PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

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1 Acórdão 8a Turma RECURSO ORDINÁRIO. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA DA ENTREGA DAS GUIAS DO SEGURO DESEMPREGO. A substituição da entrega das guias do seguro desemprego, quando já ultrapassado o prazo de percepção desse benefício, pela indenização equivalente, encontra amparo no art. 927 do Código Civil de 2002, que estabelece que, aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Nesse sentido é a Orientação Jurisprudencial 211 da Eg. SDI-1 do TST. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso ordinário, oriundos da MM 2ª Vara do Trabalho de Nova Iguaçu, em que são partes: SUPERMERCADOS VIANENSE LTDA., como recorrente, e SHIRLEI VACCARIELLO FERNANDES, como recorrido. Inconformado com a r. sentença de fls. 231/237, que julgou procedente em parte o pedido, da lavra do ilustre Juiz Marcos Dias de Castro, complementada às fls. 241 pela r decisão de embargos de declaração, recorre ordinariamente o reclamado, consoante razões de fls. 244/247. Sustenta, em síntese, que restaram demonstrados sobejamente os motivos ensejadores da dispensa sumária, por conta de sobra no caixa, já tendo recebido quatro punições anteriormente por tais erros na operação

2 do caixa, que a reclamante reconheceu as assinaturas constantes dos documentos de punição juntados com a defesa; que são indevidas as verbas rescisórias postuladas, bem como a entrega das guias de FGTS com código de saque; caso mantida a condenação, requer que a condenação concernente ao pedido de letra J se limite à entrega das guias para a habilitação do seguro-desemprego, exatamente como postulado na inicial; que improcede a diferença de horas extras, pois não há provas da inidoneidade dos controles de jornada. Preparo comprovado às fls. 248/249. recorrida. Contra-razões às fls. 253/257, prestigiando a sentença Sem remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho em atendimento ao disposto no art 84 do Regimento Interno desta Corte, bem como no OF/PDT-1ª Reg. Nº 131/2004. É o relatório. VOTO ADMISSIBILIDADE admissibilidade. Conheço do recurso por atendidos os pressupostos legais de

3 MÉRITO DA JUSTA CAUSA - DESPROPORCIONALIDADE ENTRE A FALTA COMETIDA E A PUNIÇÃO APLICADA Insiste o reclamado na aplicação da dispensa por justa causa sustentado que restaram provados os motivos ensejadores da dispensa sumária, por conta de sobra no caixa. Em sua defesa, o reclamado alegou que a reclamante foi dispensada por justa causa em 21/02/2005, pois ao passar as mercadorias em seu checkaut, digitava o código de algumas comprar apenas para visualização na tela, sendo que recebia o valor dos clientes, limpava a tela, sem, contudo, registrar o valor de alguns produtos, colocando a importância correspondente atrás da gaveta destinada à guarda de numerários. Afirmou, ainda, que a reclamante já teria sido advertida anteriormente por motivos semelhantes - fls. 94. A reclamante exerceu a função de operadora de caixa no curso do contrato de trabalho, de 06/07/2000 a 21/02/2005. Os documentos de fls. 108/110, noticiam que a reclamante já havia sido advertida pela falta de caixa em diversas ocasiões. E a reclamante reconheceu, em depoimento pessoal (fls. 222) sua assinatura nos referidos documentos

4 No entanto, colhe-se do depoimento do preposto da ré (fls. 223), que, embora a reclamante já tivesse sido advertida por sobra ou falta de caixa, especificamente pela conduta narrada na defesa como ensejadora da dispensa sumária não havia sido punida anteriormente. Verifica-se que a conduta que ocasionou a dispensa da reclamante é distinta daquelas registradas nas advertências. Trata-se de fatos isolados e como tais aquelas advertências não servem para demonstrar que a reclamante já havia sido punida anteriormente por tal circunstância. Além disso, observe-se que a testemunha da ré, ouvida às fls. 226, que era chefe da reclamante, não confirma a teste da defesa. Pelo contrário, declarou que sabe que deu uma sobra de caixa mas não sabe dizer quanto que foi;... que não aconteceu da reclamante passar um produto e não registrar no caixa. Logo, as alegações deduzidas na defesa como ensejadoras da justa causa não restaram comprovadas. Desse modo, deve ser elidida a justa causa, sendo procedente o pagamento das verbas rescisórias, nos termos da sentença de piso. Nego provimento. DA HORA EXTRA SEMANAL - LABOR SEM REGISTRO Diversamente do que afirma o reclamado, restou demonstrado a

5 inidoneidade da jornada de trabalho lançada nos registros de ponto no que tange a marcação do horário de saída às sextas-feiras e aos sábados, dias em que a reclamante trabalhava mais trinta (30) minutos após lançar o horário de saída no controle de ponto, conforme se colhe do depoimento testemunhal consignado às fls Assim, faz jus a reclamante ao pagamento de mais uma hora extras semanal, acrescida do adicional de 50%, que por habituais, integrarse-à ao salário gerando as projeções nas verbas salariais e rescisórias postuladas, nos termos da sentença de piso. Nego provimento. DA INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA DO SEGURO DESEMPREGO O pedido feito na alínea J da inicial, é liberação da guia do seguro-desemprego ou de indenização equivalente - fls. 9. Assim, o juízo apenas deferiu o pedido sucessivo porque não seria possível o recebimento do seguro-desemprego por meio das guias próprias, já que ultrapassado o prazo de habilitação para o referido benefício, decisão que encontra respaldo no art. 927 do Código Civil, que estabelece: aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano ou prejuízo a outrem, fica obrigado a repará-lo. É inegável o dano causado à reclamante pelo reclamado, ante o decurso do tempo entre a data da rescisão contratual e o momento da

6 habilitação, ficando obrigada a repará-lo. do TST, verbis: Nesse sentido é a Orientação Jurisprudencial 211 da Eg. SDI-1 SEGURO-DESEMPREGO. GUIAS. NÃO LIBERAÇÃO. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. O não-fornecimento pelo empregador da guia necessária para o recebimento do seguro-desemprego dá origem ao direito à indenização. Nego provimento. CONCLUSÃO Pelo exposto, decide este Relator conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento. A C O R D A M os Desembargadores da Oitava Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, por unanimidade, negar-lhe provimento. Rio de Janeiro, 21 de setembro de Desembargador Federal do Trabalho Alberto Fortes Gil Relator

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