Recurso à CGU, com fundamento no art. 23 do Decreto 7.724/2012, referente a pedido de acesso à informação apresentado ao BANCO DO BRASIL pelo Sr.

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1 NOTA TÉCNICA /2012/OGU/CGU-PR Referência: / Assunto: Recurso à CGU, com fundamento no art. 23 do Decreto 7.724/2012, referente a pedido de acesso à informação apresentado ao BANCO DO BRASIL pelo Sr. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. Trata-se de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº /2011, formulado pelo Sr. na data de 23/05/2012, o qual requereu ao Banco do Brasil as seguintes informações: Porquê o solicitante, matrícula, lotado na cidade de Ladainha-MG, não foi avaliado de forma real, pelo gerente da agência, no período de experiência? Porquê não há um contato prévio da GEPES Regional, no caso de funcionários que não estão sendo bem avaliados? O Banco do Brasil pode mandar as avaliações realizadas pelas agências, no período de experiência, a seus ex-funcionários? 2. Em 31/05/2012, o Banco do Brasil respondeu da seguinte forma: Esclarecemos que o Contrato de Experiência, por prazo determinado, de até 90 dias, é regido pela CLT, sendo assinado na posse entre o empregado e o empregador, sendo que o empregado fica com 1 cópia. O empregado, ao ser admitido nessas circunstâncias, concordou com as condições da contratação, tornando-se presumidamente, sabedor das futuras conseqüências (contratação definitiva ou extinção do contrato). Para um melhor acompanhamento desse contrato, o Banco desenvolveu um instrumento gerencial para avaliar o funcionário no 55º e 85º dia e embasar a decisão de continuidade ou não do contrato. A Gerência Regional Gestão de Pessoas realiza o acompanhamento de todas as avaliações de funcionário cumprindo Contrato de Experiência. Este documento é interno. 3. Em 05/06/2012, o Requerente apresentou o primeiro recurso (Recurso do art. 21 do Decreto nº 7.724/2012) alegando que Não foi atendido ao pleito solicitado, uma vez que as respostas não condizem com a pergunta. O solicitante não perguntou, se funcionários regidos pelo regime da CLT podem ser demitidos, vez que foi pactuado no contrato de trabalho.. 4. Ao final, conclui Outra questão importante, o solicitado, diz que houve duas avaliações, que infelizmente, não houve ou não fui covardemente parte do processo avaliatório, fazendo com que me transparessesse que tivesse bem avaliado. Por fim, o Livro 505, Capítulo 20, Título 0002,

2 Subtítulo 2487, Versão 002, não foi observado, sendo no mínimo estranho deixarem para entregar a extinção do contrato quase no último dia, me dizendo que a avaliação não tinha sido boa. 5. Ainda em 05/06/2012, respondendo ao primeiro recurso, o Banco do Brasil informa: A divulgação da informação solicitada não encontra amparo na Lei /11, regulamentada pelo Decreto 7.724/ Em 06/06/2012, o Requerente apresenta segundo recurso (Recurso do art. 21, parágrafo único, do Decreto nº 7.724/2012), questionando o entendimento do BB quanto a não aplicação da Lei nº /2011 para a sua demanda. 7. Em 20/06/2012, respondendo o segundo recurso, o Banco do Brasil reitera seu posicionamento, nos seguintes termos: Ratificamos nosso posicionamento, anteriormente externado, de que seu questionamento não está amparado pela Lei de Acesso à Informação em razão do que dispõe o parágrafo primeiro do art. 5, do Decreto 7.724/12: A divulgação de informações do Banco do Brasil está sujeita às normas da CVM. Nesse diapasão, não há norma da CVM que obrigue o Banco do Brasil a divulgar a informação solicitada. Serviço de Informações ao Cidadão do Banco do Brasil SICBB 8. Insatisfeito com a negativa de acesso do BB, o Requerente, em 28/06/2012, interpôs Recurso a esta (recurso do art. 23 do Decreto nº 7.724/2012), sob o seguinte argumento: (...) peço novamente deferimento ao pedido inicial, para fazer jus a Lei de Acesso à Informação e de forma definitiva desentranhar daquele orgão o que realmente ocorreu, sobretudo pelo fato de o mesmo ter atrelado a falta da informação à uma norma inferior à LEI, sob o risco de incorrer numa verdadeira esquiva à Lei, pois o conceito de informação estratégica deverá ser estabelecido no caso concreto, levando-se em consideração o princípio da não divulgação das informações que possam acarretar prejuízos à competividade, à governança corporativa e, quando houver, aos interesses dos acionistas minoritários, e não a simples informações, como a do impetrante.(...) 9. O Banco do Brasil, ao prestar os primeiros esclarecimentos à CGU através da NOTA JURÍDICA DIJUR/CTRAD-ADTRES Nº 2012/ , de 18/6/2012, reitera sua interpretação de não aplicação da Lei nº /2011 e do Decreto 7.724/2011 para o caso em tela, por entender que há limites na interpretação da LAI e nosso posicionamento é de que o BB está adstrito apenas quando esteja atuando e/ou agindo no interesse público, ou seja, a norma não adentraria quando a empresa atua e/ou age de forma privada ou no interesse privado. 10. E mais adiante, o BB complementa: Assim, efetivamente o pleito do requerente não possui pressuposto para transitar pela SICBB, porque este não é o canal competente para analisar a questão. Cabe à DIPES, gestora do produto, tratar a questão dentro do seu entendimento e do que prescreve as normas internas.

