PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

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Ian de Caminha Viveiros
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1 ACÓRDÃO 9ª Turma ESTABILIDADE GESTANTE. PRAZO PARA AJUIZAMENTO DA AÇÃO. Segundo dispõe o art. 7º, XXIX da CF/88, é direito do trabalhador propor ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho, não existindo no ordenamento jurídico norma diversa em relação à empregada dispensada quando se encontra em estado gravídico, que também poderá exercer seu direito dentro do biênio posterior à sua dispensa. Recurso a que se dá provimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso ordinário em que são partes: JOYCE SOARES LIMA (Dr. Beethoven Cavalhieri de Araujo Brandão, OAB/RJ: D), como recorrente e L.E.T. SERVIÇOS TEMPORÁRIOS LTDA., (Dr. Sergio Luiz Queiroz Duarte, OAB/RJ: D) e CONDOMÍNIO CENTRO EMPRESARIAL BARRA SHOPPING (Dr. Luiz Guilherme Moreira Alves, OAB/RJ D), como recorridos. Insurge-se a reclamante em face da r. sentença de fls. 61/62, proferida pelo MM. Juízo da 77ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, da lavra da Exma. Juíza Cristina Almeida de Oliveira, que julgou improcedentes os pedidos contidos na petição inicial. Sustenta a recorrente nos argumentos revisionais de fls. 64/69, em síntese, a procedência dos pleitos de estabilidade gestante e imediata reintegração ao emprego, bem como responsabilidade subsidiária da segunda ré. Custas inexigíveis, ante o deferimento da gratuidade de Justiça

2 Contrarrazões às fls. 72/75, pela manutenção do julgado a quo. Deixo de encaminhar os autos ao douto Ministério Público do Trabalho, eis que não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no art. 85, I, do Regimento Interno, do E. Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região. É o relatório. DO CONHECIMENTO admissibilidade. Conheço do recurso ordinário por preenchidos os pressupostos de MÉRITO DA ESTABILIDADE GESTANTE A r. sentença julgou improcedente o pleito, sob o fundamento de que a autora foi admitida em mediante contrato de trabalho por experiência por três meses e depois contratada novamente nos mesmos moldes por mais 45 dias prorrogados em e dispensada em ; que a autora ajuizou a presente ação em , mais de um ano após a sua dispensa; que o contrato de trabalho é sinalagmático e o direito conferido é ao emprego e não a ficar em casa recebendo salários como contraprestação de um serviço que não foi executado, não podendo a ré ser penalizada a pagar salários enquanto a parte autora permanece em casa; que, ademais, a autora engravidou no curso do aviso prévio, demonstrando que não houve má fé da ré em dispensa-la; que, embora o aviso prévio indenizado faça parte do tempo de serviço, neste caso após o pagamento das verbas rescisórias ao empregado sem prestação de serviços, o tempo de serviço só é computado para fins previdenciários (fls. 61/62). Sustenta a recorrente que nada mais fez do que exercer seu direito de ação dentro do prazo legal, no dia , antes do nascimento de seu filho; que

3 a reclamada jamais colocou o emprego à disposição da recorrente; que faz jus a estabilidade. Com razão. Inicialmente, registre-se que segundo dispõe o art. 7º, XXIX da CF/88, é direito do trabalhador propor ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho, não existindo no ordenamento jurídico norma diversa em relação à empregada dispensada quando se encontra em estado gravídico, que também poderá exercer seu direito dentro do biênio posterior à sua dispensa, prazo que foi corretamente observado pela reclamante que, inclusive ajuizou a presente ação em sete meses após a dispensa ocorrida em , e antes mesmo do nascimento de seu filho, que ocorreu em O artigo 10, inciso II, "b", do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da CRFB garante estabilidade provisória no emprego à gestante, desde a confirmação da gestação até cinco meses após o parto, e não exige que o empregador seja comunicado para que a empregada tenha direito à garantia ali prevista. A responsabilidade encartada na norma constitucional é do tipo objetiva, bastando que no ato da dispensa estivesse grávida a reclamante para ser beneficiada com a proteção à despedida arbitrária. Nessa direção é o entendimento pacificado na alta corte trabalhista consagrado na Súmula 244, I, in verbis: SUM-244 GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 88 e 196 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e

