Estágio-Docência em Economia Internacional. Carlos Henrique Machado Simão
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- Ana Júlia Castelo Affonso
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1 Estágio-Docência em Economia Internacional Carlos Henrique Machado Simão
2 Capítulo 6 Economias de escala, concorrência imperfeita e comércio internacional
3 Economias de Escala e Vantagem Comparativa Vamos imaginar uma economia mundial com 2 países, Local e Estrangeiro. Suponhamos que Local possua uma razão capitaltrabalho maior que Estrangeiro (capitalabundante). Existem dois setores, tecidos (capital-intensivos) e alimentos. Diferente do Capítulo 4, onde a concorrência era perfeita, agora partimos de um modelo de concorrência monopolística para o setor de tecidos.
4 Economias de Escala e Vantagem Comparativa
5 Economias de Escala e Vantagem Comparativa O setor de tecidos com concorrência monopolística tem diferenciação de produtos, cada empresa fábrica seu próprio bem, diferenciado das demais. Local continua exportando tecido, porém passa a importar tecido do Estrangeiro. Local passa a ser exportador líquido.
6 Economias de Escala e Vantagem Comparativa A partir desse modelo podemos definir como comércio intraindústria: a troca de tecidos por tecidos (setor manufatureiro). E como interindústria: o restante do comércio, no nosso exemplo tecidos por alimentos. Note 4 pontos sobre o padrão de comércio:
7 Economias de Escala e Vantagem Comparativa
8 Economias de Escala e Vantagem Comparativa 1. O comércio interindústria reflete a vantagem comparativa, Local país capital-abundante é um exportador líquido de tecidos (capitalintensivos) e importador líquido de alimentos (trabalho-intensivos). 2. O comércio intraindústria não reflete a vantagem comparativa. Mesmo se os países tivessem a mesma razão capital-trabalho total, suas empresas continuariam a produzir bens diferenciados e a demanda dos consumidores continuaria a gerar o comércio internacional.
9 Economias de Escala e Vantagem Comparativa 3. O padrão do comércio intraindústria em si é imprevisível. Porém a imprevisibilidade não é total, enquanto o comércio intraindústria é arbitrário, o comércio interindústria é determinado por diferenças entre os países. 4. A importância relativa do comércio intraindústria e interindústria depende da relação capital-trabalho. Se os países forem semelhantes haverá pouco comércio interindústria.
10 Significado do comércio intraindústria Atualmente cerca de ¼ do comércio mundial consiste no modelo intraindústria. O modelo desempenha papel importante no comércio de bens manufaturados de nações avançadas. Os países industrializados são semelhantes em tecnologias, qualificação de mão-de-obra e disponibilidade de capital, com isso as trocas se dão nos dois sentidos dentro do setor.
11 Significado do comércio intraindústria
12 Significado do comércio intraindústria I = 1 EXP IMP EXP + IMP Produtos de alta intensidade tecnológica tendem a se aproximar do valor 1 no índice, e produtos com baixa intensidade de 0 nos países desenvolvidos.
13 Por que o comércio intraindústria é importante O comércio intraindústria gera ganhos adicionais do comércio internacional, além dos ganhos da vantagem comparativa, pois permite ampliação de mercado. Ao se engajar no comércio intraindústria, o país está se especializando numa gama menor de produtos, aumentando produtividade e diminuindo custos (economia de escala). Em paralelo o consumidor tem uma gama maior de produtos para demandar, Local e Estrangeiro, com preços menores (economia de escala).
14 Por que o comércio intraindústria é importante O impacto do comércio internacional na distribuição de renda é maior, no modelo de vantagens comparativa. O comércio intraindústria gera ganhos adicionais significativos (variedade e menor custo) e também distribuição de renda, porém menor que no modelo anterior.
15 Discriminação internacional de preços (dumping) No modelo de concorrência monopolística vimos os ganhos no comércio internacional oriundos de uma economia de escala. Porém, o modelo não abordou todas as consequências que são geradas a partir desse modelo. Podemos citar como importante exemplo a diferença de preço que uma empresa pratica ao vender seu produto no mercado doméstico e ao exportá-lo.
16 A economia da discriminação internacional de preços As empresas em geral cobram diferentes preços quando exportam um bem ou vendem no mercado doméstico, essa prática é chamada discriminação de preços. A prática mais comum no comércio internacional é a discriminação internacional de preços (dumping), em linhas gerais as empresas frequentemente cobram preços menores quando exportam seus produtos. Esse tipo de comportamento empresarial é frequentemente questionado politicamente.
17 A economia da discriminação internacional de preços A discriminação internacional de preços pode ocorrer apenas se duas condições forem satisfeitas: 1. O setor deve estar em um contesto de concorrência monopolística, ou seja, a própria empresa determina seu preço. 2. Os mercados devem ser segmentados, de modo que os residentes domésticos não possam comprar produtos que se pretende exportar.
18 A economia da discriminação internacional de preços Exemplo: Para poder aumentar as vendas em uma unidade em qualquer mercado é necessário reduzir o preço em $ 0,01.
19 A economia da discriminação internacional de preços
20 A economia da discriminação internacional de preços
21 A economia da discriminação internacional de preços As empresas cobrarão mais baixos em mercados nos quais elas se defrontam com uma elasticidade de demanda maior. As empresas praticarão discriminação internacional de preços se notarem uma elasticidade maior nas vendas de exportação do que nas domésticas. A discriminação internacional de preços sugere que esse tipo de estratégia pode estimular o comércio internacional.