3 11. Posteriormente, em 20/08/2012, ao prestar novos esclarecimentos à CGU através da NOTA JURÍDICA DIJUR/CTRAD-ADTRES Nº 2012/000000, de 17/8/2012, o Banco do Brasil reitera o seu entendimento de que o pedido se refere a informações trabalhistas e que por este motivo não está abrangido pela LAI. 12. A análise a seguir irá considerar apenas a última manifestação do BB emitida através da NOTA JURÍDICA DIJUR/CTRAD-ADTRES Nº 2012/000000, de 17/8/ É o sucinto relatório. ANÁLISE: 14. Primeiramente, deve ser ressaltado que o Recurso interposto a esta Controladoria é tempestivo, pois foi apresentado dentro do prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23, do Decreto nº 7.724/ No mérito, verifica-se que a questão central nas razões de negativa de acesso oferecidas pelo Banco se refere à divergência de interpretação do alcance das normas vigentes - Lei /2011 e Decreto 7.724/2012, no âmbito das sociedades de economia mista - quanto à possibilidade e dever de provimento de dados funcionais e de fundamentos para a gestão de pessoal adotada pela Entidade. 16. O Banco entende que a demanda do Requerente se refere à relação trabalhista e por este motivo não está amparada pela Lei de Acesso à Informação, assim justificando: 30. Portanto, em questões advindas da relação trabalhista (onde se encontra o dever de guarda de documentação e informações) as sociedades de economia mista não estão com as mesmas obrigações da área pública e sim com as mesmas obrigações da iniciativa privada. 38. Estando definido na legislação trabalhista os assuntos afetos a documentos e informações da relação empregatícia, eventual informação de cunho trabalhista tratado pela LAI corre risco de trazer conflito de legislações (tanto no nível constitucional como no nível normativo inferior) por incompatibilidade ou competência. 17. Em seguida, o BB informa que qualquer documento decorrente da relação trabalhista deve ser requerido diretamente ao empregador e, em caso de negativa, o empregado poderá recorrer gratuitamente à Justiça do Trabalho. E, conclui: na Justiça do Trabalho vigem os princípios da celeridade, simplicidade, informalidade entre outros, sendo a regra a gratuidade do acesso à justiça e o jus postulandi (que a possibilita requerer, até mesmo verbalmente sem assistência de advogado na secretaria da Vara do Trabalho) circunstância, a nosso ver, menos burocrática que a definida pela LAI. (grifo meu)

4 18. Mais adiante, quando das conclusões, o Banco aborda novamente o conflito de normas específicas x LAI, nos seguintes termos: a relação trabalhista possui garantias e deveres definidos em legislação específica. A legislação trabalhista define a guarda de documentos, as situações de fornecimento e comprovação (e sanções), bem como a forma de serem questionados tais obrigações. Diante de tais circunstâncias, a CGU caso resolva fornecer documentos decorrentes da relação empregatícia com base na LAI - poderá, eventualmente, também acarretar conflito entre normas constitucionais e infraconstitucionais (CLT e leis específicas X LAI), sem falar dos órgãos de fiscalização trabalhistas. 19. Sobre essas considerações até então apresentadas, há que contra argumentar o seguinte: a) Norma específica regulamentando outras formas de acesso, não prejudicam os pedidos via Lei de Acesso, como, por exemplo, no caso do Habeas Data - Lei nº 9.507/97, do processo administrativo - Lei nº 9.784/99, das Licitações e Contratos - Lei nº 8.666/93, dentre outras. b) Nesse caso, mesmo que a CLT estabeleça procedimentos de acesso a determinados tipos de documentos, nada impede também o seu acesso via LAI. Poderá o requerente utilizar o meio que mais lhe convier. c) Desta forma, não há qualquer óbice quanto ao atendimento do presente pedido nos termos da Lei nº /2011 e do Decreto nº 7.724/2012. Estas Normas dispõem sobre os procedimentos a serem observados por toda Administração Pública, incluindo as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, com o fim de garantir o acesso a informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral (art. 1º, da Lei /2011). 20. Acerca do conflito de normas, não prospera tal afirmação, pois, embora o princípio basilar do acesso à informação seja a publicidade, a LAI não contraria nem revoga as hipóteses de sigilo contidas em normas específicas: Lei nº /2011, Art. 22: O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de segredo industrial decorrentes da exploração direta de atividade econômica pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada que tenha qualquer vínculo com o poder público. Decreto nº 7.724/2012, Art. 6º, I: O acesso à informação disciplinado neste Decreto não se aplica: I - às hipóteses de sigilo previstas na legislação, como fiscal, bancário, de operações e serviços no mercado de capitais, comercial, profissional, industrial e segredo de justiça; 21. Embora o BB cite a CLT como norma específica, não conseguiu demonstrar, nas suas considerações, nenhuma hipótese de sigilo na legislação trabalhista que restringisse o acesso de dados funcionais a empregado ou a ex-empregado. Desta forma, não se vislumbra, ao caso em tela, aplicabilidade das ressalvas previstas na LAI e no Decreto 7.724/2012.

