JUNIOR OAB/SP INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 23 DO TST: - procuração do patrono do recorrente (fls. 30) - sentença de 1ª instância (fls. 250/256) - acórdão do Recurso Ordinário (fls. 333/339) - data da publicação do acórdão (28/04/16) (fls. 340)

2 RAZÕES DE RECURSO DE REVISTA RECORRENTE: RECORRIDO: José Maria Gonçalves Osorio Savolido Comercial e Imóveis Ltda e outros ORIGEM: Autos nº da 9ª Turma do TRT da 02ª Região. EGRÉGIO TRIBUNAL, COLENDA TURMA, Não concorda o recorrente com o V. Acórdão Regional que reformou parcialmente a sentença de 1ª instância, julgando improcedente o pagamento de horas extras e a indenização por danos morais. Informa o recorrente que toda a matéria já foi prequestionada, atendendo ao disposto na súmula 297 do TST, e não há necessidade de reexaminar fatos e provas, pois das razões de decidir do regional se extrai as referidas violações e divergências. Já é incontroverso dos autos que os cartões de ponto juntados pela reclamada são invariáveis e que houve a invasão no local de trabalho com o furto de todos os pertences do obreiro. Desta forma, trata-se de uma questão de direito sobre violação da lei federal, jurisprudência pacífica do TST e divergência jurisprudencial de outro TRT. 1. DA JORNADA DE TRABALHO JUNTADA PELA RECLAMADA DE CARTÕES BRITÂNICOS AFRONTA A SÚMULA 338, III, DO TST INVALIDADE DOS CONTROLES APRESENTADOS APLICAÇÃO DO ARTIGO 896, a, DA CLT Não concorda o reclamante com o acórdão da 9ª Turma do TRT da 2ª Região que indeferiu o pagamento de horas extras e seus reflexos.

3 Entende o recorrente que o acórdão do TRT/SP afronta a literalidade da Súmula 338, III, do TST, pois o Egrégio Sodalício entendeu por bem negar provimento ao recurso ordinário do reclamante e manter a sentença de 1ª instância que considerou a jornada de trabalho apontada nos cartões de ponto. SÚMULA DO TST Nº 338 JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA. III Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir. DA TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO RECORRIDO QUE FUNDAMENTA AS RAZÕES RECURSAIS APLICAÇÃO DO ARTIGO 896, 1-A, I, DA CLT Não concorda o reclamante com a fundamentação do acórdão do TRT/SP que indeferiu a aplicação da jornada de trabalho mencionada na petição inicial. Vejamos as razões de decidir da Ilustre Desembargadora Regional ao julgar o recurso do reclamante, que s.m.j., afronta a literalidade da Súmula 338, III, do TST: [] 1. Das horas extras e reflexos Improcede o inconformismo. No mais, as folhas de presença juntadas aos autos (documentos 15/80, volume de documentos das reclamadas) de fato encerram, em sua totalidade, registros uniformes de entrada e saída do trabalho, o que, em princípio, ensejaria, pela inverossimilhança de que se revestem, a aplicação do item III da Súmula 338, do C. TST, com a consequente presunção de veracidade dos horários relatados na inicial. Contudo, não se pode ignorar que o reclamante, em audiência, confessou a exatidão das anotações efetuadas, dizendo que anotava exatamente a hora que começava e parava de trabalhar (fl. 248).

4 Assim, por inverossímeis que possam parecer as anotações nos controles de ponto, devem elas prevalecer como registros fiéis da jornada de trabalho, em detrimento dos horários declinados na inicial, pois assim o confessou o autor. [] Não concorda o reclamante com a fundamentação mencionada no r. acórdão regional, pois é humanamente impossível o reclamante ter laborado exatamente no mesmo horário de trabalho de 2009 a Todos os cartões apontam a jornada de trabalho contratual (cartões britânicos). DA TRANSCRIÇÃO DO DISPOSITIVO VIOLADO - SÚMULA 338, III, DO TST - QUE FUNDAMENTA AS RAZÕES RECURSAIS APLICAÇÃO DO ARTIGO 896, 1-A, II E III, DA CLT Não concorda o reclamante com a fundamentação do acórdão do TRT/SP que indeferiu a aplicação da jornada de trabalho mencionada na petição inicial. Registre-se que o TST já pacificou na jurisprudência que os cartões de ponto britânicos são nulos e o ônus da prova passa a ser da reclamada. SÚMULA DO TST Nº 338 JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA. III Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir. A Reclamada juntou aos autos os controles de horário dos meses de janeiro/2009 até junho/2014. É humanamente impossível o reclamante ter laborado exatamente no mesmo horário de trabalho de 2009 a 2014.