4 I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, "b" do ADCT). (ex-oj nº 88 da SBDI-1 - DJ e republicada DJ ) II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. (ex- Súmula nº 244 alterada pela Res. 121/2003, DJ ) III - Não há direito da empregada gestante à estabilidade provisória na hipótese de admissão mediante contrato de experiência, visto que a extinção da relação de emprego, em face do término do prazo, não constitui dispensa arbitrária ou sem justa causa. (ex-oj nº 196 da SBDI-1 - inserida em ) Na hipótese dos autos, o TRCT de fl. 46 noticia que a autora foi admitida aos quadros da primeira ré (LET) mediante Contrato de Prestação de Serviços Temporários restando consignado na cláusula primeira do referido instrumento que o contrato se iniciou em até três meses. Em , sem solução de continuidade na prestação dos serviços, a autora firmou (sic) Contrato de Experiência com a mesma ré (fl. 12) o qual indica o início do contrato em até , constando do parágrafo 1º do item 2 que ao término do referido período o contrato seria prorrogado por mais 45 dias, ficando definitivamente extinto em , circunstância que não ocorreu, uma vez que, repise-se, a autora foi efetivamente dispensada em (fl. 11). Portanto, ao que se depreende, data venia do Juízo primeiro, a autora

5 não estava em experiência por ocasião de sua dispensa, porquanto trabalhou para ré sem solução de continuidade desde até , onze meses, portanto, em razão da projeção do aviso prévio. Ademais o laudo da ultrassonagrafia de fl. 14 comprova que a autora em já se encontrava com gestação em torno de seis semanas, tendo a criança nascido em (fl. 22), circunstância que comprova que à época da resilição contratual havida em a gravidez já existia. Entretanto, tratando-se de estabilidade provisória, não há que se falar em reintegração, sobretudo por estar o período encerrado. Nesta linha, impõe-se a reforma da decisão para condenar a reclamada ao pagamento de indenização correspondente aos salários, férias, décimos terceiros salários, FGTS e multa indenizatória de 40%, conforme item 'b' da inicial, desde o afastamento até 15/11/2011. Dou provimento. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA SEGUNDA RÉ O Contrato de Prestação de Serviços acostado a fl. 12 evidencia que a reclamante foi contratada para prestar serviços junto à segunda ré CONDOMINIO CENTRO EMPRESARIAL BARRA SHOPPING, sendo certo que consta da folha de Registro de Empregado (fl. 48) expressamente a indicação do nome da reclamante como recepcionista do referido Condomínio, circunstância que justifica a condenação subsidiária da tomadora dos serviços. Dou provimento

6 CONCLUSÃO Pelo exposto, CONHEÇO do recurso ordinário, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO, para condenar a primeira reclamada sendo a segunda ré de forma subsidiária - ao pagamento de indenização correspondente aos salários do período, férias, décimos terceiros salários, FGTS e multa indenizatória de 40%, conforme item 'b' da inicial, nos termos da fundamentação supra. Invertem-se os ônus de sucumbência. Mantido o valor da causa. A C O R D A M os Desembargadores que compõem a 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, nos termos da fundamentação do voto da Exma. Sra. Relatora, CONHECER do recurso ordinário e, no mérito, por maioria, DAR-LHE PROVIMENTO para condenar a primeira reclamada - sendo a segunda ré de forma subsidiária - ao pagamento de indenização correspondente aos salários do período, férias, décimos terceiros salários, FGTS e multa indenizatória de 40%, conforme item 'b' da inicial. Invertidos os ônus de sucumbência. Mantido o valor da causa. Restou vencida a Juíza Dalva Amelia de Oliveira. Rio de Janeiro, 18 de Junho de Desembargadora Federal do Trabalho Claudia de Souza Gomes Freire Relatora rej

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