Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER. Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Não há.

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1 Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Não há. Cidadão requer informações sobre a gestão do programa PASEP - Cidadão recorre por considerar que a informação incompleta Órgão alega impedimento em virtude de ser apenas custodiante da informação Argumentação do recorrido não acatada Recurso conhecido e provido. BB - BANCO DO BRASIL A.M.S. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente Parecer trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: Relatório Data Teor Pedido 31/10/201 4 Solicitou uma série de informações sobre o programa PASEP, a saber: 1) Se o Banco do Brasil, como administrador do programa PASEP, avisa aos clientes e não clientes do abono que o servidores que fazem jus ao PASEP. 2) Motivos pelos quais não está disponível o extrato PASEP nos terminais do banco; 3) Se existe uma comissão do banco que administra o programa PASEP; 4) Qual o valor não sacado pelos servidores Resposta inicial 24/11/201 4 que retornaram a união em 2013/2014. BB concedeu parte da informação (itens 1 e 3), conforme transcrito a seguir: [...] O Banco do Brasil divulga informações sobre os pagamentos de PASEP 21

2 Recurso à Autoridade Superior Resposta do Recurso à Autoridade Superior 25/11/ /12/201 4 (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público) no sítio da internet ( informando, inclusive, o calendário anual de pagamento de abonos e rendimentos (1). Caso o empregador possua convênio Pasep-Fopag, os participantes recebem mala direta do Banco do Brasil, informando que seus créditos de abono e/ou rendimentos foram repassados ao empregador (1). Para obter esclarecimentos adicionais sobre seus pagamentos, bem como fornecimento de extratos, os participantes podem se dirigir a uma agência do Banco do Brasil, munido de seus documentos pessoais de identificação. Ressaltamos que encontra-se em fase de estudo a disponibilização de extratos Pasep nos terminais de autoatendimento (2). No Banco do Brasil, a Diretoria de Governo é a unidade estratégica responsável pela administração do PASEP (3). Relativamente aos valores não sacados que retornaram à União no exercício PA- SEP (2013/2014), informamos que não será possível o atendimento por exigir produção e tratamento de dados, considerado o disposto no inciso III do Art. 13 do Decreto 7.724/12 (4). Entrou com recurso à instância superior por considerar que os itens 2 e 4 não haviam sido respondidos a contento, uma vez que os valores requeridos se referiam a apenas um ano, diante do que seria razoável que o banco dispusesse dessa informação, não havendo portanto a necessidade de produção de informação alegada na resposta enviada para o requerente. BB indeferiu o recurso mantendo o posicionamento apresentado na resposta inicial. Recurso à Autorida- 04/12/201 Solicitou novamente o provimento do recurso, 22

3 de Máxima 4 sem inovação quanto à argumentação inicial. 09/12/201 BB indeferiu novamente o recurso mantendo 4 o posicionamento apresentado na resposta Resposta do Recurso à Autoridade Máxima Recurso à CGU 13/12/201 4 inicial. Recorreu a CGU usando a seguinte argumentação: [...] Banco negou acesso a informação, alegando nao possui-las, e o pedido da cidadã iria gerar produção de conhecimento. O banco nao dispor de informações de natureza da própria instituição demostra total descontrole da coisa pública e da própria instituição em que se requer a informação. O levantamento minimo das informações pleiteadas, iria cumprir com o principio básico de controle interno da instituição, gerando beneficiários até para o conhecimento de gestão do BB, MAs preferiu-se manifestar de forma a negar a informação. Diante do exposto, requer seja objeto de providencia da CGU, para que o BB possa ter mais controle interno do banco, e evitar argumentos frágil de não dispor informações básicas da natureza institucional. Objeto básico de controle interno. Requer seja disponibilizada a informação conforme disposto, considerando a responsabilidade sob as informações que estão ao alcance do BB, e podem ser informados. Informações Adicionais e Negociações 13/02/201 5 Após análise preliminar, esta Controladoria julgou necessário buscar esclarecimentos junto ao BB, a fim de adequadamente instruir o presente e garantir o pleno exercício das competências que lhe atribuem o art. 16 da Lei /2011. Com efeito, encaminhou-se correio eletrônico à Recorrida, nos termos que seguem: 23