5 O reclamante laborava das 06:30 às 18:30 de 2ª a domingo com 1 hora e 30 minutos de intervalo para refeição e descanso. Desta forma, deve prevalecer a jornada de trabalho apontada na petição inicial, fazendo jus o obreiro ao pagamento das horas extras (normais e decorrentes do intervalo para refeição e descanso), bem como seus reflexos para todos os efeitos legais. 2. INVASÃO DO LOCAL DE TRABALHO FURTO DE TODOS OS PERTENCES DO OBREIRO FALTA DE PROTEÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL DE OUTRO TRT APLICAÇÃO DO ARTIGO 896, c, DA CLT Não concorda o reclamante com o acórdão da 9ª Turma do TRT da 2ª Região que indeferiu o pagamento de indenização por danos morais e materiais. Entende o recorrente que o acórdão do TRT/SP afronta a literalidade do artigo 7º, XXII, da Constituição Federal, pois o Egrégio Sodalício entendeu por bem dar provimento ao recurso ordinário da reclamada e reformar a sentença de 1ª instância que considerou a violação da intimidade e privacidade do trabalhador. CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXII redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; DA TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO RECORRIDO QUE FUNDAMENTA AS RAZÕES RECURSAIS APLICAÇÃO DO ARTIGO 896, 1-A, I, DA CLT

6 Não concorda o reclamante com a fundamentação do acórdão do TRT/SP que indeferiu o pagamento da indenização por danos morais. Vejamos as razões de decidir da Ilustre Desembargadora Regional ao julgar o recurso do reclamante, que s.m.j., afronta a literalidade do artigo 7º, XXII, da Constituição Federal: [] 3. Da indenização por danos materiais e morais Cumpria ao reclamante, portanto, como seu proprietário, zelar pela conservação de tais bens, alguns deles, ressalte-se, de pequeno porte e facilmente transportáveis. A perda ou extravio desses pertences não pode ser considerada de responsabilidade das reclamadas, pois, como já acentuado, a situação de risco que sobre eles pendia era notória e não poderia ser razoavelmente ignorada pelo autor, e isso a despeito da falta de aviso oportuno sobre a ordem de reintegração. Não se configura, por conseguinte, a hipótese de responsabilização das reclamadas pelo dano, de caráter material, sofrido pelo autor com o extravio de seus bens. Quanto ao dano moral alegado, envolve eles os direitos da personalidade, assim entendidos como os direitos essenciais da pessoa, aqueles que formam a medula da personalidade, os direitos próprios da pessoa em si, existentes por natureza, como ente humano, ou ainda os direitos referentes às projeções da pessoa para o mundo exterior, em seu relacionamento com a sociedade. Está claro que, também sob esse aspecto, nenhuma responsabilidade pesa sobre as rés, que não praticaram ato ou omissão passível de afetar a esfera dos direitos de personalidade do reclamante. Reformo o julgado, por conseguinte, para dele excluir a condenação a título de indenização por danos materiais e morais, no importe de R$ ,00. [] Não concorda o reclamante com a fundamentação mencionada no r. acórdão regional, pois como o reclamante morava no imóvel da 1ª reclamada a mesma tinha a obrigação de zelar pela sua segurança e pelos pertences do reclamante, ou seja, a reclamada tem a obrigação de zelar pelo ambiente de trabalho do seu empregado.

7 DA TRANSCRIÇÃO DO DISPOSITIVO VIOLADO ARTIGO 7º, XXII, DA CF - QUE FUNDAMENTA AS RAZÕES RECURSAIS APLICAÇÃO DO ARTIGO 896, 1-A, II E III, DA CLT Não concorda o reclamante com o acórdão da 9ª Turma do TRT da 2ª Região que indeferiu o pagamento de indenização por danos morais e materiais. Registre-se que a Constituição Federal determina a obrigação do empregador cuidar do ambiente de trabalho do seu empregado, ou seja, o ônus é do empregador e não do empregado. CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXII redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; O reclamante foi contratado pela 1ª reclamada para fazer a guarda/segurança de suas propriedades/imóveis para que não ocorressem as invasões pelo movimento sem teto. O obreiro era o único responsável pela segurança do local de trabalho e morava nas dependências do imóvel da 1ª reclamada. O reclamante efetuou um Boletim de Ocorrência para registrar o esbulho possessório em propriedade das reclamadas no dia 08/03/2014 (doc. 15 do volume de documentos do reclamante). Ocorre que no dia 27 de junho de 2014 houve a reintegração de posse do imóvel e o gerente de patrimônio das reclamadas (Sr. Osvaldo Campos) não comunicou o obreiro sobre essa reintegração, sendo que todos os seus pertences que estavam em sua moradia foram subtraídos/furtados pelo movimento sem teto (doc. 16 do volume de documentos do reclamante).

8 Registre-se que a reclamada sabia da reintegração de posse (doc. 13), mas de forma dolosa não comunicou o obreiro para se preparar e proteger a sua moradia contra o movimento, situação esta incompatível com a dignidade da pessoa humana e com a valorização do trabalho, asseguradas pela Constituição Federal. Esclarece o obreiro que todas as suas coisas foram levadas/saqueadas pelos invasores do movimento sem teto (doc. 16). Os responsáveis das reclamadas extrapolaram totalmente o poder diretivo do empregador, sendo que as reclamadas tomando a atitude de não comunicarem o obreiro da reintegração de posse agrediram a sua honra, sua privacidade e a sua intimidade ao ter todos os seus pertences saqueados. Desta forma, deve ser restabelecida a sentença de 1º grau, fazendo jus o obreiro ao pagamento da indenização por danos morais e materiais. Diante do exposto, requer o Reclamante-recorrente seja dado provimento ao Recurso de Revista para reformar o v. acórdão do TRT da 2ª Região para restabelecer a sentença de 1ª Instância e julgar procedente o pedido de pagamento das horas extras (normais e decorrentes do intervalo para refeição e descanso) e seus reflexos, bem como julgar procedente o pedido de indenização por danos morais e materiais. Nestes Termos Pede deferimento São Paulo, 06 de maio de MARCO ANTONIO SILVA DE MACEDO JUNIOR OAB/SP RECURSO DE REVISTA SAVOLIDO ZE MARIA