Wanda Pinho de Oliveira. Serviço Federal de Processamento de Dados SERPRO

Transcrição

1 ACÓRDÃO 6ª TURMA ANISTIA LEI 8878/94. A anistia concedida pela Lei 8878/94 em nenhum momento deferiu aos exempregados demitidos o direito à reintegração, mas sim a mera readmissão, sem qualquer efeito pecuniário retroativo. Neste sentido a OJ transitória 56 do E. TST. Recorrente: Recorrido: Wanda Pinho de Oliveira Serviço Federal de Processamento de Dados SERPRO Trata se de recurso ordinário interposto pela pela Autora às fls. 311/329, que se insurge contra sentença da 60ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, proferida pelo juiz Paulo Guilherme Santos Périssé às fls. 306/307, que julgou improcedentes os pedidos formulados. A Autora pretende a reforma da sentença visando a procedência do pedido de contagem do tempo de afastamento para todos os efeitos, com exceção do pagamento de salários, argumentando que a sua dispensa caracteriza se como ato nulo e que, portanto, seu retorno ao trabalho com amparo na Lei 8878/94 deve ser entendido como reintegração e não como readmissão. Dispensado o recolhimento das custas, ante a gratuidade de justiça. do recurso. A Ré apresenta contrarrazões às fls. 337/349. Pugna pelo não provimento Manifestação do Ministério Público às fls. 352/353, opinando pelo

2 conhecimento e desprovimento do recurso. É o relatório. FUNDAMENTAÇÃO Conhecimento Por satisfeitos os pressupostos de admissibilidade, analisa se o recurso. Mérito Dos efeitos jurídicos da anistia A Autora, por força da Lei 8.878/94, retornou ao serviço em 06/04/2009. Alegando que sua dispensa se consubstanciou em ato nulo e que se trata de hipótese de reintegração, pretende a contagem do tempo de afastamento para todos os efeitos com exceção do pagamento retroativo de salários. O que se verifica é que toda a tese desenvolvida pela Autora é de que a anistia implicaria em sua reintegração ao emprego e não em sua readmissão. Com isso, teria direito a todas as vantagens que deixou de receber no período. No entanto, não cabe a reintegração, mas sim a readmissão, pois a anistia concedida pela Lei 8.878/94 em nenhum momento deferiu aos ex empregados demitidos o direito à reintegração. Na verdade, o direito deferido foi apenas de readmissão, conforme se

3 constata do art. 6º da Lei 8.878/94, que somente permite efeitos financeiros após a readmissão e proíbe qualquer pagamento de vantagens retroativas: Art. 6 A anistia a que se refere esta Lei só gerará efeitos financeiros a partir do efetivo retorno à atividade, vedada a remuneração de qualquer espécie em caráter retroativo. Pode não ter sido e certamente não foi o ideal para reparar os danos causados a todos os trabalhadores demitidos naquele período, em razão de uma política governamental pautada pelo desmonte do Estado. No entanto, a Lei 8.878/94, com suas limitações, foi a conquista obtida no momento político que se seguiu. Por isso, nos termos da Lei 8.878/94, os pedidos formulados, que pretendem transmudar a readmissão em reintegração, não têm qualquer amparo legal, muito ao contrário são expressamente vedados pelo art. 6º. Admitir se a contagem do tempo de serviço para efeitos de reenquadramento e adicional por tempo de serviço importaria em permitir fossem gerados efeitos financeiros retroativos, os quais foram vedados pela Lei. Nesse sentido, também vem se manifestando o E. TST, conforme OJ Transitória 56 e ementa a seguir reproduzidas: ANISTIA. LEI Nº 8.878/94. EFEITOS FINANCEIROS DEVIDOS A PARTIR DO EFETIVO RETORNO À ATIVIDADE Os efeitos financeiros da anistia concedida pela Lei nº 8.878/94 somente serão devidos a partir do efetivo retorno à atividade, vedada a remuneração em caráter retroativo

4 AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. ANISTIA. EFEITOS. ADESÃO AO PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA NO PERÍODO ANTERIOR AO RETORNO À ATIVIDADE CIBRIUS. CUSTEIO. O artigo 6º da Lei nº 8.878/94 e a Orientação Jurisprudencial Transitória nº 56 da SBDI 1 desta Corte são claros no sentido de que somente a partir do efetivo retorno à atividade é que serão devidos os efeitos financeiros da anistia concedida pela Lei nº 8.878/94. A adesão ao plano de previdência privada CIBRIUS, almejada pelo reclamante com custeio integral da recorrida, tem claros e imediatos efeitos financeiros retroativos. Nesse contexto, a decisão do Regional que julgou o pedido improcedente está em harmonia com a jurisprudência pacificada desta Corte. Incidência do 4º do art. 896 da CLT e da Súmula nº 333 do TST. Agravo de instrumento conhecido e não provido. (Processo: AIRR Data de Julgamento: 12/05/2010, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 14/05/2010) Desta forma, não merece reparos a sentença que julgou improcedentes os pedidos formulados, pois todos são decorrentes da premissa errônea de que a anistia autorizou a reintegração dos empregados demitidos e não a readmissão. Portanto, nega se provimento. DISPOSITIVO provimento. Ante o acima exposto, conhece se o recurso e, no mérito, nega se

5 ACORDAM os Desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negarlhe provimento. Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de Giselle Bondim Lopes Ribeiro Relatora