4 [...]- Item II Ainda que o BB não tenha um documento oficial com a resposta solicitada, uma vez que o próprio banco informou na resposta inicial que encontrava-se em fase de estudo a disponibilização de extratos Pasep nos terminais de autoatendimento, entendemos que não haveria nenhuma restrição ou prejuízo para a entidade em melhor detalhar a resposta inicial, indicando qual a previsão para a implantação desse tipo de serviço, qual o tipo de restrição para a não existência do mesmo até a presente data etc. Em suma, solicitamos que seja avaliada a possibilidade de complementar a resposta inicial com as informações levantadas pelo banco durante o estudo realizado. - Item IV Como em sua resposta inicial o próprio BB respondeu que a justificativa para a negativa era em decorrência inciso III do Art. 13 do Decreto 7.724/12, solicitamos que sejam detalhados os esforços a serem empreendidos para o atendimento da demanda, para que possamos avaliar eventual desproporcionalidade do pedido, visto que conforme pode ser consultado no site do próprio banco, anualmente, o Banco do Brasil deve prestar contas da administração financeira do Pasep ao Tribunal de Contas da União através do Conselho Diretor do Fundo de Participação PIS-Pasep e por intermédio do Ministério da Fazenda, diante do que não parece ser tão difícil a informação ser fornecida pela entidade, até mesmo porque o escopo foi bem delimitado em apenas 1 ano. A seguir, as justificativas enviadas pela Diretoria de Governo do Banco do Brasil: 03/02/ "[...] Item II - Requer informação dos motivos que não encontra-se disponível o extrato PASEP nos terminais do banco Objeto de Recurso. Esclarecemos que, na legislação do Pasep, não há obrigatoriedade para a disponibilização do extrato no canal questionado. Não foi desenvolvida solução tecnológica para disponibilização do 24

5 documento no referido canal. Item IV - Requer informação do valor não sacado pelos servidores que retornaram a união em 2013/2014 Objeto de Recurso O participante que não efetuar o saque do abono salarial até o prazo final do exercício financeiro do Pasep, de acordo com o cronograma anual de pagamentos estabelecido em Resolução Codefat divulgada anualmente, perde o direito ao benefício, devendo o recurso retornar ao FAT. O BB, na qualidade de agente pagador, conforme disposto no art. 8º da Resolução Codefat nº 731/2014, de , efetua prestação de contas e dos recursos recebidos, devolvendo ao FAT, até , o eventual saldo de recursos. Não há previsão na legislação de divulgação dos valores não sacados, pelo BB. Sugerimos, se for o caso, verificar junto ao Ministério do Trabalho e Emprego - MTE possibilidade de atendimento." 12/02/ "[...] De acordo com a Lei de que regula o Programa do Seguro Desemprego e o Abono Salarial e institui o FAT, em seu Art. 15. atribui aos Bancos Oficiais Federais a competência de agente pagador do programa, cabendo ao MTE e ao Codefat a gestão do fundo. O objeto do Contrato firmado entre o BB e o MTE é prestação de serviços de identificação e pagamento dos participantes do programa do PIS/PASEP com direito ao Abano Salarial e também não prevê obrigação do BB fornecer informações gerenciais a outros órgãos 25

6 senão ao gestor do fundo. [...] Verifica-se, pois, que o Banco do Brasil é apenas custodiante da informação, possuindo somente a competência de agente pagador do programa Pasep, por força da Lei nº 7.998/90. O gestor da informação é o Ministério do Trabalho e Emprego MTE. Nesse sentido, a responsabilidade pelos atributos da informação, tal como a disponibilidade, é do gestor da informação, ou seja, a fonte primária. Somente a fonte primária, o MTE, poderá informar se o dado solicitado é público ou se há hipótese legal de sigilo que impede a publicidade da informação. Não há possibilidade de divulgação da informação sem prévia consulta e autorização por parte do MTE. Por tal razão, entende-se que, no que se refere à solicitação do valor não sacado pelos servidores, o solicitante deverá registrar pedido ao MTE. Tal posicionamento encontra-se em consonância ao entendimento que vem sendo adotado pela CGU, corroborado pela CMRI, assim como demonstrado no NUP / , no qual a decisão da CMRI dispôs: Não conheceu do recurso por insurgirse contra decisão de autoridade incompetente para manifestar-se sobre o seu objeto, tendo sido indicado ao interessado a possibilidade de solicitar as informações diretamente às entidades. No que se refere às mencionadas entidades, assim explicou a CGU: as entidades produtoras são as responsáveis primárias pela divulgação dos documentos, diante da possível presença de informações sigilosas. Mesmo entendimento foi adotado na decisão da CGU no NUP / : "Em face de tal circunstância, entende- 26

7 se que a autoridade competente para decidir sobre a disponibilização de tais informações seja a autoridade que as tenha produzido. Não se configura, portanto, hipótese de negativa de acesso em sentido estrito, visto que houve, em atendimento ao inciso III do 1º do art. 11 da Lei /2011, manifestação do órgão a fim de que o pedido fosse interposto ao órgão de direito. Nesse sentido, recomenda-se seja direcionada a demanda àquelas casas." (Grifos nossos) Análise É o relatório. 2. Inicialmente, pontua-se que o recurso de terceira instância foi interposto de forma tempestiva, em observância ao prazo de dez dias contido no artigo 23 do Decreto 7.724/2012. O caso foi analisado nas instâncias recursais anteriores, conforme preceitua o artigo 16, 1º da Lei /2011 c/c artigo 23 do Decreto 7.724/ Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012, observa-se que houve o cumprimento de prazos para apresentação de respostas aos recursos interpostos, assim como foram corretamente identificados e elencados os responsáveis pelos pareceres relativos aos recursos em primeira e segunda instâncias. Art. 21. No caso de negativa de acesso à informação ou de não fornecimento das razões da negativa do acesso, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à autoridade hierarquicamente superior à que adotou a decisão, que deverá apreciá-lo no prazo de cinco dias, contado da sua apresentação. Parágrafo único. Desprovido o recurso de que trata o caput, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à autoridade máxima do órgão ou entidade, que deverá se manifestar em cinco dias contados do recebimento do recurso. (grifou-se) 4. Passando à análise do mérito, o caso em tela refere-se ao pedido de um cidadão que deseja obter informações relativas à gestão do programa 27

