Palavras chaves: Bauhaus, metodologia, desenho industrial.
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- Maria dos Santos Soares Alcaide
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1 O manifesto da bauhaus e sua contribuição para a metodologia de ensino do design atual The manifesto of the Bauhaus and its contribution to the methodology of teaching for current design SOUZA, Aline Teixeira de Mestranda em Desenho Industrial, PPDI, FAAC, Unesp/Bauru ARRUDA, Glória Lucía Rodríguez Correia de Mestranda em Desenho Industrial, PPDI, FAAC, Unesp/Bauru RUMAQUELLA, Milena Roque Mestranda em Desenho Industrial, PPDI, FAAC, Unesp/Bauru SILVA, José Carlos Plácido da Professor Doutor, livre docente em Ergonomia, PPDI, FAAC, Unesp/Bauru MENEZES, Marizilda Santos de Professora Doutora em Arquitetura e Urbanismo, PPDI, FAAC, Unesp/Bauru LANDIM, Paula da Cruz Professora Doutora em Arquitetura e Urbanismo, PPDI, FAAC, Unesp/Bauru SANTOS FILHO, Abílio Garcia dos Professor Doutor em Agronomia, PPDI, FAAC, Unesp/Bauru SANTOS, João Eduardo Guarnetti dos Professor Doutor em Agronomia, PPDI, FAAC, Unesp/Bauru Palavras chaves: Bauhaus, metodologia, desenho industrial. Este artigo objetiva a discussão dos pontos significativos para a criação da escola alemã Saatliches Bauhaus no período modernista. Sua trajetória teve significativa influência no Design contemporâneo pela sua metodologia aplicada até os dias atuais e que associa arte e artenasato com a indústria na inovação e funcionalidade dos produtos. Key- words: Bauhaus, methodology, industrial. This article aims to discuss the significant points for the creation of the German school Saatliches Bauhaus in the modernist period. His path took influence on contemporary Design for its methodology applied to the present day and which combines art and crafts with the industry in innovation and functionality of products. Introdução No decorrer da história das artes aplicadas, periodicamente ocorrem momentos de crise, os quais levam a uma revisão de seus valores, resultando na busca da essência, sobriedade e pureza das formas. Considera-se o Movimento Moderno como um desses períodos, o qual se baseou nas mudanças surgidas a partir de meados do século XVIII culminando na Revolução Industrial ( ) até o início do século XX. Tais mudanças, decorrentes de transformações econômicas, políticas, sociais, culturais e tecnológicas, atingiram inicialmente a Inglaterra e França e logo todo o mundo. O industrialismo desenvolveu-se através da passagem de uma sociedade caracterizada pela produção artesanal e manufaturada para aquela fundamentada na indústria. O processo de fabricação padronizada e em série veio enfim substituir a produção individual e em pequena escala. Com as correntes historicistas do início do século XIX, chegou-se ao ecletismo, de cuja crítica nasceu finalmente o modernismo, o qual teve seu apogeu no período compreendido entre as duas grandes guerras, ou seja, de 1915 a Diante do cenário do primeiro pós-guerra, uma nova geração de arquitetos surgia com características funcionais e princípios técnico-científicos que direcionavam os processos de reprodução social. Entre esses arquitetos, cita-se Walter Gropius ( ), fundador da Bauhaus. 226
2 Conforme Framptom (2000), a escola alemã Statliches Bauhaus, fundada em 1919 em Weimar, foi o resultado de uma tentativa contínua de renovar a formação nas artes aplicadas da Alemanha, cujas bases encontravam-se em uma organização cultural denominada Deustcher Werkund. Seu principal objetivo era o de introduzir uma posição adaptada ao seu tempo e não mais um estilo, onde seu fundador, Gropius, defendia um ensino de arquitetura e desenho industrial com base no trabalho em ateliê, tanto para os designers quanto para os artesãos. Seu Manifesto de Apresentação e Programa de Ensino de 1919 destaca a importância da metodologia de aprendizagem voltada para o treinamento em oficinas. Através da ligação entre teoria e prática, buscava-se definir o funcionalismo como metodologia de projeto. Dentre suas oficinas, destacou-se a de mobiliário, que em 1926 sob a orientação de Marcel Breuer ( ), produzia móveis de aço tubular, econômicos e práticos. Em 1927, surgiu o departamento de arquitetura sob a liderança de Hannes Meyer ( ), o qual se tornou fundamental para a afirmação do modernismo. Revisão Bibliográfica Apesar de um