Aula 8 Desenvolvimento da linguagem: a aquisição de nomes e verbos
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1 Aula 8 Desenvolvimento da linguagem: a aquisição de nomes e verbos Pablo Faria HL422A Linguagem e Pensamento: teoria e prática Módulo 1: Aquisição da Linguagem IEL/UNICAMP 26 de setembro de 2016
2 SUMÁRIO PRELIMINARES AQUISIÇÃO LEXICAL CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA
3 RECAPITULANDO Há diferentes critérios que definem o que é uma palavra adquirida Aspectos envolvidos nos vários critérios: compreensão x produção, vocalização x pronúncia, forma adulta x não-adulta, linguístico x pré-linguístico O marco inicial da aquisição lexical depende desse critério
4 RECAPITULANDO Os primeiros estudos indicam antecedência da compreensão e taxa de aquisição mais rápida desta em relação à produção Há incidência maior de itens nominais (no vocabulário das crianças), embora algumas tendam a ser mais expressivas, utilizando um pouco mais outras classes de palavras
5 AINDA SOBRE FATOS GERAIS Dromi (1987) reporta um ponto em que sua criança começa a adquirir novo vocabulário a uma taxa de 45 palavras por semana. Cálculos reportados por Carey (1978): por volta dos seis anos, crianças aprenderam entre 9 e 14 mil palavras, o que dá uma média de nove novas palavras por dia a partir do 18 mês.
6 AINDA SOBRE FATOS GERAIS Uma explicação tradicional para o modo como as crianças formam categorias (conceituais) e adquirem termos para estas categorias era assumir algum tipo de mecanismo indutivo de domínio geral. Mas adquirir o sentido das palavras não é uma tarefa nada trivial...
7 WILLARD VAN ORMAN QUINE Filósofo e lógico norte-americano ( ) Em Word and Object (1960) discute o problema da indeterminação da tradução através de um experimento mental que ficou conhecido como o problema gavagai e exemplifica o que Quine chamou de inescrutabilidade da referência
8 O PROBLEMA GAVAGAI Hum, jantar!
9 O PROBLEMA GAVAGAI Quando adultos apontam para um objeto e o nomeiam, o termo pode se referir ao objeto, mas também a alguma parte dele ou sua substância, cor, peso etc. O problema fundamental de indução apontado por Quine (1960) é o de que há uma infinidade de possibilidades lógicas em termos dos sentidos hipotetizados pela criança.
10 RELAÇÕES SIMBÓLICAS Complexidades: cachorro cachorro, paga, focinho, pele, etc. cachorro cachorro, animal, bicho, labrador, etc.
11 SOLUÇÕES Uma resposta a isso seria assumir que seres humanos estão predispostos a considerar apenas alguns tipos de hipóteses ou que daria prioridade a umas sobre outras. Assim, crianças não precisariam de evidência negativa, pois poderia rejeitar hipóteses a priori simplesmente por estarem predispostas contra elas. Além disso, outros propriedades da aquisição diminuiriam a complexidade da tarefa
12 CONTEXTO OSTENSIVO Olha, um cachorro! Muitas vezes o contexto em que a criança é exposta à fala seja ostensivo, em relação à saliência dos objetos referidos.
13 PREDISPOSIÇÕES DA CRIANÇA Atenção compartilhada: Baldwin (1995, p. 132): o engajamento simultâneo de dois ou mais indivíduos em um foco mental sobre o mesmo objeto externo.
14 PREDISPOSIÇÕES DA CRIANÇA E. M. Markman (vários estudos): Assunção do objeto inteiro Assunção taxonômica Assunção de exclusividade mútua
15 PREDISPOSIÇÕES DA CRIANÇA Assunção do objeto inteiro: Novas palavras referem objetos inteiros e não suas partes, substâncias ou outras propriedades (Carey, 1988; Mervis, 1987).
16 PREDISPOSIÇÕES DA CRIANÇA Além de sua propriedades intrínsecas, objetos são percebidos em relação espacial, causal, temporal ou outra qualquer com outros objetos. O que impede a criança de pensar que uma palavra se refere a objetos em relação?
17 PREDISPOSIÇÕES DA CRIANÇA Assunção taxonômica (Markman & Hutchinson, 1984): Crianças mais jovens costumam ordenar e organizar objetos em grupos que representam relações temáticas (p.e., um boneco de um menino e um cachorro). Na aquisição de palavras, porém, estendem palavras a objetos do mesmo tipo ao invés de objetos relacionados tematicamente; mudam sua atenção de relações temáticas para categoriais (taxonômicas) (Bauer and Mandler, 1989). Uma série de estudos mostra que crianças a partir dos 18 meses honram a assunção taxonômica, mas não se sabe sobre o período anterior.
18 PREDISPOSIÇÕES DA CRIANÇA Mas como a criança aprende, então, palavras para partes, substância e outras propriedades? A resposta é a assunção de exclusividade mútua (Markman, 1987; 1989): Palavras são mutuamente exclusivas: cada objeto tem apenas um nome Ajuda a criança a sobrepor a assunção de objeto inteiro, permitindo-a adquirir outras palavras Não é infalível: sobreposições, inclusões Explica dificuldades das crianças inclusão de classe (p.e., cachorro em animais) e sua maior facilidade com a relação parte-todo (não viola a assunção) Diante de evidência clara, é dispensável
19 OLHA, UM CACHORRO! Em contextos menos ostensivos, as predisposições e o conhecimento prévio da criança vão guiar suas inferências.
20 CONCLUSÕES Os desafios da criança: (i) O problema gavagai : como estabelecer a referência correta ao ouvir uma palavra? (ii) Relações simbólicas: uma palavra pode designar vários objetos (da mesma categoria) e um objeto pode ter várias designações
21 CONCLUSÕES Algumas predisposições que auxiliam a criança: (a) Atenção compartilhada: capacidade de compartilhar o foco com o adulto (b) Assunções: objeto inteiro, taxonômica e exclusividade mútua. Predisposições não são absolutas: apenas indicam as tendências (naturais) da criança que as ajudam a superar o problema da indução.
22 CONCLUSÕES Mas isso não é suficiente: Como a criança faz com palavras abstratas, sejam nomes ou verbos? Há outros mecanismos úteis à criança?
23 PRÓXIMA AULA A aquisição de palavras abstratas e verbos: sentidos não diretamente observáveis O papel da sintaxe e da morfologia na aquisição lexical A aprendizagem transituacional
24 BIBLIOGRAFIA 1. Costa & Santos (2003), As coisas que os bebés ouvem e nos dizem [cap. 2] (pgs ) 2. SOUZA, Débora de Hollanda. As crianças e o mundo das palavras: considerações sobre a pesquisa em desenvolvimento lexical. Psicol. Reflex. Crit. [online]. 2008, vol.21, n.2, pp ISSN FLETCHER, Paul; MACWHINNEY, Brian. Compêndio da linguagem da criança Sugestão de leitura da primeira parte do capítulo 13 (até a página 309). 4. GUASTI, M. T. (2002) Language acquisition: the growth of grammar. The MIT Press: Cambridge, Massachusetts. (capítulo 3)
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