5 22. Outrossim, o Banco do Brasil argumenta que a possível disponibilização da referida informação criaria um desequilíbrio em relação às demais empresas de âmbito privado: 27. Só para argumentar, se cabe ao Banco (sociedade de economia mista) fornecer qualquer tipo de informação decorrente de relação empregatícia e o mesmo está equiparando à iniciativa privada, então caberia também a qualquer empresa da iniciativa privada fornecer os mesmos dados/documentos situação que a LAI não definiu. 23. Inicialmente, vale ressaltar que o pleito não se refere a qualquer tipo de informação decorrente de relação trabalhista, mas sim à disponibilização de ficha de avaliação de ex-funcionário, em que o próprio Banco afirmou ser procedimento padrão para avaliar o funcionário no 55º e 85º dia, sendo utilizada para embasar a decisão de continuidade ou não do contrato de trabalho ver item Nesse contexto, entende-se que a referida avaliação trata-se de uma informação funcional de interesse do Requerente, constituindo, assim, informação de seu interesse particular, nos exatos termos da segunda parte do inciso XXXIII do art. 5º da Constituição Federal: Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado 25. Com relação à alegação de desequilíbrio em relação às demais empresas de âmbito privado, o Decreto 7.724/2012, em seu art. 5º, 1º, previu expressamente a hipótese de não aplicação da LAI às Entidades que atuem em regime de concorrência, porém, somente quanto à divulgação de informações que ponha em risco a sua atuação no mercado: A divulgação de informações de empresas públicas, sociedade de economia mista e demais entidades controladas pela União que atuem em regime de concorrência, sujeitas ao disposto no art. 173 da Constituição, estará submetida às normas pertinentes da Comissão de Valores Mobiliários, a fim de assegurar sua competitividade, governança corporativa e, quando houver, os interesses de acionistas minoritários. (grifo meu) 26. Nesse sentido, não se evidenciou que a disponibilização da ficha de avaliação do ex-funcionário do Banco pudesse por em risco a sua competitividade, governança corporativa ou os interesses de seus acionistas minoritários. 27. Outro ponto a ser destacado e de grande relevância, se refere à divergência de entendimento esboçado pelo próprio Banco para o mesmo objeto disponibilização da ficha de avaliação de exfuncionário. No pedido de acesso NUP nº / , ao prestar esclarecimentos à CGU, o BB se dispôs a fornecer a ficha de avaliação daquele requerente. 28. Fato que corrobora com os argumentos até então apresentados de que a disponibilização de dados funcionais a ex-funcionário por meio da LAI não conflita com a Constituição Federal ou normas trabalhistas e tão pouco compromete a atuação do Banco na esfera privada, porque se assim fosse, a disponibilização não ocorreria, nem mesmo por outro meio, conforme relatado pelo Banco nas suas considerações - ver item 16.

6 CONCLUSÃO: 29. De todo o exposto, opino pelo conhecimento e PROVIMENTO do recurso, devendo ser determinado ao Banco do Brasil que atenda ao requerente, nos termos da Lei /2012 e do Decreto 7.724/2012, no prazo de 20 (vinte) dias, dentro da disponibilidade efetiva das informações existentes em seus registros, resguardando, se necessário, as partes das informações protegidas por sigilo. 30. Finalmente, vale lembrar que as informações a serem prestadas devem ser precedidas da comprovação de identidade do requerente, a fim de garantir o "respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas" (art. 31 da Lei nº /2011), podendo o Banco oferecer alternativas que permitam essa comprovação: a) Apresentação pessoal de documento oficial com foto (original ou cópia autenticada); b) Constituição de procurador, por instrumento particular ou público, com firma reconhecida em cartório, munido dos originais, ou cópias autenticadas, de documentos oficiais com foto do interessado e do recorrente; ou c) Reenvio do pedido de acesso à informação por escrito, assinado e com firma reconhecida em cartório, acompanhado de cópia autenticada de documento oficial com foto do recorrente, enviado ao SIC do BB (neste último caso, a informação solicitada será encaminhada ao endereço residencial do Recorrente, ou a outro de sua preferência). Brasília (DF), de setembro de ZIANA SOUZA SANTOS Analista de Finanças e Controle

7 Folha de Assinaturas Documento: NOTA TÉCNICA nº 2033 de 28/09/2012 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Nota Técnica - recurso 3ª instância BB Signatário(s): ZIANA SOUZA SANTOS ANALISTA DE FINANCAS E CONTROLE Assinado Digitalmente em 24/09/2012 Relação de Despachos: Considerando que o recorrente teve ciência da decisão no prazo fixado, aprovo intergralmente a Nota em apreço. JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor-Geral da União Assinado Digitalmente em 28/09/2012 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: b86a1c0d_8cf6b7f6e0056a4