conflito civil auto-destruidor como foi a Primeira Guerra Mundial trazer conseqüências nefastas, a vida cultural européia do primeiro pós-guerra se manteve ativa. Nesse período, movimentos pictóricos surgiram, criando-se novas expressões artísticas apoiadas na ação renovadora de pintores e arquitetos, através de manifestações e declarações. O centro de renovação foi a Alemanha devido a grande devastação que este país sofreu e sua necessidade de reconstrução em decorrência da derrota da guerra. A concepção teórica progressista amadureceu uma nova geração de arquitetos inovadores, entre os quais Walter Gropius e Mies van der Rohe ( ), considerados mais tarde mestres racionalistas. A Statliches Bauhaus, escola criada pelo arquiteto berlinense Walter Gropius foi o sonho concretizado de uma Universidade de Arte semeado anteriormente por William Morris ( ), que procurou resgatar a relação entre o artista e o artesão perdida com a consagração do industrialismo. Inicialmente, como instituição estatal, a escola alemã era financiada pelos fundos dos conselhos municipais das cidades que a abrigaram, primeiramente Weimar, de 1919 a 1925; depois Dessau, de 1925 a 1932, e finalmente Berlim, de 1932 a 1933, onde foi fechada pelo nazismo. Segundo Caristi (1997), o desafio de Gropius foi lançar ao mundo artístico e empresarial uma fusão entre arte e técnica, ou seja, a Bauhaus é a resposta que põe fim à separação que o processo de produção industrial havia produzido entre o momento artístico-criativo e o técnico-material. Assim, seu fundador idealizava um local que unisse todas as atividades artísticas, acreditando que elas eram componentes inseparáveis da arquitetura daquele século. Entre as prioridades descritas no Manifesto de Apresentação e no Programa de Ensino da Bauhaus, elaborados em 1919 por Gropius, citado por Argan (1993), estava o retorno às doutrinas do Werkbund que objetivava o aperfeiçoamento dos produtos industriais por meio dos esforços conjuntos dos artistas, para que a qualidade fosse elevada. O Manifesto descrevia ainda os objetivos e princípios que regiam a recém criada escola alemã. Nele, seu criador expõe que todos os estudantes devem receber treinamento completo nas oficinas e em situações experimentais como base indispensável de todo o trabalho criativo (BULLOCK apud GROPIUS, 1970, p.50). 1- Metodologia A metodologia de ensino da escola constituía-se em um currículo composto por uma base teórica sobre textura, cor, aspecto, forma e materiais. Os alunos desenvolviam uma série de manipulações e experimentações com os elementos formais, composições e práticas com materiais. A principal filosofia da Bauhaus era a de que arte não poderia ser ensinada, mas a habilidade manual sim. A união entre o design e a indústria era uma maneira efetiva de conseguir a elevação da qualidade dos produtos. Assim, as aulas eram em forma de oficinas que possuíam temas diversos como metal, cerâmica, cenografia, marcenaria, vitral, 227
3 tipografia, pintura mural e arquitetura. Deste modo, como ressalta Carmel-Arthur (2001) os estudantes da Bauhaus adquiriam na prática as bases indispensáveis para a produção artística. (fig.1). Figura 1 Esquema do Curso da Bauhaus Fonte: Caristi (1997) define que a Staatliches Bauhaus uniu os dois processos produtivos: o artístico-criativo e o técnico-material, buscando a recuperação de qualidade do produto fabricado mecanicamente pela indústria através do conhecimento de todo o processo produtivo. Exaltou o espírito de criatividade na busca de novos equilíbrios e o emprego adequado dos métodos mecânicos, obtidos através do processo de produção industrial. Ou seja, uma estreita sintonia entre a arte e a técnica. Com esta estrutura, a escola alemã oferecia um modelo pioneiro de academia de arte, copiado posteriormente em todo o mundo. 