22 Discriminação internacional de preços recíproca (dumping recíproco) Exemplo: Suponhamos que existam dois mercados, Local e Estrangeiro Dois monopólios, produzindo o mesmo bem com o mesmo custo marginal. Também suponhamos que exista um custo de transporte entre os mercados.
23 Discriminação internacional de preços recíproca A primeira vista pode-se imaginar que não irá ocorrer comércio internacional e que cada empresa vai atuar apenas em seu próprio mercado. Porém se introduzirmos a discriminação internacional de preços o comércio poderá surgir. Como visto anteriormente uma possível estratégia para expansão de vendas e entrar no mercado internacional com preços menores do que os praticados no mercado doméstico.
24 Discriminação internacional de preços recíproca O preço tem que ser menor o suficiente para que o custo de transporte não deixe o preço final do bem maior que a concorrência. Se ambas as empresas adotarem essa estratégia teremos o que é chamado de discriminação internacional de preços recíproca (dumping recíproco), devido ao fluxo de comércio do mesmo produto ser nos dois sentidos.
25 Discriminação internacional de preços recíproca Permite-se assim mudanças no mercado: Antes o mercado era um monopólio incontestável, a partir da discriminação internacional de preços recíproca o mercado passar a ter concorrência. Esse modelo pode gerar criticas a respeito da ineficiência de se transportar mercadorias já existentes em cada país, mas por outro lado propicia aos consumidores melhor situação que o monopólio.
26 A teoria das economias externas Concentração produtiva reduz os custos setoriais, independentemente do tamanho das empresas. Quando as economias de escala se aplicam ao nível setorial são chamadas: economias externas. Segundo Marshall um conglomerado de empresas pode ser mais eficiente do que uma empresa isolada por três razões: 1. Fornecedores especializados; 2. Mercado comum de trabalho; 3. Trasbordamento de conhecimento;
27 A teoria das economias externas Fornecedores especializados Em alguns setores a produção requer o uso de equipamentos ou serviços de apoio especializado, mas uma empresa não demanda o suficiente para manter fornecedores no negócio. Quando existe um conglomerado (cluster) de empresas, uma rede de fornecedores especializados surge, e fornece insumos ao menor custo para as empresas.
28 A teoria das economias externas Mercado comum de trabalho Similar ao caso dos fornecedores, a criação de um mercado comum de trabalho cria benefícios tanto para as empresas como para os trabalhadores especializados. Tal mercado em comum é uma vantagem para ambos; afinal, com ele, é pouco provável que os produtores tenham dificuldade em encontrar recursos humanos e que os trabalhadores fiquem desempregados.
29 A teoria das economias externas Transbordamento de conhecimento Empresas podem adquirir tecnologias graças aos seus próprios esforços de pesquisa e desenvolvimento. Ou podem tentar aprender com as concorrentes. Uma fonte importante de conhecimento é a troca informal de informações e ideias que ocorre em nível pessoal.
30 Economias externas e retornos crescentes A teoria das economias externas indica que, quando essas economias são importantes, um país com um setor econômico forte será mais eficiente nesse setor do que outro no qual ele seja diminuto, permanecendo tudo o mais constante. Em outras palavras, as economias externas ocasionam retornos crescentes de escala no nível da indústria nacional. Retornos crescentes de escala gera curva de oferta negativamente inclinada.
31 Economias externas e comércio internacional Economias externas geram efeito no comércio internacional, elas podem tanto prender um país a certo padrão de especialização ou mesmo perda de comércio internacional.
32 Economias externas e comércio internacional
33 Economias externas e o padrão de comércio Como o exemplo mostra economias externas permitem que o acaso histórico acabe determinando quem produz o quê. E podem ir contra a vantagem comparativa, fazendo que os padrões de especialização não se alterem.
34 Economias externas e o padrão de comércio
35 Comércio e bem-estar com economias externas O comércio internacional baseado em economias externas possui efeitos mais ambíguos sobre o bem-estar nacional se comparado ao baseado na vantagem comparativa ou economia de escala. As economias externas podem deixar um país em pior situação do que estaria na ausência de comércio.
36 Retornos crescentes dinâmicos Algumas das economias externas mais importantes surgem da acumulação de conhecimento. A relação entre custo unitário e acumulação de produção é chamada de curva de aprendizagem, ela é normalmente negativamente inclinada. Quando os custos caem com a produção acumulada no tempo, em vez de com a taxa corrente de produção, isso é considerado um caso de retornos crescentes dinâmicos.
37 Retornos crescentes dinâmicos
38 Retornos crescentes dinâmicos As economias externas como as economias de escala dinâmicas em certos momentos, justificam potencialmente o protecionismo. Suponhamos que um país pudesse ter custos baixos bastante para produzir um bem caso tivesse mais experiência, mas que, dada sua falta de experiência, o bem não pode ser produzido de maneira competitiva. O país poderia optar pelo protecionismo temporário e aumentar no longo prazo o bem estar de sua população, argumento da indústria nascente.
39 Comércio inter-regional e geografia econômica O comércio inter-regional é realizado entre as regiões de uma determinada nação. As economias externas tem papel importante no comércio inter-regional gerando especialização, muito em virtude da alta mobilidade de capital e trabalho, esses assumindo papel secundário. Os conglomerados econômicos se beneficiam de economias externas que por sua vez são originados a partir da história de cada país. O estudo da interação econômica através do espaço é chamado de geografia econômica.
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