8 PASEP, sendo que o Banco do Brasil, entidade demandada é a responsável pelo pagamento do referido benefício. 5. Em sua resposta ao pedido inicial, o banco atendeu plenamente a dois dos quatro itens solicitados, restando em aberto, segundo questionado pelo requerente em seus recursos de primeira e segunda instancia, detalhamentos sobre o item II e a informação propriamente dita solicitada no item IV. 6. Em suas respostas a ambos os recursos, o BB manteve o seu posicionamento inicial, visto considerar que o item II já havia sido respondido enquanto que no caso do item IV, o não fornecimento da informação solicitada teria sido decorrente do fato de o banco ser apenas o agente pagador ao passo que o verdadeiro dono seria o Ministério do Trabalho e Emprego M.T.E. a quem o pedido deveria ser redirecionado. 7. Após a solicitação de esclarecimentos por parte da CGU, o BB informou que quanto ao item II, uma vez que, na legislação do Pasep, não há obrigatoriedade para a disponibilização do extrato no canal questionado, o banco ainda não desenvolveu solução tecnológica para disponibilização do documento no referido canal, resposta essa que consideramos atender ao solicitado. 8. Em contrapartida, o banco manteve a sua posição de não atendimento ao item IV tendo em vista que o objeto do contrato firmado com o MTE não prevê obrigação do BB fornecer informações gerenciais a outros órgãos senão ao gestor do fundo. Diante disso, o Banco do Brasil informou ser apenas custodiante da informação, enquanto que o gestor da informação, no caso o Ministério do Trabalho e Emprego MTE é quem seria a fonte primária e, portanto, responsável por informar se o dado solicitado é público ou se há hipótese legal de sigilo que impede a publicidade da informação. 9. No intuito de reforçar o seu argumento, o BB mencionou ainda, em sua resposta a CGU, dois recursos como precedentes de decisões semelhantes envolvendo a solicitação de informação a órgãos responsáveis apenas pela custódia de informações, a saber: / e / Em que pese a argumentação apresentada pelo BB, os precedentes indicados tratam de casos em que a informação solicitada realmente havia sido produzida por outro órgão que não o demandado, situação essa que não se aplica à situação em análise, visto que é o próprio Banco do Brasil, que como agente pagador, é o responsável (art. 8º da Resolução Codefat nº 731/2014) não apenas por gerar a informação sobre quanto foi sacado dos recursos disponibilizados para o PASEP, como também por prestar contas e devolver ao FAT o saldo dos recursos recebidos. 28

9 11. Além disso, conforme informado em seu próprio site, anualmente, o Banco do Brasil deve prestar contas da administração financeira do Pasep ao Tribunal de Contas da União através do Conselho Diretor do Fundo de Participação PIS-Pasep e por intermédio do Ministério da Fazenda. 12. Por fim, no site do Tesouro Nacional estão disponíveis para consulta não apenas os relatórios de gestão do Fundo, nos quais são publicados todos os dados de gestão do mesmo, dirimindo assim qualquer dúvida quanto a eventual caráter de sigilo da informação mencionado pelo banco em sua argumentação perante a CGU, como também está dito que a prestação de contas é composta por 4 partes, sendo que uma delas é o relatório de atividades do PA- SEP a cargo do Banco do Brasil. Conclusão 13. Diante do exposto, opina-se pelo conhecimento e, no mérito, pelo provimento do recurso do recurso, visto se tratar de informação não classificada e, portanto, pública. Sugere-se fixar em 10 dias, a contar da intimação desta decisão, o prazo para disponibilização das informações requeridas pelo cidadão. 14. À apreciação do Senhor Ouvidor-Geral da União. Carla Cristina Gomes Arêde Analista de Finanças e Controle D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n.º da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como funda- 29

10 mento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo provimento do recurso, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito do pedido de informação nº / , direcionado ao Banco do Brasil BB. O órgão/entidade deverá disponibilizar, no prazo de 10 dias, na aba Cumprimento da Decisão no sistema e-sic, o montante não sacado pelos servidores que retornaram à União nos anos de 2013 e GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor-Geral da União - Substituto 210

11 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 324 de 19/02/2015 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Parecer de recurso de 3a. Instância Signatário(s): GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 19/02/2015 Relação de Despachos: aprovo. GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 19/02/2015 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: cbabc08f_8d21a6d62abffa9