2- A Grade Curricular Primeiramente, os estudantes ao ingressarem na Bauhaus freqüentavam o curso preliminar, que era baseado em vários aspectos da percepção, tanto do som como da forma e da cor e cujo objetivo, conforme cita Caristi (1997), era integrar as diversas reações dos alunos. Inicialmente, o curso preliminar era ministrado, por Johannes Itten, pintor e professor suíço. Os objetivos do curso de Itten, segundo Framptom (2000), consistiam em libertar a criatividade individual e permitir que cada aluno pudesse trabalhar com base em sua habilidade específica. Em 1923, ao se desentender com Gropius foi substituído pelo artista húngaro László Moholy-Nagy ( ), o qual enfatizava segundo Rodrigues (1989), a concepção de trabalhos dirigidos para a indústria e a experimentação com materiais diversos. Moholy-Nagy também coordenou a oficina de metalurgia, onde a produção voltava-se de imediato para um elementarismo construtivista (FRAMPTOM, 1997). Em seguida, era a vez do curso trienal, onde a escola e as oficinas interligavam-se estreitamente. Aqui o aluno tinha a obrigação de seguir os trabalhos de uma das oficinas, aprendendo desta forma, ao mesmo tempo, o modo de projetar e o modo de realizar concretamente os objetos. Em 1926, foi criado o ateliê de mobiliário com Marcel Breuer na direção. Conforme expõe Framptom (2000), na sua produção estavam cadeiras e mesas leves, de aço tubular, práticas, fáceis de limpar e econômicas (fig.2). Juntamente com das luminárias produzidas pelas oficinas de metalurgia, esses móveis foram utilizados nos interiores dos novos edifícios projetados pela Bauhaus (fig.3). O autor destaca ainda que por volta de 1927, a produção industrial licenciada desses projetos da Bauhaus estava em plena atividade, inclusive o mobiliário de Breuer, os tecidos texturizados de Gunta Stadler-Stölz ( ) e seus colegas e as elegantes lâmpadas e artefatos de metal de Marianne Brandt ( ). Figura 2 Objetos criados pela Bauhaus Figura 3 Luminárias da Bauhaus 228
4 Fonte: Fonte: FRAMPTOM, 2000 Portanto, era através das oficinas que a escola e a indústria se conectavam. O principal objetivo das práticas oferecidas pelas oficinas era a integração dos conhecimentos teóricos dos materiais e do processo produtivo com os conhecimentos técnico-operacionais além de criar em laboratórios protótipos para a produção em série. Desse modo, os produtos criados nas oficinas, segundo Caristi (1997) eram concebidos pela praticidade, funcionalidade e economia. Além disso, era possível intervir sempre que necessário, fazendo ajustes no processo de fabricação e aperfeiçoando os modelos idealizados antes de saírem para as indústrias. 3- As fases da Bauhaus A primeira fase da escola se inicia com sua fundação, compreendendo o período em que esteve situada em Weimar, , com Walter Gropius, seu idealizador, na direção. Gropius reuniu à sua volta pessoas de um nível cultural muito elevado, tais como: Johannes Itten, Paul Klee ( ), Lyonel Feininger ( ), Oskar Schlemmer ( ), Wassily Kandinsky ( ), Adolf Mayer ( ), Georg Müche ( ) e Laszlo Moholy-Nagy. E alunos que, como Josef Albers ( ), haviam sido brilhantes nos estudos e nos quais os conhecimentos teórico-artísticos e as capacidades materiais-artesanais fundiam-se num justo equilíbrio. Desta primeira fase merece destaque além do próprio Gropius, Johannes Itten, que instituiu o ensino preliminar, no qual os alunos aprendiam princípios e técnicas mais elementares. Dentro deste período, foi realizada em 1923 a primeira exposição com objetos produzidos na Bauhaus. Argan (1970) descreve que essa exposição apresentava uma mudança de estilo variado, expressivo e dominado pela pesquisa individual, para uma expressão coletiva influenciada pelo movimento De Stijl e o concretismo russo. A partir das teorias de formas e cores desenvolvidas por Paul Klee e Walassy Kandinsky foram desenvolvidos objetos funcionais. Em 1925 a escola mudou-se para Dessau. É uma fase caracterizada pela simplicidade funcional, com valorização das formas geométricas e simples contra os motivos ornamentais e puxados para o Barroco. Nesse período surgiu o primeiro móvel de metal, que foi o exemplo típico de tal concepção. Em 1928, em Dessau, Gropius se desliga da Bauhaus e Hannes Meyer ( ) é indicado como seu sucessor (fig.4). Framptom (2000) descreve que sob a direção de Meyer, a Bauhaus foi orientada para um programa de design mais socialmente responsável, tornando-a mais funcionalista. Carmel-Arthur (2001) relata que a visão de Meyer era fundamentalmente tecnicista, pois acreditava que a arte deveria ser substituída pela ciência. O autor lembra ainda que essa foi a fase em que houve maior integração com a indústria. Assim, seus projetos estavam fabricados de forma mais racional e através de modelos padronizados do que nunca, embora a ênfase agora incidisse sobre o social e não sobre considerações de ordem estética. Outra contribuição de Meyer para a escola foi a criação de quatro departamentos, a saber: arquitetura, publicidade, produção em madeira e metal, e têxteis. Framptom (2000) ressalta ainda que os departamentos foram enriquecidos com a introdução de cursos científicos complementares, como organização industrial e psicologia, ao mesmo tempo em que o setor de construção dirigia sua ênfase para a otimização econômica da organização de projetos e os métodos de cálculo precisos de luz artificial, luz solar, perda e ganho de calor e acústica. Assim, o período em Dessau é caracterizado por uma produção técnico-industrial, diferenciada do período anterior marcado por uma posição artístico-artesanal. Ainda nesta segunda fase, a Bauhaus foi marcada por um período de hostilidade por parte da população social-democrata de Dessau. Droste (1994) relata que os professores que eram socialistas queriam uma arte democrática da qual o povo pudesse participar, através da construção de edifícios públicos e espetáculos culturais. Segundo a autora, as dificuldades que o país passava e as pressões da população fizeram com que 229
5 esses projetos nunca fossem executados. Em conseqüência dessa situação, a linha da Bauhaus mudou gradativamente rumo ao construtivismo e racionalismo, para que se adaptasse às necessidades e atendesse aos anseios do mercado. O período em Dessau marcou a academia como o momento em que o design industrial se fez presente, ou seja, a escola fornecia o suporte projetual às empresas, sugerindo modelo de ligação entre a indústria e a arte, entre a indústria e a criatividade organizada. Figura 4 Corpo docente Fonte: Deste modo, a escola tenta adaptar a criação à realidade da produção para estabelecer contato com a indústria. Assim, segundo Argan (1970) é predominante a estética expressionista e organicista para um modelo cada vez mais industrial e funcional. Procurou-se projetar formas mais simples para cada necessidade, ao mesmo tempo em que elas fossem agradáveis e sólidas. Os produtos começaram a ganhar cores puras e formas geométricas elementares, a estética passou a ser mais importante do que a semântica. Ainda nessa fase, a escola passou a ser municipal. Dessau era uma cidade provinciana, porém era um importante pólo industrial, com intensa concentração operária. Droste (1994) afirma que nesse período a produção em série se tornou uma preocupação dominante, o que fez com que os projetos se adequassem aos recursos da indústria. Houve maior atenção em relação à economia de materiais, às suas limitações e à linguagem plástica em termos de espaço. O domínio técnico passou a ser mais bem elaborado, pois os artistas deveriam saber produzir suas criações, não havendo distinção entre artista criador e artesão. Após as críticas recebidas, que se tornavam cada vez mais freqüentes, Mies Van der Rohe se tornou diretor da Bauhaus. A escola estava passando por crises financeiras e as criações começaram a ganhar tons mais neutros em função de questões mais urgentes de utilidade e preços baixos. No entanto, a escola já estava suficientemente enfraquecida. Em 1932 a Bauhaus foi transferida para um armazém desocupado em Berlim e fechou em julho de 1933 após a invasão de 200 policiais (DROSTE, 1994). Discussão No Manifesto de Criação da Bauhaus, Gropius discutia a questão de artistas e desenhistas voltarem sua produção para a construção. Pois, acreditava que deveriam conhecer bem os processos de execução e possuir habilidades para a atividade artesanal. Gropius não acreditava em arte por profissão e, portanto, esperava que os alunos da Bauhaus ao encerrar os estudos tivessem aptidão para o ofício como profissão e para o desenvolvimento de trabalhos artísticos nos momentos propícios. Ao longo dos anos em que a Bauhaus esteve em funcionamento, os ideais do Manifesto do berlinense foram colocados em prática. Os resultados obtidos fazem relação principalmente ao desenvolvimento da atividade do Desenho Industrial que até então não possuía solidez. A Bauhaus foi a instituição que mais influenciou o percurso do desenho industrial. Pode-se dizer que ela foi responsável pelo surgimento do design moderno e suas características fizeram com que se tornasse referência metodológica para muitas escolas de design e fonte de inspiração para os designers. 230
6 Ao postular o aprendizado na prática com o desenvolvimento do processo produtivo por inteiro, fazendo com que os estudantes aprendessem praticando, foi instituído um processo de economia mental, com o qual era possível desenvolver produtos industriais sem a necessidade de ajustes durante a fabricação. Essa qualidade culminou na fase de avaliação das alternativas de solução no processo de desenvolvimento de produtos de design onde são determinados o projeto estrutural, mecânico e a configuração dos detalhes, que viabilizam a produção em escala. Os testes com novos materiais e processos nas oficinas foram tão significativos a ponto de serem desenvolvidas soluções inimagináveis para a época. Um exemplo clássico é a poltrona Wassily de Marcel Breuer, feita de tubos de aço tendo inspiração na estrutura em aço de bicicletas. O pioneirismo dos móveis em aço teve como conseqüência o desenvolvimento dos móveis tubulares que geram alto retorno financeiro às indústrias moveleiras até os dias atuais. O propósito de unir arte e técnica, através da aquisição de conhecimentos artísticos-teóricos e de habilidades técnicos-práticas, fez com que os alunos da Bauhaus possuíssem a capacidade profissional de dominar as máquinas e equipamentos de trabalho e de integrar a criatividade às necessidades das pessoas. Esse fato deu aos produtos aspectos formais que não eram aplicados anteriormente por não terem sido realizados testes com equipamentos industriais. A indústria ainda era muito recente, desse modo não existia conhecimento empírico sobre as formas que poderiam ser desenvolvidas mecanicamente. Esse conhecimento propagou no universo do design a importância do profissional de design conhecer bem os processos e materiais com os quais irá trabalhar para que não tenha problemas no futuro. A união entre indústria e artesanato, ao mesmo tempo em que os modelos eram aperfeiçoados continuamente, tiveram como resultado produtos com destaque no que diz respeito à inovação e funcionalidade, o que pode ser considerado um avanço em termos de qualidade. Na última fase da Bauhaus, a escola encontrou dificuldades financeiras e se deparou com a necessidade de vender seus produtos para aumentar a renda. Apesar de restringir de certa forma a criatividade dos alunos no desenvolvimento de produtos, auxiliou a elaboração de produtos mais funcionais que atendiam aos anseios do consumidor. No ensino de design contemporâneo, uma das dificuldades é convencer os alunos de que eles estão projetando para as dificuldades de um determinado público e dessa forma deve orientar seus projetos de acordo com o que ele especifica. Nesse contexto, a realidade da Bauhaus no que diz respeito às mudanças de foco devido a essa questão serve como reflexão para jovens designers. Conclusão Os anseios de Gropius no Manifesto de criação da Bauhaus formavam um conjunto de idéias que enalteciam o desenvolvimento de uma unidade entre artistas e artesãos. Esses ideais acabaram por proporcionar a elevação da qualidade dos produtos tão almejada pelo criador da escola. A experiência que se tem registrado na história sobre o método de ensino, resultados, mestres e alunos da Bauhaus, é assunto passível de reflexão para profissionais e estudantes da área do design, por servir como referência em ensino e metodologia de trabalho. Bibliografia ARGAN, Guy. Arte Moderna, São Paulo: Companhia das Letras, BULLOCK, Michael (trad.). Programmes and manifestoes on 20 th-century architecture. Cambridge: London and MIT Press, CARMEL-ARTHUR, Judith. Bauhaus. São Paulo: Cosac & Naify, CARISTI, Fabrizio. Uma ponte entre o artesanato, arte, indústria e academia: A criatividade racional da Bauhaus. In: DE MASI, Domenico (org.) A Emoção e a Regra os grupos criativos na Europa de 1850 a Rio de Janeiro, José Olympio,
7 DROSTE, Magalena. Bauhaus Koln: Taschen, FRAMPTON, Kenneth. História crítica da arquitetura moderna. São Paulo, Martins Fontes, RODRIGUES, Antonio Jacinto. A Bauhaus e o ensino artístico. Lisboa: Editorial Presença, Aline Teixeira de Souza alininha.souza@gmail.com Glória Lucía Rodríguez Correia de Arruda arq_gloria@yahoo.com.br Milena Roque Rumaquella milenaroque@hotmail.com José Carlos Plácido da Silva placido@faac.unesp.br Marizilda Santos de Menezes zilmenezes@uol.com.br Paula da Cruz Landim paula@faac.unesp.br Abílio Garcia dos Santos Filho abílio@feb.unesp.br João Eduardo Guarnetti dos Santos guarneti@feb.unesp.br 232
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